O blogue que, desde novembro de 2008, lhe conta tudo o que acontece na política americana, com os olhos postos nos últimos dois anos da era Obama e na corrida às eleições presidenciais de 2016
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Obama mais perto da reeleição
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 26 DE SETEMBRO DE 2012:
Obama mais perto da reeleição
Por Germano Almeida
«A menos de um mês e meio da data mágica de 6 de novembro, aumenta a ideia de que a reeleição de Barack Obama é o cenário mais provável.
A eleição continua ‘too close to call’, demasiado equilibrada para ser declarado já um vencedor, mas temos assistido a uma tendência consistente de vantagem de Obama sobre Romney.
Com a exceção de uma ou outra sondagem nacional publicada logo após a Convenção Republicana de Tampa, na Florida, que apontavam para um empate, a verdade é que a esmagadora maioria dos estudos dos principais institutos norte-americanos (Gallup, Zogby, Rasmussen, American Research Group, Pew Research Center, Opinion Research Corporation) têm dado, de forma consistente, uma vantagem a Barack Obama entre os dois e os oito pontos percentuais.
Essa diferença tem, aliás, aumentado ligeiramente nas últimas semanas.
O pós-convenção tem sido complicado para Romney: primeiro foi a reação precipitada contra o Presidente, na sequência dos ataques a diplomatas americanos na Líbia (considerados irresponsáveis e com pouco sentido de estado, mesmo por analistas independentes e por alguns simpatizantes republicanos); depois foi o caso dos «47 por cento», que reforçou a noção de que o nomeado republicano está «out of touch» em relação às dificuldades do americano médio.
Peggy Noonan, respeitadíssima analista de tendência republicana, considerou que «o caso dos 47 por cento foi a última prova de que esta candidatura republicana é incompetente».
Obama fortíssimo nos estados decisivos
Apesar de continuar a enfrentar alguns perigos reais pelo facto de ser Presidente (será que os protestos contra a América no mundo muçulmano vão agravar-se?; que comportamento terá a Economia americana nas próximas semanas?), o facto é que Barack Obama dá mostras de ter a reeleição cada vez mais próximas.
Ainda não é um caso resolvido, mas as ‘intrade odds’ dão entre 70 a 80 por cento de probabilidades de triunfo para o candidato democrata, a 6 de novembro.
Se, do ponto de vista do voto popular, os estudos mostram algum equilíbrio (ainda que Obama também lidere nesse particular), o principal indicador que coloca Barack como claro favorito neste momento tem a ver com o seu comportamento eleitoral nos estados decisivos.
Nos EUA, a eleição presidencial define-se pela soma dos Grandes Eleitores obtidos estado a estado. Num total de 538, é preciso ter pelo menos 270 para se conseguir a eleição. Neste momento, Obama tem condições para reunir entre 320 e 350 Grandes Eleitores.
Na Costa Oeste e em quase toda a Costa Leste, Obama tem a vitória assegurada. No Sul e nas zona noroeste do chamado Midwest, Mitt Romney vencerá em quase todos os estados.
Deste modo, o que decide a eleição são 12 estados num total de 50: Ohio, Florida, Virgínia, Pensilvânia, Missouri, Iowa, Colorado, New Hampshire, Michigan, Wisconsin, Nevada e Carolina do Norte.
O que dizem as sondagens, neste momento? Dizem que Obama vencerá em, pelo menos, sete desses estados. Romney apareceu à frente no Missouri e na Carolina do Norte até há poucos dias. Mas até nesses dois territórios Obama dá mostras de poder vencer (aparece com quatro pontos de vantagem na Carolina do Norte, em estudo publicado na passada segunda-feira, pela Civitas).
O Nevada, estado que apresenta neste momento a maior taxa de desemprego na América (acima de 12 por cento), é outro ponto de grande dúvida. Mas até aí Obama tem aparecido competitivo nos últimos estudos.
A Florida, estado decisivo em 2000, aparece em empate técnico. Trata-se de um «must-win-state» para Romney (se não vencer lá, certamente não será Presidente), mas para as contas de Obama até pode acontecer que perca o «sunshine state» e, mesmo assim, vença com facilidade. Basta-lhe, para isso, que mantenha as vantagens claras que, neste momento, exibe no Ohio, na Pensilvânia, na Virgínia e no Wisconsin.
Faltam 41 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: O que está escondido nos protestos contra a América
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 24 DE SETEMBRO DE 2012:
O que está escondido nos protestos contra a América
Por Germano Almeida
«Os governos da Primavera Árabe condenaram o escandaloso filme que calunia o profeta do islão, mas deveriam ter enfatizado que os organismos oficiais e oficiosos americanos não tiveram qualquer relação com a produção do filme»
OMAR ASHOUR, diretor do Programa de Estudos do Médio Oriente no Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Exeter e professor convidado no Centro Brookings de Doha
O avolumar dos protestos no mundo árabe e muçulmano contra o filme ‘Innocence of Muslims’ não deixa de causar estranheza – mesmo quando nos lembramos do que se passou no Mundo nos últimos anos.
Os ataques a interesses diplomáticos americanos nos anos 90 já tinham levantado a ponta do véu. O 11 de setembro de 2001 destapou-o por completo – e de forma estrondosa.
O ódio à América será talvez o mais poderoso argumento da narrativa dos grupos radicais islâmicos. Mas, mesmo assim, torna-se difícil compreender, de forma razoável e mais ou menos racional, a reação desproporcionada a que se assistiu em tantos países e em tão vasto espetro geográfico.
Uma primeira análise far-nos-ia pensar que o filme em causa seria suficientemente mal feito e insignificante para não despertar os efeitos que gerou: a morte trágica de quatro funcionários diplomáticos americanos na Líbia, sendo que um deles foi Chris Stevens. Há 24 anos, desde 1988, que um embaixador norte-americano não morria em serviço, vítima de um ataque no país onde representava os EUA.
O caso, já por si suficientemente grave, foi o rastilho para um avolumar de protestos com pormenores de excesso, mesmo tendo em conta o contexto de quem os estava a protagonizar.
Rapidamente se fez a ligação com o 11 de setembro (o ataque em Bengasi foi feito no 11.º aniversário dos grandes atentados contra a América), facto que apontará para uma preparação mais profunda do que, propriamente, uma reação espontânea de um grupo mais extremado a um mero filme de quinta categoria, que apenas passou no YouTube.
Dores de crescimento da Primavera Árabe
Os protestos contra a América surgiram poucos dias depois da Convenção Democrata, momento que parecia ter marcado uma descolagem clara de Obama face a Romney nas sondagens.
