TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT
O «gangman style», vídeo de um cantor pop sul-coreano chamado Psy que satiriza o
estilo de vida fútil de um bairro chique de Seul, foi o maior sucesso da
história do YouTube.
De tal modo assim foi que a coisa inspirou
sucedâneos bem-humorados, feitos em todo o Mundo, incluindo em Portugal (a
versão lusa mais visionada tem o título preocupante de «gamar com style»).
Mas a
variação mais popular do «gangman style» foi o «Obama style».
O vídeo,
feito ainda na campanha eleitoral que opôs o atual Presidente ao então candidato
republicano Mitt Romney, apanha, com piada, o estilo cool de Barack, que já há
alguns anos tem a alcunha nos meios políticos de Washington de... «No Drama
Obama».
Os problemas gigantescos que o 44.º Presidente
dos Estados Unidos da América herdou na eleição de 2008 (e só totalmente
percecionados pela equipa que rodeia Obama em janeiro de 2009, nos dias que
antecederam a tomada de posse) impediram, em diversos períodos do primeiro
mandato, que Barack adotasse o seu registo preferido.
A forma
clara como Obama conseguiu ser reeleito (bem mais clara do que a maior parte dos
analista previu) parecia ter ajudado o Presidente a encarar o segundo mandato
com menor grau de exigência.
Mas uma rápida antevisão dos desafios que
Obama tem pela frente, nos próximos quatro anos, retira quaisquer tipo de
ilusões em relação a essa ideia.
O maior de todos, já se sabe, tem neste
momento uma bomba-relógio perigosamente a aproximar-se do botão vermelho: Obama
tem exatamente 17 dias para evitar que os EUA se despenhem num «penhasco fiscal»
assustadoramente ameaçador para a Economia americana.
Com o
Natal pelo meio, quer isto dizer que o Presidente está a duas semanas de
enfrentar um teste do qual, simplesmente, não pode dar-se ao luxo de sair
reprovado.
Mas os próximos tempos esperam mais
adversidades. A crise europeia tem posto à prova a solidez do dólar, mas não é
certo que a recuperação iniciada pela Economia americana há cerca de dois anos
continue a resistir à 'débacle' que se anuncia deste lado do Atlântico.
Uma das
passagens mais divertidas da letra do «Obama style» pergunta: «Is a hero or is
he zero?»
A dimensão messiânica que Obama conseguiu
atingir nas eleições de 2008 fez com que muitos achassem que tinha aparecido um
herói.
Os anos tremendamente difíceis de governação
trataram de esbater a ilusão mágica que se criou em torno da figura de Barack.
Mas
a verdade é que os sucessos obtidos pelo Presidente no primeiro mandato foram
suficientes para garantir a reeleição - mesmo num tempo em que a tendência nas
democracias ocidentais é para que quem esteja no poder perca as eleições.
O teste
de 2012 mostrou que, quatro anos depois do endeusamento, Obama não é um herói,
mas também não será... um zero.
Os americanos deram uma segunda oportunidade
ao Presidente, muito devido ao que Obama reforçou no excelente discurso de
vitória, na noite de 6 de novembro, em Chicago: ao contrário do que os
republicanos disseram nos últimos anos, uma clara maioria sente que «os
americanos estão nisto juntos. Vencem ou afundam-se juntos, como um país unido».
No
final do segundo mandato, em janeiro de 2017, para que lado da balança penderá a
agulha que mede a capacidade do 44.º Presidente dos Estados Unidos da
América?»
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