O blogue que, desde novembro de 2008, lhe conta tudo o que acontece na política americana, com os olhos postos nos últimos dois anos da era Obama e na corrida às eleições presidenciais de 2016
segunda-feira, 29 de abril de 2013
«Por Dentro da Reeleição» - Apresentação Lisboa 19 abril
A Apresentação Lisboa de «Por Dentro da Reeleição» foi feita a 19 de abril, na Bertrand das Amoreiras. O evento contou com as presenças do General Loureiro dos Santos e dos jornalistas Ricardo Alexandre (Antena1/RTP) e Francisco Sena Santos
«Por Dentro da Reeleição» - Apresentação Porto 17 de abril
A Apresentação Porto do livro «Por Dentro da Reeleição» foi feita a 17 de abril de 2013, na Bertrand Dolce Vita Antas, e contou com as presenças de Carlos Daniel (RTP), Álvaro Costa (Antena 3/RTP) e de Jaime Cancella de Abreu (Prime Books).
Pré-publicação de «Por Dentro da Reeleição» - tvi24.pt, 17 de abril
«É hoje apresentado, pelas 21h30, na Bertrand Dolce Vita Antas, no Porto, o livro «Por Dentro da Reeleição - Os Segredos de uma Jornada Improvável», do jornalista Germano Almeida.
Com edição da Prime Books e texto de abertura do Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Allan Katz, este livro reúne 42 «Histórias da Casa Branca», crónicas sobre política americana que o autor iniciou há vários anos e que já foram publicadas em quatro títulos diferentes: «A Bola», «Sexta», tvi24.pt e no blogue «Casa Branca».
Três anos depois da publicação de «Histórias da Casa Branca ¿ Como o Fenómeno Obama está a Mudar a América e o Mundo», Germano Almeida retrata, neste segundo livro, a reeleição de Barack Obama, tendo como trunfo o facto de ter estado na América nas três semanas decisivas da eleição presidencial de novembro de 2012.
Germano Almeida é jornalista do Maisfutebol e assina regularmente, no tvi24.pt, crónicas com o título «Histórias da Casa Branca».
Perto de 60 por cento dos textos selecionados para este livro foram publicados no tvi24.pt.
A apresentação desta noite está marcada para as 21h30, na Bertrand Dolce Vita Antas, no Porto, com os jornalistas Carlos Daniel e Álvaro Costa. Na próxima sexta, dia 19, às 18h30, será a vez da apresentação em Lisboa, com o general Loureiro dos Santos e os jornalistas Ricardo Alexandre e Francisco Sena Santos.
O livro será posto à venda amanhã, quinta-feira, nas livrarias de todo o país. Leia, em pré-publicação, aqui notvi24.pt, um excerto da Introdução:
«Com muitas qualidades e muitos defeitos, a América continua a ser o país mais influente e poderoso do Mundo.
Mesmo perante a ascensão da China e o reerguer da Rússia. Mesmo com o crescimento da Índia em áreas como a inovação e o conhecimento científico. Mesmo perante anos de desemprego elevado e crise económica.
O primeiro mandato presidencial de Barack Obama voltou a provar que a «ascensão dos outros» não implica a perda de influência dos EUA.
Os Estados Unidos são um país com uma média de idades relativamente jovem. São, de longe, a maior economia do Mundo. Mesmo com os cortes anunciados, continuam a ter uma supremacia militar impressionante. E estão, hoje, menos dependentes do petróleo estrangeiro do que estavam há 15 ou 20 anos.
Por outro lado, as relações de forças estão a mudar, indiscutivelmente. Um recente relatório do PNUD indica que em 2020 (já não falta assim tanto tempo) o produto combinado de Índia, China e Brasil será superior ao de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e Itália juntos.
Ora, isto não é apenas uma mudança: é um novo mundo, literalmente.
E o que vemos é que os EUA continuam a ser um «player» fundamental, com poderes e características únicas, nesta nova realidade.
