quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Grande país


«Eu não achei nada complicado. Achei até gostoso de mais»

LULA DA SILVA, sobre ter sido Presidente do Brasil durante oito anos

Barack Obama disse um dia que Lula era «o tipo mais popular do Mundo». Talvez esta frase nos ajude a perceber porquê. Num tempo como este, em que a política é encarada como «um sacrífício», quase «um castigo», faltam mais líderes com esta atitude.

Uma parte do sucesso para a segunda fase do mandato presidencial de Obama passará também por aí: por recuperar um certo optimismo na América, na bondade natural dos americanos, mensagens que Barack conseguiu transmitir durante a campanha e que se foram esbatendo com a montanha de dificuldades que apareceram nos primeiros dois anos.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Barack Obama e Hillary Clinton são os mais admirados pelos norte-americanos


A pesquisa anual do Gallup para o USA Today mostra, pelo terceiro ano consecutivo, que Barack Obama é o homem mais admirado pelos norte-americanos. Hillary Clinton, segunda nessa votação, aparece como a mulher mais admirada pelos norte-americanos, uma tendência que se repete há nove anos seguidos.

Nelson Mandela (único não americano a aparecer neste 'top') e Bill Gates aparecem a seguir a Obama e aos ex-Presidentes George W. Bush e Bill Clinton no sector masculino. Sarah Palin e Oprah Winfrey são as mulheres com melhor votação, a seguir a Hillary.

GALLUP/USA TODAY
OS MAIS ADMIRADOS EM 2010

HOMENS
-- Barack Obama 22

-- George W. Bush 5
-- Bill Clinton 4
-- Nelson Mandela 2
-- Bill Gates 2

MULHERES
-- Hillary Clinton 17

-- Sarah Palin 12
-- Oprah Winfrey 11
-- Michelle Obama 5
-- Condoleeza Rice 2

«For the third straight year, President Barack Obama ranks as the man most admired by people living in the U.S., according to an annual USA Today-Gallup poll.

Secretary of State Hillary Rodham Clinton is the most-admired woman for the ninth year in a row, edging out former Alaska Gov. Sarah Palin and TV host Oprah Winfrey, as she did last year.

The poll, released Monday, asked respondents what man and woman, living anywhere in the world, they most admired. Rankings from one to 10 were based on total mentions and reported in percentages.

Obama has been the poll's most-admired man since his election in 2008. With 22 percent choosing him, Obama leads his predecessors, George W. Bush, with 5 percent, and Bill Clinton, with 4 percent.

However, Obama's percentage has fallen over the years. In 2008 he led the list with 32 percent and in 2009 with 30 percent.

Rounding out the top 10 most-admired men, with 2 percent or less: former South African President Nelson Mandella, computer tycoon Bill Gates, Pope Benedict XVI, the Rev. Billy Graham, former President Jimmy Carter, talk-show host Glenn Beck and the Dalai Lama.

Hillary Clinton has been the most-admired woman in the poll 15 times since 1992, when she first appeared following her husband's election as president. She leads this year with 17 percent, followed by Palin with 12 percent, Winfrey with 11 percent, and first lady Michelle Obama with 5 percent.

Rounding out the top most-admired women, with 2 percent or less: former Secretary of State Condoleezza Rice, Queen Elizabeth, actress Angelina Jolie, former British Prime Minister Margaret Thatcher, and, in a three-way tie for ninth place, Burmese democracy advocate Aung San Suu Kyi and former first ladies Laura Bush and Barbara Bush.

The USA Today-Gallup survey, conducted Dec. 10-12, is based on telephone interviews with a random sample of 1,019 adults and has a margin of error of plus or minus 4 percentage points».

in Associated Press

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Observatório 2012 (II): Romney lidera a corrida republicana


SONDAGEM CLARUS RESEARCH

-- Mitt Romney, 19
-- Mike Huckabee, 18
-- Sarah Palin, 17
-- Newt Gingrich, 10

A pouco mais de um ano do 'caucus' do Iowa, que marca o arranque da corrida à nomeação presidencial republicana, tudo ainda muito baralhado no campo oposto ao do Presidente Obama, que certamente será o escolhido dos democratas. Os 35 por cento de votos potenciais para os dois candidatos apoiados pelo Tea Party (18% Huckabee+17%Palin) indiciam que a nomeação pode mesmo pender para uma opção muito à direita...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Obama termina o ano com vitórias legislativas

Final de ano recheado de vitórias legislativas para a Presidência Obama: aprovação pelo Senado do novo Tratado START (com 56 votos de democratas, dois independentes e 13 republicanos), com méritos especiais a atribuir ao vice-presidente, Joe Biden, ao líder do Comité de Relações Externas do Senado, John Kerry, e ao senador republicano Dick Lugar; assinou a lei que termina com a discriminação dos homossexuais no Exército, revogando o «don't ask, don't tell» e avançou com acordos bipartidários que permitem diversos apoios económicos a quem está a sofrer mais com a crise.

Quase a terminar o segundo ano da sua Administração, Barack Obama considerou que estes foram «os dois anos mais produtivos do ponto de vista legislativo nas últimas décadas». E reforçou: «Não estamos condenados ao impasse. Temos a capacidade de fazer progressos juntos».

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Histórias da Casa Branca: Obama na «pole position» para 2012



Obama na «pole position» para 2012

Por Germano Almeida


«A Reforma da Saúde é uma realização notável. O programa de revitalização económica foi absolutamente, desmesuradamente, incrivelmente bem sucedido. Mas não serve de nada estar super seguro do que deve ser feito se mais ninguém concordar com ele»

Ed Rendell, governador da Pensilvânia, antigo líder do Partido Democrata, apoiante de Hillary Clinton nas primárias de 2008, sobre a primeira metade da Presidência Obama


Talvez seja prematuro decretar que o pior já passou para a Administração Obama. Mas os analistas mais atentos já identificaram a tendência nas últimas duas/três semanas: o Presidente está a conseguir estancar a ferida e começa a ver sinais de recuperação nas sondagens.

A Taxa de Aprovação ainda apresenta números pouco confortáveis, mas o espectro dos 40 por cento começa a desaparecer. É certo que o 'trend' continua a ser ligeiramente negativo. Só que nos últimos dias surgiram barómetros onde Obama aparece com valores de aprovação superiores aos de reprovação – algo que já não acontecia há vários meses.

São disso exemplo o barómetro ABC/Washington Post, que nos dias 9 e 10 de Dezembro mostrou 49/47 a favor do Presidente, ou a sondagem CBS de 29 e 30 de Novembro, que apontou um saldo positivo de 48/42.

Não se pense que se tratam de casos isolados: as pesquisas de popularidade feitas no mês de Dezembro mostram uma tendência leve, mas consistente, de recuperação para o 44.º Presidente dos EUA.

E colocam Obama numa posição relativamente confortável para ir mais do que a tempo de atingir os «mínimos» de 50 por cento de aprovação no final do seu mandato para que, em 2012, possa partir como favorito natural para a reeleição.

Arranque promissor
Os primeiros dados sobre a corrida presidencial de 2012 confirmam as ideias fortes acima expostas. Mesmo com tantos fantasmas a persegui-lo nos últimos tempos largos (e nas mais diversas frentes políticas), Barack Obama aparece, destacado, na 'pole position' para a eleição presidencial marcada para daqui a 23 meses.

Uma sondagem NBC/Wall Street Journal confere um enorme avanço ao mais do que provável nomeado democrata no arranque da corrida presidencial, perante todos os opositores republicanos: 55/33 sobre a ex-governadora do Alasca (e favorita dos movimentos Tea Party), Sarah Palin, 47/27 sobre John Thune, senador júnior do Dakota do Sul, e 47/40 sobre o antigo governador do Massachussets, e terceiro classificado nas primárias republicanas de 2008, Mitt Romney.

Como é que isto é possível, se os democratas apanharam, há apenas mês e meio, uma das maiores derrotas eleitorais da sua história?

