sexta-feira, 18 de abril de 2014

Histórias da Casa Branca: Rand Paul, uma jogada arriscada

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 17 DE ABRIL DE 2014:


Em mais uma crónica dedicada à corrida presidencial republicana para 2016, e depois de ter falado sobre o «momento de Jeb Bush», falarei hoje de Rand Paul.

O senador do Kentucky, de 51 anos, oftalmologista de profissão, é filho de Ron Paul, o clássico candidato libertário, que nas últimas duas ou três décadas tem marcado a agenda política americana como representante de uma ala marginal da direita americana, com uma visão minimalista do peso do estado e uma versão a toda e qualquer intervenção fiscal, institucional e até militar.

Se os republicanos têm feito um «shift» para uma direita com laivos de crítica excessiva ao «establishment», desafiando uma abordagem clássica que, durante décadas, dominou a ação política do partido de Lincoln, Teddy Roosevelt e Reagan, a verdade é que a abordagem de Ron Paul nunca conseguiu ser maioritária. 

Os republicanos gostam menos do que os democratas de um Estado a meter a mão na vida das pessoas? Certo, na globalidade. 

Mas também é verdade que as últimas presidências republicanas (Bush pai e Bush filho) se marcaram pela manutenção de fortes programas sociais (com Bush filho, o Medicare e o Medicais foram alargados e concretizou-se o lançamento do «No Child Left Behind», um programa de inclusão escolar de crianças americanas desfavorecidas).

Moral da história: o «core» do Partido Republicano não é assim tão avesso à ideia de «intervencionismo estatal» para diminuir as desigualdades sociais. 

O atual estado do Partido Republicano dá conta da dimensão das divergências internas. Potenciais candidatos como Chris Christie ou Jeb Bush, pelo seu registo, pelo seu percurso e pelas posições já emitidas em relação à plataforma política que pretenderão defender na corrida, bater-se-ão, em traços gerais, para que continue a vigorar uma ideia de junção entre a diminuição das desigualdades sociais e uma primazia (que em traços gerais os republicanos dão) à liberdade empresarial, em detrimento da ideia de «bem coletivo» (ideia mais cara aos democratas). 

Um Partido Republicano no seu estado normal colocaria Christie ou Jeb Bush como os candidatos naturais para defrontar Hillary em 2016.

Embora com fases de discurso dúbio, a nomeação de Romney em 2012 e McCain em 2008 mostraram que essa abordagem clássica continua a prevalecer nos momentos certos do Partido Republicano. 

Mas o peso excessivo do «Tea Party» nos últimos anos da direita americana está a dar uma oportunidade acrescida a outro tipo de soluções. 

Em futuras crónicas, falarei de Ted Cruz, Marco Rubio, Paul Ryan, Mike Huckabee ou até de Michele Bachmann e Sarah Palin.

Mas no leque de potenciais pretendentes republicanos para 2016, Rand Paul surge como um caso especial.

Rand foi um dos líderes da «reação Tea Party» aos primeiros anos da presidência Obama, obtendo grande resultado na eleição para o Senado, em 2010. 

Desde aí, agarrou momento mediático e assumiu posições particularmente críticas contra Obama, mas também contra uma certa moderação que considera existir em setores republicanos, em relação ao Presidente. 

A diferença do filho Rand para o pai Ron é que o senador do Kentucky começou a sua caminhada «por dentro» do Partido Republicano, enquanto o pai (que nunca foi senador), assumiu.se sempre como um «outsider».

Ron preferiu sempre correr por fora. Chegou a ter bons resultados em primárias, captou atenção mediática, fixou eleitorado fiel e mobilizado: mas nunca descolou de 10/12 por cento, números impossíveis de viabilizar uma nomeação.

