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segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Histórias da Casa Branca: Tim Pawlenty, a primeira baixa da «guerra» Tea Party ‘vs’ GOP tradicional
A desistência de Tim Pawlenty é mais um sinal de alarme para quem defende uma solução moderada no Partido Republicano e prova que o radicalismo do Tea Party está a levar a melhor
Tim Pawlenty, a primeira baixa da «guerra» Tea Party ‘vs’ GOP tradicional
Por Germano Almeida
Já havia fortes sinais que apontavam para que as primárias do Partido Republicano para as presidenciais 2012 iriam ser marcadas por um perigoso contágio do Tea Party no discurso tradicional do GOP (‘Grand Old Party’).
Neste domingo, surgiu a primeira grande confirmação: Tim Pawlenty, governador do Minnesota durante oito anos, desistiu da sua candidatura, anunciando o abandono da corrida à nomeação presidencial republicana, após um frustrante terceiro lugar na Iowa Straw Poll (uma espécie de simulacro do ‘caucus’ que se realizará naquele estado do Midwest, em Fevereiro, e que terminou com a vitória de Michele Bachmann e com o segundo lugar de Ron Paul).
Num contexto de relativa normalidade política, Tim reunia fortes condições para ser um bom candidato à nomeação: governou com bons resultados um estado tradicionalmente democrata; tem, precisamente, a mesma idade de Barack Obama (50 anos); reúne credenciais e um percurso político que o coloca na faixa mais moderada do Partido Republicano – aquela que, numa eleição presidencial, mais hipóteses tem de disputar o eleitorado independente e mesmo os sectores democratas que possam estar descontentes com o primeiro mandato de Obama.
Há três anos, John McCain terá chegado a pensar em Pawlenty para seu vice-presidente no ‘ticket’ presidencial republicano. Tim constou de uma ‘shortlist’ que incluía outros nomes fortes do GOP, como Charlie Christ ou Mitt Romney.
Mas a escolha de John recaiu em Sarah Palin. Foi o início de uma escalada da Direita radical americana, mais tarde alimentada pela eleição de Obama para a Casa Branca e pelo agravar da crise económica.
Dois pontos para Michele Bachmann
A desistência de Pawlenty teve muito a ver com o que aconteceu nos últimos dias. Primeiro foi o debate de sexta à noite no Iowa, marcado pelo duelo de argumentos entre Michele Bachmann e Tim Pawlenty. Bachmann jogou com a cartilha do Tea Party, Tim apelou aos méritos da sua governação moderada no Minnesota.
Os resultados do Iowa Straw Poll, dois dias depois, voltaram a mostrar que os ventos sopram de feição para o discurso mais radical da congressista e não para o apelo centrista de Tim.
«Precisávamos de um novo fôlego para continuar e darmos passos em frente, mas isso não aconteceu e por isso estou a anunciar aqui que termino a minha candidatura presidencial», explicou, frustrado, Pawlenty à ABC, depois de saber que tinha ficado atrás de Michelle Bachmann e de Ron Paul no teste do Iowa.
Bachmann, uma das ‘Tea Party darlings’, tem sido a estrela surpresa destas primárias. Mas, como recordou Tim no debate do Iowa, não tem currículo para sonhar com a nomeação presidencial: nunca, na história política da América, um congressista conseguiu chegar à Casa Branca.
O facto de Michele ter conseguido fazer de Pawlenty a primeira baixa na ‘guerra’ ideológica entre o Tea Party e a linha tradicional do GOP é a maior prova de que o radicalismo está mesmo a empurrar para a extrema-direita o ‘velho’ Partido Republicano.
Duelo Romney/Perry ganha força
Com Tim Pawlenty fora de combate, e perante a total incapacidade de Jon Huntsman (ex-governador do Utah e embaixador dos EUA na China até Abril passado) descolar de insignificantes dois ou três por cento nas preferências dos republicanos, começa a ganhar força a teoria de que a nomeação presidencial do Partido Republicano para 2012 vai mesmo ser disputada entre Mitt Romney e Rick Perry.
Mitt Romney e Rick Perry: com a queda de Tim Pawlenty e as insignificantes percentagens de Jon Huntsman e Newt Gingrich, é cada vez mais claro que o adversário de Obama para 2012 sairá deste duelo
Depois de dois meses a preparar na sombra o arranque da sua campanha, Rick entrou oficialmente na corrida e parece reunir bons trunfos para fazer a ponte entre o GOP tradicional (onde tem fortes apoios, sobretudo junto dos governadores republicanos) e os movimentos ligados ao Tea Party – com quem tem alguns pontos de contacto, apesar de o governador do Texas não ter um discurso tão extremista como Bachmann, Palin ou Ron Paul.
Rick Perry não vai jogar muitas cartas no ‘caucus’ do Iowa. Michele Bachmann, que é natural do Iowa, passou a ser a principal favorita no estado de arranque, mas a força de Romney e Perry nos estados com mais delegados deverá prevalecer. A menos que o furacão do Tea Party se mostre ainda mais devorador nos próximos meses...
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