A situação explosiva que parecia ter-se desenhado em vários países importantes para a estratégia da América no Médio-Oriente, e no mundo muçulmano em geral, alterou os dados do jogo. Os tumultos na Líbia, na Tunísia, no Egito e em tantos outros palcos fizeram-nos recordar imagens da Primavera Árabe –mas agora de forma mais violenta e menos poética.
Obama viu, subitamente, a sua política para a região em xeque. E muitos recordaram, por estes dias, que o brilhante discurso do Cairo feito pelo Presidente dos EUA (então em início de mandato), em 2009, já parece muito distante, apenas três anos.
A pouco mais de 40 dias das eleições na América, a colagem eleitoral a estes acontecimentos é inevitável.
Mas a questão, como muito bem explicou Fareed Zakaria na CNN, estará «muito mais em conflitos internos dos países onde se produzem os tumultos e muito menos na América».
A Primavera Árabe gerou a queda de ditadores como Kadhaffi, Bem Ali ou Mubarak. Se, no Egito, se tivessem produzido aqueles confrontos contra a América no tempo de Mubarak, era simples: o ditador mandava fuzilar os primeiros manifestantes e as coisas estavam resolvidas.
O que vimos, nos últimos dias, mostra que estes países ainda estão a resolver os seus problemas de crescimento pós-queda das ditaduras. Os confrontos foram graves e sangrentos, é certo. Mas, ao contrário do que aconteceu com a Primavera Árabe, eles não representaram o sentimento da maioria da população no Egito, na Tunísia ou na Líbia. Trata-se de uma questão de marcação de poder entre moderados e extremistas. O que os extremistas não estão a conseguir vencer nas urnas estão a tentar ganhar nestes protestos, sob o pretexto daquele lamentável filme e do ódio à América.
Israel entra na campanha
Basta ter visto a Fox News nas duas últimas semanas para se perceber que esta questão tem sido aproveitada, até ao limite, pela direita americana para introduzir na campanha presidencial o fantasma nuclear iraniano e uma eventual desproteção da segurança de Israel por parte da Administração Obama.
Nos programas de opinião política da Fox, tem sido repetido à exaustão o argumento de que o Presidente Obama se recusou a receber Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, no mesmo dia em que se encontrou, como candidato presidencial democrata, com estrelas do espetáculo.
A Casa Branca apressou-se a desmentir a acusação, mas isso de pouco tem valido para os critérios noticiosos da Fox. Atrás nas sondagens, a campanha de Romney está a tentar melhorar as suas hipóteses de competir com Obama nas credenciais de política externa (tema onde Obama se mantém muito à frente de Romney nos estudos de opinião).
O primeiro-ministro israelita, amigo de Romney desde os tempos de Harvard, tem ajudado à tentativa republicana, garantindo que está a tentar
Como bem explicou Aziz Abu Sarah, do Centro de Religiões Mundiais, Diplomacia e Resolução de Conflitos, citado pelo Público, «o elemento político agravou uma situação delicada. É tempo de eleições: Obama não pode baixar a guarda face a Romney».
Faltam 43 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
sábado, 22 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Romney e os «47 por cento», Obama e a «redistribuição»
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 21 DE SETEMBRO DE 2012:
Romney e os «47 por cento», Obama e a «redistribuição»
Por Germano Almeida
«Estamos a falar de 47 por cento que estão ao lado dele (de Obama), que dependem do Governo, que acreditam que são vítimas, que acreditam que o Governo tem a responsabilidade de olhar por elas e que têm direito a cuidados de saúde, comida, habitação e tudo o mais.»
MITT ROMNEY, nomeado presidencial do Partido Republicano, num discurso informal a eventuais financiadores, em Boca Raton, Florida
«Será difícil servir os americanos como Presidente quando se critica com desdém metade da nação.»
JIM MESSINA, diretor de campanha de Barack Obama
A mês e meio da grande eleição, os campos começam a clarificar-se. Já por aqui que se escreveu que estas serão, muito provavelmente, as eleições presidenciais mais ideológicas das últimas décadas na América.
Há muitos anos que não se viam dois candidatos presidenciais tão diferentes nas respetivas conceções de encarar as diferenças que existem na sociedade.
Mitt Romney, que na prática anda em campanha há cinco anos (desde o ano anterior às primárias de 2008, que perdeu para John McCain), bem tenta descolar-se da imagem de «demasiado rico» e «descolado da realidade da maioria dos americanos».
É certo que se apresenta com uma abordagem mais responsável e realista do que uma boa parte dos seus colegas de partido, mas a verdade é que Romney tem dado sinais de não conseguir demarcar-se completamente do contágio da ala mais radical do Partido Republicano – que dominou por completo o tom, o registo e, sobretudo, as ideias da Direita americana nos últimos anos.
Numa altura em que a campanha de Romney ainda se tentava refazer dos danos causados pela reação precipitada do seu candidato contra Barack Obama, a propósito do assassinato do embaixador Chris Stevens em Bengasi, na Líbia, eis que o nomeado republicano volta a estar no centro de um caso que mostra uma preocupante falta de dimensão presidencial.
Na sequência de um vídeo libertado por uma revista liberal (a ‘Mother Jones’), ficámos a saber que Romney, a 17 de maio (altura em que já estava mais do que claro que viria a ser ele o nomeado presidencial republicano para 2012), comentou num discurso informal a potenciais financiadores da sua campanha na Florida que quase metade do eleitorado («47 por cento» disse ele) iria preferir Obama em novembro porque está «dependente» de apoios do Governo.
A ideia, partilhada num ambiente que Romney pensou estar isolado da atenção dos media, dá conta de um sentimento dominante no atual Partido Republicano: o de que «o outro lado» tem uma visão despesista e dependente do Estado e que serão os republicanos os últimos defensores da ideia, muito americana, de que o sucesso empresarial e a prosperidade só se conseguem num cenário em que o Estado não se meta na economia.
A frase de Romney foi adequada ao contexto: ele disse-a no ambiente seleto de quem tem muito dinheiro e se sente afrontado com as políticas de forte investimento público desta administração democrata.
O problema é que, na acesa luta eleitoral que se vive na América, é muito pouco prudente para os interesses da campanha de Mitt Romney que se fique a saber, como bem notou Jim Messina, «ele critica com desdém metade da nação».
Obama aproveitou a oferta e declarou no dia seguinte, no talk show de David Letterman: «Quando se é Presidente, trabalha-se para todos».
Duas Américas?
Dificilmente se poderia ver uma divisão mais clara como a que se está a verificar: os democratas assumem-se como o partido da «sociedade partilhada», os republicanos carregam na tecla da «liberdade individual», sobretudo no ponto empresarial do conceito.
Bill Clinton definiu bem a fronteira, no discurso na Convenção em Charlotte: «Se querem uma sociedade ‘winner takes all’, onde cada um se terá que safar como pode, podem votar em Mitt Romney e Paul Ryan; mas se preferem uma sociedade partilhada, que procure soluções para o bem comum, então devem votar em Barack Obama e Joe Biden».