Antes do mais, os dados que estão em jogo nas eleições intercalares são completamente diferentes duma corrida presidencial. Depois, e talvez mais importante, estes números reforçam a ideia de que a radicalização do discurso da Direita americana é um tiro no pé nas aspirações assumidas dos líderes republicanos de «evitar, a todo o custo, a reeleição de Barack Obama» (as palavras são de Mitch McConnell, líder da minoria republicana no Senado).

Ao reforçar a tecla do bipartidarismo (já consumada no acordo fiscal com os republicanos que prolonga as 'Bush Tax Cuts', a troco de mais apoios sociais para os desempregados de longa duração), Obama vai recuperando, lentamente, várias fatias do centro político com que construiu, há dois anos, uma folgada maioria presidencial.

E sublinha as diferenças com os sectores mais radicais do Partido Republicano, que se mobilizaram de forma desmesurada nas intercalares, mas que revelam pouca consistência política.

Se esses sectores conseguirem impor a nomeação presidencial republicana de Sarah Palin ou de Mike Huckabee, facilmente se percebe que Obama tem a reeleição assegurada.

Mas as primárias republicanas ainda estão na fase de aquecimento e é normal que, à medida que o processo avançar, o candidato com mais probabilidade de se bater com Obama venha a ser premiado.

Isso aponta para Mitt Romney – um conservador mais moderado, que na governação do estado do Massachussets mostrou usar tácticas relativamente parecidas com as de Obama nas negociações bipartidárias (e fez aprovar um Plano de Saúde estadual com muitas parecenças com o ObamaCare que vingou no Congresso, faz agora um ano).

Mas mesmo no duelo com Romney, Obama parte com uma vantagem de sete pontos – nada mau para quem, supostamente, estaria politicamente moribundo até há poucas semanas...

Mais do mesmo

As notícias sobre a morte política de Barack Obama, insistentemente matraqueadas pelos «media» escola-Fox News, voltaram, por isso, a revelar-se manifestamente exageradas. E precipitadas.

Seis semanas depois da clara vitória republicana nas 'midterms' para o Congresso, é muito provável que isto queira dizer que o eleitorado já se sente relativamente satisfeito com o cartão amarelo que mostrou à Administração Obama – e que terá resultado, sobretudo, do descontentamento em relação ao rumo económico que o Presidente prometeu, entretanto, corrigir.

Do ponto de vista meramente político, a estratégia de suavização bipartidária que Obama escolheu para a segunda metade do seu mandato parece revelar-se a opção correcta.

E o facto é que o eleitorado base de Obama – que durante um ano se disse «zangado» ou «desiludido» com o Presidente (a esquerda moderada, os movimentos sociais minoritários, os trabalhadores sindicalizados, a classe média nos estados do Midwest) -- está a voltar a apoiar os esforços do Presidente.

Estudo recente do Opinion Research Center para a CNN identifica: 55 por cento do eleitorado democrata acha que Obama está a levar a América para o rumo certo. A reconciliação com a sua base natural de apoio parece estar, finalmente, a ser conseguida por Barack Obama, depois de um ano de inesperada separação.

«Back to basics»

Já há uns meses se tinha percebido que o tempo da poesia terminou para a Presidência Obama. O «back to basics» que Barack tão bem soube fazer há 11 meses, a partir do seu primeiro discurso sobre o Estado da União, valeu-lhe, na altura, a aprovação (ainda que muito negociada) da Reforma da Saúde – e pode vir a valer-lhe o caminho da reeleição, nesta segunda fase do mandato presidencial.

Os feitos obtidos na primeira metade da Presidência Obama, e que o governador Ed Rendell eloquentemente enuncia na citação com que começo esta crónica, ficaram abafados no ruído do bizarro Tea Party até há poucas semanas.

Mas, também na política, o tempo costuma ser bom conselheiro. Passo a passo, Barack está a criar condições para voltar a apanhar o comboio da História.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Obama assina o acordo fiscal que prolonga as «Bush Tax Cuts»


Está confirmado o primeiro acordo bipartidário da segunda metade do mandato presidencial de Barack Obama, num claro sinal da via que o Presidente adoptou para recuperar o centro:

«Washington (CNN) -- President Barack Obama signed an $858 billion tax bill into law Friday, saying, "this is progress, and that's what (the American people) sent us here to achieve."

"We are here with good news for the American people this holiday season," he said. "By a wide margin, both houses of Congress passed a package of tax relief that will protect the middle class, that will grow our economy and will create jobs for the American people."

Obama was flanked on stage by both Democrats and Republicans, including Senate Minority Leader Mitch McConnell, who was instrumental in getting the bipartisan legislation passed. Incoming House Speaker John Boehner, however, did not attend the signing.

"Candidly speaking, there are some elements in this legislation that I don't like. There are some elements that members of my party don't like. There are some elements that Republicans here today don't like. That's the nature of compromise."

With Obama's signature, states can begin to reinstate unemployment benefits, so that people "will get them in time for Christmas," he said.

"Not only will middle class Americans avoid a tax increase, but tens of millions of Americans will start the New Year off right by opening their first paycheck to see that it's actually larger than the one they get right now.

"This is real money that's going to make a real difference in peoples' lives. I would not have signed this bill if it didn't include other extensions of relief that were set to expire."

The House of Representatives gave final approval late Thursday night to the deal, negotiated by the White House and top Senate Republicans. The final vote of 277-148 had almost equal numbers of Democrats and Republicans in support.

The package includes a two-year extension of the Bush-era tax cuts, which are set to expire December 31. It also would extend unemployment benefits for 13 months, cut the payroll tax by 2 percentage points for a year, restore the estate tax at a lower level and continue a series of other tax breaks.

The bill, which cleared the Senate 81-19 on Wednesday, passed despite objections from both the left and the right. However, the pending expiration of the lower tax rates dating to 2001 created a deadline that forced both sides to accept provisions they had long opposed.

Obama and congressional Democrats yielded in their opposition to extending the lower tax rates to wealthy Americans and also agreed to a lower estate tax than had been scheduled to take effect. In return, Republicans led by McConnell agreed to extending unemployment benefits along with the payroll tax cut and other tax breaks that conservatives generally oppose as government stimulus measures.

Senate Republicans insisted on all taxpayers getting the same treatment. They used filibusters to block Democratic measures that would have limited the extended tax cuts to individuals earning less than $200,000 a year and families earning less than $250,000 a year, and then those earning less than $1 million a year.

Obama complained that the Republicans were holding the extended tax cuts for the rest of the country "hostage" by insisting that the wealthiest 2 percent of taxpayers be included rather than approving an extension of the tax cuts for low and middle-income Americans.

Democrats expressed mixed feelings before the final vote.

"This is very difficult," said House Speaker Nancy Pelosi, D-California. "Nobody wants taxes to go up for the middle class. We just don't see why we have to give an extra tax cut to the wealthiest."

Rep. Lloyd Doggett, D-Texas, voted against the bill. He said he had a good reason: concern about the federal debt.

"We all like less taxes, but this came at an immense cost," he said on CNN's "American Morning" on Friday. "We say it's our money. It certainly is. But it's also our debt. And now we have much more of it."

Rep. Marcia Blackburn, R-Tennessee, supported the bill.

"I think it is important we realize this is the American taxpayers' money," she said Friday morning. "Yesterday, what we did was to extend the Bush-era tax cuts. ... This is letting taxpayers keep their money. This is the money they are not going to send to Washington."

Republican Rep. Dave Camp of Michigan, meanwhile, had argued that letting anyone's taxes go up would hinder economic recovery, while a return to higher tax rates for those making more than $250,000 a year would hit small-business owners who are important job creators.

A procedural snag earlier Thursday forced House Democratic leaders to pull the bill from consideration over concerns that they lacked support on how the debate would proceed under rules they had set. The House then went into indefinite recess as liberal Democrats seeking changes to the bill huddled with party leaders to work out a solution.

Eventually, debate resumed on a new set of rules that would allow the House to vote on a proposed change to the controversial estate tax provision and then on the full bill itself. The House rejected the amendment changing the estate tax rate and then easily passed the unchanged bill.