Terá Rand Paul hipóteses de ser nomeado? Não é o mais provável, mas é possível. Peter King, republicano moderado de Nova Iorque, não o poupa: «Rand Paul é um político com posições paranóicas. Tende para a histeria. Seria péssimo que o partido fosse por esse caminho». 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Histórias da Casa Branca: um reprovação embaraçosa no Senado

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 14 DE ABRIL DE 2014:


«Nem consigo acreditar que em 2014 ainda estejamos a discutir a igualdade de pagamento para trabalho igual entre homens e mulheres»
Elizabeth Warren, senadora democrata do Massachussets


«É embaraçoso que os Estados Unidos ainda não tenham conseguido atingir o objetivo de «equal pay for equal work»
Barack Obama, Presidente dos EUA 


A imposição de que homens e mulheres sejam pagos da mesma forma perante trabalhos de igual responsabilidade e diferenciação é uma ideia que, embora nem sempre praticada, parece pacífica no quadro europeu.

Mas parece ainda não ser assim na América. Desde o primeiro mandato, o Presidente Obama tem-se batido por avanços significativos nesta área e, não por acaso, teve no «Lilly Ledbetter Fair Pay Act», aprovado em 2009, uma das primeiras vitórias ideológicas da sua governação. 

Assinado 29 de janeiro de 2009, apenas nove dias depois de ter tomado posse pela primeria vez como 44.º Presidente dos EUA, o «Lilly Ledbetter Fair Pay Act» atualiza o «civil rights act» de 1964, reforçando os instrumentos legais das mulheres trabalhadoras, no sentido de não serem discriminadas no seu local de trabalho.

Mas o caminho legislativo de «equal pay for equal work» é longo. Basta lembrar que, apenas dois anos antes dessa assinatura presidencial, as duas câmaras do congresso recusaram emenda semelhante, perante oposição republicana.

Nos últimos anos, perante as dificuldades políticas da Casa Branca de aprovar o essencial da sua legislação junto do congresso, Obama retraiu esta questão nas suas prioridades, tendo o tema sido liderado, do lado democrata, pela senadora Elizabeth Warren.

A senadora Warren é uma das líderes ideológicas do Partido Democrata, por estes dias. 

Figura próxima de Obama (ajudou o Presidente em temas quentes do primeiro mandato, como a regulação de Wall Street), Elizabeth foi crucial para uma certa recuperação política de Obama no último ano do primeiro mandato, ao recuperar para os democratas o lugar que havia sido perdido no Senado, em representação do Massachussets, após a morte de Ted Kennedy.

Ora, uma das prioridades políticas de Elizabeth Warren desde que chegou ao Capitólio é, precisamente, esta ideia de «equal pay for equal work». 

O Presidente também tem nesta tema um dos seus objetivos para o segundo mandato. Para Obama, uma «economia durável», meta que insiste em reforçar para os EUA, «só é possível quando o trabalho duro recompense, independentemente do género do trabalhador».

A realidade laboral americana aponta para que as mulheres ganhem cerca de 77% dos homens, perante trabalhos semelhantes. 

Obama criou uma «Equal Pay Task Force» e apoia o Paycheck Fairness Act, que daria às mulheres ainda mais instrumentos para atingir a tal igualdade laboral.

Só que a proposta legislativa, que tinha em Warren uma das principais promotoras, chumbou no Senado. 

Os senadores republicanos (incluindo algumas mulheres) travaram a ideia, gerando reação indignada de Elizabeth Warren: «Estou chocada com a reprovação de muitas colegas minhas do Partido Republicano no Senado».

«Hoje em dia, em 99.6% dos locais de trabalho nos EUA, os homens ganham mais que as mulheres. Isso não é um acidente. É discriminação», acusa a senadora Warren.

Obama foi ainda mais longe: «É embaraçoso que em 2014 ainda estejamos a discutir isto».

O que leva os republicanos a estar contra esta ideia de igualdade? A congressista Catthy McMorris Rodgers, republicana de Washington, considera que «a melhor forma de ajudar as mulheres trabalhadoras americanas é combater a política económica errada do Presidente Obama, que está a afetar as trabalhadoras, e apoiar as medidas republicanas de incentivo aos pequenos negócios e à criação de empregos».

A luta ideológica anda ao rubro na América. 

