O blogue que, desde novembro de 2008, lhe conta tudo o que acontece na política americana, com os olhos postos nos últimos dois anos da era Obama e na corrida às eleições presidenciais de 2016
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Carly Fiorina a um ponto de Barbara Boxer na Califórnia
Se a candidata republicana bater a nomeada democrata num dos estados mais democratas dos EUA, pode mesmo estar para vir uma hecatombe para o Partido Democrata em Novembro...
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Histórias da Casa Branca: Nuvens negras sobre Washington
Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a de 23 de Setembro de 2010:
«Durante décadas, o bipartidarismo tornou-se um axioma em Washington. O domínio de democratas e republicanos parecia ser uma verdade insofismável. Mas o descontentamento em torno de quem tem o poder nos três grandes pilares do sistema – Casa Branca, Senado e Câmara dos Representantes – está a atingir níveis que dão a movimentos como o Tea Party uma visibilidade absolutamente inesperada.
A verdadeira dimensão deste fenómeno (novo e, a vários níveis, preocupante) está ainda por apurar. Mas o resultado das eleições intercalares de Novembro poderá ajudar-nos a avaliar, de forma um pouco mais sustentada, o tipo de alterações que estão a ocorrer na política americana.
Nos últimos meses, houve sinais que merecem ser analisados. Um deles tem a ver, obviamente, com a falta de popularidade de Barack Obama. A crise económica será o principal factor de explicação para a súbita passagem, em pouco mais de um ano, do Presidente de «Messias» (Novembro de 2008) para «desilusão» -- rótulo que se vai arrastando, de há uns meses para cá, em alguns sectores da sociedade americana.
Por muito simplista que esta transformação possa parecer, a verdade é que ela ainda não foi desmontada pela poderosa máquina de «marketing» que envolve Obama.
A vontade (já assumida publicamente) de Rahm Emanuel de abandonar o cargo de ‘chief of staff’ da Casa Branca, para poder candidatar-se ao cargo de ‘mayor’ de Chicago depois de Novembro, é mais um sinal de alarme.
Rahm não é, propriamente, um dos mais indefectíveis da Obamania (nas primárias democratas, até apoiou Hillary), mas foi escolhido por Barack para fazer a ponte entre o núcleo político da Administração Obama e as bases democratas no Congresso.
Ora, um dos aspectos que está a falhar na mensagem política da Administração Obama é, precisamente, a falta de capacidade em estabelecer consensos no Congresso – mesmo no lado democrata.
A saída anunciada de Rahm Emanuel, por si só, não significa o falhanço do primeiro mandato de Obama. E a escolha provável de Valerie Jarrett (uma das conselheiras mais próximas do Presidente) para sucessora de Rahm poderá apontar para uma ainda maior influência dos FOB («Friends of Barack») e não da base democrata na orientação política da Administração Obama.
Radicalização
Mas não se pense que os problemas de mobilização se situam apenas, neste momento, no campo democrata.
A era Obama tem sido marcada pelas nuvens negras de uma nova Depressão – e isso explica uma boa parte do descontentamento dos eleitores em relação à actual administração.
Jimmy Carter, Presidente dos EUA entre 1977 e 1981, foi muito claro, em entrevista recente ao Larry King Live: «Barack Obama será, talvez, o Presidente da história americana que enfrentou o ambiente mais hostil em Washington -- e estou a incluir Abraham Lincoln na lista».
O que já seria menos previsível é esta contaminação da zona extremista de que o Partido Republicano está a ser vítima. As primárias para as ‘midterms’ de Novembro foram pródigas em exemplos que sustentam essa contaminação, com as vitórias de Rand Paul (Kentucky), Marco Rubio (Florida), Ken Buck (Colorado), Sharron Angle (Nevada) ou Christine O’Donell (Delaware).
Do ponto de vista do cálculo eleitoral, não restariam grandes dúvidas que o que mais interessa ao Partido Republicano é manter-se com um discurso clássico e moderado.
Se o fizer, lançará o caminho para que um candidato como Mitt Romney, Mitch Daniels ou Tim Pawlenty possa vir a ser nomeado presidencial que dispute o centro e os independentes com Barack Obama, em 2012.
Mas os tempos, nos EUA, não estão muito favoráveis aos cálculos clássicos. «As pessoas estão frustradas e colocam os conservadores no saco dos culpados. Este é um péssimo ano para quem tem ligações a Washington e pretende concorrer ao Congresso», aponta Trace Adkins, um popular cantor country ligado a sectores da Direita americana, em entrevista ao Anderson Cooper 360º, na CNN.
O projecto Palin
Esta frustração com o «poder de Washington» tem servido de combustível ao fenómeno político do momento na América: o movimento Tea Party.
Um ano e meio depois do desastre eleitoral de 4 de Novembro de 2008, nem a falta de popularidade de Obama é suficiente para repor a normalidade no Partido Republicano.
À medida que o Tea Party vai penetrando na estrutura central do GOP, vai crescendo o espaço para o projecto presidencial de Sarah Palin em 2012.
Os sinais estão bem à vista: Sarah demitiu-se do cargo de governadora do Alasca há um ano e, desde aí, tem-se dedicado em exclusivo a alargar a sua base de apoio a toda a América, tendo uma enorme base de recrutamento nos descontentes do «poder de Washington».