Earlier, Obama strongly praised the Senate vote and urged the House of Representatives to quickly approve the bill.

The Senate vote is "a win for American families, American businesses and our economic recovery," Obama said in a written statement. "As this bill moves to the House ... I hope that members from both parties can come together in a spirit of common purpose to protect American families and our economy as a whole by passing this essential economic package."

House Democrats, however, repeatedly warned that they would try to change the measure, particularly the estate tax provision. The estate tax was scheduled to return with an exemption on inheritances up to $1 million and tax amounts above that at a rate of 55 percent. Under the tax package, the tax rate was reduced to 35 percent on amounts above a $5 million individual exemption.

Conservatives argued that an estate tax more stringent than the level set by the package would, among other things, make it nearly impossible for many family-owned small businesses to be passed down from one generation to the next. Liberals contended that a lower or nonexistent estate tax would merely benefit the wealthy while doing little to aid the economy.

A number of House Democrats wanted to change the estate tax to levels previously approved in a separate House bill that would exempt inheritances up to $3.5 million and tax amounts above that at a 45 percent rate. Pelosi said the change would bring in an additional $23 billion and would affect only 6,600 more families than the lower rate and higher exemption in the negotiated tax deal.

However, more than two dozen moderate House Democrats submitted a letter to their House leadership calling for the tax package to be passed unchanged so it could go directly to Obama to be signed into law.

Republicans involved in the negotiations with the White House on the package warned that any changes by the House could derail the entire proposal, causing tax rates to increase in 2011.

With the Bush-era tax cuts set to expire at the end of the year, Obama and congressional Democrats faced a fast-approaching deadline to reach a deal. Republicans won control of the House and reduced the Democratic majority in the Senate in the new Congress convening in January, which would give Democrats less leverage to negotiate after the current lame-duck session.

House liberals weren't the only ones objecting to the agreement. A number of conservatives, including likely 2012 GOP presidential candidate Mitt Romney, were challenging the deal because it doesn't permanently extend the Bush-era tax cuts and would add to the deficit.»

in CNN.com

Barack Obama, Bill Clinton e Arnold Schwarzenegger no adeus ao Larry King Live

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Observatório 2012 (I)


SONDAGEM NBC/Wall Street Journal
-- Barack Obama 55% - Sarah Palin 33%
-- Barack Obama 47% - Mitt Romney 40%
-- Barack Obama 47% - John Thune 27%

São, ainda, dados muito iniciais, dado que estamos a 23 meses da eleição presidencial. Mas não deixa de ser curiosa esta enorme vantagem de Obama sobre qualquer opositor republicano, apesar das dificuldades que o Presidente tem tido nas suas taxas de aprovação.

Nos primeiros números sobre o duelo presidencial de 2012, Obama tem 22 pontos de avanço sobre a ex-governadora do Alasca (e candidata preferida do movimento Tea Party), Sarah Palin; 20 pontos de vantagem sobre o senador pelo Dacota do Sul, John Thune, e sete por cento de avanço sobre Mitt Romney, terceiro classificado nas primárias de 2008 e apontado como o republicano com mais hipóteses de vir a disputar o eleitorado do centro com o actual Presidente.

Quando a campanha para as primárias do Partido Republicano aquecer, é possível que haja uma recuperação dos números do GOP, mas fica registada a tendência, que tenho vindo a apontar nos últimos textos: pode não parecer à primeira vista, mas o favorito para a corrida presidencial de 2012, pelo menos para já, continua a chamar-se Barack Obama...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Na morte de Richard Holbrooke, enviado-especial do Presidente Obama para o Afeganistão e Paquistão



Richard Holbrooke, elemento de primeira linha da diplomacia norte-americana, enviado-especial do Presidente Obama para o Afeganistão e Paquistão, morreu esta segunda-feira, em Washington, aos 69 anos, depois de duas operações ao coração.

Com um currículo impressionante na área da mediação de grandes conflitos internacionais, teve papel fundamental nos principais sucessos diplomáticos da era Clinton: foi o grande arquitecto dos acordos de Dayton, que puseram fim à guerra na Bósnia (1995) e negociou a paz na Irlanda do Norte.

Ainda nos anos Clinton, foi embaixador norte-americano na Alemanha e nas Nações Unidas (cargo que lhe serviu de 'consolação' pelo facto de Bill Clinton não o ter escolhido para secretário de Estado no segundo mandato, acabando por prevalecer a opção por Madeleine Albright).

Na actual administração, Richard Holbrooke era encarado por Barack Obama e pela secretária de Estado, Hillary Clinton, como uma opção de primeira linha para os casos mais difíceis
: era o enviado-especial do Presidente para o Afeganistão e Paquistão e estava profundamente empenhado nesta primeira fase de negociações, iniciadas em Setembro, para o novo Processo de Paz para o Médio Oriente.

Numa daquelas ironias em que a História é pródiga, Holbrooke morre numa altura particularmente difícil para a diplomacia norte-americana, pelas ondas de choque internacionais das revelações de documentos secretos no «Wikileaks».

Na hora da morte de Holbrooke, Barack Obama não lhe poupou elogios: «Foi um verdadeiro gigante da política externa, que fez dos EUA um país mais forte, mais seguro e mais respeitado», apontou o Presidente dos EUA.

No mesmo registo, a secretária de Estado, Hillary Clinton, observou: «Richard Holbrooke serviu a diplomacia americana durante 50 anos, com um brilho pouco comum e uma determinação única. Era um verdadeiro estadista». «Os EUA», sublinhou Hillary, «perderam um dos seus defensores mais ferozes e um dos seus funcionários mais dedicados».

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Barómetro: 47 por cento de aprovação


SONDAGEM BLOOMBERG

Presidência Obama
-- 47 por cento de aprovação

-- 48 por cento de reprovação

(dados recolhidos entre 7 e 10 de Dezembro de 2010)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Discurso do Nobel, em Oslo, foi há um ano

«Não temos que acreditar que a natureza humana é perfeita para que ainda acreditemos que a condição humana pode ser aperfeiçoada. Não precisamos viver num mundo idealizado para que possamos continuar a lutar pelos ideais que farão dele um lugar melhor. A não violência praticada por homens como Gandhi e King pode não ter sido prática ou possível em todas as circunstâncias, mas o amor que pregaram - a sua fé no progresso humano- devem sempre nortear a nossa jornada.»

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Histórias da Casa Branca: A lenta reconstrução do puzzle



A lenta reconstrução do puzzle

Por Germano Almeida


«O mais poderoso dom que Deus deu aos Estados Unidos não foram as suas grandes riquezas em solo, florestas e minas, mas o divino descontentamento profundamente implantado no coração do seu povo»

William Allen White, político e editor americano do início do século XX

A presidência Obama está em fase de reconstrução. Mostra sinais de vida, ainda que a espuma do momento pareça torná-la moribunda.

A frase acima citada tem mais de meio século mas permanece bem actual: tantas décadas depois da constatação de William Allen White, a América continua a ter na sua propensão para o descontentamento uma forma de se auto-questionar e de obrigar quem, temporariamente, detém o poder federal a prestar contas e a procurar corrigir o caminho.

O recentramento político é o conceito-chave para se perceber o plano do Presidente para voltar a ter a bola do seu lado. Na reacção imediata à derrota nas 'midterms', Barack Obama já tinha apontado o caminho: prometeu aos americanos que iria esforçar-se «ainda mais» para ser «um melhor Presidente» e que, depois de tão clara demonstração de desagrado por parte do eleitorado, iria bater-se por um clima de «consensos alargados» em Washington.

Mas, perante o que aconteceu nos primeiros dois anos da era Obama -- com a oposição republicana a boicotar à partida toda e qualquer tentativa de entendimento bipartidário por parte do Presidente e do campo democrata – a pergunta surge com naturalidade: se Obama não o conseguiu fazer até agora, quando tinha uma larga maioria no Congresso, como poderá concretizar esses entendimentos quando é o campo adversário que irá ter o controlo legislativo na segunda parte deste mandato presidencial?

