sábado, 11 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Rick Santorum lança-se como ‘anti-Romney’


Rick Santorum teve três vitórias surpreendentes no Colorado/Minnesota/Missouri e lidera, pela primeira vez, as sondagens nacionais. Só que o seu ideário excessivamente conservador fá-lo ter poucas hipóteses de destronar um Romney que não entusiasma a base republicana, mas que é claramente mais "presidenciável"


Rick Santorum lança-se como ‘anti-Romney’

Por Germano Almeida


Quem disse que as primárias republicanas já estavam decididas?

Quando muitos já haviam entronizado antecipadamente Mitt Romney como o escolhido, eis que a noite do triplo concurso Colorado/Minnesota/Missouri baralhou tudo outra vez, ao dar enormes vitórias ao ultraconservador Rick Santorum.

O ex-senador da Pensilvânia venceu no Colorado por 3.600 votos, ganhou claramente no Minnesota, com quase o triplo da votação de Romney (21.985 de Rick, contra apenas 8.231 de Mitt, que só ficou em terceiro) e até venceu no Missouri, embora a atribuição dos delegados naquele estado só se faça a 17 de Março (em sistema de caucuses, numa altura em que a dinâmica da corrida já poderá ser diferentes).

Os surpreendentes resultados da última terça à noite mostram duas coisas: a base republicana está longe de estar convencida com Romney; mas, ao mesmo tempo, não é claro quem possa destronar o favoritismo de Mitt, atendendo à irregularidade revelada por Gingrich (que quase desapareceu nestes três estados) e Santorum (que parecia afastado da corrida depois da Florida/Nevada e agora renasce, subitamente).

Isso, isso, força Rick…
Enquanto o campo à direita de Romney se mantiver espartilhado, com Gingrich e Santorum a repartirem vitórias e Ron Paul a somar boas votações, Mitt não correrá o risco de perder o estatuto de ‘frontrunner’.

Mas se Gingrich não cumprir os mínimos na Super Terça-Feira, Rick Santorum, energizado com estas surpreendentes vitórias (já soma quatro, com o Iowa…) pode assumir todo o campo conservador ‘mainstream’ – e os dados da corrida podem alterar-se de forma dramática para Romney.

Isso seriam, diga-se, muito boas notícias para o Presidente Obama – que está à espera de defrontar Mitt Romney em Novembro, mas que, num duelo com Rick Santorum, ganharia facilmente. Rick é demasiado à direita, mesmo para a realidade político-social da América. Foca em demasia o seu discurso nos temas sociais, diz que Obama, ao apostar em políticas federais que aumentam o peso do Governo, se intromete na «relação directa de Deus com o povo».

Os independentes e o eleitorado moderado dos dois partidos, nesse cenário, prefeririam claramente um segundo mandato de Obama a um nomeado republicano tão declaradamente “right wing”.

“Boston, we have a problem!”
Começa a ser o… paradoxo Romney: Mitt continua a parecer o nomeado quase inevitável (tem mais dinheiro que Santorum numa relação de quase dez para um; tem mais experiência; tem o apoio da máquina e do ‘establishment’ republicano), mas há uma claro problema na forma como a campanha de Mitt está a correr.

Apesar de liderar com avanço confortável a contagem dos delegados e o voto popular, Romney revela muitas dificuldades em se mostrar um candidato abrangente no eleitorado republicano.

Mitt, que havia ganho no Colorado em 2008 com 60% dos votos, e no Minnesota com 41%, teve derrotas copiosas nesses dois importantes estados.

E são dois casos especialmente preocupantes para a capacidade de Romney poder agarrar o eleitorado do seu próprio partido: no Minnesota, ficou em terceiro, atrás do ‘outsider’ Ron Paul, e apesar do apoio do governador Tim Pawlenty; no Colorado, a derrota de Mitt para Santorum obrigará os estrategas de Romney a reflectir profundamente. Não por acaso, nos últimos dias foi ouvida a frase: “Boston, we have a problem!”

O Colorado tinha tudo para ser um estado favorável ao ex-governador do Massachussets: não por acaso, Romney montou as suas bases em Denver na noite do triplo concurso eleitoral.

É certo que os dados deste jogo continuam a parecer favoráveis às pretensões de Romney: é o único candidato com dinheiro e capacidade para discutir todos os estados; revela excelentes perspectivas de vitórias já no Arizona e no Michigan (no Arizona, tem o apoio de John McCain, o Michigan é um dos estados onde quase joga em casa, dado que o seu pai foi lá governador na década de 60).

Mas Mitt já não se livra do estigma de ser um candidato pouco amado pela base do seu próprio partido – e os resultados mostram que está a fazer uma campanha mais fraca do que a que fez há quatro anos, sendo que, em 2008, acabou por perder a nomeação para John McCain e, quando desistiu, até tinha menos delegados do que o ultra-conservador Mike Huckabee.

Gingrich joga tudo na Super Terça-Feira
Newt Gingrich tentou ser o “claro conservador”, em contraponto com um “moderado do Massachussets”, pós Carolina do Sul.

Mas os maus resultados na Florida e no Nevada furaram-lhe os planos. E a tripla vitória de Santorum complicou definitivamente a estratégia de bipolarização Romney ‘vs’ Gingrich que o ex-speaker do Congresso tentou lançar.

Sabendo que iria ter resultados meramente simbólicos no triplo concurso Colorado/Minnesota/Missouri, Newt antecipou-se e ainda antes da confirmação dos sucessos de Santorum, tentou desvalorizar o que se iria passar nessa noite e, em entrevista a Wolf Blitzer, na CNN, apontou baterias para o Arizona/Michigan e, sobretudo, para a Super Terça-Feira.

O dia 6 de Março será, claramente, o ‘sim ou sopas’ para Newt Gingrich. Se não tiver grandes vitórias em estados como a Geórgia ou o Ohio, poderá ter que abandonar a corrida.

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