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terça-feira, 11 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Obama e a teoria do «RomneyHood»
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 11 DE SETEMBRO DE 2012:
Histórias da Casa Branca – Obama e a teoria do «RomneyHood»
Por Germano Almeida
«É costume dizer-se que o dado que mais conta numa eleição presidencial é a Economia. E, de facto, esse tem sido o fator mais relevante nos últimos duelos: o ‘it’s the Economy, stupid’, decretado por James Carville, um dos principais estrategas de Bill Clinton, na década de 90 passou quase a ter força de lei nos meios políticos norte-americanos.
Nessa contenda de 1996, o fator económico foi claro: mesmo depois de ter perdido o controlo do Congresso para os republicanos em 1994, e mesmo tendo a hostilidade de uma grande parte do espetro político (que o atacava pelos deslizes da vida pessoal, acusando-o de não ter moral suficiente para ser Presidente), a verdade é que Bill Clinton obteve a reeleição com relativa facilidade, graças ao momento económico positivo que viviam os Estados Unidos em meados da década de 90.
Quatro anos antes, foi também a Economia a mandar: apesar de ser um Presidente respeitado pelos americanos, George Bush pai falhou a reeleição em 1992, precisamente por ter perdido a batalha económica. «Read my lips: no new taxes» (‘leiam os meus lábios: não vou criar impostos’), prometera George Herbert Walker Bush aos americanos. Mas acabou por ter que o fazer.
Mesmo tendo ganho a primeira guerra do Golfo poucos meses antes, Bush sr. não foi capaz de obter a reeleição, muito por culpa da fase sombria que atravessava a Economia americana no início dos anos 90.
O caso de 2000, entre Bush filho e Al Gore, é mais difícil de analisar sob esse prisma: para todos os efeitos, Gore teve mais 500 mil votos a nível nacional e há quem continue a garantir que também venceu na Florida.
Mas, oito anos depois, voltou a ser a Economia a decidir: John McCain, apesar do seu exemplo inspirador de herói patriótico, perdeu o duelo frente a um inexperiente senador negro – e isso teve muito a ver com a tempestade económico-financeira que marcou a parte final da Administração republicana liderada por George W. Bush.
Quem defende a classe média?
Em 2012, ano tão marcado pelo fantasma da crise a nível mundial, a eleição presidencial norte-americana teria tudo para voltar a ter na Economia a questão chave.
Mas pode não ser bem assim. Barack Obama, um Presidente com um desemprego de 8.1%, continua a mostrar ter boas hipóteses de vir a ser reeleito.
Como é que isto é possível? Por um lado, o candidato democrata recolhe vantagens significativas em relação ao seu opositor republicanos em temas como a política externa, a capacidade de gerar mais confiança junto do eleitorado, ou as potencialidades de ser um bom «commander in chief».
Por outro lado, convém recordar que Mitt Romney está longe de ser um candidato mobilizador. As sondagens, nos últimos três anos, mostram alguma desilusão dos jovens e das mulheres (dois segmentos fundamentais para a vitória de Obama em 2008) no desempenho do Presidente. A questão é que Romney tem muitos problemas, precisamente, na conquista desses dois segmentos.
Perante esta realidade, o campo republicano teria todo o interesse em focar-se no tema da Economia. Por muito que Romney tenha garantido, na Convenção de Tampa, que o seu ‘ticket’ é o que protege a classe média, a realidade dos números insiste em desmenti-lo: nos últimos anos, o ‘mantra’ dos republicanos tem sido o de manter impostos baixos para os mais ricos e, com a necessidade de cortes orçamentais, isso impede os benefícios para a classe média.
Obama tem, por isso, apostado na ideia forte de que a sua candidatura «baixa impostos a 95 por cento dos contribuintes americanos», defende um agravamento fiscal às grandes fortunas e demarca-se da visão republicana, continuada pelo ticket Romney/Ryan, de manter impostos baixos para os mais ricos.
Os argumentos que ouvimos na Convenção Democrata em Chalotte (especialmente bem defendidos pelo ex-Presidente Bill Clinton) reforçaram esse trunfo fiscal de Obama.
A tese para a reeleição passa muito pela acusação de que o seu adversário é... RomneyHood. Barack já o explicou em alguns comícios: «É uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: Romney quer tirar aos pobres para dar aos ricos».
Faltam 56 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos».
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