Pouco espaço para grandes feitos
A resposta a esta aparente contradição está na forma como Obama já começou a reagir, depois da pesada derrota nas intercalares.

A sua recente decisão de permitir a renovação das «Bush Tax Cuts», os cortes fiscais aprovados na anterior administração norte-americana aos mais ricos, pode ser interpretada, à primeira vista, como uma cedência aos republicanos e uma embaraçosa quebra de uma bandeira eleitoral.

A verdade é que esta (difícil) decisão de Obama pode ficar para a história do primeiro mandato presidencial do 44.º Presidente dos EUA como a primeira medida do «compromisso bipartidário», uma plataforma política, no mínimo, arriscada, atendendo ao clima fracturado que tem dominado as últimas décadas da política americana, mas que é, claramente, a via escolhida por Barack Obama para terminar de vez com o impasse em que a presidência parece ter caído nos últimos meses.

Pode o Presidente ser acusado de ter quebrado uma importante promessa eleitoral de acabar com os cortes fiscais dos mais ricos? Claro que sim.

Mas convém perceber as razões de tão inesperada concessão: ao ceder neste ponto, Obama arrancou da futura maioria republicana no Congresso o compromisso de permitir o prolongamento do subsídio de desemprego a dois milhões de americanos (que, caso contrário, perderiam qualquer assistência social nos próximos meses) e conseguiu, também, a abertura do lado oposto para que se mantenham os incentivos federais à recuperação económica.

Pura gestão política? Em parte, sim. Mas os resultados das intercalares foram a última confirmação de uma tendência que se desenhava com clareza nos últimos meses: é que o tempo das grandes realizações, dos projectos mais ousados e de maior confronto ideológico já passou. Ocorreu na primeira metade da Administração Obama e teve como principais conquistas a Reforma da Saúde, a Reforma Financeira e a travagem de uma nova Grande Depressão por via da aprovação de programas de incentivo à Economia que implicaram gigantescas intervenções do poder federal.

E só foram possíveis graças a um clima de «Obamania» que ainda se fez sentir no primeiro ano deste mandato presidencial -- ainda embalado pela enorme vitória eleitoral de Barack Obama a 4 de Novembro de 2008 -- e graças, também, à larga maioria de que o Partido Democrata dispunha no Congresso.

Nos próximos dois anos, haverá pouco espaço para grandes coisas. Será um tempo de maior pragmatismo e de uma necessidade absoluta de se encontrar o máximo denominador comum entre os dois campos políticos do Congresso.

Obama, fazendo uso do seu lado de jogador de xadrez, já está a lançar a carta da «responsabilização». No calor da vitória nas intercalares, os líderes republicanos em Washington saíram-se com tiradas triunfalistas das quais poderão vir a arrepender-se.

Mitch McConnell, líder da minoria republicana no Senado, deixou escapar que «o principal objectivo dos republicanos nos próximos dois anos é impedir a reeleição de Barack Obama».

O mesmo senador McConnell, depois do acordo feito com Obama nesta questão da renovação das «Bush Tax Cuts», já corrigiu o tiro: «É um sinal de abertura ao diálogo por parte do Presidente».

«'Yes we can'... but»
Quando, há semanas, Barack Obama foi ao «Daily Show», foi apanhado de surpresa com a pergunta de Jon Stewart: «Ainda podemos acreditar nessa história do 'Yes We Can'?», perguntou o brilhante humorista.

O Presidente hesitou, demorou uns segundos a responder, e deixou a meio uma frase aparentemente comprometedora: «Yes we can... but...». Primeiro o silêncio, depois uma gargalhada de Stewart e do público. Obama, ainda um pouco desarmado, completou: «... but we need more time».

Obama ainda tem margem para pedir mais tempo – e agora pode partilhar essa responsabilidade com os republicanos.

O tempo que resta
Oficialmente, são quase dois anos até às presidenciais de Novembro de 2012, mas, na prática, Obama tem pouco mais de um ano para reconstruir o puzzle. A partir da Primavera de 2012, viver-se-á num clima pré-eleitoral. Há sinais lentos de recuperação económica – e isso pode ser um início, apesar de mais um recuo inesperado em Novembro, com a subida de 9.6% para 9.8% da taxa de desemprego.

Muita gente já reparou como, em apenas dois anos, a expressão optimista do então jovem candidato presidencial passou para a face cansada de um Presidente que já tem alguns cabelos brancos.

Obama ainda pode reconstruir uma maioria presidencial que lhe permita cumprir um segundo mandato, até Janeiro de 2017.

Muito provavelmente, não será uma maioria tão impressionante como a que conseguiu obter há dois anos. Mas o caminho do centro, que quase sempre tem sustentado as vitórias presidenciais na América, continua a estar mais próximo de Barack Obama do que da cansativa oposição republicana.

Na morte de Elizabeth Edwards


Elizabeth Edwards, ex-mulher do antigo candidato presidencial John Edwards, morreu esta terça-feira, aos 61 anos, depois de uma luta de mais de dois anos contra o cancro da mama.

Advogada de formação, licenciada pela Universidade da Carolina do Norte, Mary Elizabeth Anania Edwards nasceu a 3 de Julho de 1949, em Jacksonville, na Florida.

Foi forte apoiante das duas candidaturas presidenciais de John Edwards (2004, segundo lugar nas primárias e nomeação para vice-presidente do ticket de John Kerry, e 2008, terceiro lugar nas primárias democratas), fazendo do plano de Reforma da Saúde um dos seus campos de batalha.

Além da advocacia, que exerceu como profissão, Elizabeth manteve uma vasta intervenção social, tendo publicado dois best-sellers: «Saving Graces: Finding Solace and Strength from Friends and Strangers», publicado em 2006, e «Resilience: Reflections on the Burdens and Gifts of Facing Life's Adversities», publicado em Maio de 2009, um relato impressivo sobre a sua luta contra a doença.

John e Elizabeth divorciaram-se no início de 2010, na sequência das revelações públicas de um caso extra-conjugal de John com a realizadora Rielle Hunter, do qual resultou um filho cuja paternidade John tentou ocultar.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Histórias da Casa Branca: O caminho para a reeleição


O caminho para a reeleição

Por Germano Almeida


«Há um certo orgulho perverso na minha Administração -- e eu assumo a responsabilidade disso, foi influência de cima -- por fazermos as coisas como devem ser feitas, ainda que a curto prazo sejam impopulares»

Barack Obama
, depois da pesada derrota dos democratas nas ‘midterms’ de Novembro


Que Barack Obama passa pelo momento mais difícil da sua presidência, isso já toda a gente sabe. Mas a narrativa dominante, segundo a qual a vitória clara do Partido Republicano nas ‘midterms’ de Novembro terá sido a machadada fatal nas pretensões do actual Presidente dos EUA em buscar a reeleição em 2012, seria poderosa, se não tivesse um problema: é que ela não tem correspondência com a realidade.

Por muito que a espuma do momento pareça indicar um caminho sem saída para uma administração que não consegue descolar dos 45/48 por cento de popularidade, uma análise mais distanciada mostra-nos que os dados que irão decidir o duelo presidencial de Novembro de 2012 ainda não foram lançados.

Mais: se tivesse que antecipar o que vai acontecer, dentro de dois anos, nas eleições presidenciais norte-americanas à luz dos dados actuais (um exercício que, obviamente, vale muito pouco, atendendo à velocidade com que as coisas mudam na política dos EUA…), apontaria para uma nova vitória de Obama.

Sendo certo que a popularidade do 44.º Presidente dos EUA está aquém do que seria esperado quando, há dois anos, foi eleito num clima de euforia generalizada, a verdade é que ela não é assim tão baixa. Está, aliás, na linha do que tinham os seus dois antecessores imediatos, Bill Clinton ou George W. Bush, quando atravessavam fases similares nos primeiros mandatos.

