domingo, 5 de agosto de 2012

Histórias da Casa Branca: Romney escorrega na política externa



TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 4 DE AGOSTO DE 2012:


Romney escorrega na política externa

Por Germano Almeida



«Mitt Romney tem vários motivos para acreditar que pode bater Barack Obama em novembro e tornar-se no 45.º Presidente dos Estados Unidos.

Basta olhar para os números da Economia desde 2008 para percebermos que, com uma taxa de desemprego tão elevada, e níveis de incerteza a persistirem nos mercados, a probabilidade de o Presidente em funções falhar a reeleição é sempre de considerar.

O combate Obama/Romney promete ser renhido, mas uma análise focada nas qualidades políticas dos dois candidatos continua a mostrar uma forte vantagem de Barack sobre Mitt.

O périplo de Romney à Europa foi o mais recente exemplo das falhas do republicano enquanto nomeado presidencial.

Mitt foi a Londres (preferiu a capital inglesa a Berlim, num contraste com a opção feita por Obama há quatro anos, em idêntico período eleitoral) e conseguiu dizer mal da organização dos Jogos Olímpicos, antes mesmo de esta ter início – talvez para mostrar que tem no currículo a organização dos Jogos de Inverno em Salt Lake City...

Ao abdicar de Berlim, além de um óbvio receio de ser comparado com os 200 mil que receberam, em apoteose, Barack Obama em 2008 em frente às Portas de Brandenburgo, Romney terá dado um sinal de não temer o país mais poderoso da Europa, desvalorizando assim a questão europeia e mostrando que, na sua visão do Mundo, a América continua a poder dar-se ao luxo de ignorar o velho parceiro do outro lado do Atlântico.

Regresso à visão Bush
Mais preocupantes foram as gaffes de Romney sobre a questão israelo-árabe. Querendo mostrar-se claramente do lado israelita (Mitt pretende namorar uma boa parte dos eleitores judeus que preferiram Obama em 2008), o nomeado republicano teceu comentários depreciativos sobre a realidade palestiniana e mostrou uma notória falta de dimensão presidencial naquela que será, talvez, a questão mais sensível na política externa americana.

À política de braços abertos ao mundo muçulmano, tentada sobretudo no início deste mandato, pela Administração Obama, Romney mostrou um argumentário muito mais próximo da visão de George W. Bush – e que, basicamente, fecha portas para qualquer avanço num processo de paz que, nos anos Obama, passou sempre pelo reconhecimento da «two states solution» e pelo impedimento da construção de novos colonatos.

Ligeira subida de Obama
Os últimos dias foram positivos para Barack Obama. No dia em que completou 51 anos, o Presidente vê as sondagens nacionais a mostrarem um ligeiro aumento no avanço (embora pequeno) que o candidato democrata dispõe sobre o nomeado republicano.

Essas variações não serão alheias aos deslizes de Romney no seu desastrado périplo europeu. E podem, sobretudo nos estados do midwest, mostrar também que a criação de emprego na Administração Obama tenderá a beneficiar o Presidente nas disputas decisivas no Ohio, na Pensilvânia, no Michigan ou no Wisconsin.

A três meses do grande duelo, a reeleição de Obama mantém-se como cenário mais provável. Mas tudo continua em aberto – e a ameaça de hecatombe da economia europeia pode, perfeitamente, ser o cisne negro capaz de alterar os dados do jogo.

Não por acaso, nas últimas semanas houve movimentações de bastidores na diplomacia americana, no sentido de aguentar a situação grega, pelo menos até novembro. A visita de Bill Clinton a Atenas foi o exemplo mais claro dessas diligências.

Faltam 94 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»



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