Na tentativa de controlo de danos da sua polémica declaração em Boca Raton, Mitt Romney tentou explicar que «não foi feliz e simplificou uma ideia complexa». Mas figuras conservadoras como Donald Trump ou Rush Limbaugh consideram que esta até foi uma boa oportunidade para Mitt Romney «tirar as luvas e assumir o que muitos americanos pensam sobre os malefícios da sociedade assistencialista».
A campanha de Romney preparou o contra-ataque e, para tentar fazer o contraponto, foi desenterrar umas declarações de Obama de 1998 (!), tinha então Barack apenas 37 anos e era um mero senador estadual no Illinois. Numa intervenção numa universidade, Obama defendeu a ideia de «redistribuir a riqueza», algo relativamente pacífico na Europa (mesmo para o centro-direita), mas que na América é pouco menos do que... um crime.
A questão já tinha sido lançada há quatro anos, quando McCain, já quase em desespero, acusava Obama de querer «espalhar a riqueza» («spread the wealth»).
Mitt Romney está a fazer tudo para controlar danos e, numa entrevista concedia à Univision, a maior cadeia televisiva hispânica na América, disse quatro vezes que se preocupa com «100 por cento dos americanos».
Cabe, agora, aos eleitores americanos, decidirem que conceção de sociedade preferem.
Faltam 46 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
domingo, 16 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Partilha e cidadania ou sucesso individual?
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 16 DE SETEMBRO DE 2012:
Partilha e cidadania ou sucesso individual?
Por Germano Almeida
«Não achamos que o Governo é a solução para tudo. Mas também não achamos que o Governo é a fonte de todos os problemas. Se rejeitam a ideia de que a promessa desta nação está reservada a alguns, a vossa voz tem de ser ouvida nesta eleição»
BARACK OBAMA, discurso de aceitação da nomeação presidencial democrata, Charlotte, Carolina do Norte
«A Convenção Democrata realizada em Charlotte, na Carolina do Norte, pode ter marcado a descolagem decisiva para a reeleição de Barack Obama.
Depois da oficialização de Mitt Romney como nomeado presidencial republicano, as sondagens mostravam uma corrida empatada. Um estudo CNN/ORC, divulgado no dia do arranque da Convenção Democrata, mostrava um renhido 48/48 entre Obama e Romney.
Este empate surgia depois dos americanos terem ouvido, durante três dias, sobretudo por parte do candidato a vice dos republicanos, Paul Ryan, que «o Presidente Obama atirou a América no endividamento incontrolado e no desemprego histórico».
Mitt Romney não conseguiu tirar da Convenção Republicana os dividendos políticos que pretenderia: foi, aliás, primeiro candidato republicano desde 1964 que não obteve qualquer salto nas sondagens pós-oficialização da nomeação presidencial.
O empate nas sondagens resultava, por isso, não da pujança eleitoral dos republicanos, mas das reservas que o eleitorado potencialmente favorável a Obama ainda mostrava antes da Convenção Democrata.
Duas formas de convencer os indecisos
O discurso de Bill Clinton em Charlotte foi particularmente elogiado – e há fortes razões para que isso tenha acontecido.
O último Presidente democrata antes de Barack Obama ajudou a pôr as coisas em perspetiva e pode ter dado um empurrão decisivo junto de vários segmentos onde Obama arrasou em 2008 e que podem estar em risco, quatro anos depois: os jovens, as mulheres, os hispânicos, os independentes.
Clinton desmontou, um a um, os principais argumentos dos republicanos contra o Presidente.
Recordou que Obama criou «4,5 milhões de empregos e o Congresso dominado republicano criou... zero». Lembrou que a política de criação de emprego desta administração só não foi maior porque foi sempre barrada pela maioria republicana na Câmara dos Representantes («o plano de emprego do Presidente permitia adicionar mais um milhão de postos de trabalho aos 4,5 milhões, mas os republicanos não deixaram») e decretou, naquele estilo que Bill tem de falar ao coração de cada um dos eleitores: «Ouçam com atenção: nenhum presidente, nenhum presidente (nem eu nem qualquer dos meus antecessores), conseguiria, em apenas quatro anos, resolver os problemas que Obama herdou em 2008».
Bill foi especialmente corrosivo em relação ao ticket Romney/Ryan: «O argumento deles é este: nós deixámos isto numa grande confusão. Quem veio a seguir ainda não conseguiu limpar tudo e por isso voltem a pôr-nos lá!» O estilo direto e popular de Clinton levou a assistência em Charlotte ao delírio.
Clinton acusou Romney e Ryan de pretenderem «ir ainda mais longe do que foi Bush nos cortes fiscais às grandes fortunas» e sentenciou: «Se querem uma sociedade ´winner take all`, em que cada um está por si, então votem em Mitt Romney e Paul Ryan. Mas se acreditam que a América deve ser uma sociedade justa e equilibrada, com valores partilhados e oportunidades para todos, então devem votar em Barack Obama e Joe Biden».
Ainda sobre a criação de emprego, Clinton lançou uma contabilidade que deixou a Convenção Democrata em êxtase: «Nos últimos 52 anos, a Casa Branca teve Presidentes republicanos durante 28 anos e Presidentes democratas durante 24. E qual é a contabilidade de empregos? Bom, democratas 42, republicanos 24!»
O Presidente que levou a América à prosperidade económica e deixou os cofres americanos em folgado superavite mostrou-se muito elogioso em relação às escolhas e atitudes de Barack Obama no primeiro mandato: «Ele escolheu para a sua administração sete pessoas que apoiaram a Hillary nas primárias. Céus, ele até escolheu a Hillary! Barack Obama mostrou ser um forte defensor da classe média, ao cortar impostos a 95 por cento dos americanos. Teve coragem ao salvar a indústria automóvel de Detroit e fez aprovar uma Reforma da Saúde, que só não foi maior porque os republicanos não deixaram».
O clima de hostilidade republicana contra Obama foi outro dos temas muito bem explicados por Clinton. Bill, também ele vítima desse ambiente quando foi Presidente, lembrou que se habituou a olhar com respeito para o Partido Republicano «desde que o Presidente Eisenhower mandou tropas americanas para o Arkansas, de modo a responder a um clima de racismo que paralisava uma escola». Elogiou momentos bipartidários de Presidentes como George W. Bush e reforçou: «Os americanos acreditam na cooperação, não na hostilidade».
Obama reforçou o lado presidencial
Depois desta brilhante defesa da herança presidencial de Obama feita por Bill Clinton, muitos disseram que Barack correria o risco de não ficar com o título de ter o melhor discurso da Convenção Democrata de 2012 (ele, que tinha sido a grande estrela em 2004 e 2008).
