terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Romney já lidera e começa a ser inevitável


George H. Bush, Presidente dos EUA entre 1989 e 1993, apoia a candidatura de Mitt Romney, em mais um sinal de que o ex-governador do Massachussets começa a ser olhado como «inevitável» pelo 'establishment' do Partido Republicano


Romney já lidera e começa a ser inevitável

Por Germano Almeida


"Mitt Romney não é conservador - mas eu quero ganhar"
Charles Krauthammer, destacado comentador de tendência conservadora, num sinal de que defende a nomeação de Romney como única forma de o Partido Republicano poder derrotar Obama em Novembro de 2012


No dia do arranque das primárias do Partido Republicano, a nomeação de Mitt Romney começa a parecer a narrativa mais sustentável.

Ainda não se trata da tal «inevitabilidade» que alguns analistas defenderam quando o ex-governador do Massachussets lançou a sua candidatura – mas decorre de uma leitura que muitos já estão a fazer.

A questão que se coloca quando se inicia um processo de nomeação presidencial de um grande partido do sistema é esta: qual é o candidato que está melhor colocado para oferecer aos delegados da respectiva convenção partidária uma vitória em Novembro seguinte, nas eleições gerais?

Depois de meses de hesitações e dúvidas, parece que o ‘establishment’ republicano já se decidiu por este empresário de sucesso, com 64 anos mas aparência ainda jovem, mórmon de religião embora com credenciais de governação num dos estados mais liberais dos EUA -- o Massachussets, em plena Costa Leste, bem longe de… Salt Lake City, Utah.

O recente ‘endorsement’ do Presidente George H. Bush (Bush pai) é uma boa prova desta tendência e junta-se a outros apoios de relevo no espectro republicano, como a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, o governador da Nova Jérsia, Chris Christie, ou o senador e antigo candidato presidencial republicano, Bob Dole.

O antigo Presidente George H. Bush justificou a sua opção referindo que Romney é «o candidato que oferece mais experiência, estabilidade e princípios».

Mesmo elementos destacados do Tea Party, como Christine O’Donell, já declararam apoio a Romney, num sinal de que Mitt pode conseguir chegar ao lado mais radical da Direita americana – embora não se integre, claramente, nesse sector.

Também os principais jornais nacionais e estaduais norte-americanos que já declararam os seus respectivos apoios oficiais (tradição antiga nos EUA e que contrasta com a suposta neutralidade dos títulos europeus) têm dado clara preferência a Romney.

O que continua a ser estranho é que esse apoio do establishment ainda não corresponde a uma liderança de Romney nas sondagens nacionais -- mas a verdade é que Mitt tem subido dia após dia, a ponto de, no Iowa, já surgir na frente das pesquisas feitas nos últimos dias.

Mesmo em queda, Gingrich mantém um ligeiro avanço na média das pesquisas nacionais, sendo que, no Iowa, Ron Paul liderou a maioria das sondagens até ao Natal. Em queda livre no Iowa, Newt já admitiu que não irá ganhar o estado de arranque -- e tem perdido os votos da ala direita do GOP para Rick Santorum (que poderá ser a surpresa da votação de amanhã).

Trocado por miúdos, o ponto da situação na corrida do GOP, quase no arranque oficial, é este: Romney não é o preferido da base conservadora, mas no fundo, no fundo, os eleitores republicanos sabem que a única hipótese que têm de escolher um candidato que derrote o Presidente Obama é nomear Romney...

Sinais de fraqueza
Enquanto Mitt vai consolidando a sua caminhada para a nomeação com apoios de peso e a noção de ser o único «presidenciável» de um leque de candidatos muito pouco recomendáveis, os seus adversários vão tropeçando nas suas próprias fraquezas.

A queda de Newt (que até já admitiu que, provavelmente, não ganhará no Iowa) pôs a nu mais uma perplexidade desta louca corrida republicana para 2012: o ex-speaker do Congresso, líder da «maioria moral» que tentou trucidar Bill Clinton na década de 90, pouco ou nada traria de novo à política americana.

Numa altura em que o ambiente em Washington é quase irrespirável, tamanha é a divisão e o clima de bloqueio, uma Presidência Gingrich seria andar ainda mais para trás.

A falta de mobilização da candidatura Gingrich teve como consequência recente o afastamento de Newt das listas para as primárias da Virgínia. Não sendo um estado-chave, trata-se de um estado importante para a dinâmica desta corrida (e, curiosamente, Gingrich até liderava as sondagens na Virgínia).

O comité eleitoral da Virgínia exigia dez mil assinaturas validadas para aceitar cada candidatura. Gingrich, apesar de ainda ser o frontrunner, não reuniu o número necessário, o mesmo tendo acontecido com os candidatos Rick Perry, Michele Bachmann e Jon Huntsman.

Caminho aberto, por isso, para que Romney apanhe uma grande quantia dos 49 delegados reservados para a Virgínia.

E se Romney ganhar no Iowa?
Quer isto dizer que Mitt Romney pode atingir uma vantagem já muito confortável na Super Terça-Feira, a 6 de Março – mesmo que não ganhe no Iowa.

Basta olhar para o calendário e seguir a lógica: Romney vencerá, tudo indica, no New Hampshire, com um forte avanço; seguem-se a Carolina do Sul (21 de Janeiro, provável disputa Gingrich/Romney ) e a Florida (31 de Janeiro, provável vitória Romney).

Ainda antes da Super Terça-Feira, temos os ‘caucuses’ do Nevada, Maine, Colorado, Minnesota e Washington (com prováveis vitórias Romney em três ou mesmo quatro desses estados) e, ainda, as primárias no Arizona e no Michigan -- Gingrich lidera no Arizona, mas Romney deve vencer no Michigan, estado do qual o seu pai foi governador.

E se, antes de tudo isso, Romney ainda conseguir vencer, esta noite, no Iowa? Bom, então nesse cenário, a pré-anunciada «longa corrida pela nomeação republicana» poderá ser encurtada para a história da inevitabilidade de Mitt Romney.

O que os eleitores do Iowa vierem a dizer no ‘caucus’ ajudará a
clarificar o filme da corrida republicana - mas convém lembrar que, há exactamente quatro anos, John McCain foi apenas quarto no estado de arranque, mas foi ele quem, no fim, arrecadou a nomeação...

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