domingo, 26 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Obama recupera o controlo do jogo


Barack Obama está com níveis de popularidade próximos dos 50 por cento e vantagens sólidas sobre os potenciais rivais republicanos: o Presidente está a voltar a ter a bola do seu lado, agora que os dados económicos estão a comprovar a tese dos estímulos federais para a criação de emprego


Obama recupera o controlo do jogo

Por Germano Almeida


Os últimos meses foram muito positivos para a Presidência Obama: o desemprego nos Estados Unidos está no valor mais baixo dos últimos três anos (8.3%, com a criação de três milhões de postos de trabalho desde Março de 2009) e o sentimento de confiança parece estar a regressar aos investidores – embora os dados sejam ainda relativamente tímidos.

Por consequência a esta tendência, lenta mas consistente, de recuperação da Economia americana desde meados de 2009, os índices políticos de Barack Obama têm vindo a conhecer uma progressiva melhoria: a aprovação do Presidente está agora próxima dos 50 por cento (entre os 46 e os 50, dependendo dos estudos) e o candidato à reeleição Barack Obama passou a ter vantagens confortáveis sobre os seus potenciais rivais republicanos em Novembro (cerca de seis pontos de avanço sobre Mitt Romney, oito sobre Rick Santorum, dez sobre Newt Gingrich e 12 sobre Ron Paul).

É certo que esta recuperação já não impedirá uma média relativamente modesta na Taxa de Popularidade do primeiro mandato de Obama: os primeiros três anos, com excepção do estado de graça dos primeiros meses, foram marcados por valores frustrantes na casa dos 40 e pouco por cento.

Mas esta ‘surge’ política de Obama comprova a tese de que Barack foi vítima do seu próprio tempo: foi eleito na ideia messiânica de que seria o salvador da crise, só que os primeiros anos da sua presidência foram comprometidos por essa mesma crise.

A insatisfação pela situação económica foi, rapidamente, canalizada para o Presidente e foi preciso algum tempo para que uma boa parte dos americanos percebessem que os estímulos federais à economia -- promovidos por Obama e só aprovados no Congresso (então ainda maioritariamente democrata) depois de duras negociações que desgastaram a imagem do Presidente – foram fundamentais para que esta recuperação apareça nesta altura.

No início, a tese republicana de que não se podem aumentar os impostos, mesmo às classes mais ricas, rendeu popularidade. Mas a realidade está a mostrar que a visão do Presidente é a mais correcta.

E os republicanos (que controlam a produção legislativa desde Novembro de 2010) começam a ser penalizados nas sondagens pelo seu dogmatismo em matéria fiscal e nas juras de se oporem a qualquer tipo de ‘bailout’ (Mitt Romney, nesse aspecto, está agora a sofrer o ricochete político nas primárias para o Michigan por não ter apoiado a salvação da indústria automóvel de Detroit...)

A manter-se este trend até Novembro, Obama terá todas as condições de ser reeleito.

De novo como favorito
No quadro em que, neste momento, assenta a corrida presidencial norte-americana, Barack Obama voltou a ser o ás de trunfo. Apesar de ter passado tanto tempo numa tempestade de impopularidade, a verdade é que os dados actuais lhe dão fortes hipóteses para a reeleição: tem muito mais dinheiro angariado que os seus rivais; dispõe da natural vantagem de já ser Presidente; as sondagens mostram que lidera nos itens fundamentais para a eleição de Novembro.

Um estudo recente do Gallup/USA Today refere que 58 por cento dos americanos consideram que «Obama tem a personalidade e a capacidade» necessárias para ser Presidente, aparecendo à frente de Santorum e Romney, ambos com 53.

Além da vantagem no plano nacional já mencionada sobre todos os rivais, as sondagens já feitas a nível estadual confirmam que Barack se mantém muito forte em estados cruciais, como a Florida, o Ohio ou a Pensilvânia – terrenos onde, aliás, já começou a fazer campanha.

Em função da fantástica vitória eleitoral que obteve em 2008 sobre John McCain, será difícil repetir triunfos em estados muito conservadores, onde os democratas raramente conseguem vencer nas eleições presidenciais, como a Virgínia ou a Carolina do Norte.

Mas os primeiros sinais dados por David Axelrod e David Plouffe (que vão voltar a ser os estrategas da campanha de Barack) apontam para que Obama não descure os estados mais difíceis, seguindo assim, novamente, a receita da “fifty state strategy”, que tão bons resultados deu há quatro anos.

