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sábado, 28 de julho de 2012
Histórias da Casa Branca: Os dilemas de Romney na escolha do 'vice'
Texto publicado no site de A BOLA , secção Outros Mundos, a 26 de julho de 2012:
Os dilemas de Romney para a escolha do ‘vice’
Por Germano Almeida
«A três meses e meio das eleições presidenciais norte-americanas, já não deve faltar muito para que a questão do vice-presidente salte para as atenções mediáticas, na cobertura do candidato republicano, Mitt Romney.
Em ano de tentativa de reeleição para Barack Obama, o ticket democrata já está mais do que certo: Joe Biden, atual vice-presidente dos EUA, voltará a ser o número dois da candidatura encabeçada por Barack.
Ainda houve, até há uns meses, algumas vozes a pedir a passagem de Hillary Clinton para a vice-presidência, perante um número inusitado de «gaffes» produzidas por Biden durante o primeiro mandato.
Mas Obama, que é tendencialmente um político racional, preferirá, por certo, manter a equipa que se mostrou vencedora há quatro anos.
A grande incógnita, no que toca a vices, estará por isso do lado republicano.
A lei das compensações
Historicamente, a escolha dos vice-presidentes não se mostra decisiva no resultado das eleições. Mas constitui sempre um barómetro daquilo que o candidato principal pretende representar, se conseguir chegar à Casa Branca.
Nos últimos anos, temos assistido a uma espécie de lei das compensações nas opções para vice - os pontos onde o candidato não se revela tão forte acabam por ser compensados pelo seu substituto na função.
Foi isso que Obama acabou por fazer: sabendo que, então com 47 anos, era um Presidente pouco experiente, foi chamar um dos mais antigos membros do Capitólio. Senador durante 36 anos, Joe Biden dava ‘cabelos brancos’ a uma candidatura que, para muitos, era demasiado jovem.
Critério idêntico teve George W. Bush, ao escolher o ‘falcão’ Dick Chenney em 2000, velha raposa do GOP (Grand Old Party) e secretário da Defesa da administração de Bush pai, uma década antes.
No polo oposto, George Bush pai optou por compensar a sua idade avançada com a juventude de Dan Quayle (e não se deu muito bem com isso, se nos lembrarmos da forma como os media americanos tratavam o então vice-presidente...)
Mas essa regra da compensação nem sempre prevaleceu: Reagan preferiu a experiência de Bush pai (passou de diretor da CIA para vice-presidente em 1980); Clinton escolheu Al Gore em 92, praticamente da sua idade, com uma base eleitoral muito parecida (democratas sulistas com forte apelo em segmentos minoritários) e candidato, também ele, às primárias democratas, quatro anos antes.
Portman e Pawlenty são os favoritos
E em 2012, o que fará Mitt Romney? São vários os dilemas do nomeado presidencial republicano, para a escolha do seu número dois.
As primárias mostraram que Romney é um candidato com alguns problemas em agarrar a base do seu próprio partido. Não será, por isso, de estranhar que Mitt possa escolher um ‘vice’ com credenciais mais conservadoras e que seja forte em estados onde ele não tenha a certeza de bater Obama. Um nome que pode reunir essas características é o senador Rob Portman, do Ohio.
Mas pode haver outras grelhas de leitura para esta difícil escolha. O governador Tim Pawlenty, do Minnesota, é outra forte possibilidade. No início das primárias, parecia um dos poucos republicanos com hipóteses de disputar com Romney os segmentos mais moderados. Mas Tim nunca conseguiu energizar a sua campanha e acabou por desistir em fase precoce.
Se Romney o escolher para ‘vice’, é porque pretende reforçar a ideia de ter um ‘ticker’ credível e de forte apelo centrista, capaz de ameaçar terrenos em que Obama arrasou McCain há quatro anos.
Portman e Pawlenty surgem, por isso, destacados como favoritos, mas a ‘shortlist’de Romney para a vice-presidência deve contar, ainda, com mais cinco nomes.
Um deles é, certamente, o do congressista Paul Ryan, do Wisconsin. Com apenas 41 anos, o líder do Comité de Finanças do Congresso é uma das mais jovens promessas da política americana. Bem visto pela base conservadora, tem, no entanto, um discurso que se encaixa na argumentação de Romney para esta campanha.
Também como hipóteses, mas menos prováveis, surgem o governador Bob McDonnell (a Virgínia é um dos ‘battlegrounds’ destas eleições, perante a vantagem de Obama em terreno habitualmente republicano) e o senador Marco Rubio, da Florida (jovem, muito forte no eleitorado hispânico e representante de um ‘swing state’ que geralmente é decisivo nas eleições presidenciais).
No caso de Romney escolher uma mulher (tal como McCain fez há quatro anos, ao lançar Sarah Palin), tem duas hipóteses mais plausíveis: a senadora Kelly Ayotte, do New Hampshire, ou a congressista Michele Bachmann, do Minnesota, uma das estrelas da primeira fase das primárias.
Surpresa? Talvez Condoleezza...
É claro que Mitt pode estar a tentar uma surpresa que baralhe os dados da corrida: por exemplo Condoleezza Rice, secretária de Estado do segundo mandato de Bush filho. Mulher, negra, experiente, intelectualmente respeitada mesmo fora dos circuitos conservadores, seria a escolha mais abrangente de todas.
Também falados nos media, mas aparentemente fora da ‘shortlist’ de Romney estão nomes como John Tune (senador pelo Dacota do Sul), o governador Chris Christie da Nova Jérsia (forte candidato à nomeação presidencial republicana em 2016, se Romney falhar a eleição em novembro), a candidata a vice de John McCain em 2008, Sarah Palin, as governadoras Nikki Haley, da Carolina do Sul, e Susana Martinez, do Novo México, ou ainda o governador da Luisiana, Bobby Jindal.
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