TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 30 DE OUTUBRO DE 2012:
Antes do primeiro debate, os próprios republicanos começavam a duvidar se Mitt Romney teria sido a escolha indicada para defrontar Barack Obama na eleição geral.
O Presidente tinha conseguido descolar depois das convenções (com muitos créditos a terem que ser concedidos ao discurso de Bill Clinton em Charlotte) e, pelo início de outubro, alguns analistas referiam que, afinal, esta corrida não iria ser assim tão disputada.
As ultimas semanas mudaram por completo essa perceção. O «momentum» ganho pelo nomeado republicano foi indiscutível - e nem o bom desempenho de Barack Obama nos dois debates seguintes foi suficiente para que o candidato democrata recuperasse o controlo da situação.
A uma semana da grande decisão, o panorama é contraditório: Romney tem ligeira vantagem no voto popular, Obama mantém pequeno, mas consistente, avanço no Colegio Eleitoral.
Como é que isto foi possível? No atual momento da politica americana, mesmo os analistas de referência divergem profundamente na explicação. Peggy Noonan, que foi «speechwritter» de Ronald Reagan e é colunista do Wall Strret Journal, considera que o primeiro debate «mostrou quem é o verdadeiro Barack Obama. E a América não gosta de escolher perdedores».
Ideia totalmente oposta tem o New York Times, que em editorial anunciou o seu apoio oficial a Barack Obama: «O Presidente mostrou um firme empenhamento em utilizar o governo para ajudar à recuperação. Preparou políticas orçamentais cuidadosas que não estão focadas em proteger os poderosos e trabalhou no sentido de proteger a segurança social e a rede de apoio aos mais desfavorecidos».
Obama deixou para trás a pele de «Mr. Nice Guy» e repete nos comícios em estados decisivos expressões como «extreme makeover», «Romnesia» ou «RomneyHood, o Robin dos Bosques ao contrario, que tira aos pobres para dar aos ricos», para se referir ao seu rival. Romney rotula o Presidente de «falhado» e garante aos americanos que «o país não aguenta mais quatro anos assim».
Nos estados decisivos, os dois campos gastam milhões de dólares em anúncios negativos (estima-se que cada candidatura tenha mais 100 milhões de dólares para a reta final). Muitos eleitores do Ohio, Virginia e Florida dão já sinais de cansaço, tamanha e a exposição a que têm sido sujeitos a este tipo de campanha agressiva.
A necessidade de se perceber ao pormenor o que pretendem os eleitores indecisos e tão grande que os estrategas de Obama e Romney encomendam estudos específicos e já não se contentam com as sondagens dos grandes institutos independentes.
Nos elementos mais próximos dos dois candidatos, a guerra de argumentos ganha ferocidade. David Axelrod, conselheiro sénior da campanha de Obama e talvez a pessoa em quem o Presidente mais confia a seguir a Michelle Obama, acusa Romney de «estar a mentir aos americanos, parecendo subitamente mais moderado e querendo mostrar aquilo que não é». John Sununu, antigo governador do New Hampshire e um dos principais conselheiros de Mitt Romney, garante que «o campo de Obama sabe que está a perder e dá sinais de desespero».
Mesmo com Romney a manter pequeno avanço no voto popular, todas as projeções do Colégio Eleitoral beneficiam o Presidente. Nate Silver, o génio das previsões eleitorais, autor do blogue «FiveThirtyEight», coloca neste momento o Colégio Eleitoral com 296 Grandes Eleitores para Obama e 242 para Romney. Nate dá 74% de probabilidade de eleição ao Presidente e apenas 26 para o republicano. E quanto ao voto popular, o especialista aponta 50.3% de hipóteses para Obama e 48.7% para Romney.
Os mercados de apostas tambem dão o favoritismo a Obama. A média das «intrade odds» anda pelos 62% de probabilidades de triunfo para Obama e 38% para Romney.
Faltam 7 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.
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