A comunicação política não tem idade.
Tem regras, depende do gosto, varia o seu efeito em função do segmento que pretende atingir.
E sim: faixas etárias diferentes reagem de forma diversa à mesma mensagem.
Mas a capacidade de as transmitir não tem prazo de validade: Hillary Clinton que o diga.
Super favorita à nomeação presidencial democrata (tem 50 pontos de avanço nas primárias do seu partido), a ex-secretária de Estado norte-americana é, a ano e meio das eleições que vão definir o sucessor de Barack Obama na Casa Branca, a pessoa mais bem colocada para vencer a eleição.
Mesmo nos possíveis duelos com os eventuais candidatos republicanos, as sondagens dão vantagem considerável (sempre com dois dígitos) a Hillary, seja o nome do possível opositor Jeb Bush, Scott Walker, Marco Rubio ou qualquer outro dos vários pretendentes. Com 69 anos à data da eleição (vai completá-los em outubro de 2016), Hillary Clinton teria na idade avançada (77 no final dos dois mandatos que pretenderá liderar na Casa Branca) o seu maior problema.
Ora, a forma como escolheu marcar o arranque da sua segunda candidatura presidencial praticamente resolveu essa questão.
O vídeo «Getting started», com apenas dois minutos e 18 segundos, juntou quase tudo o que a candidata pretende desenvolver, nos próximos 19 meses.
Nesses 138 segundos, estão lá os focos da agenda política e social de Hillary Clinton:
- dar força e condições à «working middle class america»;
- as minorias étnicas (negros, hispânicos, asiáticos);
- as minorias sexuais (casal gay de dois homens; casal gay de duas mulheres);
- as mulheres jovens, que pretendam juntar carreira e família;
- até uma recém-reformada com vontade de continuar ativa.
A dar consistência a tudo isto, uma ideia geral de otimismo e «cal to action» (mobilização para a ação), muito americana e que se insere numa espécie de «fase II» da versão democrata de recuperação pós-crise. Tudo num ambiente de «mudança para melhor», também ele muito americano.
Hillary quis, no vídeo, lembrar que os piores anos já passaram, mas deu como ideia forte: «Há muito ainda a fazer. E está na altura de dar às pessoas as vantagens da recuperação».
Ela quer, por isso, ser a «campeã que os americanos precisam», porque «o sistema ainda está construído para favorecer quem está no topo».
Entre a confirmação do «core» democrata que foi apoiando Barack Obama (minorias étnicas, sexuais, classe média trabalhadora, mulheres e jovens), há aqui uma «nuance» importante: ela deixa a entender que o Presidente Obama não foi suficientemente longe no ataque ao «business as usual» e aos «alçapões de Wall Street».
Sendo Hillary, há décadas, uma pessoa «do sistema» (Primeira Dama com agenda própria durante oito anos; senadora nos oito seguintes; quase nomeada presidencial democrata em 2008; secretária de Estado no primeiro mandato de Obama), ela poderia ter dificuldades em assumir-se como a candidata que vai conseguir mudar esse «status quo».
E este vídeo ajuda a posicioná-la onde quer: nesses 138 segundos, a candidata só aparece perto do centésimo e depois de ouvirmos e vermos as histórias de «real people» que ela pretende apoiar e «patrocinar», uma vez na Casa Branca.
Em entrevista que me concedeu para o site TVI24, Bill Schneider, comentador político da CNN, observou: «Não foi um anúncio em grande estilo, com grande aparato, tipo «shock and awe». Foi pessoal e «friendly». E não foi, de modo algum, sobre a candidata. Ela já é suficientemente conhecida. A intenção do video foi mostrar a sensibilidade de Hillary. A sua ligação ao mundo real.
Um anúncio assim poderia não resultar com candidatos menos conhecidos.»
Correu tudo bem no lançamento de Hillary16’?
Não. Contrastando com o excelente «Getting started», o «logo» da campanha não está à altura do vídeo: tem linhas antiquadas, uma ideia demasiado simples (aproveita o H de Hillary e faz uma seta a apontar para a frente, com um jogo de cores azul e vermelho, «obrigatório» na América dominada pela dicotomia blue/red).
Hillary quis, no vídeo, lembrar que os piores anos já passaram, mas deu como ideia forte: «Há muito ainda a fazer. E está na altura de dar às pessoas as vantagens da recuperação».
Ela quer, por isso, ser a «campeã que os americanos precisam», porque «o sistema ainda está construído para favorecer quem está no topo».
Entre a confirmação do «core» democrata que foi apoiando Barack Obama (minorias étnicas, sexuais, classe média trabalhadora, mulheres e jovens), há aqui uma «nuance» importante: ela deixa a entender que o Presidente Obama não foi suficientemente longe no ataque ao «business as usual» e aos «alçapões de Wall Street».
Sendo Hillary, há décadas, uma pessoa «do sistema» (Primeira Dama com agenda própria durante oito anos; senadora nos oito seguintes; quase nomeada presidencial democrata em 2008; secretária de Estado no primeiro mandato de Obama), ela poderia ter dificuldades em assumir-se como a candidata que vai conseguir mudar esse «status quo».
E este vídeo ajuda a posicioná-la onde quer: nesses 138 segundos, a candidata só aparece perto do centésimo e depois de ouvirmos e vermos as histórias de «real people» que ela pretende apoiar e «patrocinar», uma vez na Casa Branca.
Em entrevista que me concedeu para o site TVI24, Bill Schneider, comentador político da CNN, observou: «Não foi um anúncio em grande estilo, com grande aparato, tipo «shock and awe». Foi pessoal e «friendly». E não foi, de modo algum, sobre a candidata. Ela já é suficientemente conhecida. A intenção do video foi mostrar a sensibilidade de Hillary. A sua ligação ao mundo real.
Um anúncio assim poderia não resultar com candidatos menos conhecidos.»
Correu tudo bem no lançamento de Hillary16’?
Não. Contrastando com o excelente «Getting started», o «logo» da campanha não está à altura do vídeo: tem linhas antiquadas, uma ideia demasiado simples (aproveita o H de Hillary e faz uma seta a apontar para a frente, com um jogo de cores azul e vermelho, «obrigatório» na América dominada pela dicotomia blue/red).
Em janeiro de 2007, quando anunciou a sua primeira tentativa presidencial, Hillary também o fez por um vídeo, para confirmar: «I’m in… and I’m in to win!»
Quase tudo diferente, há oito anos e quatro meses: estilo clássico de comunicar, mera mensagem da candidata, em ambiente a misturar carga institucional com noção familiar.
Hillary16’ arrancou com muito mais força e modo mais inovador e mobilizador.
A candidata, mesmo perto dos 70, está hoje muito mais tecnológica.
Em versão «3.0», pondo para trás os fantasmas do passado e cheia de vontade de agarrar o futuro.
Hillary16’ arrancou com muito mais força e modo mais inovador e mobilizador.
A candidata, mesmo perto dos 70, está hoje muito mais tecnológica.
Em versão «3.0», pondo para trás os fantasmas do passado e cheia de vontade de agarrar o futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário