terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Que 2009 seja mesmo o ano da mudança


para a América e para o Mundo.

Apesar de todas as nuvens, é preciso continuar a acreditar. Essa foi, aliás, uma das grandes lições a retirar do improvável sucesso de Barack Obama na inesquecível corrida de 2008.

Caroline Kennedy: «Talvez o dia tenha chegado»

O dia para assumir um lugar público, claro.

A única filha viva de JFK explica, em entrevista a Dominic Carter à NY1 (estação associada da CNN), que se sentiu inspirada pela campanha presidencial de Barack Obama para avançar, finalmente, com uma candidatura a um cargo político, algo que, até agora, nunca quis abraçar, apesar da sua herança.

Numa altura em que o consulado de quase meio século do seu tio Ted Kennedy, como senador pelo Massachussets, pode estar perto do fim, Caroline Kennedy está perto de assumir o posto de senadora por Nova Iorque -- o mesmo lugar ocupado pelo tio Bobby, na década de 60 (antes de se candidatar à Presidência e ser assassinado).

Se contarmos os anos de Senado (em representação do Massachussets) de John Kennedy, na década de 50, a mais influente família política dos EUA está no Capitólio há cerca de seis décadas.

Depois de uma vida discreta, dedicada à cultura mas quase nada à política, Caroline sentiu que chegou o momento. Tem pela frente um opositor de respeito, Andrew Cuomo (filho do antigo governador de NY e ex-rival de Bill Clinton nas primárias do Partido Democrata em 1992, Mario Cuomo), mas a aposta do Casa Branca para a sucessão de Hillary no Senado dos EUA é mesma ela: Caroline Bouvier Kennedy, 51 anos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Discursos Inspiradores (IV): 'A More Perfect Union'

Foi, talvez, o momento mais tenso da caminhada de Barack Obama rumo à nomeação e, mais tarde, à eleição.

Jeremiah Wright, o pastor que o casou e que levou Barack para a Igreja Unida da Trindade de Cristo, aumentou o tom inflamado dos seus sermões, que apelavam a ressentimentos raciais, com frases como «God Damn America», em vez do «God Bless America» que atinge consensos.

Este tipo de retórica do reverendo não é novo em determinados líderes negros, que mantêm um registo «zangado» e ressentido, culpando o establishment americano pelos erros do passado e lançando ideias desfasadas, como as de exigir indemnizações pela escravatura praticada há séculos.

Sucede que Barack Obama representa uma nova geração de líderes negros. Na verdade, o segredo do seu sucesso político residiu mesmo no facto de não se cingir à sua condição genética ou racial -- usando-a, simplesmente, como uma parte da sua história inspiradora.

Este discurso, de 18 de Março, proferido em Filadélfia, que em baixo recordamos, marcou o momento que permitiu a Obama demarcar-se do reverendo, escapando ileso a um escândalo que lhe podia ter custado a nomeação.

Foi, para muitos, o melhor discurso da carreira política do futuro Presidente. Não terá sido o mais excitante, nem o mais eloquente, mas foi, talvez, o mais profundo, o mais sensato -- e o mais eficaz.

São 37 minutos, mas vale a pena ouvir:

sábado, 27 de dezembro de 2008

Obama e Hillary, os mais respeitados

Uma sondagem do Gallup, para o USA Today, auscultou a opinião dos norte-americanos sobre quem são os dez homens e as dez mulheres mais respeitadas de 2008. Barack Obama venceu entre os homens, Hillary Clinton entre as mulheres.

Aqui vão as listas completas:


MULHERES

1. Hillary Clinton 20%
2. Sarah Palin 11%
3. Oprah Winfrey 8%
4. Condoleeza Rice 7%
5. Michelle Obama 3%
6. Margaret Tatcher 2%
7. Laura Bush 2%
8. Angelina Jolie 2%
9. Barbara Bush 2%
10. Ellen DeGeneres e Madeleine Albright 1% (ex aequo)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A mensagem natalícia de Barack Obama

O Natal do futuro Presidente, no Hawai

... que se mantém em lua-de-mel com os americanos (82% estão satisfeitos com as decisões já tomadas na transição).

Um alívio para 75 por cento dos americanos


... o bye bye de George W. Bush, claro.
(sondagem CNN/Opinion Research Corporation)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O CASA BRANCA deseja-lhe um Feliz Natal


(há precisamente um ano, Barack Obama estava a terminar uma fantástica campanha no Iowa, que viria a garantir-lhe a vitória que lhe lançou para a nomeação, logo no início das primárias. Doze meses volvidos, já depois de ter feito história, prepara a transição para o poder. Esperemos que 2009 o confirme como um dos melhores Presidentes da história americana. O Mundo precisa disso).

Coisas do Sexta (VIII): o lançamento das primárias


Trabalho publicado a 28 de Dezembro de 2007 no jornal SEXTA, a cinco dias de começarem as primárias nos dois partidos, com os caucus do Iowa:

A louca corrida à sucessão de Bush

VIRAGEM Depois de vários meses de liderança clara de Hillary Clinton e Rudy Giuliani, Obama e Huckabee sobem em flecha e relançam as apostas de democratas e republicanos para as presidenciais de 2008

Falta menos de uma semana para o tiro de partida da mais louca corrida do Mundo. Na verdade, as eleições presidenciais norte-americanas já arrancaram há quase um ano, quando John Edwards anunciou, em Nova Orleães, a sua candidatura, um dia depois do Natal de 2006.