Mesmo que de forma um pouco diferente do que estávamos habituados nas últimas décadas, os EUA continuarão a ser o «país indispensável».
O que torna os Estados Unidos especiais é a sua abertura. A capacidade notável que têm de integrar o outro. De reagir às adversidades, olhando para a frente e não para trás. De inovarem e de se reinventarem.
Ao contrário dos receios que por cá vivemos de que a Europa esteja condenada a fazer parte do passado, os Estados Unidos serão sempre um país do futuro.
Mesmo numa fase de tamanha clivagem ideológica entre os dois campos partidários (e como isso afetou o primeiro mandato de Barack Obama¿), é extraordinário verificar que a ideia matricial de democratas e republicanos continua a ser idêntica: a de que, na América, «não importa de onde se veio, mas para onde se vai», como muito bem definiu a antiga secretária de Estado, Condoleezza Rice.»
Com edição da Prime Books e texto de abertura do Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Allan Katz, este livro reúne 42 «Histórias da Casa Branca», crónicas sobre política americana que o autor iniciou há vários anos e que já foram publicadas em quatro títulos diferentes: «A Bola», «Sexta», tvi24.pt e no blogue «Casa Branca».
Três anos depois da publicação de «Histórias da Casa Branca ¿ Como o Fenómeno Obama está a Mudar a América e o Mundo», Germano Almeida retrata, neste segundo livro, a reeleição de Barack Obama, tendo como trunfo o facto de ter estado na América nas três semanas decisivas da eleição presidencial de novembro de 2012.
Germano Almeida é jornalista do Maisfutebol e assina regularmente, no tvi24.pt, crónicas com o título «Histórias da Casa Branca».
Perto de 60 por cento dos textos selecionados para este livro foram publicados no tvi24.pt.
A apresentação desta noite está marcada para as 21h30, na Bertrand Dolce Vita Antas, no Porto, com os jornalistas Carlos Daniel e Álvaro Costa. Na próxima sexta, dia 19, às 18h30, será a vez da apresentação em Lisboa, com o general Loureiro dos Santos e os jornalistas Ricardo Alexandre e Francisco Sena Santos.
O livro será posto à venda amanhã, quinta-feira, nas livrarias de todo o país. Leia, em pré-publicação, aqui notvi24.pt, um excerto da Introdução:
«Com muitas qualidades e muitos defeitos, a América continua a ser o país mais influente e poderoso do Mundo.
Mesmo perante a ascensão da China e o reerguer da Rússia. Mesmo com o crescimento da Índia em áreas como a inovação e o conhecimento científico. Mesmo perante anos de desemprego elevado e crise económica.
O primeiro mandato presidencial de Barack Obama voltou a provar que a «ascensão dos outros» não implica a perda de influência dos EUA.
Os Estados Unidos são um país com uma média de idades relativamente jovem. São, de longe, a maior economia do Mundo. Mesmo com os cortes anunciados, continuam a ter uma supremacia militar impressionante. E estão, hoje, menos dependentes do petróleo estrangeiro do que estavam há 15 ou 20 anos.
Por outro lado, as relações de forças estão a mudar, indiscutivelmente. Um recente relatório do PNUD indica que em 2020 (já não falta assim tanto tempo) o produto combinado de Índia, China e Brasil será superior ao de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França e Itália juntos.
Ora, isto não é apenas uma mudança: é um novo mundo, literalmente.
E o que vemos é que os EUA continuam a ser um «player» fundamental, com poderes e características únicas, nesta nova realidade.
Mesmo que de forma um pouco diferente do que estávamos habituados nas últimas décadas, os EUA continuarão a ser o «país indispensável».
O que torna os Estados Unidos especiais é a sua abertura. A capacidade notável que têm de integrar o outro. De reagir às adversidades, olhando para a frente e não para trás. De inovarem e de se reinventarem.
Ao contrário dos receios que por cá vivemos de que a Europa esteja condenada a fazer parte do passado, os Estados Unidos serão sempre um país do futuro.
