domingo, 18 de novembro de 2012

Histórias da Casa Branca: o estado da corrida


Texto publicado a 5 de novembro de 2012, no site tvi24.pt


HISTÓRIAS DA CASA BRANCA: O ESTADO DA CORRIDA

Redacção, Germano Almeida, em Washington D.C.*
Uma eleição presidencial norte-americana é uma maratona de quase dois anos, em que os dois candidatos têm que reunir apoios, montar logísticas, somar dinheiro e disputar argumentos.

Mas há um fator que, por vezes, é subestimado e que poderá ser decisivo na definição desta eleição tão renhida: a matemática.

Isso mesmo: quem quiser ser eleito Presidente dos EUA, tem que saber jogar com a matemática eleitoral dos estados em disputa. E, nesse plano, a campanha de Obama andou sempre um pouco à frente da de Romney - em parte também pela vantagem que teve de não ter que disputar uma longa e desgastante época de primárias.

Ohio, Ohio, Ohio. Mas também a Florida e a Virgínia. Obama tem uma rota muito mais facilitada para atingir os 270 Grandes EleitoresNa véspera da grande decisão, os números apontam para uma corrida renhida, mas para uma vantagem de Barack Obama no Colégio Eleitoral. Dos 538 Grandes Eleitores em disputa, e eleito Presidente quem somar pelo menos 270.

A questão está, por isso, em perceber que rota tem os dois candidatos para chegar a esse número mágico que garante a eleição para a Casa Branca.

As contas para o Presidente são bem mais fáceis de se fazer. Parte de uma base de 201 Grandes Eleitores e tem várias opções para ultrapassar a barreira dos 270. Com o Ohio, será bem mais fácil. Se ganhar o buckeye state, Obama soma 18 votos eleitorais, que a par das prováveis vitórias no Michigan (16), Iowa (6), Wisconsin (10) e Pensilvânia (20), perfaz 271.

Mas há mais opções vantajosas para o Presidente. Ainda poderá pôr na calculadora os quatro votos eleitorais do New Hampshire (corrida empatada, mas com mínima vantagem de Obama), Virgínia (13 votos, ligeira vantagem de Obama), Nevada (6 votos, ligeira vantagem de Obama), Colorado (9 votos, empate técnico), Carolina do Norte (15 votos, mínima vantagem de Romney) e, é claro, a Flórida (29 votos, mínima vantagem de Romney, com Obama a aparecer à frente em algumas sondagens nos últimos dias).

Quer isto dizer que quem vencer no Ohio, provavelmente ganha a eleição. Mas quer, sobretudo, dizer que Obama tem um caminho muito mais facilitado para a eleição do que Romney, mesmo que falhe o mais desejado dos battleground states.

Para Romney, o quadro é bem mais complexo. O republicano está obrigado a ganhar no Ohio, uma vez que não se afigura nada provável na Pensilvênia, no Wisconsin e no Michigan. E Romney tem outromust-win-state: a Flórida. Se perder no sunshine state, perderá, certamente, a eleição - mesmo que ainda consiga puxar o Ohio para a coluna republicana.

Romney recuperou, nos últimos dias, em estados como o Nevada, o Colorado, o New Hampshire ou o Iowa. Mas mesmo que vença estas quatro batalhas (cenário quase impossível, o mais provável é que consiga obter um ou dois desses estados no máximo), isso não lhe chega para atingir os 270. Nenhum republicano foi eleito Presidente sem vencer no Ohio. Mesmo que Romney o consiga, isso pode não chegar.

E há o caso especial da Virgínia. Obama terminou, em 2008, com um jejum democrata de 44 anos. Desta vez, prevê-se duelo muito renhido. Se o Presidente mantiver a Virgínia, uma recuperação de última hora de Romney no Ohio pode ser inútil para os republicanos.

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