TEXTO PUBLICADO NO SITE TVI24.PT, A 30 DE NOVEMBRO DE 2012: 
É tradição, na política americana, que as administrações mudem boa parte
 da sua composição, do primeiro para o segundo mandato de cada 
Presidente. 
Aconteceu com Reagan, com Clinton, com Bush filho - e voltará a acontecer com Obama.
Três
 semanas depois da reeleição, e quase dois meses da tomada de posse, é 
já certo que a segunda Administração Obama sofrerá alterações de relevo.
Entre
 os quatro postos politicamente mais influentes (Diplomacia, Defesa, 
Tesouro e Justiça), só Eric Holder está confirmado para segundo mandato 
como «attorney general».
Na Defesa, Leon Panetta (que substituiu Robert Gates a meio do primeiro mandato de Obama, vindo da CIA) está de saída. 
Apontam-se
 três pesos pesados de Washington para uma sucessão difícil, atendendo 
aos cortes profundos que o Pentágono está a preparar.
A hipótese 
mais forte é John Kerry, senador pelo Massachussets, nomeado 
presidencial em 2004 e um dos membros do Capitólio com maiores 
credenciais em política externa. Kerry é forte apoiante de Obama e na 
campanha de 2012 desempenhou o papel de Romney, na preparação para os 
debates.
Jack Lew, atual ¿chief of staff¿ da Casa Branca, é outro
 nome falado. Mas Obama pode vir a escolher para o Pentágono uma velha 
amizade: Dick Lugar, republicano moderado, que tem o respeito dos 
democratas por nunca ter alinhado na deriva direitista do GOP dos 
últimos anos. 
Um dos senadores mais experientes do Capitólio, 
Lugar foi dos primeiros a apostar em Obama, apesar de ser do partido 
rival: quando o então jovem Barack chegou ao Senado, em janeiro de 2005,
 teve a oportunidade de trabalhar com o ¿decano¿ senador republicano 
numa proposta bipartidária de desarmamento nuclear. 
Dick está de
 saída de Washington, depois de não ter conseguido, sequer, a nomeação 
republicana para concorrer pelo Indiana (perdeu as primárias para Todd 
Akin, o tal que disse que as mulheres tinham «formas naturais de abortar
 depois de uma violação). 
Se Obama optar por Lugar para 
secretário da Defesa, dá fortíssimo sinal aos dois campos políticos de 
que pretende  chegar a plataforma bipartidária, depois do grave impasse 
político do primeiro mandato. 
Nas finanças, Tim Geithner 
manter-se-á até à tomada de posse, mas já informou o Presidente que não 
está disponível para segundo mandato. Larry Fink (CEO da BlackRock) e 
Roger Altman (presidente da Evercore Partners) seriam duas escolhas para
 agradar a Wall Street, mas corre em Washington a tese de que Obama tem 
excelente oportunidade para dar um «toque feminino» às contas públicas 
americanas. 
E há boas opções se for uma mulher a mandar no 
Tesouro: Christina Rohmer (a principal conselheira económica da primeira
 Administração Obama), Laura D¿Andrea Tyson (conselheira na 
Administração Clinton) ou Janet Yellen (adjunta de Ben Bernanke na 
Federal Reserve).  
Mas a grande questão reside em quem será o 
próximo chefe da diplomacia. Depois de Madeleine Albright, Condoleeza 
Rice e Hillary Clinton (só com Colin Powell pelo meio), é muito provável
 que continue a ser uma mulher: Obama tem como primeira escolha para o 
Departamento de Estado a atual embaixadora americana na ONU, Susan Rice.
A
 confirmar-se, é uma mudança natural: Bill Clinton fez exatamente o 
mesmo tipo de escolha após a reeleição, ao convidar a então embaixadora 
na ONU Madeleine Albright. 
O problema é que Susan Rice tem 
anticorpos no Partido Republicano, depois do «caso Bengasi». O senador 
John McCain chegou a garantir que fará «tudo para impedir a nomeação de 
Susan Rice», tendo mesmo tido uma deselegância pouco habitual a este 
nível, ao dizer que «a embaixadora Rice não é especialmente dotada».
A
 expressão terá enfurecido o Presidente, que já veio publicamente 
defender a reputação de Susan Rice, deixando sinais de que irá mesmo 
nomeá-la para o importante posto de secretária de Estado
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