Mesmo numa fase de tamanha clivagem ideológica entre os dois campos partidários (e como isso afetou o primeiro mandato de Barack Obama¿), é extraordinário verificar que a ideia matricial de democratas e republicanos continua a ser idêntica: a de que, na América, «não importa de onde se veio, mas para onde se vai», como muito bem definiu a antiga secretária de Estado, Condoleezza Rice.»
terça-feira, 16 de abril de 2013
«Por Dentro da Reeleição» - o dia do lançamento
«Por Dentro da Reeleição» - o dia do lançamento.
Esta quarta-feira será apresentado o meu segundo livro. Três anos depois de «Histórias da Casa Branca», tenho o privilégio de voltar a ter a Prime Books como editora, graças a nova aposta do Jaime Cancella de Abreu.
Conto com todos nas duas apresentações marcadas, a primeira delas já esta quarta à noite, às 21h30, na Bertrand Dolce Vita Antas, apadrinhada pelo Carlos Daniel e pelo Alvaro Costa.
Bem antes, durante a manhã, estejam atentos ao ti24.pt, site onde publiquei 60% das crónicas selecionadas para este livro, porque vai haver uma surpresa...
Obrigado a todos e até já!
Esta quarta-feira será apresentado o meu segundo livro. Três anos depois de «Histórias da Casa Branca», tenho o privilégio de voltar a ter a Prime Books como editora, graças a nova aposta do Jaime Cancella de Abreu.
Conto com todos nas duas apresentações marcadas, a primeira delas já esta quarta à noite, às 21h30, na Bertrand Dolce Vita Antas, apadrinhada pelo Carlos Daniel e pelo Alvaro Costa.
Bem antes, durante a manhã, estejam atentos ao ti24.pt, site onde publiquei 60% das crónicas selecionadas para este livro, porque vai haver uma surpresa...
Obrigado a todos e até já!
domingo, 14 de abril de 2013
Histórias da Casa Branca: a jogada arriscada de Marco Rubio na Imigração
TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 14 DE ABRIL DE 2013:
A Reforma da Imigração é um dos temas principais do segundo mandato de Barack Obama. Mas os contornos da discussão estão ainda a começar. E, desta vez, o Presidente pode contar com aliados inesperados do campo oposto.
Se, do lado da Casa Branca, está muito claro que existe a vontade de se avançar seriamente sobre esta questão central para a sociedade americana, a visão republicana de um problema que abrange 12 milhões de imigrantes ilegais é difusa e, muitas vezes, contraditória.
A imigração será, aliás, o tema que mais expõe as divisões e as sensibilidades tão diversas que existem, neste momento, no Partido Republicano.
Uma análise mais imediata apontaria para uma dicotomia simples: democratas e Obama pró-integração, apoiando medidas legislativas que retirassem repressão e aceitassem legalização; republicanos pró-deportação e apoiando medidas que levassem os imigrantes ilegais a abandonar a América.
No último ano, experiências legislativas em estados como o Arizona (que remetem para o conceito de «auto-deportação») dariam força a esta dicotomia.
Mas os últimos meses mudaram profundamente os dados deste jogo.
Barack Obama assumiu a Reforma da Imigração como uma das suas quatro grandes prioridades, neste início de segundo mandato.
Enquanto isso, no campo republicano, a derrota de novembro de 2012 reduziu espaço às visões mais radicais e ampliou as vozes de quem defende mais pontes políticas.
No meio desta evolução tem emergido, com cada vez mais força e protagonismo, Marco Rubio. Jovem senador da Florida, com 41 anos, muitos apontam-no como o mais bem colocado candidato presidencial republicano para 2016.
Como filho de cubanos, Marco tem uma perspetiva compreensiva deste problema. E a novidade é que Rubio até é um «tea party darling», pela forma como mostra ter visões muito críticas do peso do estado e da questão fiscal.