Paralelismos
O paralelismo foi recordado por alguns analistas nas últimas semanas – e torna-se inevitável: Bill Clinton, que (tal como Obama é hoje) era em 1994 um jovem Presidente democrata a meio do primeiro mandato, com uma agenda de confronto em relação ao meio predominantemente conservador da ‘real America’, também teve uma pesada derrota nas ‘midterms’, mas acabou por ser reeleito com relativa facilidade.

Em 1982, o mesmo sucedeu a Reagan, embora num tablado político bem diferente. Mas as semelhanças com o caso de Obama são relevantes: tal como sucedeu em 2008 com Barack, Reagan venceu as presidenciais de 1980 com surpreendente facilidade. Dois anos depois, perdeu as intercalares, mas acabou por reforçar a sua já ampla maioria presidencial em 1984.

Mas talvez seja prudente não olhar demasiado para o passado. Em política, há algumas repetições interessantes, mas também é verdade, passados tantos anos em relação aos dois casos de Reagan e Clinton, que a complexidade política e económica dos tempos que vivemos torna a missão de quem está no poder ainda mais difícil – e a margem para encontrar novas soluções é cada vez menor.

E depois há a questão do opositor. Mesmo com a aparente vantagem conservadora, contabilizada nas intercalares de há um mês, ela dificilmente será canalizada num só candidato republicano – seja ele (ou ela…) quem for.

Uma coisa é o que se passou nas eleições de Novembro: perante um clima económico em tons ainda muito deprimentes, a penalização do Partido Democrata surgiu com relativa naturalidade. Convém recordar que os democratas haviam conseguido, em Novembro de 2008, um pleno no controlo dos três pilares do poder nos EUA: clara maioria de Obama na Casa Branca, supermaioria no Senado, larga maioria na Câmara dos Representantes.

Outra, bem diferente, é o que irá acontecer no duelo presidencial – uma longa maratona de quase dois anos, em que o que verdadeiramente conta é o resultado final. A meio do percurso, será mais fácil marcar pontos para quem não está exposto ao desgaste do poder.

No caso das intercalares de há um mês, o ruído do Tea Party ajudou a aumentar o clima de hostilidade para com Obama e os democratas. Alguns deles até cometeram o erro de se demarcar do Presidente.

Responsabilidades partilhadas
Nos primeiros dois anos da Administração Obama, os sinais de penalização já haviam sido dados em momentos eleitorais como a substituição de Ted Kennedy para a vaga do Massachussets no Senado (surpreendentemente ganha pelo republicano Scott Brown).

A grande viragem no Congresso deu-se no mês passado, com os republicanos a passarem a controlar a Câmara dos Representantes. Mas a derrota dos democratas não teve a dimensão que chegou a ser profetizada.

O Senado acabou por se manter na mão do partido de Obama, por uma diferença de três senadores (com os triunfos de Patty Murray, no estado de Washington, e Harry Reid, no Nevada, a terem tido importantes ajudas do Presidente, na recta final). A pré-anunciada ‘hecatombe’ eleitoral dos democratas acabou por se ficar pela metade.

A partir de Janeiro, o ‘speaker’ do Congresso volta a ser republicano: John Boehner substituirá Nancy Pelosi, democrata de uma ala mais à esquerda do que o Presidente, que teve um papel crucial na batalha pela aprovação da Reforma da Saúde.

Com o regresso dos republicanos a uma parte do poder de Washington, o discurso de «terra queimada» e a posição do bloqueio permanente em relação a tudo o que a Administração Obama pretenda fazer passa a estar comprometida. As responsabilidades serão partilhadas – e Obama volta a ter a bola do seu lado.

Numa daquelas ironias em que a política moderna é pródiga, uma aparente contrariedade – a clara derrota dos democratas nas intercalares – pode vir a revelar-se carta importante para relançar Obama como ás de trunfo da política americana.

O Presidente sabe perfeitamente disso – e o tom dos seus discursos pós-‘midterms’ aponta, claramente, para a exploração desta nova realidade.

Os americanos, já o escrevi em texto anterior nesta rubrica, não gostam de ‘complainers’. Não suportam quem só sabe dizer mal e não se mostra capaz de construir. Obama, que sempre foi um ‘doer’, sempre foi alguém que preferiu fazer e arriscar, em vez de se desculpar com lamentos e críticas aos opositores, terá que ser capaz de marcar claramente esta diferença.

Não o tem sabido fazer da melhor forma até agora, é um facto. A Administração Obama não tem comunicado bem a sua mensagem, o que não deixa de causar surpresa, atendendo à forma fantástica como Barack foi capaz de transmitir as suas ideias fortes, enquanto candidato presidencial.

Recentramento
Os primeiros dois anos mostraram uma disparidade incomodativa entre o muito que Obama já conseguiu fazer como Presidente (Reforma da Saúde, Reforma Financeira, travagem de uma nova Grande Depressão) e a percepção, errada, de que tem sido um Presidente falhado.

É muito provável que o «julgamento da História» venha a reparar esta disparidade. Mas nesta estranha era de «julgamentos» em tempo real, de pouco valerá ter razão quando a maioria não se apercebe disso.

Vários conselheiros de Obama têm insistido nesta questão junto do Presidente. E é, por isso, muito provável que se assista a um recentramento político na segunda parte do mandato, por forma a que Obama possa recuperar o centro – e acalme a onda ultraconservadora.

Mesmo as sensibilidades liberais, que agora se dizem muito desiludidas com um Presidente que pouca margem tem tido para fazer avançar questões fracturantes num país predominantemente conservador, acabarão por preferir Obama ao seu opositor republicano em 2012 -- apesar do descontentamento momentâneo.

Em plena euforia republicana pós-midterms, pode ser difícil descortinar estas tendências. Mas se elas se confirmarem, talvez Obama consiga uma reeleição bem menos problemática do que muitos antecipam.

As oportunidades estão lá. Falta saber se o Presidente dos EUA será capaz de voltar a agarrá-las. Isto, é claro, se não quiser ficar na História como «o Presidente que fez as coisas certas, mas não foi a tempo de ser premiado por isso».

terça-feira, 30 de novembro de 2010

«História Concisa de Como se Faz a Guerra»


É apresentado hoje, pelas 18.30 horas, no Instituto de Estudos Superiores Militares, em Lisboa, o livro «História Concisa de Como se Faz a Guerra», do general Loureiro dos Santos, com edição da Europa-América. A apresentação está a cargo do general António Barrento

sábado, 30 de outubro de 2010

Obama no Daily Show de Jon Stewart

Em vésperas de poder ter a sua primeira grande derrota eleitoral desde que é Presidente, Obama foi ao programa mais popular junto de uma parte importante do seu eleitorado, para fazer um último esforço para os democratas. Vale a pena ver:


PARTE 1


PARTE 2

sábado, 9 de outubro de 2010

Tom Donilon sucede ao general Jim Jones como Conselheiro de Segurança Nacional


Era uma saída esperada(Obama recordou que o general Jim Jones só aceitou o cargo por dois anos), mas terá sido precipitada por revelações feitas no livro «Obama's Wars», recentemente editado por Bob Woodward.

Tom Donilon, 55 anos, advogado com longa experiência na administração americana, é o sucessor de Jim Jones, de quem já era adjunto.

«Washington (CNN) -- When he got his hands on an advance copy of Bob Woodward's new book "Obama's Wars" before it hit stores and started reading it earlier this month, I'm told that White House National Security Adviser Jim Jones simply blew a gasket.

Jones was so furious about his portrayal in the book that the retired four-star general told friends later that he promptly took the book and mailed it back to Woodward, as if to say the book wasn't worth the paper it was printed on, according to a close friend of his who spoke to me on condition of anonymity because he was not authorized to discuss the national security adviser's private conversations.

When I pressed a senior administration official on whether or not Jones did in fact put the book in a box and mail it back to Woodward, the official simply said no comment, refusing to confirm or deny the postal service protest.

I spoke to Woodward several days ago, and he said he was not aware of Jones mailing the book back and was surprised to hear that Jones was so upset with his treatment in the book.

