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domingo, 5 de fevereiro de 2012
Histórias da Casa Branca: Romney já pisca o olho aos conservadores
O Nevada confirmou o favoritismo de Mitt Romney, que parece inapelavelmente lançado para a nomeação republicana. A Super Terça-Feira, daqui a um mês, deve fechar a corrida, a menos que, até lá, Newt Gingrich consiga um milagre
Romney já pisca o olho aos conservadores
Por Germano Almeida
O Nevada confirmou o momentum de Romney e deu mais uma vitória por números ainda mais folgados do que tinha sido o enorme triufo de Mitt na Florida.
Já poucos duvidam da nomeação do ex-governador do Massachussets, mas é ainda muito cedo para declarar encerrada esta corrida presidencial republicana.
Newt Gingrich está disposto a prolongar a batalha até onde puder – mesmo sabendo que o caminho para uma reviravolta se torna difícil imaginar, neste momento.
Romney tem mais dinheiro, uma máquina mais mobilizada e parece ter agarrado muito melhor do que o ex-speaker do Congresso os dois temas que, tudo indica, irão dominar esta corrida presidencial norte-americana de 2012: a Economia e o que fazer para evitar o «declínio da América».
Cumpridas que estão as cinco primeiras etapas, num total de 50, há uma clara tendência a identificar: Romney está muito mais forte nos estados maiores, mais heterogéneos e com uma distribuição demográfica mais variada; Gingrich tem o seu território confinado aos estados mais conservadores, com pendor religioso mais acentuado e, geograficamente, mais a Sul.
Essa dualidade foi clara nos resultados na Carolina do Sul (grande vitória de Gingrich) e na Florida (o maior estado até agora disputado, com uma forte comunidade hispânica e que deu a Romney um empurrão que pode ter sido decisivo para o resto das primárias).
Os milhões estão a favorecer Mitt
O gordo triunfo de Mitt no caucus do Nevada já era esperado: trata-se de um estado com uma forte comunidade mórmon, vizinho do Utah, onde Romney já havia ganho em 2008.
Mas a esmagadora vitória na Florida, dias antes, terá ajudado ainda mais à noção de «inevitabilidade» de Romney.
O duelo no sunhine state foi duro e chegou a baixar a níveis que, mesmo numas primárias americanas, só costumam ser atingidos numa fase mais terminal da corrida. A escalada de milhões gastos pelos campos de Romney e Gingrich (quer pelas campanhas oficiais quer pelas Super PAC’s que apoiam cada um dos candidatos) tornou o teor dos anúncios especialmente agressivo – mas Mitt acabou por sair claramente vitorioso da peleja.
Não é só o momentum político e mediático que favorece Romney. São as próprias mensagens de campanha: Romney já assesta baterias contra o Presidente, dizendo que o «tempo de Obama está a acabar». «Senhor Presidente, este tempo exigia liderança. Em vez disso, o senhor preferiu seguir em frente. Agora, chegou a altura de sair do caminho», lançou Mitt.
O Nevada mostrou ainda que Santorum é uma carta fora do baralho nesta corrida, mas está a prejudicar os interesses de quem pretende unificar a direita em torno de Gingrich: com 11%, impede Newt de se aproximar de Romney, esbatendo assim a noção, que Gigrich pretendia passar, de esta ser «uma corrida entre o conservador Gincrich e um moderado do Massachussets» (referência Romney).
Os conservadores estão a ceder
Os triunfos nas urnas estão a ajudar ao processo de «legitimação» de Romney junto do eleitorado conservador – que até ao início das primárias olhou para Mitt com reserva e, até, alguma desconfiança.
Depois de somar apoios junto do establishment do Partido Republicano, há uns dias aconteceu o que, até há uns meses, parecia impensável: o multimilionário Donald Trump (que alimentou esperanças de ser, ele próprio, o candidato imposto pelo Tea Party ao Partido Republicano) deu apoio a Romney. Se nos lembrarmos das diferenças no tom e nas ideias entre os dois, só podemos concluir que a explicação reside na tal «inevitabilidade» de Romney.
O ascendente de Mitt sobre Gingrich está a ajudar, aliás, Romney a piscar o olho aos conservadores. Na Florida, o ex-governador do Massachusset bateu Gingrich junto de eleitores do Tea Party, algo que parecia impossível há poucas semanas.
Mesmo assim, este é um processo ainda pouco linear: mesmo na Florida, 40 por cento dos eleitores republicanos, enquanto davam a Romney uma clara vitória nas primárias, respondiam numa sondagem que «veriam com bons olhos uma candidatura surpresa», em sinal de não estarem completamente convencidos com a investidura de Mitt.
Até à Super Terça-Feira, a 3 de Março, seguem-se um conjunto de estados não muito significativos na contagem dos delegados, mas que deverão reforçar a ideia de claro favoritismo de Romney: Minnesota, Maine, Missouri, Colorado, Arizona e Michigan.
Se no Minnesota, Maine, Colorado e Michigan o triunfo parece inevitavelmente pender para Mitt, Gingrich vê-se obrigado a vencer no Arizona, se quiser chegar à Super Tuesday com uma réstia de esperança em prolongar o duelo.
CAUCUS DO NEVADA
-- Mitt Romney 48%
-- Newt Gingrich 23%
-- Ron Paul 18%
-- Rick Santorum 11%
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