Neste domingo, Rubio, que faz parte do «Gangue dos Oito», grupo bipartidário responsável por apresentar no Senado uma proposta de reforma de Imigração, fez um autêntico ataque mediático, aparecendo em cinco programas de TV, para expor a necessidade de se avançar numa «Immigration bill», capaz de enquadrar estes milhões de imigrantes, mantendo e até reforçando a segurança interna da América.
«Isto não é uma amnistia. Amnistia é quando se perdoa a alguém por alguma coisa. Não se trata de perdoar. Não estamos a dizer «façam-no ilegalmente, será mais fácil e mais barato», garantiu o senador.
Rubio defende um plano que permita aos imigrantes até agora ilegais que fiquem nos EUA, desde que cumpram determinados requisitos, entre os quais terem tido um emprego, pagarem uma taxa e só poderem pedir a cidadania depois de viverem alguns anos na América.
Ver um líder da direita americana como Marco Rubio com esta visão da imigração é um dado novo que, certamente, dará mais esperanças a um segundo mandato menos crispado e mais capaz de avançar em temas como este.
Mas ainda é cedo para ter certezas sobre isso. Na política americana, nunca se sabe.
A Reforma da Imigração é um dos temas principais do segundo mandato de Barack Obama. Mas os contornos da discussão estão ainda a começar. E, desta vez, o Presidente pode contar com aliados inesperados do campo oposto.
Se, do lado da Casa Branca, está muito claro que existe a vontade de se avançar seriamente sobre esta questão central para a sociedade americana, a visão republicana de um problema que abrange 12 milhões de imigrantes ilegais é difusa e, muitas vezes, contraditória.
A imigração será, aliás, o tema que mais expõe as divisões e as sensibilidades tão diversas que existem, neste momento, no Partido Republicano.
Uma análise mais imediata apontaria para uma dicotomia simples: democratas e Obama pró-integração, apoiando medidas legislativas que retirassem repressão e aceitassem legalização; republicanos pró-deportação e apoiando medidas que levassem os imigrantes ilegais a abandonar a América.
No último ano, experiências legislativas em estados como o Arizona (que remetem para o conceito de «auto-deportação») dariam força a esta dicotomia.
Mas os últimos meses mudaram profundamente os dados deste jogo.
Barack Obama assumiu a Reforma da Imigração como uma das suas quatro grandes prioridades, neste início de segundo mandato.
Enquanto isso, no campo republicano, a derrota de novembro de 2012 reduziu espaço às visões mais radicais e ampliou as vozes de quem defende mais pontes políticas.
No meio desta evolução tem emergido, com cada vez mais força e protagonismo, Marco Rubio. Jovem senador da Florida, com 41 anos, muitos apontam-no como o mais bem colocado candidato presidencial republicano para 2016.
Como filho de cubanos, Marco tem uma perspetiva compreensiva deste problema. E a novidade é que Rubio até é um «tea party darling», pela forma como mostra ter visões muito críticas do peso do estado e da questão fiscal.
Neste domingo, Rubio, que faz parte do «Gangue dos Oito», grupo bipartidário responsável por apresentar no Senado uma proposta de reforma de Imigração, fez um autêntico ataque mediático, aparecendo em cinco programas de TV, para expor a necessidade de se avançar numa «Immigration bill», capaz de enquadrar estes milhões de imigrantes, mantendo e até reforçando a segurança interna da América.
«Isto não é uma amnistia. Amnistia é quando se perdoa a alguém por alguma coisa. Não se trata de perdoar. Não estamos a dizer «façam-no ilegalmente, será mais fácil e mais barato», garantiu o senador.
Rubio defende um plano que permita aos imigrantes até agora ilegais que fiquem nos EUA, desde que cumpram determinados requisitos, entre os quais terem tido um emprego, pagarem uma taxa e só poderem pedir a cidadania depois de viverem alguns anos na América.
Ver um líder da direita americana como Marco Rubio com esta visão da imigração é um dado novo que, certamente, dará mais esperanças a um segundo mandato menos crispado e mais capaz de avançar em temas como este.
