sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Hillary vai acabar por aceitar


Obama já escolheu Hillary para chefiar a diplomacia, ela quer aceitar, mas as ligações de Bill Clinton a financiamentos vindos do Médio Oriente estão a complicar a resposta

Não é ainda uma certeza, mas é um dado muito, muito provável: Hillary Clinton, apesar da demora, vai acabar por aceitar o cargo de secretária de Estado.

É a grande questão da transição para o poder, que Barack Obama tem vindo a conduzir de forma calibrada e muito sensata. A aposta em Hillary para chefiar a diplomacia denota a vontade de estender a mão aos Clinton; mostra que Barack quer seguir os passos do seu modelo de Presidente (Lincoln, que também escolheu para secretário de Estado o seu rival nas primárias); e demonstra, ainda, o lado reconciliador que Obama apregoou na campanha e que pretende, de facto, imprimir na governação.

Do lado de Hillary, aceitar também é a melhor opção. Prova que não guardou ressentimentos depois de tão renhida disputa nas primárias (como já fez notar no comportamento exemplar que teve na campanha para a eleição geral) e garante-lhe a manutenção num posto de topo na política americana e mundial (a que se habituou desde que, no início da Administração Bill Clinton, tentou, sem sucesso, reformar o Medicare e o Medicaid).

Não é certo que mantenha essa intenção, mas se Hillary continuar a sonhar com a presidência (só em 2016, admitindo como óbvio que Obama é o candidato democrata em 2012), ser secretária de Estado dos anos Obama será a melhor plataforma para se posicionar como nomeada democrata para daqui a oito anos.

Dito tudo isto, então por que é que ela ainda não aceitou? Basicamente, porque há sectores próximos de Obama que têm dúvidas sobre algumas fontes de financiamento da Clinton Global Initiative. Fala-se, em surdina, de demasiado dinheiro vindo de países do Golfo, cuja proveniência pode vir a ser desconfortável para a futura chefe da diplomacia americana.

Mas convém recordar que Bill e Hillary não são a mesma coisa (como a campanha para as primárias bem mostrou...) e tudo indica que estas reservas não serão impeditivas.

Certo, certo é que Obama tem pressa em que esta questão se decida: uma das pastas em que a nova Administração tem que começar a trabalhar ainda antes de 20 de Janeiro são as Relações Externas.

Uma nota para fechar: Hillary é a escolha óbvia para o Departamento de Estado, até porque dos quatro postos chave da Administração (Secretário de Estado; Tesouro; Defesa e Justiça), só na diplomacia será possível haver uma mulher. Para a Defesa, o lugar está destinado a Bob Gates; no Tesouro será certamente um homem (muito provavelmente, Tim Geithner); na Justiça, é já certo que o procurador-geral é Eric Holder.

Logo, na diplomacia tem que entrar uma mulher.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Germano, bem-vindo à blogosfera. Continuarei a acompanhar aqui, e no Sexta, os teus textos sobre política norte-americana.
Abraço

Germano Almeida disse...

Obrigado e bem-vindo a este blog.

Aguardo os teus comentários, observações e críticas.