O blogue que, desde novembro de 2008, lhe conta tudo o que acontece na política americana, com os olhos postos nos últimos dois anos da era Obama e na corrida às eleições presidenciais de 2016
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Histórias da Casa Branca: Obama aproxima-se da linha verde
Os últimos meses de 2011 revelaram sinais positivos para a Economia americana: o desemprego ainda está alto, mas está no nível mais baixo dos últimos três anos: 8.5%; no mês de Dezembro, foram criados 200 mil novos postos de trabalho na América; a produção industrial está a crescer e a confiança dos investidores dá mostras de reactivação. A dez meses da reeleição, a popularidade de Barack Obama volta a estar perto dos 50 por cento
Obama aproxima-se da linha verde
Por Germano Almeida
“Nos últimos meses de 2011, todos os indicadores decisivos da Economia americana melhoraram: a produção industrial, a confiança dos investidores, vendas de férias, ‘e-commerce’, inflação e emprego. O número de americanos com emprego aumentou. Em quase todos os sectores, a Economia americana está estável, o que é ainda muito diferente de dizer que está robusta ou invulnerável”
Zachary Karabell, economista, historiador e escritor norte-americano
A parte final do ano de 2011 foi politicamente proveitosa para Barack Obama. O Presidente entrou em 2012, ano em que tentará a reeleição, com alguns trunfos na manga.
Focados nas primárias que definirão o nomeado presidencial que irá defrontar Obama a 6 de Novembro de 2012, os republicanos diminuíram o nível de hostilidade no Congresso – num reflexo, também, do menor peso do Tea Party na estratégia e no discurso dos líderes do GOP na House e no Capitólio.
2010 e 2011 foram anos particularmente difíceis para quem está a governar no mundo ocidental. Obama sentiu-o na pele – mas, curiosamente, as partes finais dos últimos dois anos trouxeram vitórias importantes para o Presidente: em 2010 tinha sido a aprovação, com larga maioria, no Senado da ratificação do novo Tratado START; desta vez o final do ano coincidiu com a aprovação no Senado da lei orçamental (traduzida num pacote de medidas de mais de um bilião de dólares, que assegura o financiamento do Estado federal até ao final de Setembro de 2012).
Evitou-se, assim, a paralisia dos serviços administrativos, que chegaram a estar em risco por algumas vezes durante o ano de 2011 (Março, Abril e Setembro), nos diversos momentos de quase ruptura entre democratas e republicanos, só desbloqueados graças a acordos de última hora, que necessitaram da intervenção do Presidente.
Afastado o fantasma do ‘bloqueio’, a Administração Obama está a acelerar a aplicação do prometido Plano de Estímulos ao Emprego. Mesmo sem conseguir aprovar o American Jobs Act na sua globalidade no Congresso, o Presidente tem vindo a adoptar uma estratégia a conta-gotas, com resultados razoavelmente positivos.
Noutra frente, a retirada total do Iraque, mesmo que feita num cenário de ainda muita indefinição sobre o futuro do país sem a presença militar norte-americana, corresponde ao cumprimento de uma das mais importantes promessas eleitorais da campanha presidencial de Obama em 2008.
O melhor valor dos últimos cinco meses
As ondas de choque da crise internacional têm-nos feito distrair de alguns dados animadores para Barack Obama. É que a taxa de popularidade do Presidente atingiu, esta semana, os melhores valores dos últimos cinco meses: 47% no registo diário do Gallup, 45% no Rasmussen Reports, 49% na CNN/Opinion Research Corporation e na ABC/Washington Post.
Estes dois últimos indicadores revelam, aliás, um outro dado significativo: pela primeira vez desde há muito tempo, o Presidente consegue um saldo positivo entre opiniões favoráveis e desfavoráveis (49/48 na CNN/ORC e 49/47 na ABC/WP).
Sinais ainda pouco claros sobre se a popularidade de Obama assumiu finalmente uma tendência consistente de subida, mas que, pelo menos, desmontam a ideia de que o Presidente está condenado a manter-se com uma aprovação a rasar a casa dos 40 por cento.
Dias antes do acordo sobre o aumento do tecto da dívida, em pleno Verão, chegou a bater nos 38 por cento – mínimos da sua Presidência e que começavam a soar à reprovação maciça de que foi vítima o final de mandato de George W. Bush.
A recuperação, lenta mas sustentada, de Obama nos últimos meses tem duas explicações: a melhoria dos indicadores económicos nos EUA, com especial enfoque na diminuição do desemprego (8.5%, valor mais baixo dos últimos três anos, com a criação de 200 mil novos postos de trabalho só no mês de Dezembro) e os acordos obtidos pelo Presidente no Congresso e que permitiram o prolongamento do subsídio de desemprego e reduções de impostos que terminariam no final deste ano para 160 milhões de americanos – e que tiveram a garantia de que os continuarão a receber pelo menos por mais dois meses.
Barack Obama ainda não ultrapassou totalmente o Rubicão da impopularidade. Mas os diversos indicadores começam, a dez meses e meio da reeleição, a sinalizar a aproximação à linha verde.
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