Nos dias que correm, é muito difícil combater este movimento – apesar da sua falta de consistência política.
Será apenas um fenómeno passageiro, que esmorecerá com a recuperação económica? Olhando para o nervosismo que domina as cúpulas dos dois grandes partidos do sistema, parece que ninguém, neste momento, sabe responder a esta questão.»
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Larry Summers abandona a Casa Branca e volta a Harvard até ao final do ano
O Conselheiro Económico Nacional já anunciou ao Presidente a sua intenção de sair e é mais uma baixa na equipa económica de Obama:
«Reporting from Washington — President Obama announced Tuesday that one of his main economic advisors, Lawrence Summers, will be leaving at the end of the year.
Obama had asked Summers, the director of the National Economic Council and assistant to the president for economic policy, to stay through 2010 to help pass a financial regulatory overhaul and to continue guiding the stimulus program passed last year, a senior administration official said. Summers will return to Harvard University.
"I will always be grateful that at a time of great peril for our country, a man of Larry’s brilliance, experience and judgment was willing to answer the call and lead our economic team," Obama said in a statement. "Over the past two years, he has helped guide us from the depths of the worst recession since the 1930s to renewed growth. And while we have much work ahead to repair the damage done by the recession, we are on a better path thanks in no small measure to Larry’s wise counsel."
With his departure, Summers will be the third high-ranking administration official to leave. The others are Christina Romer, who chaired the Council of Economic Advisors, and Peter Orszag, who headed the Office of Management and Budget.
The announcement of Summers’s departure comes amid deep public anxiety over Obama’s handling of the economy. Unemployment is hovering near 10% and the economic recovery has been far slower than the White House had hoped.
Summers' resignation is a victory of sorts for Obama's main Republican foil, House minority leader John Boehner of Ohio.
In a speech last month in Cleveland, Boehner called upon the president to fire both Summers and Treasury Secretary Tim Geithner.
Geithner's job appears safe for now.»
in LATimes.com
«The Sweep: How did Obama lose his Mojo?»
«Chesapeake, Virginia (CNN) -- It's dinner time on Sunday night and fresh burgers are sizzling on the grill a few feet away as Aaron Wheeler Sr., an African-American pastor who marched with the Rev. Martin Luther King Jr. as a kid, sits on his back patio and muses about how it has already been almost two years since President Obama's stunning election night victory electrified a nation.
The 63-year-old Wheeler usually votes Republican, but he will never forget sitting in his living room in southeastern Virginia, about a 3½-hour drive from Washington, watching as state after state fell into the Obama column and tens of thousands of young people joined older men and women from his generation to stream into Chicago, Illinois' Grant Park and chant "Yes we can!" and "We have overcome!" before an international television audience.
"I was so proud, excited -- anticipation like ketchup, you know," Wheeler said, shaking his right arm in the air as if he had a bottle of Heinz in his hand and the condiment just will not gush out. "Water came down my eyes. I couldn't believe it."
Wheeler is one of the original "Obamacans," Republicans who crossed the aisle in 2008 to help propel Obama to his historic victory. That kind of bipartisan appeal led Obama to become the first Democrat to carry Virginia in a whopping 44 years, and he was treated like a rock star when he used the state as the backdrop for his last major rally of the 2008 campaign.
The fact that Obama snarled traffic in Manassas for hours because of a rally that drew 100,000 people that day was a stark display of the enthusiasm gap Republicans faced in 2008. Their presidential nominee, Sen. John McCain, had held a rally in the same city a couple of weeks before the election that drew 8,000 people.
But now the rock star seems to be losing his mojo at the precise time when Democrats most need Obama to rise to the occasion and help save their House and Senate majorities. The stakes could not be higher, because losing control of Congress could cripple Obama's agenda in the final two years of his first term.
Obama's fading clout can be measured by how many Democrats who were so willing to embrace him while he was on top are running from him in races across the country. That includes freshman Virginia Rep. Glenn Nye, who had four campaign events with Obama in 2008 but now is avoiding him like the plague.
Local Republicans like Wheeler, who was shedding tears of joy over Obama's victory just two years ago, say they're now ready to support Nye's Republican opponent, Scott Rigell. If Nye falls, Democrats will be one step closer to having their House majority come crashing down.
Chad Saunders, a Virginian who voted for John McCain in 2008, said he has respect for Obama's willingness to try to bring new ideas to the table -- but he noted that the president is simply stuck in a toxic political environment.
"It seems like it's just complete political unrest ... essentially that regardless of your party affiliation you're not granted time," Saunders said bluntly. "You better have quick results or you're done."
Aaron Wheeler Sr., a Virginia Republican who voted for Obama, is ready to vote for a Republican for Congress this year.To be sure, Obama has been battered by a series of struggles, starting with the economy, but including a series of events that were at least initially beyond his control -- from the Gulf oil disaster to a Republican minority that by any objective standard has tried to block him at every single turn -- and dragged down his approval ratings.
But then there have also been challenges of his own making, such as spending months of political capital on health care reform on top of an already-packed agenda, which led voters from across the political spectrum to tell me on this trip to Virginia that Obama tried to do too much, too fast.