But the senior administration official flatly confirmed the claims of the Jones friend I spoke to that the national security adviser -- justifiably or not -- is indeed livid with Woodward and the controversy complicated an already difficult relationship he had with key White House colleagues.

"Jones was quite unhappy with the Woodward book -- there's no question," said the senior administration official. "He was quite unhappy with the way it attributed things to him. He was pretty stunned by what was in the book."

The tension stems from the fact Woodward reported that Jones called some of his colleagues in the White House -- he clearly seemed to be aiming at top insiders like then-Chief of Staff Rahm Emanuel, senior adviser David Axelrod, and press secretary Robert Gibbs -- the "water bugs," the "Politburo," and the "Mafia" who were out to get him from day one of the administration.

Sure, it was common knowledge within the administration that Jones never quite clicked with the upper echelon of the White House staff. There were snotty whispers to blogs and big newspapers last year about how colleagues thought Jones was basically lazy and was probably going to get pushed out early in the administration.

Jones survived in part because he always maintained a respectful relationship with the president and had strong allies in Vice President Joe Biden and Secretary of State Hillary Clinton, according to senior officials. But once he was quoted lashing out at what he called the "campaign set" in the Woodward book and telling tales out of school about snubs he felt from the administration, a difficult situation became untenable.

Comments attributed to Jones in the book were a very sore subject inside the West Wing in recent days. When I called one senior administration official as I dug around on this column, he begged off any comment, using a musical reference to note the sensitivity.

"What's that song: 'Can't Touch This'?" said the senior administration official.

There was the anecdote about how Emanuel refused to give Jones a copy of the inaugural address before it was delivered, and that Jones later complained to the chief of staff that he was always showering too much attention on his friend, Tom Donilon, who served as Jones' deputy.

"I'm the national security adviser," Jones allegedly told Emanuel. "When you come down there, come see me."

All of the inside chatter was too much for the "No-Drama Obama" insiders at the White House, and I'm told by people close to Jones that the controversy was basically the final straw that led to Jones officially stepping down Friday as national security adviser, with Donilon installed as his successor.

Jones is insisting to his friends that he was basically misquoted in the Woodward book, that he never uttered the insults that are attributed to him. But people inside the West Wing have had a hard time buying that claim for several reasons.

First of all, Woodward has a long track of accuracy dating back to his Watergate days with The Washington Post as well as more than two dozen books covering Democratic and Republican administrations.

And in this case, senior White House aides have largely embraced Woodward's latest book because they believe it's a portrait of a young commander-in-chief being tough enough to stand up to military leaders and question all of their scenarios for sending more troops into Afghanistan.

(Interesting to note that these same White House aides flatly rejected Woodward's claim on CNN earlier this week that the possibility of an Obama-Clinton presidential ticket is "on the table" as a possibility for 2012, but that's another story).

The other big problem Jones faces in trying to convince his colleagues that the Woodward book is wrong is the fact that the general himself is considered a longtime friend of the author who has been a source of inside information for Woodward before and seemed to cooperate with this book too.

In fact, Jones and Woodward traveled together to Afghanistan last year, giving the reporter an exclusive from the battlefield for The Washington Post as well as presumably some inside information for the book.

When I called Woodward several days ago for comment on whether he received a package from Jones, the author immediately noted they've been acquaintances for some 20 years.

"I've known General Jones for a long time," Woodward told me.

That's why it's hard to tell if Jones really believes he was misquoted in the book, or whether he perhaps said too much to a friend and now regrets what wound up in the book and is going out of his way to tell friends that he had tossed the book out in order to dramatize his disgust and salvage a few more months on the job.

The official back story on the resignation I've been able to piece together from two people close to Jones is that after returning this week from an official trip to Germany and Russia, the national security adviser went in to the president and made it official that he'd like to leave his post at the end of the year. That wasn't really a shock because Jones had told Obama at the beginning that he would only commit to serving two years.

What was surprising to Jones intimates was that rather than giving him some time to set up a transition, White House officials quickly leaked word of the departure and the official announcement was made in the Rose Garden.

So Jones is now a lame duck, leaving some of his friends angry and feeling like he got the bum's rush -- a stark contrast to all of the smiles and warm words in the Rose Garden Friday afternoon.

"This is the final indignity from the Obama White House heaped on this distinguished public servant who devoted 40 years of active duty to his country in uniform," one close Jones friend told me. "He comes out of retirement at Obama's request. And from day one the sniping from the peanut gallery was incessant and the president and his senior staff did nothing to put a stop to it."»

in CNNpolitics.com

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Histórias da Casa Branca: Pete Rouse, escolha de confiança


Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a 8 de Outubro de 2010:

Pete Rouse, escolha de confiança

Por Germano Almeida


«A escolha de Pete Rouse para sucessor de Rahm Emanuel como chefe de gabinete da Casa Branca reforçou a ideia de que Barack Obama pretende apostar forte no seu círculo mais restrito para preparar a segunda metade do seu mandato presidencial.

Era difícil apontar alguém mais próximo de Obama. Rouse, que já desempenhava as funções de conselheiro sénior do Presidente, é um dos poucos elementos que merece a total confiança de Barack. Talvez só Valerie Jarrett e David Axelrod (os outros dois conselheiros seniores de Obama) têm com o Presidente um grau de proximidade semelhante ao que tem Pete.

Dias antes da escolha de Rouse, chegou a correr em Washington que Valerie Jarrett seria a escolhida. Mas o escasso pendor político de Valerie (é amiga do casal Obama há mais de 20 anos, mas não tem grandes ligações às bases democratas) terá sido um factor inibidor.

Quanto a Axelrod, é muito provável que Barack pretenda libertá-lo das funções na Casa Branca dentro de poucos meses, de modo a que Ax possa começar a montar a estratégia para a campanha presidencial de 2012 – e isso implicará um regresso de David a Chicago.

O tempo, na Casa Branca, é por isso de mexer nas pedras e preparar as próximas batalhas. A rota para a reeleição só começará, verdadeiramente, depois das 'midterms' de Novembro.

Depois da histórica caminhada de 2008, Obama deverá repetir a receita: manter um núcleo duro curto, mas muito estável e muito fiel.

David Axelrod, o fiel escudeiro de Barack, voltará, certamente, a ser a peça central. E é de prever que a estratégia da reeleição passe por outras duas figuras que foram muito importantes na rota da primeira vitória: Jim Messina, actual 'chief of staff' adjunto da Casa Branca, e Anita Dunn, directora de comunicação nos primeiros meses da Administração Obama – e que fez parte do restrito grupo de assessores que fizeram a totalidade dos dois anos que durou a caminhada de Barack até à Casa Branca.

E, claro, Obama não dispensará os serviços de David Plouffe, o 'mago' que dirigiu a sua campanha presidencial de 2008. Plouffe não fez parte da primeira fase da Administração Obama, mas voltou para ajudar na campanha para as 'midterms' e deverá assumir novas funções logo após as intercalares de Novembro.

'Rhambo' saiu em lágrimas
O cargo de 'chief of staff' tem uma enorme importância na organização interna da Casa Branca. As características muito especiais de Rahm Emanuel, 50 anos, tornaram o posto ainda mais influente.

Emanuel era uma espécie de primeiro-ministro do Governo Obama. O mesmo não deverá suceder com Pete Rouse, que tem um perfil muito mais reservado.

Rahm fazia o contraponto com o perfil excessivamente racional de Barack. Com um feitio explosivo (a sua alcunha nos meios políticos e jornalísticos é... 'Rhambo'), soma histórias muito contadas em Washington, como a do peixe morto que ofereceu, numa bandeja, a um crítico.

Para lá dos defeitos mais visíveis, este judeu que, tal como Barack, começou a carreira política em Chicago, tornou-se um dos homens da confiança de Obama, acima de tudo porque tem duas qualidades de que Barack muito precisou nesta primeira fase do mandato: enorme capacidade de organização e agressividade a atacar os problemas.

