sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Histórias da Casa Branca: Empate no duelo dos 'vices'


TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 12 DE OUTUBRO DE 2012:

Empate no duelo dos ‘vices’

Por Germano Almeida



«O debate vice-presidencial entre Joe Biden e Paul Ryan pode ter como sentença um empate. Os números dois dos tickets presidenciais de 2012 tiveram um duelo vivo, dinâmico e sumarento, que elevou o tom desta corrida.



Foi hora e meia de discussão acesa, com factos bem apresentados, sustentados com números e a lição bem estudada pelos dois candidatos.



Joe Biden foi eficaz na tarefa de apagar a atitude excessivamente defensiva de Barack Obama no primeiro debate com Romney. O número 2 do ticket democrata passou ao ataque, falou dos «47%» de Romney, criticou as propostas fiscais dos republicanos.



Paul Ryan, muito bem preparado, mostrou-se sólido mesmo nos temas de política externa, nos quais não tem experiência, e onde Biden é especialista. Foi um duelo vivo, por vezes agressivo. Ajudou a perceber as diferenças e agradou às bases dos dois campos.



O debate do Kentucky não vai decidir as eleições, mas ajudará a elevar o tom do debate e abre o apetite para o duelo Obama/Romney em Hempstead, na próxima terça-feira.



São dois políticos muito diferentes: Joe é 27 anos mais velho que Paul; posiciona-se numa ala claramente liberal do Partido Democrata, enquanto Ryan é o líder ideológico da maioria republicana na Câmara dos Representantes.



Num ano marcado pelo clima divisivo em Washington, os dois candidatos a vices têm visões claramente diferentes sobre temas cruciais para a América neste momento: propostas fiscais, o que fazer ao Medicare? Como lidar com a ameaça nuclear iraniana?



Tradicionalmente, o debate dos vices não conta muito para a decisão das eleições. Basta dizer que, em 1988, Lloyd Bentsen, candidato a vice do democrata Mike Dukakis, arrasou o número dois de George W. Bush (Dan Quayle), no debate televisivo, mas nas urnas o ticket republicano ganhou facilmente, arrecadando 40 a vitória em 40 estados.



O debate do Kentucky não vai decidir as eleições. Mas ajuda a elevar o tom duelo: quem o viu, ficou a perceber melhor as diferenças claras que existem nas visões das duas candidaturas.



Democratas mais sorridentes

Depois do desempenho insuficiente de Obama no primeiro debate presidencial, era fundamental que Joe Biden tivesse uma prestação convincente – e teve-a.



Foi aos detalhes, atacou o adversário nos pontos que os democratas consideram que Obama devia ter feito há dias a Romney: desde cedo se percebeu que a estratégia democrata para Joe neste debate era a de mostrar, logo nos primeiros minutos, que desta vez as luvas eram para calçar.



Biden cumpriu o que as hostes democratas lhe exigiam: que mantivesse a chama viva e ajudasse a travar o ‘momentum’ ganho pelos republicanos depois do triunfo de Romney sobre Obama, em Denver.



Ryan mais controlado

Se Joe Biden marcou pontos nas críticas feitas ao adversário e na qualidade da argumentação exposta, a verdade é que pode ter prejudicado a sua imagem ao exagerar nos sorrisos cínicos e nas interrupções ao opositor.



Paul Ryan mostrou-se mais controlado, a respeitar as regras do debate, com uma postura mais responsável. Fixou-se nas ideias, mostrou-se muito bem preparado (terá feito, nas últimas semanas, nove simulações de tempo real deste debate) e sublinhou alguns dos pontos mais fortes do seu número 1: a experiência na Economia, o perfil de ‘job creator’.



Tudo somado, o debate dos ‘vices’ deve ser sentenciado com um empate técnico. O risco era maior para Joe Biden, se tivesse uma derrota com a dimensão que Obama sofreu há dias. Os democratas sentem-se aliviados, mas a energia, por estes dias, continua do lado republicano.



Faltam 25 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos

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