"Honestly I think he just promised to change too many things in 20 months -- no man can do that," said J.P. Binard, an independent in Virginia who voted for Obama in 2008 who stressed that he is nonetheless proud of his vote for the president and impressed with Obama's legislative accomplishments.
In fact, despite all the talk and punditry about how this is the year of the "angry voter" and such, I was struck by how many people of all political parties told me they believe the president is a good man who deserves credit for trying hard to turn the economy around. But this is a microwave society where people want faster results, and you could see the frustration from even some Obama supporters spill over at a CNBC town hall meeting on Monday.
The seminal moment came when a middle-class mother of two, Velma Hart, told the president: "Quite frankly I'm exhausted -- exhausted of defending you, your administration, defending the mantle of change I voted for, and deeply disappointed with where we are right now."
Then Tuesday on CNN's "American Morning," Hart added, "There's no denying that this president and his administration has made progress in these two years, no denying that at all. I just think that for middle-class America, we thought we'd reap the benefits of that a lot faster."
White House spokesman Robert Gibbs tried to deflect some of the heat from Obama by noting, "This is a frustration that built for years and years and years" and predates this administration, since incomes were dropping for a decade. He also tried to stamp out any suggestion the president is out of touch, stressing that Obama understands full well why the American people want to see this turn around faster.
"I don't think anybody believed that it would turn around in a year, a year and a half or 20 months," Gibbs said. "It's understandable there is a lot of anger, frustration out there. The notion that people that supported us would be immune to frustration when the president is frustrated himself, I don't think that is something the president believes."
The question now is whether Obama, who is planning to crisscross the country several times in the final push before the midterm elections, can recapture some of the old magic from 2008 in time to save his party.
Binard, who works at the Bayshore Concrete Products Corp. in Cape Charles on Virginia's Eastern Shore, said voters are looking for an "easy fix" because of the fierce economic climate. He said that people seem ready to embrace divided government -- a Democratic president working with a Republican Congress -- as a last-ditch effort to bring both sides together.
"I believe that a Republican Congress and a Democratic president is a great fit for the United States of America," Binard said. "I think the last couple years have been ineffective because you've had sort of two entities that are operating supposedly alike but yet seem to be different, and I think that's what's discouraging, and perhaps that's what will change."
That mentality could spell trouble for Nye, who is facing a stiff challenge from political newcomer Rigell. Nye won his seat, which represents all of Virginia Beach and the Eastern Shore as well as parts of Norfolk and Hampton, in 2008 by 13,000 votes, thanks in part to a surge of African-American votes because Obama was on the ballot.
That was then. This is now, and like some other Democrats around the country, Nye is running from Obama as fast as he can. The congressman stresses to me again and again his "independent approach," eagerly distancing himself from Obama and House Speaker Nancy Pelosi.
He voted against the president's health care reform bill and seems hardly interested in having Obama come here to stump on his behalf, brushing off any suggestion of a visit by saying, "He does his own schedule."
Rep. Glenn Nye, D-Virginia, appeared with Obama four times in 2008. Now he's distancing himself from the president.But when I gently remind Nye he appeared together with Obama at no less than four campaign events in this district in 2008, the congressman is quick to clarify the circumstances. "I didn't have him here," said Nye. "He came here to see me."
Nye is facing an aggressive charge from Rigell, who owns several car dealerships affiliated with Ford in Virginia Beach, a role that has given him a lot of powerful contacts in the community to help organize voters and raise money.
He's also an easy glad-hander. Years in the car business seem to have burned an "aw-shucks-glad-to-meet-you" smile on Rigell's face, which supporters believe is a sign of a refreshing outsider. But he also signed a pledge of support with the Tea Party, which led some of his supporters to privately tell me they have concerns about whether he will be his own man if he wins. The political newcomer also is not exactly a firebrand on the stump.
"We are 44 days away from big things," Rigell said at a Sunday afternoon rally with other Republican candidates. But then he paused sort of uncomfortably to reveal the "big things" that are coming: "a leadership team" that will do the right thing and cut deficit spending, which draws polite applause from a Republican crowd.
Democrats are also giddy that there is a third-party candidate in the race, Kenny Golden, who is a former Republican. That gives national Democrats hope that Golden will pull votes from Rigell and save Nye's seat, no small development in one of several close battles that will determine control of the House next year. Relying on a relatively unknown third-party candidate to carry you to victory is hardly a rallying cry, but Democrats will take good news where they can get it.
Voters are in 'panic mode'
Nye just turned 36 years old and it's clear he's still getting the hang of this retail politics thing. He arrives for breakfast Sunday at d'Egg Diner in downtown Norfolk and immediately starts shaking the hands of some firefighters sitting by the front door.
But then he quickly joins me in a corner booth without greeting another voter in a joint that's packed on weekend mornings, missing the opportunity to sell himself. Part of the challenge is that politics does not appear to come naturally to Nye, who previously served as a foreign service officer in hot spots like Afghanistan, Bosnia and Iraq.
On this morning he's also in a bit of a hurry because he has to get to services at two churches, important Sunday stops for any politician in this very religious area.
It's not uncommon here to ask someone how they're doing and hear back, "Blessed."
I ask about how he won in 2008, and Nye doesn't wait to start distancing himself from Obama. "Change was the mantra, but it wasn't just the president and his campaign," he said. "People were looking for a different approach, a more pragmatic approach to policy."
