O blogue que, desde novembro de 2008, lhe conta tudo o que acontece na política americana, com os olhos postos nos últimos dois anos da era Obama e na corrida às eleições presidenciais de 2016
sábado, 17 de dezembro de 2011
Histórias da Casa Branca: Seja o que Deus e o Iowa quiserem
Mitt Romney, Newt Gingrich e Ron Paul: os primeiros dois vão discutir a nomeação republicana para 2012, mas o congressista do Texas está muito forte no Iowa e pode baralhar as contas ao favoritismo do antigo speaker da Câmara dos Representantes. Romney aposta tudo no New Hampshire e na ideia de ser mais «presidenciável» do que Gingrich
Seja o que o Deus e o Iowa quiserem
Por Germano Almeida
Numa corrida à nomeação republicana, a palavra «Deus» tem sempre importância. Mas há outra que também irá contar muito para a dinâmica deste tão imprevisível combate: e essa palavra é... «Iowa».
De quatro em quatro anos, este pequeno estado do Midwest ganha uma importância inusitada na corrida eleitoral à presidência dos Estados Unidos da América.
Manda a tradição que as primárias tenham no Iowa o seu estado de arranque. E isso pode ter uma enorme relevância na decisão sobre os nomeados.
Em ciclo de eventual reeleição do Presidente em funções (Barack Obama), desta vez a incógnita só se põe num dos lados da barricada.
E que incógnita: os últimos meses foram férteis em mostrar que a disputa pela investidura republicana para 2012 navega ainda num terreno indefinido, sendo pouco claro quais os dados que acabarão por determinar o desfecho da corrida.
A 16 dias do ‘caucus’ do Iowa, Newt Gingrich continua à frente, mas tem vindo a perder, nos últimos dias, alguns pontos num avanço que, até ao início de Dezembro, parecia ser folgado.
Desde que assumiu a liderança das sondagens, o ex-speaker da Câmara dos Representantes passou a estar sob fogo dos seus adversários. Mas ao contrário do que sucedeu com os anteriores frontrunners, Herman Cain e Rick Perry, não se tem saído mal com o embate e ainda não cometeu gaffes comprometedoras.
O Iowa é um estado com uma percentagem de eleitorado branco muito superior à média nacional. Tendo uma população pequena para a realidade americana, conta pouco para o Colégio Eleitoral, mas a sua localização geográfica ajuda a servir de barómetro para corridas mais significativas.
O problema é que é muito difícil fazer previsões sobre os resultados naquele pequeno, mas importante, estado: o sistema que por lá continua a vigorar não é de voto secreto em urna, mas de vários ‘caucuses’: assembleias de vizinhos que definem, de forma colectiva, que candidato apoiar.
Não será, por isso, de estranhar se os resultados de 3 de Janeiro próximo foram diferentes daqueles que as sondagens vierem a indicar.
Romney prepara o pós-Iowa
Se Gingrich vencer o primeiro combate, obtém a legitimação da sua recente condição da ‘frontrunner’. Mas a dinâmica do resto da corrida faz colocar o Iowa como um ‘must-win-state’ para Newt: é que o estado seguinte, o New Hampshire, terá Mitt Romney como vencedor quase certo – e o recente apoio da governadora Nikki Haley, uma 'rising star' do conservadorismo americano, coloca Romney com boas hipóteses no terceiro desafio, a Carolina do Sul (a 21 de Janeiro).
Apesar das óbvias dificuldades em descolar dos 30 por cento de preferências republicanas (valor manifestamente baixo para quem pretende ser o nomeado), Mitt Romney continua a apostar na via do «candidato legítimo».
Nos últimos dois debates, tentou mostrar que não está assustado com o «momento Gingrich» e não foi atrás da regra de atacar directamente quem está a liderar a corrida. Preferiu continuar a assestar baterias para o Presidente, lançando, repetidamente, a farpa ao agora também candidato Barack Obama: «Para se poder prometer empregos, convém ter-se criado empregos».
Desde que não tenha um resultado desastroso no Iowa, Romney continua a ser a carta mais temível para Obama.
Não subestimem Ron Paul
Talvez já seja tarde para antecipar outro cenário que não seja o de um duelo Romney/Gingrich para a nomeação. Mas parece cada vez mais provável que, desta vez, Ron Paul, o candidato libertário, é mesmo para levar a sério.
O discurso frontal e desconcertante de Paul sempre teve uma base fiel de apoio – mas os media nunca o encararam como um candidato credível para sonhar com a nomeação.
Os números mais recentes no Iowa apontam para que Ron Paul fique pelo menos em segundo lugar, não estando afastada a hipótese de ainda ultrapassar Gingrich no estado de arranque.
