domingo, 18 de novembro de 2012

Histórias da Casa Branca: batalhas digitais

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 26 DE OUTUBRO DE 2012:

Durante décadas, tornou-se habitual referir, em análises sobre as eleições americanas, que John F. Kennedy foi o primeiro presidente eleito pela televisão.

Em 2008, a forma extremamente eficaz como Barack Obama conseguiu energizar a sua campanha no mundo virtual (na multiplicação da mensagem e, sobretudo, na angariação de fundos) fez do atual candidato democrata o primeiro presidente eleito pela internet.

Quatro anos depois, a importância do suporte digital no combate eleitoral é ainda maior. A explosão das redes sociais fizeram do twitter e do facebook duas armas potencialmente letais na batalha pela Casa Branca. A tal ponto que até pode acontecer que Obama ou Romney venham a obter o titulo, em 2012, de «primeiro presidente eleito por uma rede social».

Se Obama conseguiu esmagar McCain na exploração das vantagens da internet, desta vez não é claro quem conseguirá sair vencedor das novas batalhas digitais.

Aaron Smith, investigador sénior no Pew Research Center, com sede em Washington, tem trabalhos focados na importância da internet no processo político norte-americano e explica: «Em 2008, quem já utilizava as redes sociais eram sobretudo os jovens e isso favoreceu imenso Barack Obama. Passaram quatro anos e, em 2012, a utilização de redes sociais saltou de 30 para 60 por cento, com a adesão de pessoas com 50 anos ou mais. Isso ajudou a equilibrar as coisas, porque uma boa parte do eleitorado republicano provem dos segmentos mais velhos».

Haverá uma outra explicação para se perceber porque é que a campanha de Obama não esta a ser tão dominadora na batalha digital de 2012. Nas redes sociais, há uma tendência especial para se dizer mal. O elogio, que também existe, é mais raro e mobiliza menos. Ora, estando Obama no posto de Presidente dos EUA há quatro anos, a capacidade de atrair novos eleitores no mundo digital será menor.

Apanhados desprevenidos em 2008, os republicanos encontraram, nos últimos anos, no twitter e no facebook uma forma de destilarem a sua raiva anti-Obama. O furacão do Tea Party até às «midterms» de 2010 foi alimentado, em grande parte, nas redes sociais.

O resultado está à vista: lutas de argumentos, trocas de acusações entre os dois campos, em tempo real, com 140 carateres de espaço limite.

Falar-se em... guerra quando se fala da utilização das redes sociais na eleição presidencial americana pode parecer um exagero - mas não é.

As ultimas semanas mostraram-nos vários exemplos disso. Depois da rabula da cadeira vazia de Clint Eastwood na Convenção Republicana de Tampa, a campanha de Obama retaliou no twitter: «Esta cadeira está ocupada».

No segundo e terceiro debates presidenciais, e depois de um desempenho frustrante do Presidente no debate inicial, Stephanie Cutter (diretora-adjunta da campanha de reeleição de Barack Obama) tuitava na sua conta pessoal e enviava emails a lista de repórteres que cobrem a campanha, com tiradas do estilo: «Não acharam ótima a resposta do Presidente?»

Com instrumentos para acolher mensagens um pouco menos simplistas, o facebook tem sido muito usado pelas duas campanhas para sistematizar, com ideias fortes, as mensagens que Obama e Romney nem sempre conseguem transmitir no ruído da guerra televisiva.

Ate 6 de novembro, vai valer mesmo tudo.

Faltam 11 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

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