Estimular a curto prazo, cortar a longo prazo
Pode parecer um contrasenso, mas é sob esse difícil equilíbrio que tem assentado a abordagem de Obama em relação ao que se deve fazer à economia americana, no actual panorama: por um lado, o monstro do défice americano é um problema incontornável e, como tal, não pode ser ignorado; mas, por outro, as dificuldades sociais que a crise está a gerar têm que ter uma resposta política por parte da Casa Branca.

Nessa medida, Obama não desiste das grandes linhas que defende desde Setembro passado, quando apresentou o American Jobs Act – um gigantesco plano de apoio à criação de emprego, inicialmente composto por 447 mil milhões de dólares.

O lema é, assim, estimular a curto prazo, de forma a prosseguir a criação de postos de trabalho e combater o desemprego jovem e a degradação do poder de compra da classe média. Mas é, simultaneamente, cortar a longo prazo: Obama sabe que é crucial reduzir o monstruoso défice americano e tem um plano a dez anos para o fazer.

A proposta de Orçamento da Administração Obama para 2013, apresentada em meados de Fevereiro, reflecte essa dupla realidade.

Obama pretende aumentar a receita em 1,5 biliões de dólares, através de um aumento da carga fiscal para quem ganhe mais de um milhão de dólares por ano (e que passa a ser taxado a 30 por cento, com o fim das Bush Tax Cuts e a implementação da Proposta Buffet) e quer apostar as obras públicas, a fim de renovar as infra-estruturas na América e dinamizar o emprego.

O Presidente prevê uma verba de 500 mil milhões de dólares na próxima década para investimento público, sendo que quase metade (231 mil milhões) virá dos cortes na Defesa, decorrentes do fim das missões militares americanas no Iraque e no Afeganistão, até ao fim do próximo ano.

A mudança demora, mas uma parte dela estará neste tabuleiro: Obama cumprirá a promessa de sair do Iraque e do Afeganistão no seu primeiro mandato e foca-se no essencial: a recuperação económica, baseada no apoio à classe média e ao americano comum, com verbas que voltam a ser colocadas na criação de emprego – e não em gastos brutais em guerras em que os EUA não poderiam estar eternamente.

‘Back to basics’? Esperemos que sim.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Alerta laranja para Mitt Romney


Rick Santorum e Mitt Romney: o antigo senador da Pensilvânia agarrou o "momentum" e já lidera as sondagens nacionais. Se vencer o duplo combate Arizona/Michigan, coloca o favoritismo de Romney em zona de risco total - e obriga Mitt a jogar tudo na Super Terça-Feira

Alerta laranja para Mitt Romney

Por Germano Almeida



Parece que a tese do ‘anyone but Romney’ tinha mais consistência do que muita gente pensou. A tripla vitória de Rick Santorum no Minnesota/Colorado/Missouri foi o primeiro grande sinal de alarme, mas podia ter sido apenas um voto de protesto da base conservadora, perante a falta de opções.

Só que os problemas da candidatura de Mitt Romney são mais profundos. A cartada económica já não é tão preponderante do que há uns meses, perante a recuperação da Administração Obama (taxa de desemprego a descer há vários meses, confiança dos agentes económicos a crescer).

Se é certo que Mitt tem as melhores credenciais na parte da gestão e no meio empresarial entre as quatro opções ainda no terreno, a verdade é que a base do eleitorado republicano e, sobretudo, os entusiastas da ala radical (Tea Party) continuam mais sensíveis às questões ideológicas e mais dispostos a discutir valores como «a liberdade», o «ser americano», o «respeito pela Constituição», as «questões morais» e, nesses planos, Rick Santorum oferece um argumentário mais atractivo aos segmentos mais radicalizados do Partido Republicano. Definitivamente, 2012 parece ser o ano da viragem à direita de um Grand Old Party (GOP) que, há apenas quatro anos, foi capaz de nomear o candidato mais moderado e com um perfil rebelde de ‘maverick’: John McCain.

Olhem para o Michigan
Nem o triunfo no Maine foi suficiente para travar a ideia de derrapagem de Romney.

Num estado com tudo para lhe ser favorável (moderado, Costa Leste, com pouca influência da Direita radical), Mitt venceu por curta diferença (39-36) em relação a Ron Paul, o candidato da sensibilidade libertária.

Os olhos estão, por isso, postos no duplo teste Arizona/Michigan, no próximo dia 28. As sondagens em ambos os estados parecem confirmar os sinais de alarme para Romney:

Mitt lidera no Arizona, mas por uma curta diferença; e no Michigan, Rick Santorum aparece à frente, sendo que nalgumas sondagens a vantagem do antigo senador da Pensilvânia sobre o ex-governador do Massachussets passa os dois dígitos.