Germano Almeida é jornalista do Maisfutebol, autor dos livros «Histórias da Casa Branca» e «Por Dentro da Reeleição» e do blogue «Casa Branca»

sábado, 12 de abril de 2014

Histórias da Casa Branca: Jeb Bush lança o isco

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 10 DE ABRIL DE 2014: 


Na continuação da avaliação da corrida republicana para 2016, vamos hoje a olhar para Jeb Bush, o ex-governador da Flórida. 

Nascido em Midland, Texas, há 61 anos, é filho e irmão de antigos presidentes. 

O seu pai, George Herbert Walker Bush, foi o 41.º Presidente dos EUA e só cumpriu um mandato, perdendo a reeleição para Bill Clinton, que em 1992 era um jovem governador de um pequeno estado do Sul, o Arkansas. 

O irmão, George «Dabia» Bush, foi o 43.º Presidente dos EUA, deixando, nos dois mandatos, tremenda herança de 11 de Setembro, duas guerras desastrosas (Iraque e Afeganistão) e, para fechar «em beleza», o auge da maior crise financeira e económica desde os anos 30.

Os antecedentes familiares não seriam, por isso, à partida, grande credencial para as aspirações de Jeb Bush. Mas na política americana há um conjunto muito variado de fatores a analisar. 

O «pedigree» político está marcado em Jeb no seu nome e na sua história familiar. Vantagem ou problema? As duas coisas, na verdade. Tudo depende da forma como o candidato encarar a questão. 

E Jeb pode, de facto, apresentar-se como uma das soluções mais viáveis que os republicanos têm para fazer face a Hillary Clinton em 2016: tem nome, um bom percurso político (foi governador popular entre democratas e republicanos num dos estados mais relevantes para as contas presidenciais, a Flórida) e tem-se conseguido afastar da ala mais radical e assustadora que, nos últimos anos, «infetou» o discurso mais tradicional da Direita americana.

Olhando a coisa mais em perspetiva, o interesse mediático, jornalístico e até histórico de um eventual duelo presidencial Clinton (Hillary) «vs» Bush (Jeb) em 2016 seria enorme e provocaria uma das mais apetecíveis corridas presidenciais de que há memória na América.

É possível? É. Embora não seja o mais provável, neste momento, esse cenário de uma repetição Clinton «vs» Bush, 24 anos depois do jovem Bill ter batido o então Presidente George HW, em 1992.

Está tudo em aberto no campo republicano. As fações nos conservadores são tantas que a corrida mostra um leque de seis ou sete candidatos com uma base inicial de apoio idêntica, na ordem dos 10/12 pontos. E Jeb Bush está nessa «shortlist».

O que o faz, então, merecer atenções especiais de quem tenta antecipar o que vai acontecer em 2016? Além do nome e do registo familiar, também as características que apresenta como político e como potencial candidato. 

«Nesta fase da corrida, Jeb é uma espécie de Chris Christie sem o escândalo da ponte de Nova Jérsia», nota Jason Riley na Fox. «Jeb apresenta-se como republicano moderado, capaz de chegar ao outro lado, com hipóteses de alargar a sua base e com capacidade de angariação de bom dinheiro. Pode ter o seu momento». 

Outro relevante comentador da Fox, Charles Lane, vai mais longe: «Jeb Bush tem condições de mostrar o lado mais viável do Partido Republicano. Mas tem que conseguir convencer o seu próprio partido disso».

Ao contrário do irmão George W., que na Casa Branca se deixou influenciar pela ala mais à direita do partido, depois de ter sido governador do Texas capaz de «chegar ao outro lado», Jeb parece querer manter-se como republicano moderado.

Em recente entrevista a Shannon Bream, Jeb Bush quis reforçar essa sua abordagem, falando dos imigrantes ilegais com especial moderação: «Não os vejo como criminosos. Sinto que fizeram algo por compaixão, para tentar melhorar a vida dos seus filhos».

Essa declaração pode ser popular ao centro e à esquerda, mas frisa Charles Krauthammer, comentador conservador, «pode ser fatal para as aspirações de Jeb de agarrar a base do partido». 

Outro problema de Jeb é o facto de estar afastado dos centros de decisão política há oito anos, desde que deixou de ser governador. 