While he did break with Obama on health care, Nye supported the president's $787 billion stimulus plan, in part because he was able to win a provision that provided tax cuts for companies that hire unemployed military veterans, a big deal in this heavily military community. He explains his vote by saying something had to be done to save the economy.
"At the time, we were looking at the worst recession any of us had seen in decades, the economy was going off the cliff," said Nye, in between sips of orange juice.
But in the next breath Nye tells me that he was proud to vote against the president's push for a new round of TARP bailout funding in early 2009, even though that, too, was sold as necessary to prevent the economy from falling off the cliff. Nye brushes past the contradiction of why he voted for one and not the other and eagerly stresses that he does not blindly follow Pelosi, a liberal lightning rod in military towns like this one.
"My relationship with her is very pragmatic," said Nye, in a tone that sounds like he's talking about his dentist instead of his leader. "I tell her what I think we should do based on the people I talk to. Sometimes she agrees, sometimes she doesn't."
That approach seems to resonate with some Republican voters in Nye's district, like Saunders and Gary Shrieves, who both work at Bayshore Concrete Products Corp., which Nye visited on Monday.
"I still think in the climate that we live in, he still does owe some allegiance to his party, but he is willing to stand firm for the folks here on the Eastern Shore," Saunders said.
But Shrieves said that regardless of Nye's record of breaking with Obama on some issues, many people here "are just going to vote for something different" regardless.
"There are going to be knee-jerk reactions and that's what you're going to see," he said. "They're in a panic mode so they're going to keep reacting that way."
This is why Nye is breaking with Obama on the Bush tax cuts -- he wants all of them extended, including those for the rich -- and said positive things about House Minority Leader John Boehner's economic plan.
If this race is a referendum on Obama, Nye loses. If it's a referendum on incumbents like Nye, he and the others still may lose, but at least they have a fighting chance.
"I disagree with painting the election as a choice between two parties," Nye said. "I'd rather it be a choice between individuals. That's the choice right now -- not whether they like Obama or like Boehner."
But it's a delicate balancing act and Nye has to be careful not to break too far with Obama or he could turn off African-American voters like Wheeler, who griped to me that Nye "rode in on the Obama wave" and is now opposing him on key issues.
Virginia pastor Melvin Marriner says people in his largely African-American flock don't seem excited about voting now.The Sunday faithful at the Grove Baptist Church, a largely African-American flock, also seem less than enthusiastic about turning out for the midterms. After the 9 a.m. Sunday service, I catch up with Dr. Melvin Marriner, senior pastor.
"People don't seem excited about voting, they don't seem energetic," said Marriner, characterizing their thinking as: "What difference would it make? We've got the first African-American president in office, but look at where we are now."
Marriner added that it is not necessarily directed at the president. "I don't know if they're disappointed in him. I think they are disappointed in the process," he said. "I think they're disappointed in the overall dysfunctional attitude in Congress."
Pumpkins and politics
Rigell is doing all he can to make this race a referendum on Obama and Pelosi, and he's getting a little help from his fellow Republican from Virginia's nearby 4th Congressional District, Rep. Randy Forbes. On Sunday afternoon, Forbes opened up his massive backyard to voters for his regular fall "Pumpkins and Politics" festival, with face painting for the kids and red meat for the adults.
"They are ready to dismantle the greatest military in the world to pay for social programs!" Forbes declared from a makeshift stage on his back lawn surrounded by pumpkins and American flags. Then he put an arm around Rigell and said the most important vote he will cast is not over any one issue. It's over who will be the next speaker of the House.
"Do we continue to let Nancy Pelosi take this country off the cliff?" Forbes asked the crowd of a couple hundred people.
The answer is a thundering "No!"
In an interview later, Rigell picked up the same theme and said Nye's "first vote will be to make Nancy Pelosi speaker of the House again" if the Democrat is re-elected.
Rigell said he decided to leave his comfortable car dealership to run for office because he became "deeply, deeply troubled" about the direction of the country, especially federal debt. So I asked him to name one federal program he would cut, and all he came up with was a "federal hiring freeze" that would hardly put a dent in the deficit.
Pressed for more details, Rigell added, "I'd cut out every TARP program, every stimulus program that's not been fully funded yet. I would unwind that and return it to the treasury."
Because he still had not offered any kind of real budgetary plan, I asked whether he would be willing to cut Medicare, Social Security or defense spending. "We need to keep Social Security strong," he said.
A few minutes later, Forbes and I sat on a couple of bales of hay in his backyard and he proudly noted he is just one of 17 members of Congress who voted against the stimulus and every single bailout. When I asked what would have happened to the financial markets if he had succeeded and the bailouts had not passed, he said the "doomsday scenarios" from both the Bush and Obama administrations were overblown.
Forbes said he's convinced Republicans will take control of the House because of what he calls "arrogance" from Democrats in Washington.
Republican Scott Rigell is running against Nye in the 2nd Congressional District in southeastern Virginia."The intensity level is like I've never seen in all the years that I've studied politics or been involved in it," he said. "I can't go in a Lowe's, a Home Depot, I can't go in a restaurant that we don't have people lining up to come up and say thanks for fighting for us and for the country, because they really feel like the leadership in Congress doesn't care about them and is not listening to them."