Ainda que a mera soma de delegados em jogo não seja particularmente significativa, a verdade é que o duplo combate Arizona/Michigan ganha uma enorme importância para se definir o resto da corrida à nomeação presidencial republicana.

Ambos os estados vão a jogo a apenas uma semana da Super Terça-Feira, a 6 de Março.

Tudo indica que essa data vá ser decisiva para Newt Gingrich: se não vencer na Geórgia e no Ohio, dificilmente continuará na corrida. O ex-speaker do Congresso não foi capaz de capitalizar o triunfo na Carolina do Sul e, depois do desastre que têm sido os últimos resultados (sobretudo na noite da tripla vitória de Santorum), até já recebeu apelos de sectores republicanos para desistir da corrida.

Não há sinais que pretenda sair de cena até à Super Terça-Feira, mas a verdade é que poderá ser obrigado a fazê-lo nessa mesma noite (sem duas grandes vitórias, ficará sem dinheiro para continuar na batalha).

Mas não é só Gingrich que está em perigo nos próximos dias. O próprio Romney ficará em muito maus lençóis se perder, no mesmo dia, no Arizona (estado onde, há poucas semanas, liderava com mais de 20 pontos de avanço) e no Michigan, estado onde nasceu e viveu até à adolescência e do qual o seu pai, George Romney, foi governador.

E há outro factor que convém antecipar: se Gingrich desistir mesmo, Rick Santorum fica na posição de agarrar todo o campo conservador. E isso, pelo menos até agora, tem significado a maioria dos votos e dos delegados. O que tem salvo, até agora, Romney é a dispersão dos votos à sua direita em Santorum, Gingrich e Ron Paul.

Mais surpresas?
A menos que Mitt logre uma recuperação notável nos próximos dias e vença claramente este duplo combate (cenário que não será de excluir, dadas as armas que Romney ainda tem no plano da máquina, do dinheiro e dos apoios do 'establishment'), começa a ser claro que a tese da «inevitabilidade» dificilmente continuará a colar.

O entusiasmo e o ‘momentum’ estão, por estes dias, do lado de Rick Santorum, que até passou à frente nas sondagens nacionais (39-27 sobre Romney no Rasmussen Reports, 36-26 no Gallup).

É preciso explicar que as sondagens nacionais reflectem, na prática, os efeitos dos resultados nos estados – e são esses, por isso, que devem ser mais valorizados nesta altura.

Quem tenha acompanhado esta estranhíssima corrida republicana desde os seus primórdios, não pode deixar de abrir a boca de espanto: Rick Santorum foi, nos primeiros tempos, o ‘underdog’, o menos notado dos sete que iniciaram a peleja.

Nos primeiros debates, a sua irrelevância era tal que quase nem o deixavam usar da palavra. As atenções dos media e dos moderadores estavam em Michele Bachmann, Herman Cain, Rick Perry e Newt Gingrich: ironicamente, os três primeiros já caíram, o quarto pode desistir em breve.

Será que exemplos como este abrem caminho à entrada de um candidato surpresa, mesmo numa fase tão avançada como esta? É muito improvável, mas há quem defenda essa tese, apelando a nomes como o governador Chris Christie, da Nova Jérsia, o congressista Paul Ryan, jovem estrela em ascensão do Partido Republicano e líder do Comité de Orçamento do Congresso, o governador do Indiana, Mitch Daniels, ou, para a ala mais radical, Sarah Palin.

Já será muito tarde para acreditar numa surpresa destas, mas a realidade matemática mostra que ainda só estão atribuídos 15 por cento dos delegados. Nunca se esqueçam: é mesmo tudo possível numa corrida presidencial americana…

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Romney venceu no Maine


Mitt Romney venceu os caucuses do Maine, estado da Costa Leste com características que o favorecem, por uma pequena diferença sobre Ron Paul: 39-36%.

Trata-se de um estado pequeno, não será significativa esta eleição para o resultado final. Mas depois da péssima semana em que perdeu três estados para Rick Santorum, Romney recupera uma certa dinâmica de vitória -- e conserva o estatuto de frontrunner.

MAINE

-- Mitt Romney 39%
-- Ron Paul 36%

-- Rick Santorum 18%
-- Newt Gingrich 6%


CONTAGEM DOS DELEGADOS
-- Romney 98
-- Santorum 44
-- Gingrich 32
-- Paul 20
(1.144 necessários para a nomeação)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Rick Santorum lança-se como ‘anti-Romney’


Rick Santorum teve três vitórias surpreendentes no Colorado/Minnesota/Missouri e lidera, pela primeira vez, as sondagens nacionais. Só que o seu ideário excessivamente conservador fá-lo ter poucas hipóteses de destronar um Romney que não entusiasma a base republicana, mas que é claramente mais "presidenciável"


Rick Santorum lança-se como ‘anti-Romney’

Por Germano Almeida


Quem disse que as primárias republicanas já estavam decididas?

