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domingo, 11 de setembro de 2011
Histórias da Casa Branca: Resiliência - Uma década depois do 11 de Setembro
Laura e George W. Bush, Michelle e Barack Obama: a unidade dos norte-americanos em torno do que significa o 11 de Setembro é a prova de que os EUA continuam a ser uma grande Nação. Apesar das divisões e apesar do fantasma do 'declínio'
Resiliência - Uma década depois do 11 de Setembro
Por Germano Almeida
«Dez anos mais tarde, deixámos muito claro que a América não se encolhe nem se esconde atrás dos muros da desconfiança. Os terroristas que nos atacaram não conseguiram destruir o carácter do nosso povo, a resiliência do nosso país e a eternidade dos nossos valores»
BARACK OBAMA, mensagem dedicada ao décimo aniversário do 11 de Setembro de 2001
Há precisamente dez anos, o Mundo entrava em estado de choque. A única superpotência, que até então vivia na ilusão de ser inatacável, revelava uma surpreendente vulnerabilidade.
Num atentado terrorista de dimensões inimagináveis, vimos o que nunca pensámos ser possível ver: o coração financeiro de Manhattan tornou-se num cenário apocalíptico, depois do embate de dois aviões comerciais, sequestrados por comandos terroristas da Al-Qaeda, que provocou, minutos depois, a derrocada das Torres Gémeas, ícones do poder financeiro de Nova Iorque.
Na mesma manhã, o Pentágono era atacado, com a queda de um terceiro avião desviado pelos terroristas. O Capitólio e, eventualmente, a Casa Branca eram os restantes alvos dos planos de Osama Bin Laden, um filho de um milionário saudita que tinha fugido para o Afeganistão e havia sido apontado, nos anos anteriores ao terror de 11 de Setembro de 2001, como o preparador de ataques a alvos americanos (camiões armadilhados explodiram diante das embaixadas dos EUA na Tanzânia e no Quénia, em Agosto de 1998, e uma lancha suicida lançou-se, em Outubro de 2000, contra o navio de guerra USS Cole, que estava ancorado no Iémen).
Mas o voo 93 da United Airlines, o quarto avião sequestrado pelos terroristas da Al Qaeda, viria a cair na Pensilvânia.
As duas faces da retaliação
Feridos no seu orgulho, depois de terem sido atacados de forma inimaginável, os Estados Unidos tinham que reagir. Não seria, sequer, admissível outro cenário.
A questão estava na forma, na sustentação e no enquadramento internacional.
As ligações de Bin Laden e da Al Qaeda ao Afeganistão tornaram a frente afegã no primeiro passo quase inevitável. Quatro semanas depois do 9/11, os EUA voltavam à guerra.
Foi o início de um longo e pesadíssimo caminho, que, uma década depois, ainda não acabou.
A argumentação em torno da guerra afegã tinha fundamentos sólidos, mas a guerra do Iraque foi uma trágica consequência do oportunismo dos ‘neocons’ que passaram a dominar ideologicamente o ex-Presidente Bush.
O resto da história é conhecido: anos e anos a acumular faraónicos gastos de guerra (mais de 4 biliões de dólares) e baixas civis (perto de 130 mil no somatório das frentes afegã e iraquiana).
O desgaste político das guerras terá, aliás, sido o princípio do fim para George W. Bush e os republicanos, abrindo caminho a uma mudança inesperada.
Barack Obama foi eleito como o «herói anti-guerra», mas ainda antes de tomar a Casa Branca avisara: «A guerra do Iraque foi estúpida, a guerra no Afeganistão é necessária».
Bin Laden, entretanto ultrapassado como ícone do terrorismo perante a pulverização da Al Qaeda em ramificações pouco ortodoxas, foi mesmo eliminado: não por Bush, mas por Obama.
Como bem notou o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Miliband, «Bin Laden foi notícia, mas não fez história».
Obama, que no Cairo fez discurso inspirador em sinal de clara aproximação ao mundo muçulmano, assistiu à Primavera Árabe e concluiu: «Uma nova geração está a mostrar que o futuro pertence àqueles que querem construir e não destruir».
A reconstrução
«Deixar o Ground Zero em ruínas teria sido impossível neste país. Ruínas não é connosco»
ERIKA DOSS, historiadora de arte, autora do livro «Memorial Mania»
A América, que no plano político continua profundamente dividida, continua a ser um caso à parte em momentos como este.
A forma absolutamente extraordinária como os nova-iorquinos conseguiram recuperar do trauma só se explica pela noção de orgulho que sentem pela «cidade que nunca dorme», para muitos aquela que é mesmo «the best city in the world», a ‘melhor cidade do Mundo’.
Rudy Giuliani -- que estava de saída da presidência da Câmara de Nova Iorque quando, subitamente, se deu no centro do momento mais crítico da História recente americana -- costumava dizer, quando ainda era mayor de NYC que tinha «o melhor emprego do Mundo» porque trabalhava para a cidade que amava e ainda lhe pagavam para isso.
Nas memórias, ainda muito dolorosas, dos dez anos do 11 de Setembro, falou-se de coragem, inquietação e medo. E sobreveio, acima de tudo, a resiliência dos norte-americanos. Nos momentos de extrema dificuldade, lá estão eles a provar que continuam a ser um grande povo.
Talvez seja essa a maior lição do dia infame que aconteceu há uma década.
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