Mas ainda é cedo para ter certezas sobre isso. Na política americana, nunca se sabe.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Histórias da Casa Branca: o lado cerebral do Reaganismo
«O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros»
Margaret Thatcher
O seu legado não será pacífico ou consensual. A esquerda nunca lhe perdoará a liderança «liberal» que ditou o início de uma era de cortes na dimensão do Estado nas democracias ocidentais.
Há, até, quem lhe aponte excessiva proximidade com o antigo ditador chileno, o general Pinochet.
Mas Margaret Hilda Thatcher, nascida a 13 de outubro de 1925 em Lincolnshire, e falecida esta manhã, em Londres, aos 87 anos, vítima de acidente vascular cerebral, ainda hoje a única mulher a liderar o governo britânico, entrará certamente para os livros de história como um dos líderes mundiais mais relevantes do final do século XX.
Porque merece uma crónica especial neste espaço dedicado à política americana e, em particular, à quem ocupa a Casa Branca?
Resposta simples: porque nenhum outro líder mundial teve tamanha influência junto de um Presidente americano, como Margaret Thatcher.
Primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990, morreu com o título de baronesa, mas foi outro o epíteto pelo qual ficou eternamente conhecida.
«Dama de Ferro» foi um termo utilizado pela primeira vez numa revista soviética, numa feliz imagem que simboliza o perfil duro, determinado e, muitas vezes, inflexível da então chefe do governo inglês.
O seu legado governamental ficou associado ao êxito nas Malvinas, mas também às decisões duríssimas no processo irlandês. Aprovou intervenções militares contra o IRA, derrotou os argentinos nas Falkland, mas a sua maior herança será o caminho de desregulamentação e «small government», que fez doutrina na Velha Albion e atravessou o Atlântico, conquistando uma boa parte dos ideólogos do conservadorismo americanio.
Há quem veja em Margaret Thatcher o «lado cerebral do Reaganismo».
Os anos 80 foram dominados, do ponto de vista simbólico, por esse «tandem» improvável entre a gélida Margaret e o carismático Ronald.
Inicialmente, havia a perceção de que Reagan, antigo ator de Hollywood, seria um Presidente pouco ideológico.
Mas essa dupla Reagan-Thatcher viria a mostrar-se a mais influente aliança política dos últimos 30 anos, simbolizando a ideia de que «o problema não está no Governo, o problema É o Governo».
Impopular, chegou mesmo a ser odiada pelos sindicatos, pelos cortes decretados e a intolerância para greves.
Mas quando se estudar, nos manuais de história política, o conceito de «thatcherismo», vai falar-se, essencialmente, de baixa de impostos, governo pequeno, liberalismo e desregulamentação.
Terá sido ela a culpada para o caminho de derrocada do Estado Social, ideia que estará, por estes anos, a dar as últimas? Ainda é cedo para responder.
Mas a avaliar pelas reações, esta segunda-feira, à sua morte, são mais os aspetos positivos do que negativos do seu legado.
Barack Obama, um Presidente ideologicamente no campo oposto do «tandem» Thatcher-Reagan, disse de Margaret ter sido «a maior amiga do EUA».
Assim será lembrada.
Margaret Thatcher
O seu legado não será pacífico ou consensual. A esquerda nunca lhe perdoará a liderança «liberal» que ditou o início de uma era de cortes na dimensão do Estado nas democracias ocidentais.
Há, até, quem lhe aponte excessiva proximidade com o antigo ditador chileno, o general Pinochet.
Mas Margaret Hilda Thatcher, nascida a 13 de outubro de 1925 em Lincolnshire, e falecida esta manhã, em Londres, aos 87 anos, vítima de acidente vascular cerebral, ainda hoje a única mulher a liderar o governo britânico, entrará certamente para os livros de história como um dos líderes mundiais mais relevantes do final do século XX.
Porque merece uma crónica especial neste espaço dedicado à política americana e, em particular, à quem ocupa a Casa Branca?