Quando muitos já haviam entronizado antecipadamente Mitt Romney como o escolhido, eis que a noite do triplo concurso Colorado/Minnesota/Missouri baralhou tudo outra vez, ao dar enormes vitórias ao ultraconservador Rick Santorum.

O ex-senador da Pensilvânia venceu no Colorado por 3.600 votos, ganhou claramente no Minnesota, com quase o triplo da votação de Romney (21.985 de Rick, contra apenas 8.231 de Mitt, que só ficou em terceiro) e até venceu no Missouri, embora a atribuição dos delegados naquele estado só se faça a 17 de Março (em sistema de caucuses, numa altura em que a dinâmica da corrida já poderá ser diferentes).

Os surpreendentes resultados da última terça à noite mostram duas coisas: a base republicana está longe de estar convencida com Romney; mas, ao mesmo tempo, não é claro quem possa destronar o favoritismo de Mitt, atendendo à irregularidade revelada por Gingrich (que quase desapareceu nestes três estados) e Santorum (que parecia afastado da corrida depois da Florida/Nevada e agora renasce, subitamente).

Isso, isso, força Rick…
Enquanto o campo à direita de Romney se mantiver espartilhado, com Gingrich e Santorum a repartirem vitórias e Ron Paul a somar boas votações, Mitt não correrá o risco de perder o estatuto de ‘frontrunner’.

Mas se Gingrich não cumprir os mínimos na Super Terça-Feira, Rick Santorum, energizado com estas surpreendentes vitórias (já soma quatro, com o Iowa…) pode assumir todo o campo conservador ‘mainstream’ – e os dados da corrida podem alterar-se de forma dramática para Romney.

Isso seriam, diga-se, muito boas notícias para o Presidente Obama – que está à espera de defrontar Mitt Romney em Novembro, mas que, num duelo com Rick Santorum, ganharia facilmente. Rick é demasiado à direita, mesmo para a realidade político-social da América. Foca em demasia o seu discurso nos temas sociais, diz que Obama, ao apostar em políticas federais que aumentam o peso do Governo, se intromete na «relação directa de Deus com o povo».

Os independentes e o eleitorado moderado dos dois partidos, nesse cenário, prefeririam claramente um segundo mandato de Obama a um nomeado republicano tão declaradamente “right wing”.

“Boston, we have a problem!”
Começa a ser o… paradoxo Romney: Mitt continua a parecer o nomeado quase inevitável (tem mais dinheiro que Santorum numa relação de quase dez para um; tem mais experiência; tem o apoio da máquina e do ‘establishment’ republicano), mas há uma claro problema na forma como a campanha de Mitt está a correr.

Apesar de liderar com avanço confortável a contagem dos delegados e o voto popular, Romney revela muitas dificuldades em se mostrar um candidato abrangente no eleitorado republicano.

Mitt, que havia ganho no Colorado em 2008 com 60% dos votos, e no Minnesota com 41%, teve derrotas copiosas nesses dois importantes estados.

E são dois casos especialmente preocupantes para a capacidade de Romney poder agarrar o eleitorado do seu próprio partido: no Minnesota, ficou em terceiro, atrás do ‘outsider’ Ron Paul, e apesar do apoio do governador Tim Pawlenty; no Colorado, a derrota de Mitt para Santorum obrigará os estrategas de Romney a reflectir profundamente. Não por acaso, nos últimos dias foi ouvida a frase: “Boston, we have a problem!”

O Colorado tinha tudo para ser um estado favorável ao ex-governador do Massachussets: não por acaso, Romney montou as suas bases em Denver na noite do triplo concurso eleitoral.

É certo que os dados deste jogo continuam a parecer favoráveis às pretensões de Romney: é o único candidato com dinheiro e capacidade para discutir todos os estados; revela excelentes perspectivas de vitórias já no Arizona e no Michigan (no Arizona, tem o apoio de John McCain, o Michigan é um dos estados onde quase joga em casa, dado que o seu pai foi lá governador na década de 60).

Mas Mitt já não se livra do estigma de ser um candidato pouco amado pela base do seu próprio partido – e os resultados mostram que está a fazer uma campanha mais fraca do que a que fez há quatro anos, sendo que, em 2008, acabou por perder a nomeação para John McCain e, quando desistiu, até tinha menos delegados do que o ultra-conservador Mike Huckabee.

