TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.IOL.PT, A 31 DE OUTUBRO DE 2014:
A quatro dias das eleições para o Congresso dos EUA, restam mais dúvidas do que certezas.
A provável vitória republicana pode conter surpresas. Os sinais do eleitorado ainda não garantem a queda do Senado, embora apontem probabilidade de mudança de controlo, dos democratas para os republicanos.
O «Real Clear Politics» antecipa dois cenários para terça: «A perceção do eleitorado, neste momento, é um pouco estranha. A aprovação do Presidente está nos 42%. Isso deveria ser consistente com um terrível resultado para os democratas nestas «midterm elections». E, de facto, há dados que apontam para esse cenário: a vantagem curta de Jeanne Shaheen no New Hampshire; as vantagens grandes dos republicanos Cory Gardner e Joni Ernst no Colorado e no Iowa; o sufrágio geral a dar seis a oito pontos de avanço aos republicanos em algumas sondagens (algo idêntico ao que acontecia em 2010) (¿) No entanto, há aquilo que podemos considerar uma segunda vaga de sondagens que é profundamente inconsistente com a noção de uma «onda»: o sufrágio geral a apontar para empate técnico ou mesmo até para uma ligeira vantagem democrata; corridas competitivas nos governos de estado; pequena mas firme vantagem do democrata Tom Cotton no Arkansas; corridas apertadas para lugares na House em estados como Arkansas e Michigan, que há uns meses era claramente republicanos», nota Sean Trende.
As mulheres, que nas eleições presidenciais de 2008 e 2012 preferiram em massa Obama a McCain e Romney, ainda dão vantagem aos democratas, mas dão mostras, desta vez, de alguma hesitação. «A batalha pelo voto feminino está a aumentar de tom, sobretudo nos estados decisivos, mas não se vê como possa mudar claramente para os republicanos», nota Gloria Borger, analista sénior da CNN.
As sondagens têm apontado para a vantagem masculina dos republicanos é muito superior ao avanço que as mulheres conferem aos democratas: e essa diferença pode ser decisiva, até para atribuir o controlo do Senado ao Partido Republicano.
Mas a pergunta essencial permanece e, perante sinais contraditórios, merece ser feita outra vez: será que a matemática eleitoral dos democratas está assim tão negativa?
Nate Cohn, no «New York Times», observa: «As sondagens mostram que os republicanos têm vantagem na luta pelo controlo do Senado. Lideram em estados suficientes para obter esse controlo e têm oportunidades adicionais na Carolina do Norte e no New Hampshire para fazer possíveis surpresas. À medida que o Dia da Eleição se aproxima, os democratas esperam, cada vez mais, que as sondagens estejam profundamente enganadas. E essa possibilidade não é desfasada. As sondagens têm, no geral, subestimado os democratas nos últimos anos e há razões para pensar que isso pode voltar a acontecer».
Cohn aponta o exemplo de 2010 para sustentar essa ideia: «Em 2010, as sondagens subestimaram os democratas em todos os estados competitivos para o Senado numa média de 3.1 por cento. Em 2012, sondagens pré-eleição subestimaram o Presidente em nove de dez «battleground states» numa média de dois pontos percentuais.»
Seja como for, as «trends» mostram que, numa situação normal, deverão acontecer estas três coisas: clara vitória republicana na Câmara dos Representantes (a vantagem do GOP sobre os democratas na House parlamentar é de 234 para 201); muito equilíbrio no Senado com prováveis ganhos republicanos a poderem implicar mundança de controlo partidário na câmara alta (o Senado tem 53 democratas, 45 republicanos e dois senadores independentes com votação tendencialmente democrata); possível vitória republicana nos governadores (tendência para vantagem em 22 estados, para avanço dos democratas em 16, com 12 estados em empates técnicos).
Obama com vida difícil depois de 4 de novembro? Certo. Mas não há novidade nisso, pois não?
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