Com o trabalho de ataque político já feito nos dias anteriores, Barack Obama optou por um discurso com uma carga mais presidencial: «Há oito anos, eu era um homem mais novo. Era um jovem senador estadual que falava de esperança e mudança. Agora, sou o Presidente», observou Barack.
Mesmo com um registo diferente do de Clinton (mais contido, mais reflexivo e mais distanciado), Obama acabou por ir aos mesmos pontos: contrapondo com a visão republicana de que «o sucesso individual é o mais importante e o peso do governo não se deve meter nisso», a proposta democrata reforça a questão da «sociedade de partilha», em que os valores da cidadania exigem uma visão equilibrada e preocupações em «dar oportunidades para todos».
Obama, que para os republicanos é o Satã do «big government», explicou: «Não achamos que o Governo é a solução para tudo. Mas também não achamos que o Governo é a fonte de todos os problemas. Se rejeitam a ideia de que a promessa desta nação está reservada a alguns, a vossa voz tem de ser ouvida nesta eleição».
Os dias que se seguiram à Convenção Democrata mostraram que a mensagem de Barack Obama e Bill Clinton parece ter passado. Obama aumentou o seu avanço sobre Romney, em valores que, nalgumas sondagens, apontam para uma diferença de sete pontos.
Faltam 51 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
sábado, 15 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Pode um Inverno Árabe baralhar as contas eleitorais na América?
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 15 DE SETEMBRO DE 2012:
Pode um Inverno Árabe baralhar as contas eleitorais na América?
Por Germano Almeida
«E eis que, de repente, a frente internacional pode voltar a contar.
Os dados desta eleição presidencial pareciam destinados a ser decididos pela parte económica – e muitos até garantiam que os feitos da Administração Obama na política externa (fim da guerra no Iraque; cumprimento dos prazos de retirada do Afeganistão; intervenção na Líbia com deposição e morte de Khadaffi; eliminação de Osama Bin Laden e de muitos outros líderes da Al Qaeda) não iriam servir de muito nas contas eleitorais de 6 de novembro.
Mas um país como os Estados Unidos tem sempre um papel relevante naquilo que se passa no Mundo. É certo que a posição dominante do eleitorado americano aponta para uma maior preocupação com as questões domésticas e uma certa desvalorização dos temas internacionais. Mesmo assim, o modo como um Presidente americano lida com a «liderança dos Estados Unidos no Mundo» conta na avaliação que os diferentes segmentos fazem dele.
Os ataques brutais efetuados ao consulado americano em Bengasi (que resultaram na morte do embaixador Chris Stevens e de outros três funcionários diplomáticos norte-americanos) podem ter introduzido um dado novo na corrida eleitoral norte-americana.
Os atos funcionaram como rastilho para o barril de pólvora que já se sentia em alguns países do mundo árabe. O motivo inicial teve a ver com um filme (mal feito e absolutamente lamentável), produzido na América e financiado por interesses judaicos, que insulta de forma relativamente primitiva o islão.
O caso - que faz lembrar a questão dos ‘cartoons’ contra Maomé feitos na Dinamarca há alguns anos -- pode ter servido de pretexto para algo bem mais profundo e preocupante, se olharmos para as réplicas tentadas, nos dias seguintes, no Iémen, na Tunísia e no Sudão.
Nos últimos dois anos, a Primavera Árabe surpreendeu até os peritos o Médio Oriente, provocando a queda de ditadores como Mubarak, Ben Ali ou Khadaffi e abrindo novas perspetivas para a região.
Tendo partido de diversas vontades da sociedade civil e militar de países como a Tunísia, o Egito ou a Líbia, foi patrocinado, à distância, pela administração norte-americana.
A questão é que os contextos políticos, religiosos e militares desses países está longe de ficar claro. No Egito (de longe, o país mais influente entre os que contaram na Primavera Árabe), a vitória eleitoral da Irmandade Muçulmana e consequente escolha de Mohamed Morsi para a presidência, foi sinal de preocupação para os interesses americanos na região.
Visões diferentes de ocupar a cadeira
Os republicanos têm acusado Barack Obama de ser um Presidente demasiado macio na questão do Médio Oriente. Por estes dias, os comentários políticos na Fox arrasam as credenciais de Obama no problema israelo-árabe, acusando o Presidente de não ser claro na defesa de Israel e de não ter feito tudo para evitar a emergência de um Irão nuclear.
Na Convenção Republicana, em Tampa, Condoleezza Rice, secretária de Estado no segundo mandato de George W. Bush, apontou: «Quando os Estados Unidos não exercem devidamente a sua liderança no Mundo, há dois perigos que corremos: cairmos no caos, se esse espaço permanecer vazio; ou sujeitarmo-nos a que essa liderança seja ocupada por países que não tenham os nossos valores e não respeitem os nossos interesses».
A rábula da «cadeira vazia», feita por Clint Eastwood também em Tampa, tinha, precisamente, como simbologia essa ideia de que Barack Obama não estava a ocupar devidamente o lugar de «commander in chief».
A perspetiva dos democratas é bem diferente. Obama tem tido uma leitura mais restritiva do uso do poder presidencial na frente externa – apontando para um «realismo» que, em muitos aspetos, se aproxima do exercício efetuado por Bush pai.
Como muito bem referiu no discurso de aceitação da nomeação presidencial, feito em Charlotte, Obama considera que «é tempo de aplicar o conceito de ‘nation building’ na América e não no Iraque ou no Afeganistão».
Barack recordou que «na visão aérea de Manhattan já se vê uma nova torre a crescer e Osama Bin Laden está morto». O Presidente tem, por isso, uma visão pragmática das prioridades da política externa: contenção do terrorismo e a dissuasão do programa nuclear iraniano.
Para a visão de Obama, isso não significa uma menor influência da América no Mundo. Significa, isso sim, uma nova abordagem das questões internacionais, numa altura em que a prioridade tem que ser a da «recuperação económica em casa, de forma a criar empregos na América. É tempo de entregar aos iraquianos o futuro do Iraque e aos afegãos o futuro do Afeganistão».
Obama condena filme, Romney com reação precipitada
Em momentos como o do brutal ataque a diplomatas americanos na Líbia, a força da América faz-se ouvir. A reação de Barack Obama e de Hillary Clinton foi clara e imediata.
O Presidente condenou os ataques, fez questão de não os confundir com as lideranças políticas da Líbia e do Egito, mas também condenou o filme que deu origem ao problema.
Hillary, numa sentida evocação dos funcionários do Departamento de Estado mortos em serviço, lembrou: «No corredor de entrada do Departamento de Estado, os nomes daqueles que caíram em serviço estão inscritos no mármore. Os nossos corações despedaçam-se perante cada um deles. E agora, por causa desta tragédia, temos mais heróis para honrar e mais amigos para confortar».