Gingrich joga tudo na Super Terça-Feira
Newt Gingrich tentou ser o “claro conservador”, em contraponto com um “moderado do Massachussets”, pós Carolina do Sul.

Mas os maus resultados na Florida e no Nevada furaram-lhe os planos. E a tripla vitória de Santorum complicou definitivamente a estratégia de bipolarização Romney ‘vs’ Gingrich que o ex-speaker do Congresso tentou lançar.

Sabendo que iria ter resultados meramente simbólicos no triplo concurso Colorado/Minnesota/Missouri, Newt antecipou-se e ainda antes da confirmação dos sucessos de Santorum, tentou desvalorizar o que se iria passar nessa noite e, em entrevista a Wolf Blitzer, na CNN, apontou baterias para o Arizona/Michigan e, sobretudo, para a Super Terça-Feira.

O dia 6 de Março será, claramente, o ‘sim ou sopas’ para Newt Gingrich. Se não tiver grandes vitórias em estados como a Geórgia ou o Ohio, poderá ter que abandonar a corrida.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Edição Internacional - Rádio Renascença

Participei ontem no "Edição Internacional", programa da Rádio Renascença, com o José Bastos e o Nuno Gouveia, do "Era Uma Vez na América".

Tema: as primárias republicanas e o resto da corrida presidencial norte-americana.


Aqui vai o link do programa:
http://rr.sapo.pt/informacao_prog_detalhe.aspx?fid=81&did=49988&infaz=000

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Obama 51/Romney 45


Sondagem ABC/Washington Post: Obama 51/Romney 45;
Obama 54/Gingrich 43

(dados recolhidos entre 1 e 4 de Fevereiro de 2012)

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: Romney já pisca o olho aos conservadores


O Nevada confirmou o favoritismo de Mitt Romney, que parece inapelavelmente lançado para a nomeação republicana. A Super Terça-Feira, daqui a um mês, deve fechar a corrida, a menos que, até lá, Newt Gingrich consiga um milagre


Romney já pisca o olho aos conservadores

Por Germano Almeida


O Nevada confirmou o momentum de Romney e deu mais uma vitória por números ainda mais folgados do que tinha sido o enorme triufo de Mitt na Florida.

Já poucos duvidam da nomeação do ex-governador do Massachussets, mas é ainda muito cedo para declarar encerrada esta corrida presidencial republicana.

Newt Gingrich está disposto a prolongar a batalha até onde puder – mesmo sabendo que o caminho para uma reviravolta se torna difícil imaginar, neste momento.

Romney tem mais dinheiro, uma máquina mais mobilizada e parece ter agarrado muito melhor do que o ex-speaker do Congresso os dois temas que, tudo indica, irão dominar esta corrida presidencial norte-americana de 2012: a Economia e o que fazer para evitar o «declínio da América».

Cumpridas que estão as cinco primeiras etapas, num total de 50, há uma clara tendência a identificar: Romney está muito mais forte nos estados maiores, mais heterogéneos e com uma distribuição demográfica mais variada; Gingrich tem o seu território confinado aos estados mais conservadores, com pendor religioso mais acentuado e, geograficamente, mais a Sul.

Essa dualidade foi clara nos resultados na Carolina do Sul (grande vitória de Gingrich) e na Florida (o maior estado até agora disputado, com uma forte comunidade hispânica e que deu a Romney um empurrão que pode ter sido decisivo para o resto das primárias).

Os milhões estão a favorecer Mitt
O gordo triunfo de Mitt no caucus do Nevada já era esperado: trata-se de um estado com uma forte comunidade mórmon, vizinho do Utah, onde Romney já havia ganho em 2008.

Mas a esmagadora vitória na Florida, dias antes, terá ajudado ainda mais à noção de «inevitabilidade» de Romney.

O duelo no sunhine state foi duro e chegou a baixar a níveis que, mesmo numas primárias americanas, só costumam ser atingidos numa fase mais terminal da corrida. A escalada de milhões gastos pelos campos de Romney e Gingrich (quer pelas campanhas oficiais quer pelas Super PAC’s que apoiam cada um dos candidatos) tornou o teor dos anúncios especialmente agressivo – mas Mitt acabou por sair claramente vitorioso da peleja.

Não é só o momentum político e mediático que favorece Romney. São as próprias mensagens de campanha: Romney já assesta baterias contra o Presidente, dizendo que o «tempo de Obama está a acabar». «Senhor Presidente, este tempo exigia liderança. Em vez disso, o senhor preferiu seguir em frente. Agora, chegou a altura de sair do caminho», lançou Mitt.

