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sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Histórias da Casa Branca: A forte aposta de Obama na classe média
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 8 DE AGOSTO DE 2012:
A forte aposta de Obama na classe média
Por Germano Almeida
«Não é só em 2012, mas será sobretudo em 2012: estas eleições presidenciais norte-americanas serão especialmente marcadas pela Economia.
Mais do que um duelo político entre o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney, o sufrágio de 6 de novembro promete ser um plebiscito ao desempenho económico da atual administração norte-americana.
Há quatro anos, Obama derrotou McCain sob a promessa de resolver a crise lançada pela parte final dos anos Bush. Nas primeiras entrevistas dadas após a sua eleição, Barack chegou a dizer que «se passados três anos, os números da Economia americana permanecerem tão maus» como que herdou do antecessor, então é porque esta seria «uma presidência falhada».
O problema para o atual Presidente é que, apesar de já ter conquistado grande feitos em várias áreas (retirada de tropas no Afeganistão e no Iraque; Prémio Nobel da Paz com apenas nove meses na função; Reforma da Saúde aprovada no Congresso e confirmada no Supremo Tribunal), a verdade é que, no plano económico, esta não pode ser considerada uma presidência de sucesso.
Mesmo com a criação de perto de mais de quatro milhões de empregos na América nos últimos três anos e meio, a Taxa de Desemprego mantém-se muito elevada para os níveis norte-americanos (8.3 por cento).
Desde Franklin Roosevelt, nenhum Presidente logrou a reeleição com uma taxa superior a 7.5 por cento. Os casos mais recordados têm sido os de Carter, em 1980, e de Bush pai, em 1992: ambos eram Presidentes respeitados na frente internacional (como é Barack Obama), mas acabaram por falhar a reeleição, por força dos problemas económicos vivia nesses períodos.
Esse será, talvez, o maior desafio que Obama tem a vencer no próximo dia 6 de novembro: conseguir evitar ter como fim político o de ser um «one term President», como os republicanos tanto têm repetido que ele estará condenado a ser.
O último relatório sobre o emprego nos EUA mostrou resultados ambíguos: em julho, foram criados 163 mil postos de trabalhos (e isso dá razão às políticas de estímulo ao emprego defendidas por Barack); mas, mesmo assim, isso não foi suficiente para evitar nova subida de 0.1% na taxa de desemprego (e isso prova que continuam a perder-se demasiados empregos na América).
CLIMA DE DIVISÃO
Há muito que a política americana não estava tão dividida socialmente como nestas eleições.
Obama tem sido, como Presidente, um forte defensor da classe média. Da Casa Branca, têm saído propostas claras para estimular o emprego e reduzir a carga fiscal dos americanos que não ganham acima dos 250 mil dólares/ano.
É claro que, em tempos de ‘spending freeze’ (assumidos pelo Presidente desde o primeiro orçamento deste mandato, aprovado em 2009), reduções fiscais à classe média implicam aumentos de impostos sobre as maiores fortunas.
As reduções fiscais aos mais ricos, aprovadas nos anos Bush, foram inicialmente prorrogadas por Obama em 2010, em nome de um clima de negociação com o novo Congresso de maioria republicana.
Mas o aproximar das eleições presidenciais de 2012 voltou a acentuar o clima de divisão ideológica nesta matéria: Mitt Romney, ainda que mais moderado que os seus opositores republicanos nas primárias, tem defendido, no essencial, as teses mais duras da Direita americana nesta questão – as reduções fiscais sobre as maiores fortunas são para manter, à luz das ideias de que «o Estado federal não deve intrometer-se na livre circulação do capital» e de um suposto incentivo à criação de emprego mantendo livres de obrigações fiscais os potenciais empregadores.
Obama mantém a tecla da defesa da classe média e argumenta com a proposta Buffet, a tal que se indigna com o facto de a secretária do terceiro homem mais rico do Mundo pagar percentualmente mais impostos que o patrão.
A realidade económica da América nos últimos anos tem dado razão às posições do Presidente. Mas tudo o que tenha a ver com o aumento da carga fiscal, mesmo sobre os mais ricos, é muito difícil de ter popularidade num país como os EUA.
Há quatro anos, a mensagem de Obama passou – ajudada pelo clima de «tudo menos Bush» que se vivia em 2008. David Plouffe, um dos principais estrategas de Obama, acredita que «os democratas voltaram a ter o ‘momentum’ junto da classe média».
As sondagens mais recentes em estados como o Ohio, a Pensilvânia ou a Florida parecem dar razão a essa tese.
Faltam 90 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
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