TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.IOL.PT, A 19 DE JULHO DE 2013:
Numa fase em que o segundo mandato de Obama se encontra num impasse político, os
dois campos partidários começam a contar espingardas para as presidenciais de
2016.
Antes de lançarmos os principais candidatos, é
fundamental elencar os fatores que irão determinar tudo o resto. O primeiro tem
a ver com a herança política que Obama vai deixar.
Para o
nomeado democrata, carregar essa herança será bom ou mau? Interessa-lhe assumir
os créditos dos dois mandatos de Obama?
Nada
melhor do que compararmos com o passado recente. Em 2000, Al Gore sabia que
teria vantagem em assumir a herança Clinton. Em contraponto, oito anos depois,
John McCain fez de tudo para evitar ser considerado um «continuador de George W.
Bush».
Com apenas meio ano de segundo mandato, é cedo
para saber que efeito eleitoral terá a «herança Obama» em 2016.
O que,
do lado democrata, é já claro é que existe um ás de trunfo que marcará a
corrida: Hillary Clinton. Todas as sondagens exibem uma evidência: se ela
avançar, será a nomeada, tamanha é a vantagem que detém sobre os restantes
pretendentes democratas.
Subsistem dúvidas sobre se a secretária de
Estado do primeiro mandato de Obama vá avançar. Por enquanto, Hillary não dá
qualquer sinal que o tenciona fazer, apesar de receber quase diariamente apelos
para se candidatar.
Há, até, em Washington um grupo independente
que está já a organizar-se com um slôgan já escolhido: «I'me ready for Hillary
2016!»
E se Hillary não avançar? Os democratas têm
três alternativas na manga: Andrew Cuomo, filho de Mario Cuomo, e tal como foi o
pai, é governador do estado de Nova Iorque; Joe Biden, que apesar da idade
avançada, mostra vigor para tentar uma terceira candidatura; Martin O'Malley, o
telegénico governador do Maryland, com forte apoio nas bases democratas mas uma
imagem de moderado.
Entre estas três alternativas democratas a
Hillary, Andrew Cuomo mostra-se o mais credível para a nomeação. Biden está
demasiado dependente do que vier a ser a «herança Obama» (foi sempre o número
dois de Barack na Casa Branca) e O'Malley não tem ainda notoriedade suficiente a
nível nacional.
Mas o que parece preocupante no jogo democrata
para 2016 tem a ver com o excessivo favoritismo de Hillary: todas as sondagens
mostram que a antiga senadora por Nova Iorque vence os eventuais opositores
republicanos. Mas também mostram que algum democrata que não seja Hillary perde
para qualquer opositor republicano.
E que opositor poderá ser? Há hipóteses
interessantes a considerar do lado do GOP.
Os
últimos meses mostraram que o mais normal seria assistirmos a um duelo entre
Marco Rubio (senador da Florida, bem visto em setores do «Tea Party» mas com
penetração em minorias) e Chris Christie (o popular e politicamente incorreto
governador da Nova Jérsia).
Em duelo estariam duas personalidades
completamente diferentes (Rubio certinho, Christie truculento). Mas convém não
menosprezar as hipóteses de Rand Paul.
O senador pelo Kentucky chega bem mais aos
corações da «real America» e consegue ser politicamente mais pragmático que o
seu pai, Ron Paul (que embora tenha seguidores fiéis, nunca conseguiu
descolar-se do rótulo de «outsider»).
Não por acaso, Rand Paul foi o primeiro a
assumir que tenciona ser candidato e que deverá formalizar a candidatura logo
após as «midterms» de 2014. No Iowa e no New Hampshire, Paul está à frente.
Desvalorizar esse sinal seria imprudente.
Há ainda
Paul Ryan, que tinha tudo para ser o futuro campeão do conservadorismo fiscal,
mas que saiu chamuscado do fracasso Romney-2008.
Só
depois das eleições intercalares de 2014 haverá dados mais concretos para se
perceber que corrida teremos em 2016. Mas as primeiras apostas já começaram a
ser feitos. E isso é um dos segredos da incrível força do processo eleitoral na
América.
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