A secretária de Estado não deixou de notar a ironia da questão: o embaixador americano foi morto em Bengasi, a cidade que os EUA ajudaram a libertar. E Bernard Henri-Lévy, filósofo francês com fortes ligações à Líbia, lembrou: «O embaixador Chris Stevens era um brilhante homem de ação e foi um dos maiores amigos da Líbia neste processo de libertação».
Mitt Romney apressou-se a criticar Obama por, aparentemente, «não ter condenado suficientemente» os ataques. O Presidente replicou, dizendo que Romney voltou a mostrar que, nestas questões, «primeiro dispara e só depois aponta ao alvo».
John Kerry, possível secretário de Estado num segundo mandato de Barack Obama e líder do Comité de Relações Externas do Senado, observou: «Este não é tempo para fazer política. Mitt Romney voltou a mostrar a sua inabilidade para temas internacionais e, sinceramente, parecia que não sabia do que estava a falar».
As críticas aos comentários de Romney estenderam-se ao corpo diplomático e comentadores diversos – e recolocaram a questão sobre se o nomeado republicano tem mesmo uma «dimensão presidenciável».
Faltam 52 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Obama e a teoria do «RomneyHood»
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 11 DE SETEMBRO DE 2012:
Histórias da Casa Branca – Obama e a teoria do «RomneyHood»
Por Germano Almeida
«É costume dizer-se que o dado que mais conta numa eleição presidencial é a Economia. E, de facto, esse tem sido o fator mais relevante nos últimos duelos: o ‘it’s the Economy, stupid’, decretado por James Carville, um dos principais estrategas de Bill Clinton, na década de 90 passou quase a ter força de lei nos meios políticos norte-americanos.
Nessa contenda de 1996, o fator económico foi claro: mesmo depois de ter perdido o controlo do Congresso para os republicanos em 1994, e mesmo tendo a hostilidade de uma grande parte do espetro político (que o atacava pelos deslizes da vida pessoal, acusando-o de não ter moral suficiente para ser Presidente), a verdade é que Bill Clinton obteve a reeleição com relativa facilidade, graças ao momento económico positivo que viviam os Estados Unidos em meados da década de 90.
Quatro anos antes, foi também a Economia a mandar: apesar de ser um Presidente respeitado pelos americanos, George Bush pai falhou a reeleição em 1992, precisamente por ter perdido a batalha económica. «Read my lips: no new taxes» (‘leiam os meus lábios: não vou criar impostos’), prometera George Herbert Walker Bush aos americanos. Mas acabou por ter que o fazer.
Mesmo tendo ganho a primeira guerra do Golfo poucos meses antes, Bush sr. não foi capaz de obter a reeleição, muito por culpa da fase sombria que atravessava a Economia americana no início dos anos 90.
O caso de 2000, entre Bush filho e Al Gore, é mais difícil de analisar sob esse prisma: para todos os efeitos, Gore teve mais 500 mil votos a nível nacional e há quem continue a garantir que também venceu na Florida.
Mas, oito anos depois, voltou a ser a Economia a decidir: John McCain, apesar do seu exemplo inspirador de herói patriótico, perdeu o duelo frente a um inexperiente senador negro – e isso teve muito a ver com a tempestade económico-financeira que marcou a parte final da Administração republicana liderada por George W. Bush.
Quem defende a classe média?
Em 2012, ano tão marcado pelo fantasma da crise a nível mundial, a eleição presidencial norte-americana teria tudo para voltar a ter na Economia a questão chave.
Mas pode não ser bem assim. Barack Obama, um Presidente com um desemprego de 8.1%, continua a mostrar ter boas hipóteses de vir a ser reeleito.
Como é que isto é possível? Por um lado, o candidato democrata recolhe vantagens significativas em relação ao seu opositor republicanos em temas como a política externa, a capacidade de gerar mais confiança junto do eleitorado, ou as potencialidades de ser um bom «commander in chief».
Por outro lado, convém recordar que Mitt Romney está longe de ser um candidato mobilizador. As sondagens, nos últimos três anos, mostram alguma desilusão dos jovens e das mulheres (dois segmentos fundamentais para a vitória de Obama em 2008) no desempenho do Presidente. A questão é que Romney tem muitos problemas, precisamente, na conquista desses dois segmentos.
Perante esta realidade, o campo republicano teria todo o interesse em focar-se no tema da Economia. Por muito que Romney tenha garantido, na Convenção de Tampa, que o seu ‘ticket’ é o que protege a classe média, a realidade dos números insiste em desmenti-lo: nos últimos anos, o ‘mantra’ dos republicanos tem sido o de manter impostos baixos para os mais ricos e, com a necessidade de cortes orçamentais, isso impede os benefícios para a classe média.
Obama tem, por isso, apostado na ideia forte de que a sua candidatura «baixa impostos a 95 por cento dos contribuintes americanos», defende um agravamento fiscal às grandes fortunas e demarca-se da visão republicana, continuada pelo ticket Romney/Ryan, de manter impostos baixos para os mais ricos.
Os argumentos que ouvimos na Convenção Democrata em Chalotte (especialmente bem defendidos pelo ex-Presidente Bill Clinton) reforçaram esse trunfo fiscal de Obama.
A tese para a reeleição passa muito pela acusação de que o seu adversário é... RomneyHood. Barack já o explicou em alguns comícios: «É uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: Romney quer tirar aos pobres para dar aos ricos».
Faltam 56 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos».
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Sondagem CNN/ORC: Obama 52/Romney 46
Sondagem CNN/Opinion Research Corporation: Obama 52/Romney 46.
Confirma-se descolagem de Obama pós-convenções. As 'intrade odds' dão entre 60 a 80 por cento de hipóteses de vitória para o candidato democrata. Pelo menos até ao primeiro debate (3 de outubro, Denver, Colorado), é quase certo que Obama manterá vantagem sobre Romney
«(CNN) – A new survey indicates President Barack Obama moved up four points following the Democratic National Convention last week, and now has a six point advantage over his Republican challenger Mitt Romney.
According to a CNN/ORC International Poll (PDF) released Monday, 52% of likely voters nationwide back the president, compared to 46% for Romney. Just before the convention in Charlotte, North Carolina, Obama was tied with Romney 48%-48%.
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"The Democratic convention was fairly well received, particularly in comparison to the GOP meeting the previous week in Tampa," CNN Polling Director Keating Holland said.
The convention energized–at least temporarily– the Democratic base, as more Democrats (59%) than Republicans (57%) seemed to be enthusiastic about voting. This marks a turnaround from last week, when the number of Republicans who said they were extremely or very enthusiastic about voting was six points higher than for Democrats.
