domingo, 18 de novembro de 2012

Histórias da Casa Branca: em busca dos 270 Grandes Eleitores



TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 6 DE NOVEMBRO DE 2012:

Os norte-americanos vão escolher o seu presidente para os próximos quatro anos, mas até pode acontecer que o candidato eleito não seja aquele que tiver mais votos, a nível nacional.

O sistema eleitoral americano preserva as raízes da sua fundação. Há 236 anos, fazia sentido estabelecer um modelo que permitisse que os estados atribuíssem poderes especiais de representação a «Grandes Eleitores» indicados para apontar, em Washington, a preferência de cada território sobre quem deveria ser o Presidente dos Estados Unidos.

Vivia-se num tempo em que as comunidades estavam distantes e isoladas. Não havia comunicações e as condições para um sufrágio universal eram complicadas. Quase dois séculos e meio depois, na sociedade de comunicação em tempo real em que vivemos, já não fará muito sentido manter um sistema que não atribui a vitória a contagem final do voto popular a nível nacional, mas a soma dos Grandes Eleitores dos 50 estados da União.

Al Gore que o diga: em 2000, teve mais 500 mil votos que George W. Bush no voto popular, mas perdeu para o republicano por 271-266 no Colégio Eleitoral -- e, por isso, foi Bush o eleito.

Como é que isso foi possível? Porque o Colégio Eleitoral que elege o Presidente tem 538 Grandes Eleitores decorrentes de pesos diferentes dos estados, em função da sua importância populacional.

A Califórnia, o Texas e Nova Iorque são os estados com direito a mais Grandes Eleitores (por serem os mais populosos), mas curiosamente não são battlegroud states, porque não são eleitoralmente competitivos: Califórnia e NY votam sempre democrata nas eleições presidenciais, enquanto o Texas e sempre republicano.

Na busca dos 270 Grandes Eleitores, swing states de dimensão media, como a Florida (29), a Pensilvânia (20), o Ohio (18), Michigan (16) ou a Virgínia (13) e que decidem verdadeiramente a eleição.

Os dois candidatos passaram as ultimas horas da campanha a saltitar de estado decisivo em estado decisivo, num «final push» que terá mais um efeito psicológico do que, propriamente, de potencial alteração eleitoral.

Nesta louca maratona, Mitt Romney visitou o Ohio por... 43 vezes e Barack Obama em 31 ocasiões. Só mesmo na América.

Mesmo na reta de meta, o Presidente escolheu para fechar três estados que serão os mais importantes na suafirewall para segurar a reeleição: Ohio, claro, mas também Wisconsin e Iowa.

A escolha do Iowa para o fecho da campanha foi profundamente simbólica: foi nesse pequeno estado do Midwest que, nas primárias de há quatro anos e meio, Obama teve a primeira de muitas vitorias que o levou a eleição em 2008.

Romney optou por fazer campanha mesmo no dia da eleição, num sinal de que acredita, até ao ultimo minuto, na ultrapassagem ao Presidente nos estados decisivos.

Obama preferiu não fazer qualquer ação de campanha durante o dia. Em vez disso, optou por fazer algo que adora: jogar basquete, num pequeno intervalo de lazer entre uma campanha desgastante e uma noite eleitoral que promete ser longa e pode vir a ser tensa.

Além da disputa presidencial, esta noite está também em jogo toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado, além das eleições para os governadores. Prevê-se que a House se mantenha sob controlo republicano. Em relação ao Senado, o mais provável é que os democratas mantenham uma curta maioria.

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