quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Histórias da Casa Branca: Novo fôlego de Romney relançou a corrida


TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 9 DE OUTUBRO DE 2012:


Novo fôlego de Romney relançou a corrida

Por Germano Almeida



«Falta menos de um mês para a grande eleição e parece que a corrida foi relançada. Chris Christie, o governador republicano da Nova Jérsia, bem tinha dito que «o primeiro debate iria provocar uma total alteração dos dados desta corrida».



Antes do debate presidencial do Colorado, quase todas as probabilidades jogavam a favor do Presidente. Havia, até, um sentimento de descrença a criar-se no campo republicanos: será que Mitt Romney tinha mesmo sido a melhor escolha para defrontar Obama?



Mais persuasivo junto do americano médio, a gozar os rendimentos políticos de uma Convenção bem-sucedida (sobretudo com o brilhante discurso de Bill Clinton), Barack Obama parecia lançado para uma reta final relativamente tranquila, a caminho da reeleição.



Depois do primeiro debate presidencial, os dados mudaram. Mitt Romney conseguiu afastar muitos dos fantasmas que ensombravam a sua pretensão presidencial.



Não surgiu no debate como um «elitista descolado dos reais problemas do americano médio». E enfrentou as críticas de que as suas propostas prejudicariam a classe média, garantindo, face a face com o Presidente, que ele sim defenderá uma «classe média esmagada por quatro anos de Administração Obama».



A campanha de Obama tratou, nos dias seguintes ao duelo de Denver, de desmontar algumas das asserções feitas por Romney, mas a novidade está lançada.



Os estrategas republicanos já tinham avisado há muito: não vão deixar que «os factcheckers» estraguem os seus argumentos – mesmo que eles não passem no teste da realidade.



No debate de Denver, Romney jurou a pés juntos que o seu plano fiscal não implicará um corte de cinco biliões de dólares na receita. Todos os estudos independentes garantem que vai mesmo implicar.



Se, no plano do estilo e da forma, foi claro que Mitt Romney foi mais convincente do que Barack Obama, a verdade é que o debate de Denver reforçou, no conteúdo, duas coisas.



Por um lado, que os dois candidatos são tendencialmente mais cautelosos e pragmáticos do que os campos que representam. Tanto Obama como Romney admitiram que, em matérias essenciais para o sistema, chegam a estar de acordo (como na Segurança Social).



Regressar ao essencial

Por outro lado, as visões dos dois nomeados foram claramente expostas: Romney insiste na tecla do sucesso individual e da crítica ao peso excessivo do Estado; Obama elogia as virtudes do investimento público (sobretudo em áreas como a Saúde e da Educação) e coloca as funções do Governo federal como determinantes para «dar oportunidades a todos».



Em resumo, na visão de Romney, «o excessivo peso do Governo está a matar o sonho americano». Obama, em contraponto, acredita que «o sonho americano só pode sobreviver à crise se o Governo der uma ajuda».



Esta diferença de visões é fundamental para se perceber o clima divisivo desta eleição. E acaba por ser a questão fulcral para se determinar quem vai votar em quem.



Perante um cenário de grande equilíbrio, as quatro semanas finais podem acentuar estas diferenças. E isso favorece o argumento usado por Obama na parte final de debate de Denver, acusando Romney, um conservador tradicional, de se ter «deixado contagiar pelos extremistas do Partido Republicano». E energiza, sobretudo, as críticas dos comentadores ultraconservadores, com tanto espaço mediático em palcos como a Fox News, a destilar ódio sobre Obama, que na sua visão é «o mais liberal dos Presidentes americanos» e que «precisa de um teleponto para falar».



Faltam 28 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»

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