domingo, 18 de novembro de 2012

Impacto eleitoral do Sandy: argumentos finais

TEXTO PUBLICADO A 3 DE NOVEMBRO DE 2012:

A 72 horas do fecho das urnas, a corrida presidencial norte-americana começou a entrar naquela fase do «vale mesmo tudo».

Nos dias seguintes à tragédia, os dois campos optaram por uma saída da arena eleitoral. Mas a partir de ontem, os estados decisivos voltaram a ser, em pleno, campos de batalha para as duas candidaturas.

No Ohio, a eleição disputa-se condado a condado, voto a voto. O Presidente Obama mantém um avanço curto, mas consistente, nas sondagens do «buckeye state» e os dois campos terão fortes indicadores que apontam para que, já depois do Sandy, Obama tenha cimentado a liderança nesses e noutros estados decisivos.

Com o tempo a esgotar-se, o campo de Mitt Romney começa a dar sinais de algum desespero. É certo que a corrida continua apertada, mas a verdade é que, a confirmarem-se as ultimas sondagens, a campanha republicana só terá hipóteses de eleição se conseguir recuperar entre três a seis pontos percentuais no Ohio - e, mesmo assim, terá que estancar a recuperação de Obama na Florida (de acordo com a sondagem NBC/Wall Street Journak/Marist, o Presidente lidera no Ohio por 51-45 e na Flórida por 49/47).

O último dia e meio mostrou dados um pouco desconcertantes, do lado republicano. Com a corrida em «dead heat» nos três estados mais relevantes (Ohio, Florida e Virginia), Romney tomou a decisão inesperada de ir... à Pensilvânia.

É certo que se trata de um estado com muitos Grandes Eleitores em disputa (20), mas até agora nenhum dos campos colocava, seriamente, a Pensilvênia no terreno dos «swing states» (Obama lidera as sondagens naquele estado, com vantagens entre os 4 e os 9 pontos percentuais).

Porque terá ido Romney à Pensilvânia? «Apenas para confundir os eleitores», garante David Axelrod, conselheiro sénior da campanha de Obama. E.J. Dionne, comentador independente, concorda: «Nesta fase, é preciso mostrar aos eleitores e aos media que ainda se acredita na vitória. A ida de Romney à Pensilvênia teve mais a ver com tática psicológica do que com estratégia eleitoral».

Mas nem tudo tem sido boas noticias para Obama nos últimos dias.

Depois de uma primeira reação emocional (que o Presidente soube agarrar, com a «photo op» com o governador republicano da Nova Jérsia, Chris Christie, e apelos à união de todos os americanos «independentemente de serem democratas ou republicanos»), a situação caótica em Staten Island, Nova Iorque, levantou questões sobre a eficácia da ajuda estadual, mas também federal, em desastres desta dimensão.

O facto de as alterações climáticas terem voltado à agenda politica (motivo para o endorsment de Mike Bloomberg a Obama) e se ter questionado a importância do FEMA favorece eleitoralmente o Presidente e coloca Romney numa situação delicada.

O nomeado republicano chegou a defender a extinção do FEMA e a realocação de verbas destinadas à proteção civil para os estados.

Mas a indignação e gritos desesperados de ajuda que os media americanos difundiram das vitimas de Staten Island (ilha de Nova Iorque arrasada pelo Sandy) podem alimentar a narrativa de que a Administração Obama não esteve à altura dos acontecimentos.

No comício de ontem no Ohio, a campanha de Romney disparou criticas sobre o Presidente. Rudy Giuliani, antigo mayor de Nova Iorque, foi o mais agressivo.

Faltam 3 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

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