Estará a tempo de regressar em grande?

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Histórias da Casa Branca: o labirinto republicano

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 7 DE ABRIL DE 2014:


A um ano e sete meses de arrancar oficialmente a época de primárias nos EUA (na prática, ela já está em movimento), a evolução das sondagens mostra duas coisas: do lado democrata, Hillary exibe vantagem politicamente impossível de reverter; no campo republicano, não há «frontrunner» declarado e a corrida está aberta a um leque vasto e variado de pretendentes. 

Nisto de falar de possíveis nomeados presidenciais a tanto tempo de distância, há quase sempre a tentação de se apontar favoritos. 

E seria difícil encontrar um quadro mais discrepante entre os dois campos partidários. Hillary só não será a nomeada democrata se não quiser. Em grande contraste, não dá para indicar quem está, nesta altura, em melhor posição no lado republicano.

Muito decorrerá do caminho que a direita americana percorreu nos últimos anos.

A forma de encarar o «fenómeno Obama» mudou o conservadorismo americano. E deixou a corrida à nomeação presidencial republicana para 2016 num autêntico labirinto.

O eixo da direita política nos EUA afastou-se do centro nos últimos seis anos. Basta dizer que, na corrida de 2007/2008, Mitt Romney ocupava o segmento «à direita» as primárias republicanas que viriam a ser ganhas por John McCain. 

Quatro anos depois, em 2011/2012, Mitt Romney representou a solução mais moderada de um lote de candidatos um bocadinho assustador, que continha o ultraconservador religioso Rick Santorum, o «cowboy» texano Rick Perry, ou a «tea party darling» Michele Bachmann.

A derrota a toda a linha de Romney para Obama, em novembro de 2012, fez levantar várias inquietações nas diferentes correntes republicanas: faria sentido continuar a permitir que uma linha tão radical dominasse o discurso do Partido Republicano? 

A forma como o próprio Romney foi levado a descolar o seu discurso para a direita, de modo a conseguir agarrar a nomeação de 2012, não teria sido contraproducente para as aspirações dos republicanos de evitar a reeleição de Obama?

Passou um ano e meio desde esse momento. E, por estranho que isso parecer, não houve ainda sinais claros de que uma via moderada passe a prevalecer na escolha republicana de 2016. 

Sobram nomes e pretendentes, mas falta ainda uma definição clara do caminho que o Partido Republicano vai pretende seguir, na tentativa de recuperar o controlo da Casa Branca, que em 2008 perdeu para o Partido Democrata.

Poderão os oito anos de Obama ser prolongados por mais quatro ou mesmo oito de Hillary Clinton? 

As sondagens mostram que esse é o cenário mais provável (Hillary bate com relativa facilidade qualquer contendor republicano), mas convém lembrar que estamos ainda muito distantes no calendário da fase que irá decidir verdadeiramente a sucessão de Obama.

E é preciso, sobretudo, recordar que os sucessos eleitorais de Barack Obama em 2008 e 2012 terminaram com uma tendência, que parecia consistente, de vantagem republicana nas eleições presidenciais (no meio século que mediou Kennedy de Obama, só três democratas conseguiram chegar à Casa Branca: Johnson, Carter e Clinton).

O opositor de Hillary Clinton será um dado crucial para percebermos a dinâmica da corrida presidencial de 2016. 

Em traços gerais, parece claro que qualquer escolha mais radical do campo republicano (Sarah Palin, Michelle Bachmann, Rick Perry, Rick Santorum, Ted Cruz, Rand Paul) significará um passeio para Hillary na eleição geral.

Se em 2012 a base republicana soube escolher com a razão e não com o coração (Romney não era o mais mobilizador, mas era de longe quem mais hipóteses tinha de evitar o triunfo de Obama), essa necessidade reforça-se para 2016. 

Espaço para Jeb Bush, Paul Ryan ou mesmo Marco Rubio? Talvez.