Mentor da vitória democrata nas intercalares de 2006, um dos mais próximos conselheiros políticos de Bill Clinton nos anos 90, Rahm fez uso dos seus contactos junto das bases do Partido Democrata e mobilizou apoios para a Reforma da Saúde e para a Reforma Financeira.

Na hora da despedida, Obama lembrou tudo isso e comentou: «Sem a liderança da Rahm, não tínhamos conseguido o que já conseguimos.»

A decisão de Richard Daley de não se recandidatar à câmara de Chicago precipitou a saída de Emanuel da Casa Branca.

Num adeus emocionado, e com lágrimas, Rahm lançou uma tirada cúmplice para Obama: «Senhor Presidente, este é, para mim, um momento agridoce: é com pena que abandono esta função, mas saio para poder cumprir o sonho de ser 'mayor' da melhor cidade do melhor país do Mundo: a nossa Chicago...»

«Let Pete fix it!»
Peter Mikami Rouse, 64 anos, passa a ser o 'chief of staff' da Casa Branca. O nome do meio é esclarecedor: Pete tem ascendência japonesa e, talvez por isso, exala uma tranquilidade e um sangue frio que fazem dele o protótipo do conselheiro «low profile», que não gosta de aparecer.

Formado na London School of Economics e na John Kennedy School of Government, iniciou a sua ligação à consultoria política há quase 40 anos, no gabinete do antigo senador democrata James Abourezk, do Dakota do Sul.

Em 1985, começou uma colaboração que iria durar duas décadas com Tom Daschle, outro senador democrata do Dakota do Sul. Daschle foi líder da maioria democrata no Senado, mas abandonou o Capitólio em 2004, depois de uma inesperada derrota eleitoral.

Rouse, que chegou a ser rotulado de 101.º senador (tamanha era a sua influência, como chefe de gabinete de Daschle), teve papel decisivo na ascensão meteórica de Barack Obama.

Há seis anos, com a saída de Daschle do Senado, seria natural que Tom e Pete abandonassem o Capitólio e seguissem outros caminhos.

Mas foi nesse preciso momento que apareceu Obama, com a incrível vitória de 70 por cento na corrida pela vaga do Illinois. Pete Rouse ficou impressionado com as qualidades de Barack e aceitou ser o seu chefe de gabinete no Senado. Abriu portas a um novato que ainda não tinha os contactos certos em Washington e apressou o caminho da candidatura presidencial de Obama.

Na apresentação de Rouse, Barack contou: «Quando temos um problema complicado na Casa Branca, costumamos dizer: 'Let Pete fix it!' ('deixem o Pete resolver')».

Obama vai precisar muito dessa capacidade de resolução de problemas nos próximos dois anos. Vai mesmo.»

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Michelle Obama considerada pela «Forbes» a mulher mais poderosa do Mundo


«A Forbes publicou uma lista com as mulheres mais poderosas do mundo. À frente está Michelle Obama. A primeira-dama norte-americana é vista como uma «Jackie Kennedy com um diploma em Harvard».

A norte-americana Irene Rosenfeld, conselheira delegada do grupo alimentar Kraft Foods, aparece em segundo. A apresentadora Oprah Winfrey, a chanceler alemã, Angela Merkel, e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, completam os cinco primeiros lugares. As cantoras Lady Gaga e Beyoncé Knowles estão no top dez.

Maria Ramos é a única portuguesa da lista. A presidente executiva do Absa Group Banks na África do Sul, casada com ex-ministro das Finanças sul-africano Trevor Manuel, aparece na 32ª posição no geral e a 11ª na categoria de empresárias».

in A BOLA.pt

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Lágrimas na despedida da Rahm Emanuel da Casa Branca


O poderoso 'chief of staff' da primeira fase da Administração Obama teve um adeus emotivo, com o Presidente ao lado. Está de volta a Chicago, onde se candidatará a «mayor». Pete Rouse, que até agora era um dos três conselheiros seniores de Obama (além de David Axelrod e Valerie Jarrett) é o seu sucessor.

Histórias da Casa Branca: E depois da hecatombe?


Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a 30 de Setembro de 2010:


E depois da hecatombe?

Por Germano Almeida


«Já não restam grandes dúvidas de que as intercalares de Novembro vão ditar uma verdadeira hecatombe eleitoral para os democratas. Os sinais vão sendo cada vez mais preocupantes para o partido que apoia o Presidente – e só falta mesmo saber se a viragem política no Congresso será total ou se o Partido Democrata ainda conseguirá aguentar, à tangente, o domínio do Senado.

Na Câmara dos Representantes, basta fazer contas para se perceber que a mudança é já uma certeza: os republicanos vão recuperar a maioria na House e Nancy Pelosi terá que conceder o seu posto de "speaker" a John Boehner.

Por estes dias, a frase mais repetida por políticos e analistas nos EUA é a de que o momento está muito complicado para Barack Obama. Se olharmos para os números da Taxa de Aprovação do Presidente (que recentemente bateram num fundo de 42 por cento) e dos diversos combates que se preparam para Novembro – com os candidatos democratas em risco de perderem duelos que, numa situação normal, facilmente ganhariam – temos que concluir que essa frase é quase indesmentível.

Mais do que sublinhar o óbvio, importa, por isso, antecipar o que poderá acontecer depois de Novembro. Historicamente, as “midterms” têm sido momentos charneira nos mandatos presidenciais. Como o próprio nome indica, elas marcam a metade um percurso de quatro anos – e são o barómetro mais objectivo para se medir o sentimento do eleitorado em relação ao rumo que está a ser seguido.

A probabilidade de uma enorme derrota eleitoral para os democratas será um sério aviso à Administração Obama. Mas ao contrário do que muitos começam já a anunciar, mais uma vez de forma precipitada, ela não significará o falhanço de um segundo mandato para Obama.

Pôr as coisas em perspectiva
Antes de seguir o ruído, convém olhar para a história política americana, para que possamos pôr as coisas em perspectiva. Em 1982, o Partido Republicano perdeu as intercalares para o Congresso, no auge da Reaganismo. Dois anos depois, Ronald Reagan não só foi reeleito como conseguiu uma das maiores maiorias presidenciais da história americana: 58.8 por cento do voto popular, 525 Grandes Eleitores, 49 estados ganhos (só perdeu em Washington D.C. e no Minnesota).

Em 1994, Bill Clinton estava a meio do seu primeiro mandato presidencial. Aparecia em Washington como um jovem Presidente vindo de um pequeno estado do Sul (o Arkansas), com uma agenda progressista em questões como o aborto ou os direitos das minorias.

Os seus dois primeiros anos na Casa Branca acicataram as hostes conservadoras – em níveis de hostilidade que, nalguns aspectos, fazem lembrar os imensos problemas que Obama hoje enfrenta.

A «Revolução Republicana», liderada por Newt Gingrich, com o seu «Contrato com a América», parecia ter dado uma machadada fatal no que faltava da Presidência Clinton, vista pela forte ala conservadora como «demasiado divisiva e liberal» para os EUA.

Mas, tal como acontecera no início da década de 80, também nos anos 90 uma grande derrota nas intercalares não implicou a perda da reeleição ao presidente em funções. Em 1996, Bill Clinton bateu o republicano Bob Dole com facilidade – ainda que não tenha atingido a maioria absoluta do voto popular.

Clinton foi reeleito porque soube corrigir a tempo o foco da sua agenda presidencial. Forçou o diálogo com o Congresso e quando não o conseguiu ficou patente que a força de bloqueio estava no campo republicano – e que era o Presidente quem tinha o rumo certo que levou ao crescimento económico.

Agarrar o centro
A chave para se perceber a segunda fase do primeiro mandato presidencial de Obama está aí: em saber se Barack conseguirá agarrar o centro.

O caso de Obama é um pouco diferente do de Clinton. Ironicamente, Barack partiu com uma maioria presidencial muito superior às duas vitórias de Bill. Mas o centro político que Clinton soube conquistar durante a sua presidência foi, precisamente, aquilo que Obama deixou escapar nestes dois anos.

