TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 8 DE FEVEREIRO DE 2013:
A Reforma da Imigração é uma das prioridades do segundo mandato de Barack Obama.
Essa ideia já tinha ficado clara durante a campanha de reeleição e foi especialmente reforçada pelo Presidente no seu discurso de inauguração, do passado dia 21 de janeiro.
Nesse discurso, Obama deu sinais de interpretar a relegitimação política obtida a 6 de novembro como uma luz verde de uma clara maioria de americanos para que avance em aspetos mais ideológicos da sua agenda política.
Num pacote onde também entram questões como o «gun control», os direitos das minorias ou as alterações climáticas, o tema talvez mais significativo do ponto de vista social e político é o da imigração.
A forma como o Partido Republicano perdeu, em toda a linha, para Barack Obama a batalha demográfica da «nova América» forçou a Direita americana (ou, pelo menos, uma boa parte dela) a abrir uma profunda reflexão interna em torno deste tema crucial para os Estados Unidos.
A máquina de propaganda do Presidente Obama (que, mesmo depois da reeleição, continua ativada e sempre em cima da atualidade) tem apostado, nos últimos dias, nas redes sociais, nesta ideia forte: «Quase todas as famílias dos EUA vieram para a América de outro sítio qualquer. A menos que seja um nativo americano, veio, certamente, de outro lado. Somos mais parecidos uns com os outros do que parecemos. Ajude-nos a corrigir o nosso sistema de imigração, que está obsoleta e é injusto».
O apelo está a pegar. As pesquisas mostram um apoio à vontade do Presidente de avançar para uma Reforma de Imigração nunca antes visto nos EUA.
Um estudo ABC/Washington Post mostra que 49 por cento dos americanos apoia as ideias de Obama nesta matéria, enquanto apenas 43% se revelam contra.
Mais significativo ainda, 55 por cento dos americanos mostram-se compreensivos perante a necessidade de «conceder cidadania a quem esteja nos EUA indocumentado».
Obama está, precisamente, a ir pelo caminho do bom senso nesta questão, evitando uma excessiva clivagem ideológica. A estratégia faz todo o sentido quando 85 por cento dos americanos se declaram a favor de barreiras fronteiriças mais duras.
Isso não colide com a visão do Presidente sobre este problema. Em traços gerais, o que Obama defende é uma solução pragmática e mais humana para os imigrantes ilegais que já vivam nos EUA (e muito em especial para os filhos deles, que na verdade não são imigrantes, porque já nasceram na América).
Mas o Presidente sempre defendeu um controlo forte das fronteiras, para evitar que o problema da imigração ilegal se agrave.
Há dados novos na posição do Partido Republicano sobre este tema crucial para o «código genético» da América.
A escolha de Marco Rubio para protagonista da reação oficial do GOP na noite do discurso de Barack Obama sobre o Estado da União, a 12 de fevereiro, comprova que os republicanos pretendem entrar a sério nesta discussão.
«Rising star» da Direita americana, talvez o favorito à nomeação presidencial republicana para 2016, o senador Marco Rubio, da Florida, é filho de cubanos e tem, também por razões familiares uma abordagem tolerante em relação à problemática da imigração.
Eric Cantor, líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, marcou o tom da atual posição oficial da direita: «Um dos princípios fundadores deste país é o de que os filhos não devem ser punidos pelos erros cometidos pelos seus pais».
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