Voltaremos a este tema muito em breve. Uma eleição presidencial americana é mesmo a mais louca corrida do Mundo.

sábado, 5 de abril de 2014

Histórias da Casa Branca: ObamaCare, sucesso sofrido mas real

TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 4 DE ABRIL DE 2014:

«Mais de sete milhões de americanos já aderiram ao Affordable Care Act. O debate sobre repelir a lei está terminado. A Reforma da Saúde é uma realidade nos Estados Unidos da América»
BARACK OBAMA, Presidente dos Estados Unidos

A Reforma da Saúde é a maior história política dos anos Obama. 

Se o inquilino da Casa Branca ficará para sempre nos livros de registo dos presidentes da América como o primeiro negro, a verdade é que, do ponto de vista da sua agenda política e ideológica, a aprovação e implementação de um sistema de saúde tendencialmente universal, num país que até ao seu mandato deixava perto de 50 milhões de americanos sem qualquer tipo de cobertura, será a marca mais duradoura.

E também a mais polémica e fraturante, convenhamos. Se há tema que «parte» o eleitorado e a elite política americana ao meio, é o popularmente designado de «ObamaCare».

A questão permanece, quente, na discussão política e mediática norte-americana há quase uma década.

Dominou a agenda da eleição presidencial de 2008 (Obama e Hillary, os dois principais candidatos nas primárias democratas desse ano, tinha em comum a Reforma da Saúde como prioridade, embora com divergências de pormenor nos respetivos planos).

Colocou Obama na berlinda, nos primeiros anos de primeiro mandato presidencial, tamanha era a aversão da direita americana à ideia de aprovar um plano federal de enorme dimensão.

O «ObamaCare», dito assim de forma perjorativa pelos conservadores e pela ala radical Tea Party, deu jeito à direita americana para rotular o atual presidente de «esquerdista», «despesista», «dar excessivo peso ao governo e violar os direitos individuais dos americanos» e mesmo coisas piores no imaginário político americanos, como... «socialista» ou «comunista». 

Em política, o tempo é um fator relevante. Os mandatos têm durações limitadas ¿ e há que estabelecer prioridades.

Numa análise aos cinco anos e meio de Presidência Obama, vemos que o tema que se manteve sempre à tona foi este: nunca o Presidente deixou cair a Reforma da Saúde.

Com grande contradição: as sondagens sempre mostraram uma maioria de 50 e poucos por cento de americanos contra a ideia; mas o historial legislativo conferiu progressiva legitimidade ao plano de saúde do Presidente. 

O «Affordable Health Care Act» foi aprovado no Congresso a 21 de março de 2010 (numa altura em que havia forte maioria democrata nas duas câmaras), confirmado pelo Supremo Tribunal dos EUA em junho de 2012 e relegitimado, no plano político, pela clara reeleição de Obama, em novembro de 2012. 

Já está em prática, mas os primeiros meses aplicação foram desastrosos (muito por culpa da inabilidade executiva e mesmo comunicacional da Administração Obama, que cometeu muitos erros no modelo de aplicação).

A gestão dos danos foi difícil e demorou o seu tempo. Mas na passada terça-feira, a passagem dos 7,1 milhões de americanos a aderir ao plano foi aproveitada pelo Presidente para concluir: «Os benefícios deste plano nas pessoas reais são indiscutíveis. A discussão sobre o tema está terminada. Não há caminho para trás. O Affordable Health Care Act é uma realidade e já ajudou milhões de americanos», apontou Obama, em discurso no Rose Garden, com o seu vice-presidente, Joe Biden, ligeiramente atrás, a concordar.

Obama relembrou a importância, nestes anos de luta legislativa e política pela aprovação, de democratas como Harry Reid (líder da maioria no Senado) ou Nancy Pelosi (líder da agora minoria democrata na House e «speaker» do Câmara dos Representantes na altura da aprovação, em 2010). 

Mesmo no Partido Democrata, o tema está longe de ser consensual. Em 2010, muitos congressistas democratas perderam o lugar à custa de apoiarem o ObamaCare. Não querendo repetir o sacrifício, alguns até pedem ao Presidente para que não faça campanha nos seus distritos, com medo de que a impopularidade desse programa volte a «contagiar» negativamente os resultados dos democratas.