"The greatest drive of my life"
The sun is starting to set on southeastern Virginia and Wheeler, the African-American preacher, is in his backyard grilling his hamburgers and reminiscing about his support for Obama in 2008. It turns out there's more to the story beyond the celebration in his living room on election night.
Wheeler could not cast his ballot in Virginia in that election because the former chairman of the Ohio Civil Rights Commission had just recently moved and was still registered to vote there. So a few days before Election Night, he drove 11 hours to participate in Ohio's early voting and pull the lever for Obama.
CNN's Mary Snow happened to be in Columbus, Ohio, when Wheeler showed up to vote and interviewed him about the moment. "Tears came out of my eyes as I cast my ballot," Wheeler said then.
Wheeler is not completely satisfied with Obama's performance, but said he has no regrets about the 22-hour roundtrip.
"It was the greatest drive of my life," said Wheeler. "Proud to do it. I'll never forget it. And it wasn't just about the color, because Jesse Jackson ran. I didn't vote for Jesse."
Wheeler said Obama can't change Washington in just two years, so he's giving him more time.
"President Bush left us in not the best of shape, OK?" he said. "This country was at the edge of financial destruction. He leveled it off. I think he's done a good job. Republicans ought to back off and quit complaining, start helping the president."
Nevertheless, it turns out that Wheeler will not be backing the Democrat in the hotly contested House race here. He has decided to back Rigell over Nye and is organizing outreach to African-American voters for the Republican.
Wheeler said he realizes a Rigell victory could give Republicans control of the House and cripple Obama's agenda. But he sounded optimistic that Rigell is a good man, and a divided government -- a Democratic president and Republican Congress -- might actually force the two parties to work together better.
"I think he'll be his own man," Wheeler said of Rigell. "I don't think he'll be with the party of 'no.' I really believe this guy will make a difference."
The same words were used about Obama in this state two years ago, but it's time for the interview to end. I've got a plane to catch, and Wheeler has some burgers to dig into.»
in CNNpolitics.com
sábado, 18 de setembro de 2010
Histórias da Casa Branca: Tea Party, o amigo improvável dos democratas
Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a 16 de Setembro de 2010:
Tea Party, o amigo improvável dos democratas
Por Germano Almeida
«Nos últimos meses, tem-se anunciado, com insistência, a vitória antecipada do Partido Republicano nas intercalares de Novembro. Mesmo descontando o elevado grau de imprevisibilidade que sempre domina umas eleições na América, parece certo que os republicanos terão grandes ganhos eleitorais. Mas há um amigo improvável dos democratas que pode baralhar as contas: o movimento Tea Party.
No clima de forte crispação que continua a marcar a política americana, o Tea Party (que é, já por si, um movimento tendencialmente crispado contra o «poder de Washington») aproveitou-se de condições especialmente favoráveis para atingir proporções dificilmente imagináveis até há um ano e pouco.
O sentimento anti-Washington é um dado tão forte no actual momento da política americana que nem os políticos da cúpula republicana escapam às ondas de choque.
A questão é complexa, mas poderá ser simplificada nestes termos: Obama é um Presidente com características que desagradam a quase metade da América – e alguns dos pontos da agenda transformadora de Barack chocam com os valores fundamentais da ala radical da Direita nos EUA.
A juntar a tudo isto, sucede que a crise económica continua ser forte em vários estados que em 2008 se tinham rendido à Obamania, mas que, na sua base, são tendencialmente conservadores (como a Virgínia, o Indiana, o Ohio ou a Carolina do Norte).
Com a passagem de Obama ao poder, alguns dos estados que Barack tinha ganho eleitoralmente a 4 de Novembro de 2008 revelam hoje uma larga maioria republicana, sendo que uma boa fatia desse eleitorado se mostra tentada a apoiar candidatos com um discurso conservador muito radicalizado.
Está, assim, montada uma espécie de «tempestade perfeita», que já provocou os seus estragos nas primárias republicanas para o Congresso. Alguns dos candidatos clássicos do Partido Republicano perderam, inesperadamente, a nomeação para pretendentes apoiados pelo Tea Party – muitos deles com pouco ou nenhum currículo político.
Como é que isto pode beneficiar os democratas? Por uma lei quase universal na política e que deverá voltar a manifestar-se em algumas disputas em Novembro: num sistema bipolar como o americano, quando um dos lados se alarga, mas se deixa dominar pela ala mais radicalizada, o outro pode ficar com a maioria – mesmo partindo atrás.
O efeito Christine O'Donell
Não foi, propriamente, um furacão que varreu o núcleo central do Partido Republicano, mas os estragos do Tea Party são evidentes.
As vitórias de Ken Buck, no Colorado, e Rand Paul, no Kentucky, já tinham servido de aviso. Na última ronda de primárias, disputada esta semana, houve mais um caso que dá que pensar: Christine O'Donell, 41 anos, consultora de marketing apoiada pelo Tea Party, obteve, de forma surpreendente, a nomeação republicana para a vaga no Senado pelo Delaware, vencendo o super-favorito Mike Castle, o político republicano mais respeitado daquele estado fortemente democrata.
Numa análise eleitoral, a vitória de O'Donell é, simplesmente, irracional. Com Mike Castle, os republicanos teriam fortes probabilidades de arrebatar aos democratas a vaga no senado. Sendo Christine a nomeada, o seu discurso ultra-conservador não colherá na hora de disputar o eleitorado num dos estados mais liberais dos EUA. E assim os democratas acabarão por manter um lugar que, em condições normais, estaria em risco.
