TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 1 DE NOVEMBRO DE 2012:
O Sandy tem sido, para o pior mas sobretudo para o melhor, uma grande história americana.
Os EUA estão habituados a passar por duras batalhas e momentos difíceis.
A História da América foi construída por Pais Fundadores com visão de futuro e um extraordinário bom senso e teve, nos últimos 236 anos, inúmeras provas de fogo: a Guerra Civil; as baixas sofridas na Coreia, no Vietname, no Iraque, ou no Afegãnistao; o ataque às Torres Gemeas de Nova Iorque e aos centros de poder federal em Washington, no 11 de Setembro; o furacão Katrina que inundou Nova Orleães.
Líderes no poder militar, no saber das universidades e na inovação cientifica e empresarial, os Estados Unidos são -- ao mesmo tempo -- um país muito exposto a tragédias naturais, capazes de causar inúmeras vitimas e danos materiais incálculaveis.
Esta contradição faz com que, em momentos de extrema gravidade como é esta «super tempestade», os EUA mostrem uma incrível capacidade para saírem ainda mais fortes.
Surgido, com tremenda violência, a apenas uma semana de uma eleição presidencial que estava a focar atenções mediáticas há meses e meses, o Sandy ajudou a revelar alguns dos melhores aspetos da América -- que estavam escondidos pela capa de uma disputa eleitoral agressiva.
Quando a altura tinha tudo para ser de divisão partidária, os últimos dias têm provado que, mais uma vez, nos momentos certos os EUA conseguem unir-se no essencial.
Em parte, essa foi uma das mais poderosas bases de argumentação de Barack Obama há quatro anos durante a campanha. O ambiente de hostilidade em Washington, com um Congresso republicano especialmente focado «em evitar um segundo mandato presidencial de Obama» (palavras de Mitch McConnell, líder da minoria republicana no Senado), travou as pretensões conciliatórias do Presidente.
Mas a raiz da ideia forte de Obama tem a ver com o tipo de reação que os americanos estão a ter ao Sandy: afinal de contas, é «mais o que os une do que o que os divide».
Os elogios de Chris Christie à resposta do Presidente são um belo exemplo disso. Christie é o governador do estado da Nova Jérsia. Republicano, apareceu na Convenção de Tampa, na Florida, como um dos principais defensores da nomeação presidencial de Mitt Romney.
Conhecido pelo seu estilo direto e frontal, Chris Christie não teve pejo em considerar que Obama teve «um comportamento maravilhoso» na resposta às consequências terríveis que a passagem do Sandy teve na Nova Jérsia.
O Presidente esteve ontem na Nova Jérsia e o governador republicano recebeu-o de forma emocionada e deixou bem claro que «não era possível Obama ter feito mais para ajudar».
A tão pouco tempo da eleição presidencial, nenhum manual politico aconselharia Christie, forte apoiante de Mitt Romney, a ter este tipo de gratidão para com o adversário democrata.
Mas Chris explicou, ao seu jeito: «Há coisas mais importantes que uma eleição presidencial. O que aconteceu ao meu estado e à minha gente é muito mais importante».
Aos habitantes da Nova Jérsia desolados com a devastação do Sandy, o democrata Obama e o republicano Christie responderam em conjunto: «Vamos regressar mais fortes».
A força da América vê-se em momentos assim.
Faltam 5 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.
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