sábado, 17 de dezembro de 2011

Histórias da Casa Branca: Seja o que Deus e o Iowa quiserem


Mitt Romney, Newt Gingrich e Ron Paul: os primeiros dois vão discutir a nomeação republicana para 2012, mas o congressista do Texas está muito forte no Iowa e pode baralhar as contas ao favoritismo do antigo speaker da Câmara dos Representantes. Romney aposta tudo no New Hampshire e na ideia de ser mais «presidenciável» do que Gingrich


Seja o que o Deus e o Iowa quiserem

Por Germano Almeida



Numa corrida à nomeação republicana, a palavra «Deus» tem sempre importância. Mas há outra que também irá contar muito para a dinâmica deste tão imprevisível combate: e essa palavra é... «Iowa».

De quatro em quatro anos, este pequeno estado do Midwest ganha uma importância inusitada na corrida eleitoral à presidência dos Estados Unidos da América.

Manda a tradição que as primárias tenham no Iowa o seu estado de arranque. E isso pode ter uma enorme relevância na decisão sobre os nomeados.

Em ciclo de eventual reeleição do Presidente em funções (Barack Obama), desta vez a incógnita só se põe num dos lados da barricada.

E que incógnita: os últimos meses foram férteis em mostrar que a disputa pela investidura republicana para 2012 navega ainda num terreno indefinido, sendo pouco claro quais os dados que acabarão por determinar o desfecho da corrida.

A 16 dias do ‘caucus’ do Iowa, Newt Gingrich continua à frente, mas tem vindo a perder, nos últimos dias, alguns pontos num avanço que, até ao início de Dezembro, parecia ser folgado.

Desde que assumiu a liderança das sondagens, o ex-speaker da Câmara dos Representantes passou a estar sob fogo dos seus adversários. Mas ao contrário do que sucedeu com os anteriores frontrunners, Herman Cain e Rick Perry, não se tem saído mal com o embate e ainda não cometeu gaffes comprometedoras.

O Iowa é um estado com uma percentagem de eleitorado branco muito superior à média nacional. Tendo uma população pequena para a realidade americana, conta pouco para o Colégio Eleitoral, mas a sua localização geográfica ajuda a servir de barómetro para corridas mais significativas.

O problema é que é muito difícil fazer previsões sobre os resultados naquele pequeno, mas importante, estado: o sistema que por lá continua a vigorar não é de voto secreto em urna, mas de vários ‘caucuses’: assembleias de vizinhos que definem, de forma colectiva, que candidato apoiar.

Não será, por isso, de estranhar se os resultados de 3 de Janeiro próximo foram diferentes daqueles que as sondagens vierem a indicar.

Romney prepara o pós-Iowa
Se Gingrich vencer o primeiro combate, obtém a legitimação da sua recente condição da ‘frontrunner’. Mas a dinâmica do resto da corrida faz colocar o Iowa como um ‘must-win-state’ para Newt: é que o estado seguinte, o New Hampshire, terá Mitt Romney como vencedor quase certo – e o recente apoio da governadora Nikki Haley, uma 'rising star' do conservadorismo americano, coloca Romney com boas hipóteses no terceiro desafio, a Carolina do Sul (a 21 de Janeiro).

Apesar das óbvias dificuldades em descolar dos 30 por cento de preferências republicanas (valor manifestamente baixo para quem pretende ser o nomeado), Mitt Romney continua a apostar na via do «candidato legítimo».

Nos últimos dois debates, tentou mostrar que não está assustado com o «momento Gingrich» e não foi atrás da regra de atacar directamente quem está a liderar a corrida. Preferiu continuar a assestar baterias para o Presidente, lançando, repetidamente, a farpa ao agora também candidato Barack Obama: «Para se poder prometer empregos, convém ter-se criado empregos».

Desde que não tenha um resultado desastroso no Iowa, Romney continua a ser a carta mais temível para Obama.

Não subestimem Ron Paul
Talvez já seja tarde para antecipar outro cenário que não seja o de um duelo Romney/Gingrich para a nomeação. Mas parece cada vez mais provável que, desta vez, Ron Paul, o candidato libertário, é mesmo para levar a sério.

O discurso frontal e desconcertante de Paul sempre teve uma base fiel de apoio – mas os media nunca o encararam como um candidato credível para sonhar com a nomeação.

Os números mais recentes no Iowa apontam para que Ron Paul fique pelo menos em segundo lugar, não estando afastada a hipótese de ainda ultrapassar Gingrich no estado de arranque.

Mesmo que o Iowa premeie a persistência do congressista do Texas, que já vai na terceira candidatura à presidência, Paul não será, certamente, o nomeado republicano para 2012.

Mas quem o subestimar pode vir a ter uma grande surpresa.

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