Foi, talvez, o momento mais tenso da caminhada de Barack Obama rumo à nomeação e, mais tarde, à eleição.
Jeremiah Wright, o pastor que o casou e que levou Barack para a Igreja Unida da Trindade de Cristo, aumentou o tom inflamado dos seus sermões, que apelavam a ressentimentos raciais, com frases como «God Damn America», em vez do «God Bless America» que atinge consensos.
Este tipo de retórica do reverendo não é novo em determinados líderes negros, que mantêm um registo «zangado» e ressentido, culpando o establishment americano pelos erros do passado e lançando ideias desfasadas, como as de exigir indemnizações pela escravatura praticada há séculos.
Sucede que Barack Obama representa uma nova geração de líderes negros. Na verdade, o segredo do seu sucesso político residiu mesmo no facto de não se cingir à sua condição genética ou racial -- usando-a, simplesmente, como uma parte da sua história inspiradora.
Este discurso, de 18 de Março, proferido em Filadélfia, que em baixo recordamos, marcou o momento que permitiu a Obama demarcar-se do reverendo, escapando ileso a um escândalo que lhe podia ter custado a nomeação.
Foi, para muitos, o melhor discurso da carreira política do futuro Presidente. Não terá sido o mais excitante, nem o mais eloquente, mas foi, talvez, o mais profundo, o mais sensato -- e o mais eficaz.
São 37 minutos, mas vale a pena ouvir:
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