Valores americanos
O Tea Party não é um movimento muito estruturado. Espelha, em traços gerais, o descontentamento dos segmentos mais conservadores com o excessivo pendor liberal que consideram existir, neste momento, em Washington – mas alberga correntes muito diversas e pouco coesas.
Como o discurso clássico dos republicanos é mais moderado, esta radicalização começou em manifestações espontâneas, um pouco por toda a América, mas foi-se organizando, nos últimos meses, encontrando em Sarah Palin e no popular comentador televisivo Glenn Beck os seus rostos mais visíveis.
Uma enorme comício realizado no final de Agosto em Washington, no Lincoln Memorial, precisamente com Palin e Beck como principais oradores, juntou meio milhão de pessoas. O descontentamento com a Administração Obama era um traço comum, mas tanto Sarah como Glenn optaram por não afrontar directamente o Presidente e falaram em «restaurar os valores da América e a sua honra».
O sucesso do Tea Party tem muito a ver com esse equívoco: o de se achar que só uma parte dos EUA corporiza os «verdadeiros valores americanos». Nesse comício, Sarah Palin falou muito no facto de ser «mãe de um veterano de guerra» – como se só na Direita houvesse mães e pais de soldados que arriscam a vida pela América.
Por estes dias, o discurso radical tem um assustador espaço para crescer na política americana. Até que ponto isso poderá baralhar as contas das intercalares, é uma dúvida que só será tirada em Novembro.
A reacção imediata do 'mainstream' republicano à nomeação de Christine O'Donell foi esclarecedora: Mike Castle, o candidato derrotado, recusa-se a dar apoio à nomeada do seu próprio partido, na disputa com os democratas em Novembro. E Karl Rove, um dos mais influentes estrategas do GOP, fez fortes críticas à falta de consistência política de Christine.
Uma coisa parece certa: o Tea Party foi o mais inesperado aliado dos democratas, na luta de preservar a maioria das duas câmaras do Congresso.
A política americana continua a ter uma enorme capacidade de produzir surpresas.»
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Christine O'Donnell, a grande surpresa da última noite de primárias para o Congresso
A candidata apoiada pelo Tea Party derrotou o super-favorito Mike Castle, na corrida pela nomeação republicana no Senado do Delaware. Péssimas notícias para a ala centrista do Partido Republicano e uma inesperada boa nova para os democratas...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Valerie Jarrett pode ser a sucessora de Rahm Emanuel como 'chief of staff' da Casa Branca
sábado, 11 de setembro de 2010
Histórias da Casa Branca: Um Ano para a Paz no Médio Oriente
Texto publicado no site de A BOLA, secção Outros Mundos, a 10 de Setembro de 2010:
Um ano para a paz no Médio Oriente
Por Germano Almeida
«Barack Obama iniciou em Washington, a 2 de Setembro, um novo processo de paz para o Médio Oriente. Será uma das principais cartas a lançar na frente externa para o seu primeiro mandato – e nos meios diplomáticos já se começava a achar que o 44.º Presidente dos EUA tardava em arrancar a sério com um tema que tinha apontado como prioritário na sua agenda de política internacional.
A verdade é que só agora Obama pôde colocar assunto tão delicado no topo das suas prioridades. E, mesmo sendo as expectativas iniciais relativamente baixas (afinal de contas, o passado recente não é nada animador), há um dado que volta a ficar muito claro: os Estados Unidos continuam a ser o único intermediário suficientemente poderoso para sentar as duas partes à mesma mesa – dispostas a fazer cedências e estabelecer compromissos.
Há pouco mais de dez anos, em Camp David, Bill Clinton (na altura, a cumprir os últimos meses do seu segundo mandato) terá sido o Presidente dos EUA que esteve mais próximo de promover um acordo de paz estável e duradouro. Ehud Barak era o primeiro-ministro israelita, mas Yasser Arafat, como líder da Autoridade Palestiniana (AP), não quis ceder no conceito de «soberania» (ndr: para mais pormenores, pode consultar o texto «O fantasma de Camp David», publicado nesta rubrica a 5 de Agosto passado).
Uma década depois, os dados do jogo são muito diferentes. Benjamin Netanyahu, 60 anos, regressou à liderança do governo israelita (depois de uma primeira passagem, de má memória para os esforços de paz, no final dos anos 90) e do campo palestiniano, o líder da AP, Mahmud Abbas, 75 anos, tem um duplo problema de legitimidade: por um lado, o seu mandato como presidente da AP expirou há 21 meses; por outro, Abbas só tem um controlo político real nas porções da Cisjordânia atribuídas aos palestinianos, dado que a Faixa de Gaza é dominada pelo Hamas (facção rival do Fatah, de onde é originário Abbas).
Num Mundo com tensões muito complicadas de gerir, o conflito israelo-palestiniano será, talvez, o mais complexo de todos: pela sua história, pelas suas especificidades religiosas e pelas limitações geográficas da região.
Afinal de contas, o que estão em disputa são territórios relativamente pequenos e «estrangulados» pelo mar, de um lado, e pelos países vizinhos, do outro.
