Judd Gregg, senador republicano eleito pelo New Hampshire, lançou hoje uma autêntica bomba política, ao recuar na decisão de aceitar o cargo de secretário do Comércio da Administração Obama.
O cargo parece estar embruxado: primeiro, foi o recuo de Bill Richardson, figura próxima do Presidente, agora esta inesperadíssima decisão de Gregg, que tem contornos bem diferentes.
Se Richardson foi forçado a recuar por motivos que se prendiam com os problemas que tinha com uma investigação judicial ligada ao financiamento da sua campanha presidencial, a decisão de Gregg parece ser, essencialmente, de ordem política.
E isso acaba por ser mais grave: Obama jogou forte ao escolher um republicano (para mais senador) num cargo desta importância. Apresentou Gregg com o senador ao lado (aparentemente orgulhoso e sintonizado com a nova Administração) e, em poucos dias, tudo mudou.
A base do problema, disse Gregg, terá sido o acordo obtido no Senado para aprovar o 'stimulus package' de relançamento da Economia americana. Gregg fará parte da maioria republicana que discorda do plano e considerou que «não estaria a ser ele próprio» se entrasse para uma Administração que acaba de aprovar tão importante Plano.
Depois de Bill Richardson, depois de Tom Daschle, agora Judd Gregg. Decididamente, Obama não está a ter vida fácil nas suas escolhas para postos que, não sendo tão relevantes como os do quarteto VICE-PRESIDÊNCIA; DEFESA; DEPARTAMENTO DE ESTADO; TESOURO (aí, as escolhas de Joe Biden, Bob Gates, Hillary e Tim Geithner têm-se revelado certeiras), mas numa linha imediatamente a seguir, postos como a Saúde e o Comércio estão a dar muitos problemas.
Não é, por isso, de estranhar que este comportamento de Gregg tenha caído muito mal na Administração a que iria juntar-se. Robert Gibbs, porta-voz, lamentou a «súbita mudança de opinião» do ex-futuro secretário do Comércio; o chefe de gabinete, Rahm Emanuel, admitiu que «foi melhor que isto tenha acontecido agora do que depois de Gregg estar em funções»; o próprio Presidente deixou escapar a um jornal do Illinois que ficou «um pouco surpreendido» com esta decisão de Gregg.
Na conferência de Imprensa em que anunciou o inesperado, Judd Gregg falou em «conflitos insanáveis» entre ele e a Administração Obama, alegando divergências de opinião quanto ao 'stimulus package'.
Membros do núcleo duro de Obama têm passado a ideia de que foi Gregg a oferecer-se ao cargo a que agora renuncia. Sem confirmar o assunto, o senador republicano pede desculpa ao Presidente, assumindo que «o erro» foi dele ao disponibilizar-se.
Barack Obama contava ter em Gregg o terceiro republicano em postos de alta responsabilidade na sua Administração (depois de Gates e LaHood), mas, no caso de Gregg, foi o próprio senador pelo New Hampshire a admitir que «a ponte era demasiado grande para que eu a pudesse percorrer».
1 comentário:
Eu continuo perplexa. Dá-me ideia que os republicanos apostam tudo no falhanço do plano e querem estar no lado certo, se e quando as dificuldades se agravarem. O senhor Gregg, com certeza conhecia o plano e, em português corrente, cortou-se.
Enviar um comentário