While the survey shows several changes coming out of the last two weeks, it's important to note that post-convention bounces have often proven to be temporary in past elections. A candidate may get a mild boost after a party gathering, but the question is whether the White House hopeful can sustain the momentum in the following weeks.
"The advantage of going second is you get the last word," an Obama campaign official told CNN reporters covering the Charlotte convention last week.
In fact convention bounces have become increasingly modest in the 21st century, so much so that Obama's four-point boost is considered high compared to other candidates in the last eight years. Romney's support increased only one point after this year's GOP convention, and Sen. John McCain gained no ground at all after the 2008 Republican event.
This year's Democratic event wiped away some of Romney's gains on personal qualities. The Republican nominee's favorable rating increased to 53% after the GOP convention, but fell to 48% one week later after the Democratic event. Meanwhile, Obama rose to 57% in the last week, his highest mark since 2010.
Obama also took away Romney's lead on leadership for the country's future. Now 51% of likely voters think Obama has a more optimistic vision for the country's future, compared to Romney at 41%. Last week, however, 43% said Obama was more optimistic, while 47% said the same about Romney.
Another takeaway from the two conventions was that Obama seemed to come out as the candidate with a more specific plan to help the country. Before the Republican event, 45% thought Romney was more likely to have a clear plan, while only 39% felt the same about the president. Now the two have switched places, with 45% saying Obama has a clear plan, compared 39% saying the same about Romney.
Indeed, the two events stood in contrast in terms of messaging. The Republican convention, including Romney's speech on the final night, was highly critical of Obama, and speakers repeatedly warned of another four years under his leadership.
"You know there's something wrong with the kind of job he's done as president when the best feeling you had was the day you voted for him," Romney said in one of the most pivotal moments of his speech.
Meanwhile, the Democratic convention sought to bolster Obama's work over the last three and a half years, particularly highlighting his role in the auto bailout largely credited with saving the auto industry and his signing-off on the raid that killed Osama bin Laden.
Those two factors may also explain another interesting shift. After the Democratic convention, Obama picked up more support among men, while he maintained his already high support among women. Not surprisingly, the Democratic convention also helped drive up Obama's numbers among young and urban voters, two major factions of the Democratic base.
Responding to recent poll numbers, Romney's pollster Neil Newhouse warned against getting "too worked up about the latest polling."
"While some voters will feel a bit of a sugar-high from the conventions, the basic structure of the race has not changed significantly. The reality of the Obama economy will reassert itself as the ultimate downfall of the Obama Presidency, and Mitt Romney will win this race," Newhouse said in a memo released by the campaign.
Meanwhile, White House Press Secretary Jay Carney also responded to recent polls Monday.
"We have always believed that this will be a very close race and that continues to be the president's belief as well as the belief of those around him," Carney said in the White House daily press briefing.
For the CNN poll, ORC International interviewed 1,022 adult Americans by telephone from September 7-9. The poll has a sampling error of plus or minus three percentage points. The sample also includes 875 interviews among registered voters (plus or minus 3.5 percentage points) and 709 interviews among likely voters»
According to a CNN/ORC International Poll (PDF) released Monday, 52% of likely voters nationwide back the president, compared to 46% for Romney. Just before the convention in Charlotte, North Carolina, Obama was tied with Romney 48%-48%.
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"The Democratic convention was fairly well received, particularly in comparison to the GOP meeting the previous week in Tampa," CNN Polling Director Keating Holland said.
The convention energized–at least temporarily– the Democratic base, as more Democrats (59%) than Republicans (57%) seemed to be enthusiastic about voting. This marks a turnaround from last week, when the number of Republicans who said they were extremely or very enthusiastic about voting was six points higher than for Democrats.
While the survey shows several changes coming out of the last two weeks, it's important to note that post-convention bounces have often proven to be temporary in past elections. A candidate may get a mild boost after a party gathering, but the question is whether the White House hopeful can sustain the momentum in the following weeks.
"The advantage of going second is you get the last word," an Obama campaign official told CNN reporters covering the Charlotte convention last week.
In fact convention bounces have become increasingly modest in the 21st century, so much so that Obama's four-point boost is considered high compared to other candidates in the last eight years. Romney's support increased only one point after this year's GOP convention, and Sen. John McCain gained no ground at all after the 2008 Republican event.
This year's Democratic event wiped away some of Romney's gains on personal qualities. The Republican nominee's favorable rating increased to 53% after the GOP convention, but fell to 48% one week later after the Democratic event. Meanwhile, Obama rose to 57% in the last week, his highest mark since 2010.
Obama also took away Romney's lead on leadership for the country's future. Now 51% of likely voters think Obama has a more optimistic vision for the country's future, compared to Romney at 41%. Last week, however, 43% said Obama was more optimistic, while 47% said the same about Romney.
Another takeaway from the two conventions was that Obama seemed to come out as the candidate with a more specific plan to help the country. Before the Republican event, 45% thought Romney was more likely to have a clear plan, while only 39% felt the same about the president. Now the two have switched places, with 45% saying Obama has a clear plan, compared 39% saying the same about Romney.
Indeed, the two events stood in contrast in terms of messaging. The Republican convention, including Romney's speech on the final night, was highly critical of Obama, and speakers repeatedly warned of another four years under his leadership.
"You know there's something wrong with the kind of job he's done as president when the best feeling you had was the day you voted for him," Romney said in one of the most pivotal moments of his speech.
Meanwhile, the Democratic convention sought to bolster Obama's work over the last three and a half years, particularly highlighting his role in the auto bailout largely credited with saving the auto industry and his signing-off on the raid that killed Osama bin Laden.
Those two factors may also explain another interesting shift. After the Democratic convention, Obama picked up more support among men, while he maintained his already high support among women. Not surprisingly, the Democratic convention also helped drive up Obama's numbers among young and urban voters, two major factions of the Democratic base.
Responding to recent poll numbers, Romney's pollster Neil Newhouse warned against getting "too worked up about the latest polling."
"While some voters will feel a bit of a sugar-high from the conventions, the basic structure of the race has not changed significantly. The reality of the Obama economy will reassert itself as the ultimate downfall of the Obama Presidency, and Mitt Romney will win this race," Newhouse said in a memo released by the campaign.
Meanwhile, White House Press Secretary Jay Carney also responded to recent polls Monday.
"We have always believed that this will be a very close race and that continues to be the president's belief as well as the belief of those around him," Carney said in the White House daily press briefing.