O Nevada mostrou ainda que Santorum é uma carta fora do baralho nesta corrida, mas está a prejudicar os interesses de quem pretende unificar a direita em torno de Gingrich: com 11%, impede Newt de se aproximar de Romney, esbatendo assim a noção, que Gigrich pretendia passar, de esta ser «uma corrida entre o conservador Gincrich e um moderado do Massachussets» (referência Romney).

Os conservadores estão a ceder
Os triunfos nas urnas estão a ajudar ao processo de «legitimação» de Romney junto do eleitorado conservador – que até ao início das primárias olhou para Mitt com reserva e, até, alguma desconfiança.

Depois de somar apoios junto do establishment do Partido Republicano, há uns dias aconteceu o que, até há uns meses, parecia impensável: o multimilionário Donald Trump (que alimentou esperanças de ser, ele próprio, o candidato imposto pelo Tea Party ao Partido Republicano) deu apoio a Romney. Se nos lembrarmos das diferenças no tom e nas ideias entre os dois, só podemos concluir que a explicação reside na tal «inevitabilidade» de Romney.

O ascendente de Mitt sobre Gingrich está a ajudar, aliás, Romney a piscar o olho aos conservadores. Na Florida, o ex-governador do Massachusset bateu Gingrich junto de eleitores do Tea Party, algo que parecia impossível há poucas semanas.

Mesmo assim, este é um processo ainda pouco linear: mesmo na Florida, 40 por cento dos eleitores republicanos, enquanto davam a Romney uma clara vitória nas primárias, respondiam numa sondagem que «veriam com bons olhos uma candidatura surpresa», em sinal de não estarem completamente convencidos com a investidura de Mitt.

Até à Super Terça-Feira, a 3 de Março, seguem-se um conjunto de estados não muito significativos na contagem dos delegados, mas que deverão reforçar a ideia de claro favoritismo de Romney: Minnesota, Maine, Missouri, Colorado, Arizona e Michigan.
Se no Minnesota, Maine, Colorado e Michigan o triunfo parece inevitavelmente pender para Mitt, Gingrich vê-se obrigado a vencer no Arizona, se quiser chegar à Super Tuesday com uma réstia de esperança em prolongar o duelo.


CAUCUS DO NEVADA
-- Mitt Romney 48%

-- Newt Gingrich 23%
-- Ron Paul 18%
-- Rick Santorum 11%

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

245 mil postos de trabalho criados em Janeiro



Desemprego continua a descer nos EUA: está agora nos 8.3%, o valor mais baixo dos últimos três anos. Só em Janeiro, foram criados 243 mil postos de trabalho na América.


Bons sinais para a reeleição de Obama



«The pace of job creation surged in January, with the US economy generating 243,000 new positions while the unemployment rate dropped to 8.3 percent, according to government data released Friday.


Both numbers were far better than consensus, which expected a growth of 150,000 jobs and a steady unemployment rate of 8.5 percent.

The stock market rallied on the jobs news, with gains of better than 1 percent, while bond yields surged as well to push the benchmark 10-year Treasury to 1.93 percent.

"What’s not to like about the report?" said Andrew Wilkinson, chief economic strategist at Miller Tabak in New York. "Not only did payrolls exceed forecasts...but between the November and December revisions employers added 160,000 more jobs than first thought."

The overall work week remained unchanged at 34.5 hours while wages rose an average of four cents an hour to $23.29.

On the downside, the closely watched labor-force participation number, which can skew the unemployment rate, fell to 63.7 percent, the lowest since May 1983. The number of those working part-time for economic reasons rose 1.2 percent.

The January numbers can be volatile as the Bureau of Labor Statistics makes seasonal adjustments. This year's round produced 1.25 million fewer people in the workforce in December, a number that drew some focus as evidence that the drop in the jobless rate could be misleading.

"Looking beyond these statistical quirks, watching the unemployment rate drop five months in a row is rare event, and our expectation is that the unemployment rate rises in the immediate-term," said Neil Dutta, economist at Bank of America Merrill Lynch.

Job gains have been concentrated primarily in the service sector, particularly in retail and the food and beverage industries. Warehousing, manufacturing, mining and health care also have participated.


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Current DateTime: 05:38:38 03 Feb 2012
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True to form, services were responsible for 162,000 of the January swell, with manufacturing payrolls growing 50,000. Government cuts subtracted 14,000 from the total. Retail has added 390,000 jobs since December 2009, while durable goods manufacturing is up 418,000 over the past two years, according to government figures.

