Bill Schneider é considerado pelos seus pares o «Aristóteles da análise política na América». Conhecido comentador da CNN, é também analista na Al Jazeera English, no Politico.com e na Reuters.com.
O Washington Times elegeu-o o «maior especialista americano em eleições». A Campaigns and Elections Magazine chamou-o «o mais consistente e inteligente analista na televisão». Fez parte da equipa de Política da CNN que venceu um Emmy pela cobertura das «midterms» de 2006 e um Peabody pela cobertura das eleições de 2008.
Aqui fica a segunda parte da entrevista que o comentador da CNN concedeu ao TVI24.pt:
Pode Barack Obama resolver, finalmente, o clima de impasse e paralisação política no Capitólio, que ameaçou boicotar o seu primeiro mandato?
A única forma de ultrapassar esse problema será com uma crise, uma rutura, um acontecimento maior. Não creio que a tragédia na escola do Connecticut tenha criado uma crise suficientemente grande para produzir medidas sérias de controlo de armas. Os republicanos podem até apoiar algum tipo de reforma de imigração, porque perceberam os custos eleitorais de alienarem minorias. Mas a reforma da imigração pode espartilhar o Partido Republicano. A «Fiscal Cliff» é uma crise artificialmente criada pelo Congresso. Os eleitores não a olham muito a sério até agora porque não percebem o que está a acontecer. Mas quando virem os mercados a «crasharem», os seus impostos a subir, importantes programas governamentais a serem suprimido, incluindo na Defesa e a iminência de uma recessão, então aí uma crise séria surgirá e o Congresso será forçado a agir.
A Fiscal Cliff é o maior exemplo de que o ambiente em Washington está doente?
A Fiscal Cliff, o «gun control», a reforma da imigração... Os americanos acreditam que a política é a grande inimiga da resolução de problemas. E estão corretos.
Qual é a maior qualidade política de Barack Obama? E a maior fragilidade?
A maior qualidade é, claramente, a sua retórica inspiradora. O maior problema será a sua fraqueza na componente legislativa. Ele não é um «wheeler-dealer». Vejam o filme «Lincoln» e percebem o que quero dizer.
Depois das eleições de novembro, o jogo político em Washington manteve-se basicamente na mesma: Obama na Casa Branca, republicanos a controlarem a parte legislativa do Congresso. Será que o sistema político americano tem um problema crónico de disfunção?
Sim, mas o próprio sistema foi construído nesses pressupostos. Temos um sistema constitucional que é suposto criar um governo fraco. E cria! Há apenas três formas de fazer o sistema funcionar: 1) compromisso. A negociação, os acordos, é por aí que as coisas se têm feito desde há 225 anos. O problema é que pessoas a mais ¿ sobretudo republicanas ¿ veem o compromisso como uma venda, uma capitulação. Sem compromisso, o sistema não funciona. 2) Impasse. Quando temos um impasse, nada é resolvido a menos que surja uma crise. O que define uma crise é um enorme sentimento de urgência pública. O nosso sistema raramente funciona sem uma crise. Mas numa crise real, numa grande crise, ele funciona muito bem. 3) Governo de um só partido. É assim que o sistema parlamentar funciona. Um partido é eleito e governo. Tivemos isso durante dois anos com Clinton (1993/94), dois anos com Obama (2009/10) e quatro anos com Bush (2002/2006). E os eleitores não gostaram e atiraram esses sistema fora. Os membros do Congresso são politicamente independentes. Representam-se a si próprios e aos seus eleitores. Não são soldados de um partido armado.
Que político da História americana mais admira?
Ronald Reagan e Bill Clinton. Porque sabiam como usar o poder que tinham.
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