O dilema de Obama vê-se em questões chave como a Reforma da Saúde. A aprovação da Health Care Bill foi, talvez, a principal conquista da primeira metade da Administração Obama. O problema é que continua a ser impopular – de tal modo que, nesta campanha para o Congresso, alguns candidatos democratas se demarcaram do ObamaCare, receando perder votos com uma reforma que ainda assusta tanta gente na América.

Antecipar 2012
Ainda está por apurar a verdadeira extensão do desastre para os democratas: se perderem as duas câmaras do Congresso, estaremos perante uma hecatombe equiparável a 1994.

Mas as contas no Senado ainda beneficiam o partido de Obama, sobretudo depois da nomeação republicana de Christine O’Donell no Delaware – um facto inesperado, que terá oferecido o lugar, de bandeja, a Chris Coons e torna provável a manutenção de 51 senadores para os democratas.

Seja qual for a dimensão da derrota, Obama está já a preparar a melhor estratégia para 2012. E o seu maior trunfo será o arranque a sério da recuperação económica.

Nas últimas semanas, a equipa económica que rodeou o Presidente nos últimos dois anos sofreu alterações de fundo. Primeiro foi Christina Romer, chefe dos conselheiros económicos de Obama, a anunciar a sua intenção de abandonar Washington, para voltar a dar aulas em Berkeley.

Mais recentemente, foram confirmadas as saídas de Peter Orszag, o homem forte do Orçamento, e Larry Summers, conselheiro económico nacional e um dos mentores dos megaplanos de recuperação e reinvestimento aprovados, a muito custo, no Congresso, nos primeiros meses da Administração Obama.

Summers deixará a Casa Branca até ao final do ano, para retomar o seu posto universitário em Harvard. Nos corredores de Washington, fala-se também da saída do secretário do Tesouro, Tim Geithner, no primeiro trimestre do próximo ano.

O cenário está, por isso, montado: Obama iniciará uma mudança de rota na sua agenda económica. Se a isto juntarmos a saída de Rahm Emanuel da chefia de gabinete da Casa Branca (será candidato à câmara de Chicago), tudo parece indicar que a segunda metade desta administração será marcada por um maior enfoque num «reach across the aisle» – em conseguir estabelecer o diálogo com o outro lado da barricada.

A grande questão nos próximos dois anos resume-se a isto: com os republicanos a controlarem o Congresso muito em breve, Obama terá que forçar a barra, responsabilizando o adversário, se este não quiser cooperar. Os americanos não gostam de «complainers» e de quem só destrói e não sabe construir.

Se o comportamento dos republicanos continuar a ser de bloqueio permanente, a bola poderá voltar a ficar do lado do Presidente. Os próximos meses em Washington prometem ser muito interessantes.»

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Carly Fiorina a um ponto de Barbara Boxer na Califórnia



Se a candidata republicana bater a nomeada democrata num dos estados mais democratas dos EUA, pode mesmo estar para vir uma hecatombe para o Partido Democrata em Novembro...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Histórias da Casa Branca: Nuvens negras sobre Washington


Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a de 23 de Setembro de 2010:

«Durante décadas, o bipartidarismo tornou-se um axioma em Washington. O domínio de democratas e republicanos parecia ser uma verdade insofismável. Mas o descontentamento em torno de quem tem o poder nos três grandes pilares do sistema – Casa Branca, Senado e Câmara dos Representantes – está a atingir níveis que dão a movimentos como o Tea Party uma visibilidade absolutamente inesperada.

A verdadeira dimensão deste fenómeno (novo e, a vários níveis, preocupante) está ainda por apurar. Mas o resultado das eleições intercalares de Novembro poderá ajudar-nos a avaliar, de forma um pouco mais sustentada, o tipo de alterações que estão a ocorrer na política americana.

Nos últimos meses, houve sinais que merecem ser analisados. Um deles tem a ver, obviamente, com a falta de popularidade de Barack Obama. A crise económica será o principal factor de explicação para a súbita passagem, em pouco mais de um ano, do Presidente de «Messias» (Novembro de 2008) para «desilusão» -- rótulo que se vai arrastando, de há uns meses para cá, em alguns sectores da sociedade americana.

Por muito simplista que esta transformação possa parecer, a verdade é que ela ainda não foi desmontada pela poderosa máquina de «marketing» que envolve Obama.

A vontade (já assumida publicamente) de Rahm Emanuel de abandonar o cargo de ‘chief of staff’ da Casa Branca, para poder candidatar-se ao cargo de ‘mayor’ de Chicago depois de Novembro, é mais um sinal de alarme.

Rahm não é, propriamente, um dos mais indefectíveis da Obamania (nas primárias democratas, até apoiou Hillary), mas foi escolhido por Barack para fazer a ponte entre o núcleo político da Administração Obama e as bases democratas no Congresso.

Ora, um dos aspectos que está a falhar na mensagem política da Administração Obama é, precisamente, a falta de capacidade em estabelecer consensos no Congresso – mesmo no lado democrata.

A saída anunciada de Rahm Emanuel, por si só, não significa o falhanço do primeiro mandato de Obama. E a escolha provável de Valerie Jarrett (uma das conselheiras mais próximas do Presidente) para sucessora de Rahm poderá apontar para uma ainda maior influência dos FOB («Friends of Barack») e não da base democrata na orientação política da Administração Obama.

Radicalização
Mas não se pense que os problemas de mobilização se situam apenas, neste momento, no campo democrata.

A era Obama tem sido marcada pelas nuvens negras de uma nova Depressão – e isso explica uma boa parte do descontentamento dos eleitores em relação à actual administração.

Jimmy Carter, Presidente dos EUA entre 1977 e 1981, foi muito claro, em entrevista recente ao Larry King Live: «Barack Obama será, talvez, o Presidente da história americana que enfrentou o ambiente mais hostil em Washington -- e estou a incluir Abraham Lincoln na lista».

O que já seria menos previsível é esta contaminação da zona extremista de que o Partido Republicano está a ser vítima. As primárias para as ‘midterms’ de Novembro foram pródigas em exemplos que sustentam essa contaminação, com as vitórias de Rand Paul (Kentucky), Marco Rubio (Florida), Ken Buck (Colorado), Sharron Angle (Nevada) ou Christine O’Donell (Delaware).

Do ponto de vista do cálculo eleitoral, não restariam grandes dúvidas que o que mais interessa ao Partido Republicano é manter-se com um discurso clássico e moderado.

Se o fizer, lançará o caminho para que um candidato como Mitt Romney, Mitch Daniels ou Tim Pawlenty possa vir a ser nomeado presidencial que dispute o centro e os independentes com Barack Obama, em 2012.

Mas os tempos, nos EUA, não estão muito favoráveis aos cálculos clássicos. «As pessoas estão frustradas e colocam os conservadores no saco dos culpados. Este é um péssimo ano para quem tem ligações a Washington e pretende concorrer ao Congresso», aponta Trace Adkins, um popular cantor country ligado a sectores da Direita americana, em entrevista ao Anderson Cooper 360º, na CNN.

O projecto Palin
Esta frustração com o «poder de Washington» tem servido de combustível ao fenómeno político do momento na América: o movimento Tea Party.

Um ano e meio depois do desastre eleitoral de 4 de Novembro de 2008, nem a falta de popularidade de Obama é suficiente para repor a normalidade no Partido Republicano.

À medida que o Tea Party vai penetrando na estrutura central do GOP, vai crescendo o espaço para o projecto presidencial de Sarah Palin em 2012.

Os sinais estão bem à vista: Sarah demitiu-se do cargo de governadora do Alasca há um ano e, desde aí, tem-se dedicado em exclusivo a alargar a sua base de apoio a toda a América, tendo uma enorme base de recrutamento nos descontentes do «poder de Washington».

Nos dias que correm, é muito difícil combater este movimento – apesar da sua falta de consistência política.

Será apenas um fenómeno passageiro, que esmorecerá com a recuperação económica? Olhando para o nervosismo que domina as cúpulas dos dois grandes partidos do sistema, parece que ninguém, neste momento, sabe responder a esta questão.»