«Enquanto o Presidente Obama viaja pela Ásia, a crise da Ucrânia domina as atenções. Mas também estão questões, que se arrastar há vários anos, sobre se a América começa a ser, de alguma maneira, um poder em declínio que cederá o seu espaço de influência à China, nos próximos anos. O número de revistas e de capas de livros com alguma variante da tese de ¿Estarão os melhores anos da América atrás de nós?¿ poderia encher uma biblioteca. E é, por isso, importante que americanos e asiáticos percebam, de forma clara, que os Estados Unidos não estão em declínio. Os Estados Unidos, na verdade, estão num caminho de grandes oportunidades e a América do Norte está talhada a liderar o Mundo nas próximas décadas. As provas estão à volta de nós: a Economia dos EUA está a voltar a carburar, fortalecida pela nova energia e pelas revoluções tecnológicas. Tudo isso deve providenciar um renovado sentimento de confiança numa parte do Mundo que supostamente estaria a sofrer um declínio»
Michael O'Hanlon, investigador do Council on Foreign Relations, e David Petraeus, general, antigo comandante das tropas americanas no Iraque e no Afeganistão, co-chairman do Council on Foreign Relations Task Force on North America
A narrativa de que a América está a perder o seu papel dominante nas relações mundiais até poderia ser poderosa. Mas sempre que olhamos para os factos, percebemos que há um grande problema com essa tese: é que ela, simplesmente, não é verdadeira.
As últimas semanas foram particularmente significativas nesse aspeto.
As últimas semanas têm mostrado que os EUA continuam a ser um país decisivo. Sobretudo quando «velhas ameaças» parecem querer regressar em forçaÀ medida que a crise ucraniana se foi agravando, e perante a reação ambígua da União Europeia, rapidamente se percebeu que só uma intervenção diplomática eficaz por parte de Washington poderá começar a conter a ameaça do «urso de Moscovo».
Em artigo publicado na revista «Foreign Affairs», Walter Russel Mead aponta: «Até agora, o ano de 2014 tem sido tumultuoso, à medida que as rivalidades geopolíticas regressaram à ribalta. Seja com as forças russas que tomaram conta da Crimeia, seja com a agressividade da China nas zonas costeiras, provocando resposta assertiva do Japão, ou ainda com o Irão a tentar usar as suas alianças com a Síria e o Hezbollah para dominar o Médio Oriente, várias formas de «poder antigo» estão a voltar em força nas relações internacionais».
Para aquele conhecido investigador, «os Estados Unidos e a União Europeia procuram, pelo menos, trilhos para enfrentar a nova perturbação. Tanto os EUA como a Europa preferiam pôr de parte as preocupações sobre questões geopolíticas «do passado», como o território ou o poder militar e focar-se em temas como a «global governance»: liberalização do comércio, não-proliferação nuclear, direitos humanos, estado de direito, alterações climáticas. Na verdade, desde o fim da Guerra Fria, o mais importante objetivo dos EUA e da Europa, nas suas políticas externas, tem sido o «shift» das relações internacionais, da «soma zero» para uma relação «win-win». Sermo forçados a voltar a temas «old-school» como a situação na Ucrânia não só diverge atenções, tempo e energia para os focos essenciais, como altera o caráter da política internacional. À medida que a atmosfera fica cada vez mais tensa e sombria, a tarefa de promover e manter a ordem mundial fica cada vez mais arriscada».
A escalada russa nas cidades ucranianas tem mostrado ser, nos últimos dias, um caminho demasiado perigoso para poder ter solução definitiva para breve.
Mas o que é certo, aconteça o que acontecer, é que uma saída de custos reduzidos dependerá sempre da habilidade diplomática e da força política que, nos próximos tempos, o Presidente Obama e o secretário de Estado John Kerry vierem a mostrar.
Quem disse que deixou de valer a pena prestar atenção à atualidade internacional?
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