"The pattern is definitely indicating the economy is improving," Alan Kreuger, chairman of President Obama's Council of Economic Advisors, told CNBC.

With a bruising presidential campaign yet to come and both sides jockeying for position on the economy, Republicans scoffed at the gains and said the economy still needs repair.

"Our economy remains unacceptably weak, and families across the country are still struggling to make ends meet,” Republican National Committee Chairman Reince Priebus said in a statement.

The total number of unemployed fell below 13 million for the first time since February 2009, while the total amount of employed Americans rose to 141.6 million, an increase of 847,000 from December.



The unemployment rate was last this low in February 2009 as well.

"The real kicker is not the additional 200-plus thousand that got a job. That's certainly going to help, but it's the other 92 percent that have been employed," said James Paulsen, chief market strategist at Wells Capital Management in Minneapolis. "They'll step up a little bit more because they feel more comfortable about things. That's a little juice to the economy."

Several economists noted that a jump in courier workers during the holiday season that was expected to be temporary did not appear to impact the January numbers.

Unemployment for blacks plunged from 15.8 percent to 13.6 percent, while the rate for Hispanics fell from 11.0 percent to 10.5 percent. The teen unemployment rate rose one-tenth to 23.2 percent.

The so-called real unemployment rate, which measures discouraged workers as well and is referred to as the U-6, nudged lower to 15.1 percent.



Long-term unemployment, though, remains a problem, with the duration dropping from a near-record 40.8 weeks to 40.1 weeks.

Also, the level of discouraged workers surged, rising 7 percent to its highest level since December 2010.

Job growth remains one of the two missing pieces of the recovery puzzle, even though the rate has been on a steady trek lower.

In December, the economy created 203,000 jobs (revised from an originally reported 200,000) and the unemployment rate slipped to 8.5 percent, well off its 10 percent cycle peak in October 2009.

November's payroll number also was revised, from 100,000 to 157,000. Revisions overall for 2011 added about 180,000 jobs to the initial monthly reports.

The monthly jobs report generally draws considerable trader reaction, which as of late has been all negative. The Standard & Poor's 500 [.SPX 1343.64 18.10 (+1.37%) ] has fallen the last eight months on the first Friday of the month when the nonfarm payrolls account is released. This has been true even when the market beats expectations, with the index averaging a decline on the 10 strongest performances against expectations since 1998, according to Bespoke Investment Group.»

(in CNBC.com)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Histórias da Casa Branca: A pergunta depois da Florida - haverá mesmo alternativa à nomeação de Romney?


A vitória esmagadora na Florida recolocou Mitt Romney na rota da «inevitabilidade»: mesmo sem convencer a base conservadora, não se vê outra hipótese que não seja a da coroação do mais elegível dos candidatos republicanos


A pergunta depois da Florida:
haverá mesmo alternativa à nomeação de Romney?


Por Germano Almeida

Ainda é muito cedo para se declarar um vencedor e todos sabemos como as corridas presidenciais americanas são férteis em surpresas de última hora.

Mas a clara vitória de Mitt Romney na Florida reforçou a ideia de que será difícil imaginar outro cenário que não seja o da nomeação do ex-governador do Massachussets.

Mitt, um mórmon com fortes raízes familiares à igreja da qual já foi pastor, está longe de convencer a base conservadora, maioritariamente evangélica? É um facto.

As credenciais centristas do antigo governador de um dos estados mais liberais dos EUA, o Massachussets, fazem a Direita americana franzir a sobrancelha perante a coroação de um candidato “too moderate” para os anseios republicanos? Também parece ser esse o caso.

Só que a longa disputa pela nomeação presidencial do Partido Republicano tem um objectivo dominante: escolher o candidato que poderá reunir melhores condições de vencer a eleição geral em Novembro.

E as sondagens mostram que Mitt Romney é de longe, entre os candidatos que restam nesta bizarra disputa republicana, o que tem mais hipóteses de bater o Presidente Barack Obama.

Apesar de derrapagem na Carolina do Sul (batalha onde quase tudo jogou contra as hipóteses de Mitt: as características do eleitorado, os apoios de última hora a Gingrich, o caso da declaração de rendimentos desconfortavelmente alta….), a verdade é que os pilares que sustentam esta corrida se mantêm actuais: Romney é o candidato mais sólido, mais capaz de agarrar o eleitorado moderado e fazer ceder os mais radicais – e é, também, o candidato com mais dinheiro e melhores apoios no terreno.
Comparada com o Iowa, o New Hampshire -- e mesmo com a Carolina do Sul -- a Florida é um estado muito maior.