Resposta simples: porque nenhum outro líder mundial teve tamanha influência junto de um Presidente americano, como Margaret Thatcher.
Primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990, morreu com o título de baronesa, mas foi outro o epíteto pelo qual ficou eternamente conhecida.
«Dama de Ferro» foi um termo utilizado pela primeira vez numa revista soviética, numa feliz imagem que simboliza o perfil duro, determinado e, muitas vezes, inflexível da então chefe do governo inglês.
O seu legado governamental ficou associado ao êxito nas Malvinas, mas também às decisões duríssimas no processo irlandês. Aprovou intervenções militares contra o IRA, derrotou os argentinos nas Falkland, mas a sua maior herança será o caminho de desregulamentação e «small government», que fez doutrina na Velha Albion e atravessou o Atlântico, conquistando uma boa parte dos ideólogos do conservadorismo americanio.
Há quem veja em Margaret Thatcher o «lado cerebral do Reaganismo».
Os anos 80 foram dominados, do ponto de vista simbólico, por esse «tandem» improvável entre a gélida Margaret e o carismático Ronald.
Inicialmente, havia a perceção de que Reagan, antigo ator de Hollywood, seria um Presidente pouco ideológico.
Mas essa dupla Reagan-Thatcher viria a mostrar-se a mais influente aliança política dos últimos 30 anos, simbolizando a ideia de que «o problema não está no Governo, o problema É o Governo».
Impopular, chegou mesmo a ser odiada pelos sindicatos, pelos cortes decretados e a intolerância para greves.
Mas quando se estudar, nos manuais de história política, o conceito de «thatcherismo», vai falar-se, essencialmente, de baixa de impostos, governo pequeno, liberalismo e desregulamentação.
Terá sido ela a culpada para o caminho de derrocada do Estado Social, ideia que estará, por estes anos, a dar as últimas? Ainda é cedo para responder.
Mas a avaliar pelas reações, esta segunda-feira, à sua morte, são mais os aspetos positivos do que negativos do seu legado.
Barack Obama, um Presidente ideologicamente no campo oposto do «tandem» Thatcher-Reagan, disse de Margaret ter sido «a maior amiga do EUA».
Assim será lembrada.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Histórias da Casa Branca: o regresso de David Petraeus
Texto publicado no site da TVI24, a 27 de março de 2013:
Foi, durante anos, o general mais respeitado do Exército americano. Com uma folha militar irrepreensível, era visto como a referência na área da estratégia e foi tiro certeiro da parte final da Administração Bush para estancar a ferida do Iraque.
David Petraeus, o «general indispensável», até era visto por parte da Direita americana como possível candidato presidencial republicano em 2012.
Mas de imediato disse que não a uma aventura de campanha política, porque acedeu ao chamamento da Administração Obama e mostrou rápida sintonia com o presidente democrata.
Obama e Petraeus tiveram empatia quase imediata. Tinham as mesmas visões sobre como a América deveria sair do atoleiro do Iraque. De como, primeiro, haveria que garantir uma saída digna, uma retirada que não comprometesse ainda mais vidas.
O erro de avançar para Bagdade, cometido politicamente pelo presidente anterior a Obama, só poderia ser minimizado se os EUA soubesses honrar e proteger os seus homens e mulheres no teatro de combate.
David Petraeus foi o general da «surge», primeiro no Iraque, depois no Afeganistão. Obama aderiu a essa visão e promoveu-o figura de topo na hierarquia militar americana, nos primeiros anos do seu primeiro mandato presidencial.
Mas nem tudo correu bem nas estruturas militares de topo durante os primeiros anos Obama.
Primeiro foi o «caso McChrystal». A par de Petraus, Stanley McChrystal era outro «general indispensável» da era Obama. Mas uma estranha entrevista à «Rolling Stone», com termos agressivos e por vezes impróprios, pouco esperados em McChrystal, levaram ao seu afastamento.