For the CNN poll, ORC International interviewed 1,022 adult Americans by telephone from September 7-9. The poll has a sampling error of plus or minus three percentage points. The sample also includes 875 interviews among registered voters (plus or minus 3.5 percentage points) and 709 interviews among likely voters»
sábado, 8 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Descer à terra e reforçar diferenças na nomeação de Obama
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 7 DE SETEMBRO DE 2012:
Descer à terra e reforçar diferenças na nomeação de Obama
Por Germano Almeida
«Mais tempo para concretizar a mudança. O estado da Economia americana não é positivo, mas o caminho iniciado pelo Presidente Obama em janeiro de 2009 inverteu a tendência desastrosa que estava a conhecer na fase final dos anos Bush e é preciso continuar esse percurso por mais quatro anos.
Foram estas as linhas fortes da Convenção Democrata que, durante três dias, energizaram as bases do partido do burro, em Charlotte, Carolina do Norte. «Forward», «Opportunity», «More four years» foram as tiradas mais lançadas.
Dias antes, em Tampa, na Florida, a Convenção Republicana tinha demonizado a herança económica de Barack Obama, acusando o Presidente de ter atirado a América para o endividamento, o défice excessivo e o desemprego.
Os democratas tentaram desmontar esta ideia, acusando-a de ser simplista. O argumento para a reeleição de Obama é, muito claramente: era difícil fazer melhor, tendo em conta o estado das coisas no final de 2008; para que o panorama volte a ser favorável, há que dar uma segunda oportunidade a Barack Obama.
As intervenções na Convenção Democrata destacaram também algumas das conquistas do primeiro mandato presidencial de Obama: a Reforma da Saúde (aprovada no Congresso e confirmada no Supremo Tribunal); a recuperação da indústria automóvel; a criação de 4,5 milhões de empregos nos últimos 29 meses; a eliminação de Bin Laden e a retirada do Iraque e do Afeganistão; os programas da Administração Obama de alargamento no acesso à Educação e nas linhas de crédito para universitários poderem pagar os seus cursos.
Para os eleitorados tradicionais do Partido Democrata, estas são conquistas importantes – de tal modo, que a ideia de renomear Barack Obama como candidato presidencial foi consensual.
O problema é que muitas das conquistas de Obama como Presidente não são populares: não é líquido que a Reforma da Saúde dê mais votos a Obama do que vá tirar; mesmo a salvação da indústria automóvel implicou um gasto federal que está longe de ser pacífico.
Mas foram três noites bem conseguidas – com momentos emocionantes (como os discursos de Michelle Obama e Julián Castro), exemplos de coragem americana (Gabrielle Giffords a aparecer no palco, ajudada por Debbie Wasserman Schultz, perante uma plateia extática e de lágrimas nos olhos) e mensagens de clara eficácia política (Bill Clinton a decretar que nenhum Presidente, nem ele, seria capaz de em apenas quatro anos resolver o que Barack Obama herdou; Ted Kennedy, recordado em tributo, a arrasar Mitt Romney num debate para o Senado na década de 90).
Fixar segmentos
Obama venceu claramente em 2008 em vários segmentos: negros, judeus, jovens, mulheres, hispânicos, ‘swing states’.
Perante a desilusão de muitos eleitores que representam esses segmentos, a grande preocupação da campanha Obama é fixar esses segmentos. É uma questão de aritmética: se isso for conseguido, o Presidente será reeleito.
Não foi, por isso, de estranhar a aposta forte que o alinhamento em Charlotte deu às mulheres. Elizabeth Warren, candidata ao Senado pelo Massachussets e uma pessoa próxima do Presidente na primeira fase do mandato em questões como a regulação financeira e a proteção dos consumidores, teve um dos discursos mais destacados (precedeu Bill Clinton no segundo dia).
Gabrielle Giffords, ex-congressista do Arizona que foi vítima de atentado a tiro em Tucson, Caroline Kennedy (única filha viva de JFK), Eva Longoria e Scarlett Johansson foram outras das apostas femininas da convenção.
No caso de Eva, além da óbvia ligação ao ‘star power’ de Hollywood (que volta a estar em peso com Obama), há também a conexão com o eleitorado latino – que poderá ser decisivo em estados como o Colorado, o Nevada ou a Florida. Quanto a Scarlett, fez apelo claro ao eleitorado jovem para não ficar em casa – e votar no dia 6 de novembro.
Mas o maior trunfo para essa junção de latinos e jovens foi, sem dúvida, o destaque dado a Julián Castro. Presidente da sétima câmara mais populosa da América, o jovem mayor de San António, Texas, de apenas 37 anos, contou a uma comovida plateia a sua história de sucesso nos EUA, graças à avó mexicana que foi para a América para dar uma oportunidade de educação à filha e aos netos.
Castro foi visto como uma espécie de... Barack Obama em 2004. Não terá sido tão brilhante, mas lançou um dos melhores soundbytes da Convenção: «Opportunity today, prosperity tomorrow». Uma ideia profundamente democrata e repescada, por exemplo, no discurso de Eva Longoria.
Clinton brilhante, Michelle comovente
Mas as grandes intervenções do conclave democrata (para lá, obviamente, da aceitação de nomeação de Barack Obama) foram de Michelle Obama e Bill Clinton.
A Primeira Dama pode até garantir que não tem ambições políticas. Mas depois do seu discurso de terça à noite, até houve quem lançasse a possibilidade de Michelle Obama concorrer à nomeação presidencial democrata em 2016.
Michelle garantiu que Barack «continua a ser o mesmo» e não mudou depois de ser Presidente. A esposa de Obama fez um poderoso argumento pela reeleição, mobilizando sobretudo o eleitorado feminino e ajudando a fazer renascer o espírito da campanha de 2008.
Quanto a Bill Clinton... bem, terá feito, de acordo com Paul Begala (seu estratega quando era Presidente e antigo assessor da campanha presidencial de Hillary Clinton), «o melhor discurso desde que deixou a Casa Branca».
Bill juntou um discurso muito bem articulado em termos retóricos com uma grande substância. Foi ao pormenor, acusou os republicanos de obstrucionismo e definiu as linhas de argumentação para a reeleição de Obama: «O argu¬mento para a reeleição de Obama é este. Ele her¬dou uma econo¬mia pro¬fun¬da¬mente dan¬i¬fi¬cada. Mas pôs um fundo ao poço, e começou o longo, duro processo de recu¬per¬ação, con¬stru¬indo uma econo¬mia mais mod¬erna e mais equi¬li¬brada, capaz de pro¬duzir mil¬hões de bons empre¬gos, novas e vibrantes empre¬sas e riqueza para os inovadores. Agora, esta¬mos onde gostaríamos de estar? Não. O Pres¬i¬dente está sat¬is¬feito? Claro que não. Mas esta¬mos mel¬hor do que está¬va¬mos quando ele tomou posse».
