TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 29 DE OUTUBRO DE 2014:
Talvez não venha a ser o «tsunami» que afundou os democratas em novembro de 2010, mas é muito provável que se sinta uma nova onda republicana nas eleições para o Congresso da próxima terça.
Os números são claros: o ambiente político para as «midterms» do próximo dia 4 de novembro tendem de forma acentuada para os republicanos.
Dan Balz nota, em artigo no Washington Post: «Os republicanos entram para a semana decisiva destas eleições para o Congresso construindo uma vantagem crescente sobre os democratas, uma vantagem ajudada pela insatisfação em torno da liderança do Presidente Obama, com a direção que o país tem tomado e com a forma como o governo federal tem lidado com os principais problemas».
Sondagem da ABC/Washington Post aponta: seis em cada dez norte-americanos não confia no poder de Washington para resolver os seus problemas (taxa equivalente à de um ano, quando ocorreu o «government shutdown» por falta de acordo orçamental no Capitólio) e até idêntica à fase de total bloqueio informático na aplicação do Obamacare.
Ora, a maioria do eleitorado aponta culpas ao Presidente Obama e aos democratas como causadores desse descontentamento, que cresceu nos últimos anos.
Mas há uma tendência que esta sondagem ABC/WP identifica e que pode baralhar um pouco as contas da próxima terça-feira: há menos interesse por estas «midterms» do que havia em 2010 e até em 2006.
Ora, um dos fatores que levaram ao tal «tsunami» republicano de há quatro anos teve a ver com a «energização» feita pelo Tea Party e pelos candidatos que promoveu e fez eleger no Capitólio.
O grau de interesse, desta vez, está na ordem dos 65%, dez pontos abaixo de há quatro anos (e a diferença pode estar no menor envolvimento do radicais de direita).
Apenas 22 por cento dos votantes dizem que tiveram contato direto com um candidato ou, pelo menos, com uma organização relacionada com esta campanha, um valor 12 pontos abaixo do que acontecera há quatro anos.
Mesmo assim, o maior entusiasmo parece estar mesmo do lado republicano, tendo em conta o maior índice de garantia de que irão votar, comparando com o eleitorado democrata. E mais votantes Romney nas presidenciais de 2012 dizem estar a seguir de perto as «midterms», comparando com os votantes Obama na mesma eleição.
A mesma sondagem identifica que 50 por cento dos votantes prováveis na próxima terça dizem que irão escolher candidatos republicanos, 44 por cento apontam candidatos democratas.
Em vários aspetos, aliás, o quadro eleitoral é parecido com o de há quatro anos (altura em que os republicanos obtiveram a maior maioria no Congresso em quatro décadas).
Nove em cada dez democratas e republicanos diz pretender manter a tendência de voto de 2010, dado que reforça forte possibilidade de maioria republicana na House.
Entre os independentes, os republicanos exibem grande maioria sobre os democratas, sendo que, geralmente, é esse eleitorado flutuante que define maiorias em eleições na América.
Em termos de género, os homens, como era esperado, colocam os republicanos na frente por mais de dez pontos. Entre as mulheres (eleitorado que favoreceu largamente Obama em 2008 e 2012), os democratas têm pequena vantagem (com diferença insuficiente para compensar o largo avanço republicano no segmento masculino).
Quanto aos lugares em aberto no Senado, os republicanos aparecem com boas hipóteses de arrancar entre três a seis vagas entre sete que estavam na posse dos democratas: Alasca, Arkansas, Colorado, Iowa, Luisiana, Carolina do Norte e New Hampshire.
Na mesma linha, outra sondagem, esta da CNN, aponta que sete em cada dez americanos estão «insatifeitos» com o rumo que o país tomou e que a taxa de reprovação do Presidente é agora de 53%, dois dados que favorecem as contas republicanas para 4 de novembro.
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