Mesmo que o Iowa premeie a persistência do congressista do Texas, que já vai na terceira candidatura à presidência, Paul não será, certamente, o nomeado republicano para 2012.
Mas quem o subestimar pode vir a ter uma grande surpresa.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Histórias da Casa Branca: Romney 'vs' Gingrich - quem diria?
Mitt Romney e Newt Gingrich: a menos de um mês do Iowa, os dados parecem apontar para este duelo na corrida à nomeação republicana. Ou será que ainda há tempo para mais uma surpresa?
Romney ‘vs’ Gingrich: quem diria?
Por Germano Almeida
A menos de um mês do ‘caucus’ do Iowa, momento que marcará o arranque das primárias, começa, finalmente, a fazer algum sentido a dinâmica de uma corrida que, nos últimos meses, pareceu ter contornos… esquizofrénicos.
A desistência de Herman Cain, ditada pelos escândalos sexuais que perturbaram a parte final campanha do empresário afro-americano que defendia o plano 9-9-9, ajuda a definir a questão central num duelo entre Mitt Romney e Newt Gingrich.
Romney, mais moderado, será, à primeira vista, um osso mais duro para Obama roer na eleição geral, dada a sua maior capacidade de disputar com o Presidente o eleitorado do centro e mesmo alguns sectores democratas desiludidos com a Presidência Obama.
Mas Gingrich, ressuscitado nas suas aspirações presidenciais depois de um início desastroso (em que parecia que tudo de negativo que poderia acontecer sucedia mesmo), pode mesmo arrebatar a nomeação republicana – e lançar uma narrativa de um republicano mais clássico e capaz de mobilizar a base conservadora contra o Presidente.
Romney e Gingrich são políticos muito diferentes. Apesar de terem apenas quatro anos de diferença (Mitt tem 64, Newt 68), o ex-governador do Massachussets exala uma imagem de maior juventude.
Gingrich, de cabelo branco há muitos anos e com uns quilos a mais, não preenche os requisitos ditados por esta sociedade da imagem. Mas tem uma carreira política longa e recheada (com altos e baixos) e fortes credenciais nos debates.
Tem uma melhor preparação política que Romney e dispõe de um conhecimento sobre a história norte-americana muito superior a qualquer outro candidato republicano.
Mitt calculista, Newt indisciplinado
Mitt tem como pontos fortes a experiência de 2008, a capacidade de desafiar Obama em estados-chave como o Ohio, a Pensilvânia, a Florida ou o Michigan e, é claro, a maior abrangência eleitoral.
Newt apostará no seu passado como ‘speaker’ de um Congresso que fez a vida negra a Bill Clinton – sendo que esta eleição de 2012 poderá ter alguns pontos de contacto com os dados que levaram Clinton à reeleição em 1996, dois anos depois de ter perdido o controlo da House e do Capitólio para os republicanos.
Mais previsível e calculista, Romney deverá, à primeira vista, criar mais dificuldades ao Presidente. Gingrich segue menos as regras do marketing político.
Por vezes, chega a ser politicamente incorrecto – mas consegue fazer melhor a identificação com os eleitorados que necessita agarrar: os republicanos clássicos e a base conservadora que se ‘desviou’ para terrenos próximos do Tea Party.
Seja Romney ou Gingrich o nomeado, parece já certo que Barack Obama não terá propriamente um passeio para a reeleição, dentro de 11 meses.
O Iowa aqui tão perto
A três semanas do Iowa, as sondagens dão Gingrich à frente. Mas continua tudo completamente em aberto. Por esta altura, há quatro anos, nas primárias democratas quem liderava no Iowa era… John Edwards.
O ‘caucus’ do Iowa não é uma votação normal. Os resultados decorrem de assembleias de vizinhos que se reúnem e decidem, em conjunto, que candidato apoiar. Da soma das diferentes assembleias surgem os votos em cada um.
Há quatro anos, essa estranha forma de se escolher representantes políticos em pleno século XXI foi o empurrão decisivo para Obama na corrida democrata – mas o péssimo resultado de McCain não o impediu de garantir, mais tarde, a nomeação republicana.
É preciso, por isso, admitir todos os cenários perante um terreno tão imprevisível como é uma corrida presidencial nos EUA.
Iô-iô
A actual liderança de Newt Gingrich nas sondagens da corrida republicana é a mais recente surpresa do autêntico iô-iô que têm sido as pesquisas para se tentar perceber quem está melhor colocado para desafiar a reeleição de Obama.
Primeiro, foi Romney a aparecer à frente. Mas as dificuldades em segurar o eleitorado mais à direita, que não gosta dele, rapidamente mostraram que Romney terá dificuldades em «descolar» dos 25/30 por cento -- e precisa de bem mais para atingir a nomeação.