Se já é difícil mediar uma negociação entre Israel e a Palestina, a questão ganha muito maior delicadeza quando, do lado palestiniano, o que a AP reivindica é bem menos do que o Hamas exige. E quando, do ponto de vista de israelita, uma das facções palestinianas (o Hamas), tem como um dos principais objectivos a «extinção do estado de Israel».
A questão de Jerusalém Oriental (que terá comprometido a concretização de um grande acordo em Camp David), voltará a ser crucial, dez anos depois.
Dois estados, mais segurança
Perante este cenário, há um ponto de partida reconhecido por todas as partes que agora começam uma longa série de negociações: a «two states solution», consagrada em Annapolis (Novembro de 2007), é a base negocial.
Israel terá que aceitar a criação de um Estado palestiniano, com fronteiras claras e soberania reconhecida; os palestinianos terão que dar as condições que levem a maiores garantias de segurança para Israel.
Nas declarações de lançamento, tanto Barack Obama como Hillary Clinton deram grande enfoque a essa junção de esforços: «A 'two states solution' é a nossa base de licitação», atirou Obama. E Hillary reforçou: «Sabemos que os dois lados terão que fazer concessões dolorosas. Os EUA vão mediar e serão muito pacientes. Estamos aqui para vos ouvir e contribuiremos para uma solução final. Ela será demorada – e só poderá ser possível se as duas partes quiserem. A resposta terá que partir de Israel e da Autoridade Palestiniana.»
O momento de Hillary
Mesmo com tantos constrangimentos iniciais, a Administração Obama deposita grandes expectativas neste processo de paz. Directamente envolvidos nas negociações estão políticos e diplomatas americanos de topo.
A liderar as negociações estará Hillary Clinton. A actual secretária de Estado assistiu bem de perto à última grande maratona negocial mediada por uma administração americana – e que redundou em 14 longos dias em Camp David: era Primeira Dama dos Estados Unidos, corria o mês de Julho de 2000.
No breve discurso de início dos trabalhos, Hillary lembrou: «Sei que muitos olham com alguma desconfiança para um novo processo de paz, devido aos falhanços e às desilusões do passado. Acreditem: percebo isso, porque também os vivi...»
Um eventual sucesso, dentro de um ano (o prazo limite definido por Barack Obama), deste processo de paz seria uma espécie de jóia da coroa do trabalho de Hillary Clinton no Departamento de Estado.
Outro negociador crucial para o processo que agora começa é, obviamente, George Mitchell, o enviado-especial do Presidente Obama para a Paz no Médio Oriente. Antigo líder da maioria democrata no Senado, no início da década de 90, teve o seu grande momento diplomático poucos anos depois, como enviado-especial do Presidente Clinton para a paz no Irlanda do Norte, ao dar um contributo decisivo para os Acordos de Belfast (1998).
A Jordânia e o Egipto
Obama deu início aos trabalhos num jantar oferecido em Washington, com Netanyahu e Abbas, no qual também participaram o rei Abdullah II e o presidente Hosni Mubarak. A Jordânia e o Egipto são dois fortes aliados dos EUA na região – e conferem um tom mais amplo ao processo de paz.
Barack aposta forte num acordo de paz no Médio Oriente até ao final do Verão de 2011 para fortalecer a posição norte-americana na região.
Com a retirada oficial do Iraque, os EUA receiam um avanço iraniano. Uma solução duradoura para o problema israelo-árabe tornava o Irão ainda mais isolado – e poderia retirar trunfos à ameaça nuclear de Ahmadinejad.
A questão da moratória
Netanyahu teve uma intervenção inicial promissora, lançando um desafio a Abbas: provar que há razões para que um confie no outro. «Eu sou seu parceiro. Você é meu parceiro?»
Mais à defensiva, Abbas também carregou na tecla da «necessidade de se chegar à paz». Mas o líder palestiniano deixou claro que, para que este processo possa atingir etapas mais avançadas, há que ser prorrogada a moratória, que termina a 26 de Setembro, que congela a construção de novos colonatos israelitas na Cisjordânia.
Gestão de expectativas
Tony Blair, antigo primeiro-ministro do Reino Unido e representante especial do Quarteto (EUA, Rússia, ONU e União Europeia) para a Paz no Médio Oriente, acredita no sucesso deste novo processo de paz.
«Pela primeira vez em muitos anos, temos boas hipóteses de chegar a um acordo. Por duas razões: a primeira é que o presidente Barack Obama fez da questão do Médio Oriente uma das suas prioridades. A segunda é que a situação na região, desta vez, está favorável», comenta Blair, em entrevista ao Le Monde.
Foram décadas a tentar e, apesar de alguns avanços consideráveis, têm sido muitos mais os recuos. Haverá mesmo razões para acreditar que será desta?»
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Histórias da Casa Branca: Sair do Iraque e voltar ao essencial
Texto publicado a 2 de Setembro de 2010, no site de A BOLA, secção Outros Mundos:
Sair do Iraque e voltar ao essencial
Por Germano Almeida
«Barack Obama tinha apontado a data de 31 de Agosto de 2010 para a retirada das tropas norte-americanas no Iraque. Simbolicamente, foi esse o momento definido para pôr termo à operação militar «Iraqi Freedom», iniciada, há sete anos e meio, por George W. Bush. A promessa de Obama foi cumprida – mas o tempo não está propício para se cantar «vitória».
