sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Histórias da Casa Branca: vontade de compromisso

TEXTO PUBLICADO NO TVI24.PT, A 18 DE JANEIRO DE 2013:

A três dias da sua segunda inauguração como 44.º Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama para novo mandato com um apoio reforçado da opinião pública para se bater por um ambiente de maior compromisso em Washington.

De acordo com um estudo do Pew Research Center, o Presidente inicia o segundo mandato com uma Taxa de Aprovação de 52 por cento (semelhante, por isso, aos valores de votação que obteve na eleição de novembro passado) e, mais importante que isso, com uma perceção de favorabilidade de 59 por cento.

Quer isto dizer que, depois de fases no primeiro mandato em que a popularidade de Barack Obama ameaçava bater nos 40%, o Presidente conseguiu aproveitar a onda da reeleição para iniciar a segunda metade do seu ciclo de oito anos com nível bastante aceitáveis para uma América dividida ideologicamente ao meio, entre democratas e republicanos.

Num país tão grande e diverso como os EUA, os números podem enganar um pouco. Mesmo com estes dados tão favoráveis, continuam a existir milhões de americanos que não gostam ou, até, detestam o Presidente que irá tomar posse na próxima segunda-feira, em Washington.

Mas o que ressalta, nesta metade cronológica dos oito anos da era Obama, é que, após a reeleição, e já sem batalhas eleitorais em que Barack Obama vá participar pessoalmente, o Presidente poderá focar-se menos nas guerras políticas com os republicanos e mais na agenda que se comprometeu a cumprir, junto dos americanos. 

Obama pode ter ainda muitos adversários e mesmo inimigos na América. Mas é, como Presidente, muito mais popular do que o Congresso de maioria republicana.

Vejamos os números: ainda de acordo com o estudo do Pew Research Center, John Boehner, «speaker» da Câmara dos Representantes, tem apenas 26% de opiniões favoráveis. E Mitch McConnel, líder da minoria republicana no Senado bate ainda mais baixo: apenas 21% de opiniões favoráveis.

Outro dado interessante para Obama, no estudo do Pew: 82% dos americanos (tenham votado em Obama ou Romney) afirmam acreditar que o Presidente luta genuinamente por aquilo que considera ser melhor para a América.

E, assim sendo, Barack Obama parece ter -- ainda que num mar de dificuldades composto por problemas como a «fiscal cliff» (cujo fantasma voltará a aparecer em março) ou o gigante da dívida ¿ condições reforçadas para se bater, nos próximos quatro anos, pela plataforma que defendeu nas eleições de novembro.

Por uma América com maior solidariedade fiscal, em que os 2% mais ricos aceitem pagar mais impostos para que os 98% restantes possam ser aliviados fiscalmente.

Por uma América caracterizada por uma «we are all in this together society» (estamos todos juntos nisto) e não por uma sociedade «winner takes all» (o vencedor fica com tudo) e «you are on your own» (estás por tua conta). 

Os próximos dias têm tudo para ser consagração para o Presidente. Mas Barack Obama sabe que poderá ser sol de pouca dura. 

A reação violenta da NRA à proposta com 23 medidas que apresentou publicamente para travar a escalada de homicídios com armas é um bom exemplo do que poderá estar para vir. 

O «gun control» será um dos temas fortes a marcar o arranque do segundo mandato presidencial de Obama. E mostra que, nos um país como a América, a noção de «unidade» nacional se tora muito difícil de concretizar, quando há fraturas tão fortes como as que existem no tema do acesso às armas. 

Stephanie Cutter, que foi diretora-adjunta da campanha de reeleição de Barack Obama, confirmou ontem a Ed Schultz na MSNBC, que «a rede que ajudou à reeleição de Obama já está activada para combater nos media as posições de quem continua a defender o livre de acesso a armas de assalto».

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