Ainda houve espaço para John Kerry (possível secretário de Estado de um segundo mandato presidencial de Obama) arrasar as credenciais de Mitt Romney em política externa e para Joe Biden, no discurso de aceitação da nomeação vice-presidencial, endeusar Obama por ter salvado a indústria automóvel («este homem tem coragem na sua alma, compaixão no coração e uma espinha de aço», disse Joe sobre Barack, e questionar, criticamente: «Como é possível que Mitt Romney, tendo crescido a gostar de carros, não ter percebido como era fundamental salvar Detroit?»
«O melhor caminho para seguir em frente»
Depois de Michelle o ter humanizado, e de Bill Clinton ter explicado de forma brilhante as razões pelas quais os americanos lhe devem dar uma segunda oportunidade, Barack Obama tinha o caminho livre para fazer um discurso de aceitação da nomeação presidencial virado para o futuro e marcado por um tom positivo.
Em mais um momento de grande qualidade retórica, Obama focou-se em «olhar para a frente», prometendo um «melhor caminho para o futuro». «Não estou a tentar dizer-vos que o caminho será fácil ou rápido. Nunca o fiz. Não me elegeram para dizer o que querem ouvir. Elegeram-me para vos dizer a verdade. E a verdade é que vai demorar mais quatro anos para resolver desafios que se acumularam durante décadas. Mas ouve isto, América: os nossos problemas podem ser resolvidos. Os nossos desafios podem ser vencidos. O caminho que vos ofereço pode ser duro, mas leva-nos para um sítio melhor», apontou Barack.
Obama deu prioridade em marcar a diferença em relação à visão de Romney: «Se rejeitam a noção de que a promessa desta nação está reservada a alguns, a vossa voz tem que ser ouvida nesta eleição. Não achamos que o Governo é a solução para tudo. Mas também não achamos que o Governo é a fonte de todos os problemas».
Faltam 59 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos.»
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Histórias da Casa Branca: Dois caminhos para a mesma ideia de América
TEXTO PUBLICADO NO SITE DE A BOLA A 4 DE SETEMBRO DE 2012:
Dois caminhos para a mesma ideia de América
Por Germano Almeida
«A essência da América é que não importa de onde se veio, mas para onde se vai», Condolleezza Rice, secretária de Estado norte-americana (2005-2009) e Conselheira de Segurança Nacional (2001-2005).
O duelo presidencial Barack Obama/Mitt Romney de 6 de novembro promete ser dos mais agressivos e fraturados das últimas décadas na América.
As diferenças de estilo, ideias e propostas dos dois nomeados são tão grandes que não há plataforma de entendimento possível em matérias essenciais. A agravar tudo isto, o ambiente nas hostes democratas e republicanos é especialmente crispado, depois de quatro anos de mandato presidencial de Obama muito marcado pelas divisões entre os dois campos – sobretudo depois do controlo do Congresso por parte do Partido Republicano.
A Convenção Republicana que se realizou, na semana passada, em Tampa, na Florida, foi um bom indicador dos níveis de hostilidade e, nalguns casos, mesmo de raiva que as principais figuras do conservadorismo têm pelo atual Presidente.
A lamentável cena da cadeira vazia onde supostamente estaria um invisível, protagonizada por Clint Eastwood, foi um belo exemplo do sentimento que invade o Partido Republicano.
A política americana sempre teve um lado ‘silly’, mas o número preparado por Eastwood terá sido um dos momentos mais ridículos já vistos numa convenção partidária.
Com ele, o protagonista de ‘Dirty Harry’ terá querido simbolizar o que muitos conservadores americanos consideram ter sido o esvaziamento do poder presidencial (dentro dos moldes que eles consideram que este deve ser corporizado), desde que Obama chegou à Casa Branca.
A mentalidade subjacente à crítica encenada de Eastwood tem como principal ideia a de que Obama diminuiu a carga que a figura de Presidente dos EUA deve ter – e vai ao encontro da tese republicana de que Barack foi demasiado permissivo com o Irão ou com os países árabes do Médio Oriente, que podem ameaçar Israel.
Para muitos republicanos, Obama teve uma política de demasia-a abertura para com países que possam constituir uma ameaça ao poder americano. Daí se percebem, por exemplo, as referências de Mitt Romney à China e à Rússia (o nomeado presidencial republicano prometeu ser mais duro com Putin e acusou Obama de ter permitido que os chineses aumentassem a sua influência junto da economia americana).
Esta visão republicana de um Obama «demasiado macio» para com o exterior foi especialmente referida no discurso de Condoleeza Rice.
A secretária de Estado do segundo mandato de George W. Bush (primeira mulher a chefiar o Conselho de Segurança Nacional, no primeiro mandato de Bush filho e assessora diplomática de Bush pai) foi particularmente dura com o estilo de Obama nas relações externas, ao referir: «Uma América que não lidera pode ter duas consequências: o caos, se ninguém ocupar o seu lugar; ou uma séria ameaça, se outros países que não defendem os nossos valores assumiram o espaço que estamos a deixar vazio».
A América como «país excecional»
Este fogo cruzado dos republicanos sobre Obama remetem para uma das ideias fortes que Mitt Romney tentará lançar nos próximos dois meses: a de que esta administração democrata enfraqueceu a liderança dos EUA no Mundo e que, com uma vitória republicana em novembro, a Casa Branca voltará a lançar a América como «um país excecional e indispensável» na ordem internacional.
Quem tenha ouvido as principais intervenções políticas da Convenção Republicana (Mitt Romney, Paul Ryan, Chris Christie, Mike Huckabee, Marco Rubio, Condoleeza Rice, Jeb Bush, Bob McDonnell...), pode ter ficado com a noção de que democratas e republicanos têm, por estes dias, visões radicalmente opostas sobre a América.
Mas uma análise mais atenta às ideias fortes que foram passadas em Tampa faz-nos perceber que o que move e, sobretudo, comove um democrata e um republicano não difere muito: uma boa história americana, de alguém que, como muito bem definiu Condoleezza Rice, «não tenha sido marcada pelo seu passado, mas pelo seu futuro; não pelo que está para trás, mas por aquilo que está por vir».
Essa ideia, que basicamente explica o sucesso retumbante de Barack Obama há quatro anos, é a que continua a dominar o discurso político americano.
Momentos depois da cena lamentável da cadeira vazia, Clint Eastwood fez aquela que foi talvez a melhor declaração da Convenção Republicana, definindo muito do espírito americana, ao virar-se para a assistência em Tampa: «Quem manda na América são vocês. Os políticos são apenas funcionários. Se fizerem um mau trabalho, devem ser despedidos».
Romney tem tentado contar a sua história de empresário de sucesso. Falta saber se conseguirá convencer a maioria dos americanos que poderá ser mais do que isso.
Faltam 63 DIAS para as eleições presidenciais nos Estados Unidos»
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