No segundo discurso que realizou sentado à mesa da Sala Oval desde que é Presidente, Barack Obama optou, durante 18 minutos, por uma abordagem muito pragmática do problema.
E talvez fosse mesmo essa a melhor estratégia. O Iraque nunca foi a guerra de Obama. Como Presidente, herdou-a do seu antecessor – e para que os americanos pudessem ter uma saída digna de um cenário que nunca deveria, sequer, ter ocorrido, Barack tinha traçado um plano faseado cujos contornos haviam sido anunciados ainda durante a campanha presidencial que o levou à Casa Branca.
Sem tentar lançar ideias erradas como aquela do «mission accomplished» que fez Bush cair no ridículo (afinal de contas, os verdadeiros problemas dos americanos no Iraque estavam, nessa altura, a começar, corria o mês de Maio de 2003...), Obama focou-se no essencial: a situação no terreno continua a ser difícil, mas o tempo da América se manter como força dominante no Iraque terminou. «Chegou a altura de os iraquianos assumirem o seu próprio destino», reforçou Barack.
Mais do que uma proclamação de vitória, que seria do agrado da "real America", Barack Obama marcou um momento importante na sua Presidência: dando seguimento ao que prometia desde a campanha presidencial, consumou o «virar de página» nas prioridades do exército americano. A partir de agora, as baterias de Washington estão apontadas para Cabul.
Próximo destino: Afeganistão
Horas antes do discurso do Presidente, o seu número dois, Joe Biden, marcava presença, em Bagdade, na cerimónia de transição com o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Al Maliki.
A saída do Iraque era uma «landmark» na agenda da Administração Obama para que a agulha pudesse virar, em definitivo, para o Afeganistão – e os momentos simbólicos de 31 de Agosto confirmaram essa mudança.
Mas isto não significa que a guerra do Iraque tenha, de facto, terminado. Mesmo com a diminuição muito considerável do número de baixas de soldados americanos (tendência que se reforça mês após mês), a verdade é que situação está longe de estar controlada.
A retirada das tropas americanas, que na verdade já tinha começado nos últimos meses, não será total: cerca de 50 mil efectivos militares dos EUA, e mais 30 mil civis americanos, manter-se-ão no Iraque, para dar apoio à transição, pelo menos até ao final do próximo ano.
Oficialmente, darão apenas «apoio técnico e logístico». Mas é difícil de acreditar que os perigos inerentes à situação explosiva que ainda se vive no Iraque não obriguem a um novo envolvimento de uma parte dos efectivos norte-americanos que irão ficar por lá mais alguns meses.
De olho no Irão
Aconteça o que acontecer, os EUA continuarão a estar muito interessados no destino do Iraque. A invasão de 2003, arquitectada pelos 'neocons' e assinada por Bush, teve como pretexto a suposta existência de armas de destruição maciça – um logro no qual muito boa gente caiu.
Mas a deposição de Saddam terá tido motivações bem mais profundas: além do óbvio interesse estratégico do Iraque, Washington queria marcar posição numa área onde o Irão tem um poder crescente.
A vitória militar americana foi relativamente fácil: demorou só três semanas a ser consumada. O pior veio depois. O tal «mission accomplished» lançado por Bush foi, afinal, o constatar do óbvio: no plano estritamente bélico, derrotar os EUA continua a ser uma impossibilidade.
Só que o se passou a seguir foi trágico: para os iraquianos, mas também para os americanos. Com a destruição da estrutura de poder que rodeava Saddam, a guerra civil foi inevitável, num país de enorme complexidade étnica e religiosa.
Apoiados pelo Irão, os xiitas foram dominando as cúpulas de poder. E os sunitas, que tinham supremacia durante a era de Saddam, foram forçados a aliar-se aos americanos para poderem manter alguma influência.
Neste quadro complexo, torna-se difícil de imaginar uma saída pacífica para o futuro do Iraque. Perante a ameaça iraniana, e o fantasma nuclear de Ahmadinejad latente, a Administração Obama não permitirá um domínio total dos xiitas no Iraque.
«Back to basics»
A parte final do discurso de Obama foi muito esclarecedora em relação à verdadeira prioridade do Presidente dos EUA: a frente interna.
Barack voltou a falar nos «tempos difíceis» que vivemos – e que lhe impedem de prometer já a recuperação económica que os americanos tanto esperam. E recordou: «Esta guerra custou mais de um trilião de dólares aos EUA».
Com a saída do Iraque, Obama quer passar a focar-se no que considera essencial para o seu primeiro mandato: lançar a recuperação económica, melhorar a vida da classe média e resolver, até ao Verão do próximo ano, a guerra do Afeganistão. Um «back to basics» das grandes linhas da sua campanha presidencial.
O cumprimento da data da retirada foi um trunfo somado por Barack Obama. Mas falar-se de um êxito americano no Iraque, olhando para o que aconteceu nos últimos sete anos, seria quase insultuoso.
O tom modesto e comedido do Presidente, com um discurso focado em termos como «sacrifício» e «objectivos», mostra que os EUA ainda foram a tempo de encontrar uma forma de sair com dignidade do maior erro cometido pela América nos últimos anos.»
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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