TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 29 DE SETEMBRO DE 2012:
Última chamada para Mitt Romney
Por Germano Almeida
Pode ainda Mitt Romney dar a volta a uma eleição que começa a parecer perdida para o campo republicano? Poder, ainda pode, mas o tempo está a esgotar-se para a estratégia do antigo governador do Massachussets.
Os últimos dias foram muito bons para as aspirações de reeleição de Barack Obama. O candidato democrata disparou nos ‘swing states’, sobretudo nos dois que costumam ser mais decisivos: Ohio e Florida.
Há dois meses, Romney estava muito à frente de Obama nesses dois estados, nos segmentos relacionados com os eleitores mais velhos, os hispânicos ou os trabalhadores brancos.
Ora, em poucas semanas, nesses três importantes setores (mais os idosos e latinos na Florida, mais os trabalhadores brancos no Ohio), Obama não só recuperou o atraso que tinha como conseguiu passar para a frente.
Os resultados são claros: o Presidente tem agora um avanço no Ohio que, de acordo com as últimas sondagens, chega aos dois dígitos (53/43) e uma vantagem na Florida que oscila entre os seis e os nove pontos.
É certo que uma corrida presidencial nos EUA mexe com um número muito variado de fatores. Mas a questão, a um mês e uma semana das eleições, é mesmo esta: ou Romney altera rapidamente este estado de coisas nos estados decisivos, ou não terá qualquer possibilidade de sonhar em ser eleito em Presidente em 2012.
O estado das coisas na corrida presidencial tem, por isso, muito a ver com aritmética: é que os números mostram que Obama, a manter-se este quadro, tem a reeleição na mão.
Debate decisivo para Mitt
A evolução das sondagens nos estados decisivos, nas últimas semanas, explica-nos que Barack Obama está a ganhar a batalha da persuasão nos territórios que vão decidir a eleição.
No Ohio, o argumento de que esta administração «salvou a indústria automóvel» tem sido especialmente poderoso: é que, como Barack tem recordado nos comícios, «um em cada oito empregos no Ohio dependem dessa indústria».
Do Michigan, então, nem vale a pena falar: até há uns meses, parecia que ia ser um ‘battleground state’, mas a campanha de Romney já percebeu que não vale a pena continuar a gastar muito dinheiro por lá.
O caso da Florida é diferente. Obama poderia ter alguns problemas no ‘sunshine state’, tendo em conta o comportamento modesto da Economia naquele importante estado.
A questão é que um terço do eleitorado da Florida tem 65 anos ou mais. E a defesa do Medicare tem sido um importante trunfo para Obama – por oposição com as ideias um pouco assustadoras de Mitt Romney e, sobretudo, do seu vice, Paul Ryan, quanto a uma possível substituição do Medicare por um «sistema de vouchers».
Com a diferença nas sondagens nacionais a aumentar para 5/8 pontos, e um panorama nos estados decisivos que aponta para fortes vantagens de Obama sobre Romney em 10 dos 12 terrenos de batalha, os alarmes estão a soar no campo republicano: ou Mitt ganha claramente o primeiro debate (3 de outubro, Denver, Colorado), ou esta eleição poderá nem ser, afinal, tão disputada como se escreveu nos últimos meses...
Surpresa de outubro?
A perder a batalha dos estados decisivos (sobretudo no Ohio, na Florida e no Wisconsin, já para nem falar da Pensilvânia, que com diferenças de 10/12 pontos começa a ser um caso perdido para os republicanos...), Mitt Romney tem sido pressionado pela ala direita do seu partido para endurecer o discurso e dramatizar questões como os tumultos no mundo muçulmano contra a América ou as opções de Obama em dar prioridade à campanha eleitoral, sacrificando a sua agenda de Presidente.
Mas Romney tem optado por manter uma disciplina na mensagem, focando-se, quase em absoluto, no argumento económico.
Mitt garante estar «em muito melhores condições do que o Presidente para criar empregos». Nas sondagens, esse era o único item em que Romney batia Obama. Só que até nesse aspeto, Obama está a vencer a campanha dos argumentos.
Neste cenário, há quem defenda que nem uma ronda de debates inspirada possa valer a Romney. Com o tempo a esgotar-se, o candidato republicano necessita de uma alteração dramática da lógica desta corrida.
Da forma como vai o Mundo, isso não é totalmente impossível de acontecer: um agravamento dramático da tensão Israel/Irão? O afundamento económico da Europa, com resgates de urgência a Espanha e Itália?
Só mesmo um cenário de catástrofe poderia inverter a lógica que está a dominar esta eleição. É que, na arena política, o caso de Barack Obama está a ser mais convincente para os americanos que o de Mitt Romney.
