terça-feira, 13 de maio de 2014

Histórias da Casa Branca: dois anos e meio para definir o pós-Obama

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 9 DE MAIO DE 2014:


A exatamente dois anos e meio da eleição que definirá o sucessor de Obama na Casa Branca, a tendência mantém-se bem distinta nos dois campos partidários.

Do lado democrata, não se vislumbra como poderá Hillary perder a nomeação. 

Sondagem Fox News aponta quase 70% de preferências à secretária de Estado no primeiro mandato presidencial de Obama (69%), o que confere a Hillary uma vantagem que não é enorme: é gigantesca. 

Clinton tem mais 55 por cento que o segundo colocado do campo democrata, Joe Biden (14%), sendo que o terceiro nome a aparecer, Elizabeth Warren, já declarou várias vezes que não pretende concorrer, pela simples razão de que encontra alternativa melhor: «A minha candidata é Hillary Clinton», aponta a senadora do Massachussets.

Politicamente, Hillary tem a nomeação democrata controlada. Até pode ir alimentando a dúvida sobre o momento em que irá avançar, desde que queira mesmo tentar ser a 45.ª Presidente dos Estados Unidos da América. 

A base de apoio político e eleitoral de Barack Obama está claramente com Hillary. 

Rahm Emanuel, «mayor» de Chicago, foi conselheiro muito próximo de Bill Clinton durante as administrações de 1993 a 2001 e apoiou Hillary nas primárias de 2008. 

Mesmo tendo preferido Hillary a Obama, viria a ser a primeira nomeação política de Barack, logo após a vitória eleitoral de novembro de 2008. Rahm foi «chief of staff» da Casa Branca, uma espécie de primeiro-ministro num sistema de governo presidencialista. 

Já fora da Administração Obama, Rahm parece ter voltado em força ao «universo Clinton»: em junho, vai falar em dois grandes eventos de angariação de fundos de Super PAC de apoio à candidatura de Hillary. E aponta, claramente, ao «Politico.com»: «Hillary é inteligente, determinada e, mais importante do que tudo, é a campeão da defesa dos interesses dos americanos. Quando trabalhei com ela na Casa Branca, vi a líder forte que era, como por exemplo quando falou de Direitos Humanos em Pequim, ou da forma como defendeu o Children¿s Health Insurance Program».

Por tudo isto, Rahm Emanuel, um dos democratas com mais capacidade para mexer os cordelinhos nas bases do partido, sentencia: «Se ela avançar, estou atrás dela a apoiar. Acho que ela vai avançar, mas isso só ela saberá dizer. Se Hillary concorrer, estou com ela».

Bem diferente é a situação no campo republicano. Continua a não haver um claro «frontrunner». 

Chris Christie tinha alguns trunfos para despertar atenções, mas primeiro o «BridgeGate» e, mais recentemente, problemas sérios nas contas do governo estadual estão a transformar o carismático governador da Nova Jérsia de sério pretendente a potencial «trouble maker» da corrida republicana. 

As últimas semanas proporcionaram a Jeb Bush, antigo governador da Flórida, uma espécie de «momento de provar que será uma alternativa a Christie como potencial candidato da ala moderada do GOP». 

Mas Jeb terá exagerado na dose: o irmão e filho dos últimos dois presidentes republicanos (GW e GH Bush) falou demasiado em «compaixão» perante os imigrantes ilegais, definido mesmo como «act of love» e não como violação à lei a tentativa de passar a fronteira ilegalmente, em nome do «sonho americano».

A ideia pode agradar ao centro e aos democratas, mas provoca aversão na base que Jeb terá que convencer, se quiser ser o adversário de Hillary para 2016: os ultraconservadores, uma parte do Tea Party e a América profunda. 

Rand Paul, senador do Kentucky, mantém-se bem posicionado para agarrar os setores mais à direita, mas nesse campo há outros pretendentes: Mike Huckabee, Ted Cruz ou até Rick Santorum, que em 2012 foi o segundo republicano mais votado.

Pelo meio, Paul Ryan e Marco Rubio podem vir a assumir um papel intermédio, captando apoios de diferentes segmentos do universo republicano.

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