Perante a demora de Sarah Palin (que acabou mesmo por não avançar), quem aproveitou
o espaço à Direita foi a congressista do Minnesota, Michele Bachmann. Só que o excessivo radicalismo da candidata -- uma espécie de Sarah Palin do Midwest (um pouco menos ignorante, mas a acusar também falta de preparação política para ser Presidente) – foi fatal para esta ‘Tea Party darling’ que defende que «a mulher deve ter uma atitude submissa para com o marido».
No final do Verão, eis que surge em força Rick Perry. Com ares de cowboy do Texas, prometia discurso duro contra Obama e chegou a ter larga vantagem sobre Romney. Mas não resistiu aos debates, onde foi somando ‘gaffes’ e erros de palmatória. Já esteve acima dos 30%. Agoniza agora pelos cinco a sete.
Chegou, então, a vez de Herman Cain, um afro-americano de discurso populista, a roçar o anti-político, com apoios muito à Direita e uma solução simplificada para a questão fiscal.
Herman Cain passou da liderança à desistência em poucos dias. Falta saber quem irá agarrar os apoios do empresário afro-americano de perfil populista
Deu para assustar Romney e foi preciso ser alvo de ataques fortíssimos para se afastar. Não resistiu às acusações de infidelidade e assédio sexual – e atirou a toalha ao chão há poucos dias.
Enquanto acontecia este iô-iô (em que Romney se mantinha pelos 20/25 por cento e um dos seus opositores, à vez, lhe passava à frente e depois caía…), Ron Paul, um candidato geralmente subestimado pelo ‘mainstream’ media, mantém-se com apoios na ordem dos 15/18 por cento – que até o colocam com algumas aspirações de vitória no Iowa.
Libertário, defende a supressão de instituições como a ONU ou a NATO e é contra impostos e outro tipo de intromissões do Estado. Não será o nomeado, mas pode vir a fazer mossa nos apoios mais previsíveis para Romney e Gingrich.
Ainda há um monte de dúvidas no campo republicano, mas à medida que se aproxima o ‘caucus’ do Iowa, esta história começa a fazer sentido. Pelo menos, parece.
Herman Cain desiste
Herman Cain, 65 anos, chegou a liderar a corrida republicana, mas não resistiu às acusações de infidelidade e assédio sexual - e atirou a toalha ao chão.
Afro-americano, homem de negócios, não tem passado político (nunca foi eleito), mas somou pontos com um plano fiscal simples e atractivo para a base conservadora.
Foi o fenómeno do mês de Outubro, mas não sobreviveu aos ataques que apareceram por estar à frente. A questão que agora se coloca é: quem agarrará o seu discurso populista?
Com Rick Perry e Michele Bachamann pelas ruas da amargura, e Ron Paul forte no Iowa mas sem capacidade nos grandes estados, a questão, na nomeação republicana, deverá residir entre Mitt Romney e Newt Gingrich.
Faltam 30 dias para o caucus do Iowa
Texto de Kyle Adams, no Real Clear Politics:
«Hobbled by accusations of sexual harassment and infidelity, Republican presidential candidate Herman Cain announced Saturday that he is suspending his campaign.
Appearing at the opening of a new campaign office in DeKalb County, Ga., Cain praised his supporters, lambasted the media and touted the success of his campaign before announcing that because "false and unproved" accusations had taken a "painful" toll on his family, he was suspending his campaign.
However, he vowed to continue making the case for his policies, including the 9-9-9 tax plan ("It's not going away," he said), and announced the launch of a new website, TheCainSolutions.com. He also said he would make an endorsement in the GOP race "in the near future."
After walking off his campaign bus with his wife, Gloria, he opened his speech by thanking supporters and discussing his motivation for running for office before announcing the end of his campaign.
"I am suspending my presidential campaign because of the continued distraction, the continued hurt caused on me and my family, not because we are not fighters, not because I'm not a fighter," he said. "It's just that when I went through this reassessment of the impact on my family first, the impact on you, my supporters -- your support has been unwavering and undying -- as well as the impact on the ability to continue to raise the necessary funds to be competitive, we had to come to this conclusion."
Politico reported on Oct. 31 that two women accused Cain of inappropriate behavior during his time as the head of the National Restaurant Association. In early November, another woman, Sharon Bialek, publicly accused Cain of sexual harassment. Cain has maintained that he never harassed anyone.
This week, an Atlanta woman, Ginger White, came forward and said that she had a 13-year affair with the businessman. Cain has admitted to giving her money but denies the affair.
After surging into first place in several national polls in late October and early November, Cain has seen his support erode over the past few weeks. A Rasmussen Reports poll released Thursday showed him with only 8 percent support.
His support in Iowa has plunged as well. He has dropped to 8 percent in the latest Des Moines Register Iowa poll, down from 23 percent in late October.»
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