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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Histórias da Casa Branca: Uma campanha nada alegre
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 23 DE AGOSTO DE 2012:
Uma campanha nada alegre
Por Germano Almeida
«Se a campanha presidencial de 2008 foi das mais inspiradoras de sempre (um jovem senador negro frente a um velho leão com traços de herói), o duelo eleitoral de 2012 está a ser muito crispado e menos mobilizador do que se esperaria.
Obama perdeu uma boa parte da aura santificada com que arrebatou uma enorme vitória há quatro anos. Romney está longe de ser um candidato convincente – mas mesmo para uma boa parte dos segmentos eleitorais que acabarão por votar nele.
Esta não será, por isso, uma campanha alegre. Os republicanos marcaram, desde cedo, o tom: praticamente desde que Barack Obama pôs o pé na Casa Branca, o grande objetivo do Grand Old Party passou a ser o de fazer tudo para que este fosse um «one term President».
Há quatro anos, John McCain optou por uma via institucional: perante o momento histórico que a nomeação presidencial democrata de Obama já representava, enquanto primeiro candidato negro a obter a nomeação por um grande partido do sistema, o senador pelo Arizona tratou Barack com elevação – e travou sempre os ataques mais cerrados à personalidade do seu adversário que eram feitos pelas alas mais duras do Partido Republicano.
Mas já se percebeu que essa não será a via seguida por Mitt Romney. Mesmo não sendo geneticamente um político da direita radical americana, o ex-governador do Massachussets tem interpretado o «sabor do tempo» e está a enveredar por um caminho perigoso.
Mitt escolheu a versão ‘no more Mr. Nice Guy’ e já prometeu aos seus apoiantes que não vai «cair no erro de McCain». Obama está a ser tratado pelo futuro nomeado republicano como alguém que «tem feito mal à América», que «não representa os verdadeiros valores americanos», que «não sabe criar empregos».
O clima político em Washington tem sido dominado pela divisão e pela hostilidade nos últimos anos. Obama tentou, sobretudo quando ainda tinha a maioria no Congresso, estabelecer plataformas bipartidárias – mas perdeu essa batalha e, em momentos chave da sua presidência, teve mesmo que assumir ordens executivas da Casa Branca, para descongelar impasses políticos no Capitólio.
Uma fatia significativa da direita americana não suporta a ideia de ver Obama a cumprir um segundo mandato na Casa Branca.
E uma grande parte dos democratas e independentes que apoiam o Presidente sentem que Barack deve ser mais claro na fratura política a estabelecer com visões republicanas assustadoramente retrógradas (como a desvalorização da violação feita pelo candidato ao senado pelo Missouri, Todd Akin...)
Com o aproximar do duelo eleitoral de 6 de novembro, este clima tenderá a piorar. E o registo inspirador de 2008, com dois candidatos a protagonizar duas grandes histórias americanas que colhiam a admiração da esmagadora maioria do eleitorado, parece cada vez mais distante no tempo e na memória.
Em 2008, tanto Obama como McCain puxavam pelo «melhor da América» -- fosse com o apelo regenerador do jovem Barack ou com o exemplo de heroísmo do experiente John.
Desta vez, o que está em causa são conceitos mais convencionais como: «quem é capaz de criar mais empregos?», «quem consegue tirar os EUA da crise?», «qual dos dois é melhor para defender a classe média e diminuir as desigualdades?»
Romney a recuperar nos estados decisivos
Não terá sido o ‘bounce’ que Mitt Romney desejaria, mas a verdade é que o pré-candidato republicano à Casa Branca beneficiou de uma ligeira subida nas sondagens nos dias que se seguiram ao anúncio de Paul Ryan como seu vice-presidente.
Romney, que chegou a estar a nove pontos de Obama nas sondagens nacionais, está a encurtar a distância para Barack e parece voltar a ter esperanças de conquistar alguns dos estados decisivos, como o Ohio, a Florida ou mesmo o Michigan (lutas muito equilibradas nestes três estados).
Obama mantém-se muito forte na Virgínia e na Pensilvânia e continua com boa vantagem no Colégio Eleitoral. Mas as probabilidades de reeleição já foram mais claras – e a diferença entre Barack e Mitt nas sondagens é cada vez mais pequena.
Faltam 75 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
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