Faltam 38 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
Pode ainda Mitt Romney dar a volta a uma eleição que começa a parecer perdida para o campo republicano? Poder, ainda pode, mas o tempo está a esgotar-se para a estratégia do antigo governador do Massachussets.
Os últimos dias foram muito bons para as aspirações de reeleição de Barack Obama. O candidato democrata disparou nos ‘swing states’, sobretudo nos dois que costumam ser mais decisivos: Ohio e Florida.
Há dois meses, Romney estava muito à frente de Obama nesses dois estados, nos segmentos relacionados com os eleitores mais velhos, os hispânicos ou os trabalhadores brancos.
Ora, em poucas semanas, nesses três importantes setores (mais os idosos e latinos na Florida, mais os trabalhadores brancos no Ohio), Obama não só recuperou o atraso que tinha como conseguiu passar para a frente.
Os resultados são claros: o Presidente tem agora um avanço no Ohio que, de acordo com as últimas sondagens, chega aos dois dígitos (53/43) e uma vantagem na Florida que oscila entre os seis e os nove pontos.
É certo que uma corrida presidencial nos EUA mexe com um número muito variado de fatores. Mas a questão, a um mês e uma semana das eleições, é mesmo esta: ou Romney altera rapidamente este estado de coisas nos estados decisivos, ou não terá qualquer possibilidade de sonhar em ser eleito em Presidente em 2012.
O estado das coisas na corrida presidencial tem, por isso, muito a ver com aritmética: é que os números mostram que Obama, a manter-se este quadro, tem a reeleição na mão.
Debate decisivo para Mitt
A evolução das sondagens nos estados decisivos, nas últimas semanas, explica-nos que Barack Obama está a ganhar a batalha da persuasão nos territórios que vão decidir a eleição.
No Ohio, o argumento de que esta administração «salvou a indústria automóvel» tem sido especialmente poderoso: é que, como Barack tem recordado nos comícios, «um em cada oito empregos no Ohio dependem dessa indústria».
Do Michigan, então, nem vale a pena falar: até há uns meses, parecia que ia ser um ‘battleground state’, mas a campanha de Romney já percebeu que não vale a pena continuar a gastar muito dinheiro por lá.
O caso da Florida é diferente. Obama poderia ter alguns problemas no ‘sunshine state’, tendo em conta o comportamento modesto da Economia naquele importante estado.
A questão é que um terço do eleitorado da Florida tem 65 anos ou mais. E a defesa do Medicare tem sido um importante trunfo para Obama – por oposição com as ideias um pouco assustadoras de Mitt Romney e, sobretudo, do seu vice, Paul Ryan, quanto a uma possível substituição do Medicare por um «sistema de vouchers».
Com a diferença nas sondagens nacionais a aumentar para 5/8 pontos, e um panorama nos estados decisivos que aponta para fortes vantagens de Obama sobre Romney em 10 dos 12 terrenos de batalha, os alarmes estão a soar no campo republicano: ou Mitt ganha claramente o primeiro debate (3 de outubro, Denver, Colorado), ou esta eleição poderá nem ser, afinal, tão disputada como se escreveu nos últimos meses...
Surpresa de outubro?
A perder a batalha dos estados decisivos (sobretudo no Ohio, na Florida e no Wisconsin, já para nem falar da Pensilvânia, que com diferenças de 10/12 pontos começa a ser um caso perdido para os republicanos...), Mitt Romney tem sido pressionado pela ala direita do seu partido para endurecer o discurso e dramatizar questões como os tumultos no mundo muçulmano contra a América ou as opções de Obama em dar prioridade à campanha eleitoral, sacrificando a sua agenda de Presidente.
Mas Romney tem optado por manter uma disciplina na mensagem, focando-se, quase em absoluto, no argumento económico.
Mitt garante estar «em muito melhores condições do que o Presidente para criar empregos». Nas sondagens, esse era o único item em que Romney batia Obama. Só que até nesse aspeto, Obama está a vencer a campanha dos argumentos.
Neste cenário, há quem defenda que nem uma ronda de debates inspirada possa valer a Romney. Com o tempo a esgotar-se, o candidato republicano necessita de uma alteração dramática da lógica desta corrida.
Da forma como vai o Mundo, isso não é totalmente impossível de acontecer: um agravamento dramático da tensão Israel/Irão? O afundamento económico da Europa, com resgates de urgência a Espanha e Itália?
Só mesmo um cenário de catástrofe poderia inverter a lógica que está a dominar esta eleição. É que, na arena política, o caso de Barack Obama está a ser mais convincente para os americanos que o de Mitt Romney.
Faltam 38 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
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