domingo, 18 de novembro de 2012

Impacto eleitoral do Sandy: Obama, commander-in-chieff


TEXTO PUBLICADO NO SITE DA TVI24.PT, A 31 DE OUTUBRO DE 2012:

A exatamente uma semana das eleições, esta era a altura em que todas as atenções se virariam para o duelo Obama/Romney.

O aparecimento do Sandy, uma «super tempestade» de dimensões gigantescas, alterou completamente as previsões e táticas das duas candidaturas.
Pondo agora de parte as consequências desastrosas para milhões de americanos, a questão que se coloca, do ponto de vista da corrida presidencial, é: quem ganha e quem perde eleitoralmente com esta «tempestade perfeita»?

Com o Sandy ainda a desenvolver o seu curso em pleno território americano, e as operações de salvamento e assistência ainda a começar, é cedo para se declarar alguma sentença sobre se será Obama ou Romney a beneficiar eleitoralmente.

Mas já podemos identificar tendências. Logo à partida, percebemos que Barack Obama teve aqui uma oportunidade para afirmar liderança e mostrar-se como um Presidente que protege os cidadãos e que coloca o interesse publico acima dos interesses políticos de uma campanha eleitoral.

A conferencia de Imprensa dada pelo Presidente marcou o tom de Obama neste megacrise: «Numa altura como esta, não me interessam campanhas, interessa-me fazer o melhor possível para ajudar as pessoas».

Obama anulou nos últimos dias as ações de campanha que tinha previstas em estados decisivos, como a Florida e a Virginia, e deu um claro sinal de que percebeu, neste momento de exceção, que tinha que dar prioridade às funções de Presidente.

A sete dias da eleição mais importante da sua carreira politica, é óbvio que essa foi, também uma estratégia eleitoral. Ainda assim, David Gergen, antigo conselheiro dos presidentes Carter, Reagan, Bush pai e Clinton, considera que Obama tomou a atitude certa: «As pessoas vão achar que ele fez isso por motivos políticos, mas acredito que ele merece o beneficio da duvida. Obama fez exatamente o que devia ter feito como Presidente», observou ao CNNpolitics.com.

Com a corrida tecnicamente empatada, Obama aparece agora ao comando de uma operação extremamente delicada - a exemplo do que já tinha feito na eliminação de Bin Laden, por exemplo.

Se, nesta reação inicial, esta parece ter sido a atitude certa e uma boa oportunidade de afirmação de liderança do Presidente, a questão está agora em saber quando e que Obama vai regressar a arena de campanha. O relógio não pára de avançar e há comícios a fazer no Ohio, na Virginia, na Florida, no Wisconsin e noutros apertados campos de batalha eleitoral.

E quanto a Romney, que atitude deveria ter tido perante esta crise? O nomeado republicano optou por respeitar o momento e desapareceu da campanha durante um dia e meio. Mas já retomou ações no Ohio, focando agora o seu discurso em apelos a «orações que protejam quem está em risco» e a «ajuda de todos na recuperação».

É uma linha estreita, a de Romney. Se se mantivesse em pleno na campanha, seria acusado de só pensar nos seus interesses eleitorais numa altura tão grave como esta. Por outro lado, se continuasse na sombra, daria todo o espaço mediático ao Presidente Obama - um risco que, a sete dias da grande eleição, a campanha republicana não poderia correr.

Nos próximos dias, os anúncios negativos dos dois campos vão voltar em força nos estados decisivos. E falta saber que impacto o Sandy terá no «early voting». Por enquanto, os estados mais fustigados que praticam voto antecipado (Maryland e Washington D.C.) não serão relevantes, porque Obama vencerá facilmente.

Tudo é diferente no Ohio, o grande prémio desta corrida. Os últimos sinais apontam para uma recuperação de Romney no Ohio, mas também para uma recuperação de Obama na Florida. Maior indefinição era impossível...

Faltam 7 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

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