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terça-feira, 14 de junho de 2011
Histórias da Casa Branca: Desesperadamente à procura do anti-Obama
Da esquerda para a direita: Rick Santorum, Michelle Bachmann, Newt Gingrich, Mitt Romney, Ron Paul, Tim Pawlenty e Herman Cain: os sete participantes do debate no New Hampshire podem vir a ter ainda mais concorrência na luta pela nomeação presidencial republicana. Tudo está ainda em aberto e a ordem é encontrar o candidato com melhores condições de impedir a reeleição de Obama
Desesperadamente à procura do anti-Obama
Por Germano Almeida
O debate do New Hampshire, o segundo das pré-primárias republicanas para 2012, já nos mostrou um desenho mais claro sobre como será a luta pela nomeação presidencial do partido do elefante. Mas ainda esteve longe de revelar o essencial.
Mitt Romney confirmou a ideia de ser, pelo menos para já, o ‘frontrunner’. Só que a chave desta corrida estará na forma como os republicanos poderão conseguir encontrar a estratégia que lhes permita fabricar até ao Verão do próximo ano uma espécie de… «anti-Obama».
Foram a jogo sete candidatos: o antigo governador do Massachussets e terceiro classificado nas primárias de 2008, Mitt Romney; o ex-governador do Minnesota, Tim Pawlenty; o antigo ‘speaker’ do Congresso, Newt Gingrich; o antigo senador pela Pensilvânia, Rick Santorum; a congressista do Minnesota e preferida dos movimentos Tea Party, Michelle Bachmann; o responsável pela Reserva Federal de Kansas City, Herman Cain; e, ainda, o médico e congressista do Texas, Ron Paul, que tenta pela quinta vez uma candidatura «impossível» à Casa Branca, dado que representa uma facção ultra-minoritária no Partido Republicano.
Recusaram os convites da organização outros cinco nomes, embora por razões diferentes. Mitch Daniels, governador do Indiana, e o multimilionário Donald Trump já anunciaram que não vão avançar para uma corrida presidencial. Sarah Palin, ex-governadora do Alasca e a mais popular figura da Direita americana, Rudy Giuliani (antigo mayor de Nova Iorque e «candidato desastre» das primárias republicanas de 2008) e Jon Huntsman, antigo governador do Utah e embaixador dos EUA na China até Abril passado, também optaram por passar esta oportunidade de entrar já em jogo, por não terem ainda revelado publicamente se tencionam concorrer.
No caso de Giuliani, até há muito pouco tempo havia sinais que indicavam uma resposta negativa, mas as sondagens dos últimos dias podem tê-lo feito pensar melhor: é que, mesmo com Sarah Palin em jogo, Rudy surge em terceiro lugar, com 12 ou 13 por cento.
Sem Palin na corrida, aparece como a alternativa mais forte a Mitt Romney, podendo chegar aos 16 ou 17 por cento – números que não devem ser negligenciados, se atendermos ao facto de que o antigo presidente da Câmara de NY nem sequer está no terreno.
O mesmo não se poderá dizer de Sarah Palin: embora ainda não tenha dito uma palavra sobre se vai ou não ser candidata à presidência dos EUA, as suas acções indiciam, pelo menos, essa intenção. Palin continua a ser a figura mais mediática do campo republicano e a sua estratégia poderá ser a de esperar para ver.
Para todos os efeitos, a falta de entusiasmo em torno do actual quadro de candidatos permitirá a Sarah ficar, literalmente, à sombra durante o Verão. E, havendo condições para tal, Palin poderia ser o factor-surpresa do início do Outono, quando faltar precisamente um ano para a eleição geral…
Romney confirma a dianteira
Todas as sondagens têm apontado Mitt Romney com um avanço ainda não muito claro, mas já significativo. Não foi de admirar, por isso, que o debate do New Hampshire tenha colocado o
ex-governador do Massachussets na berlinda.
Nesta fase ainda muito inicial, os candidatos optaram por não se atacar mutuamente, preferindo apontar baterias para o «inimigo» comum: Barack Obama.
Romney, que é apontado como o mais forte candidato contra Obama num eventual cenário de crise económica agravada até 2012, tem um ponto fraco: o de ter aprovado no Massachussets uma reforma da Saúde muito parecida com o ObamaCare.
O tema tem sido alvo de críticas, sobretudo por parte de Tim Pawlenty -- que tenta disputar com Romney a zona moderada do Partido Republicano -- mas, estranhamente, Tim optou por recuar nessa estratégia no debate de ontem, esclarecendo que quando criticou a Reforma da Saúde apena se referia «ao Presidente».
Bachmann ataca pela Direita
Como era de prever, Michelle Bachmann aproveitou a ausência de Sarah Palin (e a completa desorientação estratégica de Newt Gingrich) para assumir o território da Direita.
Apresentou-se como solução para «a América real», a América que «está desiludida com Obama e quer voltar a ter um Presidente que ponha a economia deste país a funcionar».
Já se sabia que este tipo de chavões são muito mobilizadores para muitos sectores do Partido Republicano. O que ainda não se sabe é se será mesmo esse o discurso dominante ou se o GOP saberá encontrar uma estratégia mais moderada para defrontar Obama em Novembro de 2012.
Até ao fim do Verão, o campo republicano deverá saber encontrar as principais respostas para a grande dúvida: que registo deverá ter o «anti-Obama» por quem a Direita americana tanto anseia?
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