domingo, 18 de novembro de 2012

Histórias da Casa Branca: «Forward» ou «Big Change»?

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 28 DE OUTUBRO DE 2012:

A uma semana e dois dias da grande eleição, já não resta muito tempo para os candidatos alterarem os dados do jogo.

Mesmo que surja um acontecimento capaz de mudar a lógica da corrida, o duelo Obama/Romney pode já definir-se entre o argumento do Presidente de pretender «mais quatro anos para evitar o regresso ao passado falhado das politicas republicanas» e a promessa de Mitt Romney de ser com ele a «grande mudança».

Menos inspirador do que há quatro anos, Barack Obama carrega consigo o peso da herança presidencial.
A tendência histórica joga contra o candidato democrata: com uma taxa de desemprego de 7.8% (e depois de 40 meses de níveis superiores a 8%), o mais normal seria que o Presidente incumbente não fosse capaz de atingir a reeleição: foi isso que aconteceu a Jimmy Carter e a George Bush pai. Nos últimos 70 anos, só Franklim Roosevelt conseguiu ser reeleito com um desemprego acima dos 7.2.

Olhando também para o que aconteceu, desde 2008, a outros lideres do mundo ocidental, percebemos que a tendência de quem está a governar nestes anos de crise e a de ser fortemente penalizado nas urnas. Mas o caso americano é um pouco diferente do europeu. Na verdade, Barack Obama e os democratas já foram severamente admoestados na intercalares de 2010.

Por outro lado, Obama tem alguns trunfos de peso no duelo com os republicanos: como não teve que passar por um desgastante período de primarias, aproveitou os meses em que Mitt Romney estava a tentar convencer o Partido Republicano que era o único candidato capaz de derrotar o Presidente e foi construindo uma fortíssima máquina de apoio em estados como o Ohio, a Virginia e o Wisconsin.

O primeiro mandato presidencial de Obama tem um registo importante em vários domínios: a aprovação do Plano de Recuperação e Reinvestimento; o resgate da industria automóvel; a eliminação de Bin Laden e outros lideres da Al Qaeda; a saída do Iraque e o inicio da retirada do Afeganistão; a aprovação legislativa da Reforma da Saúde, posteriormente confirmada pelo Supremo Tribunal; cinco milhões de empregos criados no setor privado nos últimos 43 meses; avanços em áreas sociais, como o Lilly Ledbetter Act (que garante igual salário a trabalho de igual responsabilidade para homens e mulheres) ou programas na área da educação como o «Race to the Top» e os empréstimos bonificados a estudantes universitários.

O problema para Obama, enquanto candidato democrata, é que algumas dessas vitorias não são, necessariamente, um trunfo eleitoral: o seu programa para a saúde não colhe a simpatia de mais de 50 por cento dos americanos e mesmo os fortíssimos investimentos federais para estimular a economia estão longe de ser consensuais num país em que o paradigma dominante e o do «small government».

Mitt Romney está a conduzir uma campanha inteligente. Depois de um ano a guinar para a direita, de modo a sossegar uma base republicana cada vez mais radical, o ex-governador do Massachussets aparece agora como um candidato presidencial moderado, a apelar ao centro e aos eleitores independentes.

Acusando Obama de ter falhado as promessas de 2008 de «hope and change», Romney tem apostado na ideia de que a verdadeira mudança aparecerá com ele. «Big Change» e a ideia forte que mais repete nesta reta final da campanha.

Faltam 9 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

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