Barack Obama e Mitt Romney: qual dos dois conseguirá agarrar a representação da bandeira americana, a 6 de Novembro? A eleição vai ser renhida e os factores de decisão ainda estão em aberto
Cinco tendências do duelo Obama vs Romney
Por Germano Almeida
A cinco meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos, as sondagens mostram um progressivo equilíbrio.
Depois de uma primeira fase em que o favoritismo de Barack Obama parecia claro, a confirmação da nomeação de Mitt Romney (que atingiu o número mágico dos 1144 delegados depois das primárias no Texas) e o arrefecimento da economia americana nos últimos meses (o desemprego subiu para 8,2% em Maio) têm vindo a reduzir a diferença.
As 'intrade odds', que já chegaram a dar uma probabilidade de quase 70 por cento a Obama, estão agora nos 55% para a reeleição do Presidente e 40% para um cenário de vitória de Romney.
Outro dado a ter em conta passa pela recuperação do ex-governador do Massachussets nos estados chave: Romney lidera alguns estudos no Ohio (que até há poucos dias era claramente comandado por Obama) e mostra-se mais competitivo na Florida, Virgínia e na Pensilvânia.
Mais importante do que olhar para estes indicadores -- que certamente vão oscilar nos próximos meses, com o aumentar da intensidade do duelo presidencial -- é olhar para estes cinco grandes tendências:
1. FAVORABILIDADE. O termo é pouco usado na língua portuguesa, mas será mais ou menos essa a tradução para a noção de "likability", muito estudada nas sondagens políticas na América. Nesse ponto, o Presidente continua a ter uma sólida vantagem. As pessoas continuam a gostar de Obama, apesar dos problemas da governação, e atribuem-lhe vantagem no confronto com Romney, quando se questiona: "De quem gosta mais"? Nesse plano, a vantagem de Barack sobre Mitt é na ordem dos 60/30.
2. ECONOMIA. Como nota John Podhoretz, em artigo no New York Post, "certamente que o principal argumento da reeleição de Obama não será a economia". Se a tendência de recuperação económica se mantivesse forte até Novembro, não haveria grandes dúvidas de que Obama seria reeleito. Mas os cisnes negros são cada vez mais visíveis nesse capítulo, nos próximos meses. E Romney insiste, por isso, cada vez mais na tecla de que é «mais credenciado e mais experimentado» como gestor e empresário. A guerra de argumentos entre os dois candidatos passará muito por esta questão.
3. LIGAÇÃO AO "AMERICANO COMUM". Nesse ponto, a vantagem volta a ser de Obama. Mitt Romney dificilmente se livrará do rótulo de «demasiado rico» e «elitista». Uma estratégia de última hora de colocar o nomeado republicano próximo da «real America» soaria a falso. Obama, com um discurso mais terra a terra quando é preciso, consegue apelar mais ao sentimento americano e recorda, com particular mestria, as suas raízes no Midwest (de onde a mãe era natural e onde sempre foi muito forte eleitoralmente).
4. VETERANOS E UNIVERSO MILITAR. Clara vantagem de Romney neste segmento, traduzida nas sondagens por uma diferença de 66/33. Obama não se livra de ser um Presidente que está a reduzir o orçamento de Defesa e que advoga a diminuição da presença militar americana no Mundo. Mitt mantém o discurso republicano tradicional neste campo e isso basta-lhe para ter grande avanço no voto dos militares.
5. MINORIAS. São tantas, tão diferentes e tão influentes no mosaico americano, que se torna difícil simplificar num só ítem. Obama arrasou McCain há quatro anos na chamada «coligação de minorias»: negros, jovens, latinos, mulheres. Prevê-se que mantenha vantagem em todos estes campos, mas com diferenças bem menores, em relação a 2008. Romney deposita algumas esperanças em sectores hispânicos e mesmo em eleitorado jovem que está desiludido com o desempenho económico da Administração Obama. Se no eleitorado branco religioso, Romney vencerá claramente, em todos os outros segmentos, o Presidente continua a mostrar muito competitivo.
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