domingo, 18 de novembro de 2012

Impacto eleitoral do Sandy: «gamechamger»

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 2 DE NOVEMBRO DE 2012:

Seria difícil imaginar o aparecimento de um fator inesperado tão poderoso como o que o Sandy está a fazer a esta corrida presidencial.

Por esta fase, a escassos quatro dias da eleição, era suposto que os candidatos se desdobrassem em múltiplas visitas pelo Ohio, Florida, Virgínia, Pensilvânia, Wisconsin, Iowa, New Hampshire, Nevada, Colorado, Michigan - os estados decisivos.

Fora do terreno, mas ainda mais perto dos eleitores, era também suposto que esta fosse a altura em que os anúncios televisivos aumentassem em número, subissem de tom e, sobretudo, de preço.

Mas a dimensão extraordinária do Sandy gerou uma nova dinâmica para a reta final. O «gamechanger» que todos aguardavam para desempatar a corrida era, afinal, um furacão associado a uma massa de ar frio.

Em vez de dedicarem quase todo o seu tempo à disputa eleitoral, as grandes cadeias televisivas têm dado a maior parte do seu espaço às operações de salvamento e assistência nos locais mais afetados pela «super tempestade» - e investem em histórias comoventes.

Perante estes dados totalmente novos, as campanhas tiveram que adaptar as suas prioridades e a sua mensagem.

Barack Obama tem tido a chamada vantagem-do-candidato-Presidente. Oficialmente, não está na arena da campanha, mas a verdade é que teve, nos últimos dois ou três dias, algumas das melhores oportunidades de captar votos, ao responder com prontidão aos apelos de governadores e mayors de estados e cidades fustigados pela tragédia.

Os elogios de Chris Christie (que endereçou o discurso principal na nomeação presidencial de Mitt Romney) foram um claro sinal de que Obama fez em trocar, por algum tempo, a campanha pela pele de Presidente em ação durante uma megacrise. O endorsment de Michael Bloomberg (mayor de Nova Iorque eleito pelo Partido Republicano, embora com credenciais independentes), por achar que o Presidente da mais garantias de perceber as mudanças climáticas do que Romney, foi outro trunfo ganho por Obama pós-Sandy.

Mas ainda estamos longe de poder sentenciar que Obama teve no Sandy o empurrão decisivo para a reeleição. Muitos analistas têm chamado a atenção para a possibilidade do Sandy gerar uma quebra na mobilização do voto - e todos os indicadores apontam para que uma maior participação eleitoral beneficiaria o Presidente.
Obama corre ainda o risco de apanhar com um «cair na realidade» de muitos eleitores na próxima terça-feira. Depois de um primeiro efeito de união em torno da tragédia, a 6 de novembro já terá passado uma semana sobre o Sandy - e se o trabalho das autoridades necessitar de mais tempo para surtir efeitos, Obama pode vir a sofrer consequências idênticas às que teve Bush com o Katrina. É preciso explicar que a campanha de Obama não parou nos últimos dias. Joe Biden anda no terreno e Bill Clinton tem sido o principal trunfo dos democratas.
Mitt Romney já retomou a estrada e tentou compensar a perda de protagonismo com o envolvimento em ações de apoio e apelos a «donativos a Cruz Vermelha». O republicano destacou o «tom positivo e de unidade» que tem marcado o pos-Sandy.

Internamente, as duas campanhas dão sinais de ainda não terem conseguido perceber completamente que efeitos advirão do Sandy. Há pouco tempo para lançar estratégias novas - e o melhor é tentar executar com eficácia a linha que cada campo decidiu escolher.

Faltam 4 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

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