Texto publicado no site da TVI24, a 27 de março de 2013:
Foi, durante anos, o general mais respeitado do Exército americano. Com uma folha militar irrepreensível, era visto como a referência na área da estratégia e foi tiro certeiro da parte final da Administração Bush para estancar a ferida do Iraque.
David Petraeus, o «general indispensável», até era visto por parte da Direita americana como possível candidato presidencial republicano em 2012.
Mas de imediato disse que não a uma aventura de campanha política, porque acedeu ao chamamento da Administração Obama e mostrou rápida sintonia com o presidente democrata.
Obama e Petraeus tiveram empatia quase imediata. Tinham as mesmas visões sobre como a América deveria sair do atoleiro do Iraque. De como, primeiro, haveria que garantir uma saída digna, uma retirada que não comprometesse ainda mais vidas.
O erro de avançar para Bagdade, cometido politicamente pelo presidente anterior a Obama, só poderia ser minimizado se os EUA soubesses honrar e proteger os seus homens e mulheres no teatro de combate.
David Petraeus foi o general da «surge», primeiro no Iraque, depois no Afeganistão. Obama aderiu a essa visão e promoveu-o figura de topo na hierarquia militar americana, nos primeiros anos do seu primeiro mandato presidencial.
Mas nem tudo correu bem nas estruturas militares de topo durante os primeiros anos Obama.
Primeiro foi o «caso McChrystal». A par de Petraus, Stanley McChrystal era outro «general indispensável» da era Obama. Mas uma estranha entrevista à «Rolling Stone», com termos agressivos e por vezes impróprios, pouco esperados em McChrystal, levaram ao seu afastamento.
Mais recentemente, logo após a reeleição de Obama em novembro de 2012, foi o próprio David Petraeus que caiu.
O escândalo teve saias pelo meio e, mais uma vez, manchou a imagem que esperaríamos ver de um general americano de topo.
Petraeus assumiu um caso extra-conjugal com Paula Broadwell, autora biografia do general e, ela própria, oficial na reserva. O caso atingiu, também, o general John Allen, pela correspondência trocada com Jill Kelley, outra peça deste complicado novelo, que levou à demissão de David Petraeus como diretor da CIA.
Quatro meses e meio depois do escândalo, David Petraeus regressou e, na sua primeira aparição pública desde a demissão, pediu «desculpas pelo caso» que levou à sua resignação. «Causei dor à minha família, aos meus amigos e apoiantes, e por isso peço desculpa», disse o general.
Petraeus falou para uma plateia com cerca de 600 pessoas, incluindo a sua mulher e muitos militares de relevo, em discurso na University of Southern California.
«Enquanto o nosso país continua a melhorar o seu apoio e reconhecimento a todos os veteranos e suas famílias, podemos e teremos que fazer ainda melhor», observou o general de quatro estrelas, agora na reserva.
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