Mais recentemente, logo após a reeleição de Obama em novembro de 2012, foi o próprio David Petraeus que caiu.
O escândalo teve saias pelo meio e, mais uma vez, manchou a imagem que esperaríamos ver de um general americano de topo.
Petraeus assumiu um caso extra-conjugal com Paula Broadwell, autora biografia do general e, ela própria, oficial na reserva. O caso atingiu, também, o general John Allen, pela correspondência trocada com Jill Kelley, outra peça deste complicado novelo, que levou à demissão de David Petraeus como diretor da CIA.
Quatro meses e meio depois do escândalo, David Petraeus regressou e, na sua primeira aparição pública desde a demissão, pediu «desculpas pelo caso» que levou à sua resignação. «Causei dor à minha família, aos meus amigos e apoiantes, e por isso peço desculpa», disse o general.
Petraeus falou para uma plateia com cerca de 600 pessoas, incluindo a sua mulher e muitos militares de relevo, em discurso na University of Southern California.
«Enquanto o nosso país continua a melhorar o seu apoio e reconhecimento a todos os veteranos e suas famílias, podemos e teremos que fazer ainda melhor», observou o general de quatro estrelas, agora na reserva.
Foi, durante anos, o general mais respeitado do Exército americano. Com uma folha militar irrepreensível, era visto como a referência na área da estratégia e foi tiro certeiro da parte final da Administração Bush para estancar a ferida do Iraque.
David Petraeus, o «general indispensável», até era visto por parte da Direita americana como possível candidato presidencial republicano em 2012.
Mas de imediato disse que não a uma aventura de campanha política, porque acedeu ao chamamento da Administração Obama e mostrou rápida sintonia com o presidente democrata.
Obama e Petraeus tiveram empatia quase imediata. Tinham as mesmas visões sobre como a América deveria sair do atoleiro do Iraque. De como, primeiro, haveria que garantir uma saída digna, uma retirada que não comprometesse ainda mais vidas.
O erro de avançar para Bagdade, cometido politicamente pelo presidente anterior a Obama, só poderia ser minimizado se os EUA soubesses honrar e proteger os seus homens e mulheres no teatro de combate.
David Petraeus foi o general da «surge», primeiro no Iraque, depois no Afeganistão. Obama aderiu a essa visão e promoveu-o figura de topo na hierarquia militar americana, nos primeiros anos do seu primeiro mandato presidencial.
Mas nem tudo correu bem nas estruturas militares de topo durante os primeiros anos Obama.
Primeiro foi o «caso McChrystal». A par de Petraus, Stanley McChrystal era outro «general indispensável» da era Obama. Mas uma estranha entrevista à «Rolling Stone», com termos agressivos e por vezes impróprios, pouco esperados em McChrystal, levaram ao seu afastamento.
Mais recentemente, logo após a reeleição de Obama em novembro de 2012, foi o próprio David Petraeus que caiu.
O escândalo teve saias pelo meio e, mais uma vez, manchou a imagem que esperaríamos ver de um general americano de topo.
Petraeus assumiu um caso extra-conjugal com Paula Broadwell, autora biografia do general e, ela própria, oficial na reserva. O caso atingiu, também, o general John Allen, pela correspondência trocada com Jill Kelley, outra peça deste complicado novelo, que levou à demissão de David Petraeus como diretor da CIA.
Quatro meses e meio depois do escândalo, David Petraeus regressou e, na sua primeira aparição pública desde a demissão, pediu «desculpas pelo caso» que levou à sua resignação. «Causei dor à minha família, aos meus amigos e apoiantes, e por isso peço desculpa», disse o general.
Petraeus falou para uma plateia com cerca de 600 pessoas, incluindo a sua mulher e muitos militares de relevo, em discurso na University of Southern California.
«Enquanto o nosso país continua a melhorar o seu apoio e reconhecimento a todos os veteranos e suas famílias, podemos e teremos que fazer ainda melhor», observou o general de quatro estrelas, agora na reserva.
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