Vale 50 delegados na Convenção Republicana, tem um sistema “winner takes all” – e independentemente do que tivesse ocorrido antes, quem vencesse o “sunshine state”, passaria fatalmente para a liderança da corrida.

Com esta clara vitória de Romney, o «efeito Carolina do Sul» que parecia ter relançado Gingrich desvaneceu-se quase na hora.

A história dominante volta a ser a de uma «quase inevitabilidade» da nomeação de Romney – o candidato que não convence o seu próprio partido, mas que visto de fora é o menos… assustador.

Tim? Rudy? Mitch? Agora é tarde…
Olhando para o avanço que Romney pode vir a ter em breve (as próximas corridas são Maine, Nevada, Colorado e Minnesota, tudo estados onde Mitt parte com clara vantagem), vale a pena perguntar: no que estarão, neste momento, a pensar Tim Pawlenty (“terei desistido demasiado cedo?”), Rudy Giuliani ou mesmo Mitch Daniels (“porque diabo não aceitei avançar?”, pensarão o ex-mayor de NY e o governador do Indiana).

É que, neste quadro profundamente favorável à nomeação do candidato mais «moderado» (mesmo sem o entusiasmo do Tea Party e da ala dura do GOP), Mitt Romney parece estar a aproveitar, de mão beijada, o espaço deixado por outras hipóteses que optaram por não ir a jogo – receosos, talvez, do ambiente especialmente agressivo que o Tea Party foi preparando nos últimos dois anos.

Com uma máquina preparada desde 2008, Mitt Romney ganhou embalagem com as primárias de há quatro anos e, na verdade, nunca deixou de estar em campanha, desde aí, sempre com o olhar em 2012.

Identificando a viragem do Partido Republicano à direita – contagiado pelo Tea Party e atiçado pela reacção anti-Obama pós-2008 – Mitt Romney foi corrigindo o discurso em pontos que lhe seriam especialmente sensíveis (a tolerância que mostrou, anos atrás, sobretudo quando era governador do Massachussets, a temas como o aborto e os direitos dos homossexuais) e apresentou-se como um candidato mais sintonizado com o “core” dos valores republicanos.

O seu excelente resultado na Florida prova três coisas: por muito que Newt Gingrich se reivindique como o herdeiro dos «verdadeiros conservadores» nesta corrida, é Mitt quem mostra maior capacidade de vencer nos estados-chave; o perfil empresarial de Romney tem mais a ver com o que está em causa nesta corrida; os rios de dinheiro que Mitt despejou na corrida da Florida (ultrapassou Gingrich numa relação de… cinco para um) foram importantes para travar a ideia de que ainda havia espaço para uma “reviravolta conservadora”).

E agora, Newt?
É certo que só estão atribuídos cerca de dez por cento dos delegados. Mas o calendário eleitoral não parece dar espaço a viragens dramáticas no curso de Romney para a nomeação.

Gingrich dificilmente discutirá uma vitória com Mitt nos estados em jogo até à Super Terça-Feira. É certo que Newt ainda tem muito por onde apostar (terá vantagem nos estados do Sul e na chamada “Bible Belt”), mas teria que somar muito mais dinheiro para poder disputar a nomeação com hipóteses mais reais de vitória.

Não chega lançar o mantra do “anything but Mitt”. Newt não se terá livrado o estigma de ser um candidato do passado. E assumir-se como o candidato religioso, dos «valores», não é, propriamente, o fato que melhor serve a um Gingrich acossado pelas acusações das ex-mulheres (na mesma altura em que, como speaker, exigia a destituição do Presidente Clinton pelo caso com Monica Lewinsky, propunha à segunda ex-mulher uma… “relação aberta” no casamento para evitar um escândalo de divórcio, porque já matinha um relacionamento extra-conjugal com aquela com Callista, que é hoje a sua mulher…)

Matematicamente, tudo ainda é possível neste imprevisto duelo entre Mitt Romney e Newt Gingrich.

Mas não se vislumbra um caminho viável para a tese de uma histórica recuperação de Newt. Não por acaso, o discurso de vitória de Romney na Florida foi quase exclusivamente focado nas críticas a Obama e já não nas diferenças com Gingrich.

A Florida, que em 2000 foi dramaticamente decisiva para a derrota de Al Gore para George W. Bush na eleição geral, pode ter entrado para a história da corrida republicana de 2012 como o momento que traçou, mesmo que com alguns meses da confirmação oficial, a vitória de Mitt Romney.


RESULTADOS FINAIS NA FLORIDA

Mitt Ronney: 46% (50 delegados para Romney)
Newt Gingrich: 32%
Rick Santorum: 13%
Ron Paul: 7%