Desde aí, mais de duas dezenas de candidatos anunciaram a sua intenção de suceder a George W. Bush. Alguns deles, como Tom Vilsack, Sam Brownback ou Jim Gilmore, já ficaram pelo caminho.

Mas a primeira prova de fogo será já na próxima quinta-feira, 3 de Janeiro, no caucus do Iowa. Cinco dias depois, decorrerá a votação no New Hampshire.
Serão dois grandes testes à candidata que, nos últimos meses, reuniu enorme dose de favoritismo: Hillary Clinton. «Há pouco mais de um mês, ninguém discutia a vitória de Hillary. Mas a verdade é que ela não poderá perder o Iowa e o New Hampshire em simultâneo. Isso poderia mudar tudo a favor de Obama», observa E.J. Dionne, no New York Times.

David Brooks, também no New York Times, faz o confronto entre os dois favoritos: «Hillary tem sido muito melhor senadora do que Obama. Tem feito um trabalho sério e sabe conciliar os interesses dos dois partidos. Se esta fosse uma corrida para um lugar no Senado, seria fácil escolher Clinton. Mas estamos a tratar de uma corrida presidencial que requer outro tipo de qualidades. Na Casa Branca, o carácter e a capacidade de mobilização contam mais do que a experiência — e, nesses planos, Obama tem vantagem».

Barack Obama, o único senador negro do Capitólio, é, pois, a lufada de ar fresco desta corrida. É o candidato mais jovem e surge como o primeiro negro com hipóteses reais de ser eleito Presidente dos Estados Unidos. Tem um discurso virado para o futuro, apelativo para os jovens, aliando carisma e consistência: «Logo que o vi, senti que era uma das faces possíveis da América. A força dele reside no facto de não ser um descendente de um escravo do Sul. O pai era queniano. Isso muda tudo. Quer dizer que não reenvia aos americanos uma imagem culpabilizante, a imagem do país da segregação, do Ku Klux Klan, do esclavagismo. É um negro que joga na sedução», sintetiza Bernard Henry-Lévy, filósofo francês. «É um tipo fantástico. Tem um carisma e um magnetismo que nunca senti em ninguém», comentou George Clooney, uma das várias estrelas de Hollywood que apoiam o senador, pouco depois de o conhecer pessoalmente.

«Furacão» Huckabee
ameaça Giuliani

Do lado republicano, ainda não é possível apontar um favorito, nem mesmo um duelo como o de Hillary/Obama. Até ao final de 2006, desenhava-se um despique entre Rudy Giuliani, ex-mayor de Nova Iorque, e o senador John McCain, do Arizona.
Mas McCain foi caindo nas sondagens, muito por culpa do apoio à estratégia do Presidente Bush do reforço de tropas para o Iraque. Giuliani foi-se mantendo no primeiro lugar, mas deixando sempre a ideia que não era o homem mais desejado pelo seu eleitorado – demasiado citadino, demasiado «costa Leste».

A busca pelo «candidato dos conservadores» começou por dar esperanças a Mitt Romney, ex-governador do Massachussets, e, mais tarde, a Fred Thompson – mas nenhum deles conseguia ultrapassar Rudy nas sondagens nacionais.

Até que apareceu Mike Huckabee. Este pastor baptista nasceu em Hope (sim, a mesma terra-natal de Bill Clinton), foi governador do Arkansas (sim, o mesmo estado que Bill Clinton governou...) e emagreceu mais de 50 quilos quando decidiu concorrer à Casa Branca.

Desde meados de Novembro, tem sido um furacão: lidera no Iowa e na Carolina do Sul e disputa com Giuliani o primeiro lugar nas sondagens nacionais na corrida republicana. Reúne características invulgares: é simpático e passa uma imagem de moderação, apesar do discurso moralista e colado à Bíblia, o seu manual político.

Uma eleição inédita
Aconteça o que acontecer, o duelo de Novembro de 2008 será inédito. Pela primeira vez, será nomeada uma mulher (Hillary) ou um negro (Obama). Mesmo no lado republicano, há candidatos pouco convencionais: Giuliani é casado pela terceira vez; Romney é mórmon, religião ultra-minoritária que mantém preceitos obsoletos para o século XXI; McCain terá 72 anos à data da eleição, idade considerada «demasiado avançada para um Presidente» por grande parte do eleitorado; Huckabee é pastor baptista; Thompson é actor, mas basta ouvi-lo num comício ou num debate para se perceber que… nunca será Ronald Reagan.

Os ausentes
Numa corrida tão cara e imprevisível, há quem prefira nem ir a jogo. Al Gore e Newt Gingrich são os maiores ausentes, num lote onde também (não) entram a secretária de Estado Condoleezza Rice, John Kerry, o nomeado dos democratas em 2004, e Jeb Bush, irmão do ainda Presidente.

Gore pode bem merecer o prémio de «o candidato certo nos momentos errados». Em 2000, ganhou, por 500 mil votos, a contagem popular, mas perdeu para Bush os Grandes Eleitores por estados (sistema que dita o vencedor), num processo que, ainda hoje, gera dúvidas. Apesar de ter recebido muitos incentivos dos movimentos «Run, Al, Run!», nem a atribuição do Prémio Nobel da Paz o fez mudar de ideias.

Os dados estão lançados. Os eleitores do Iowa ditarão, na próxima quinta-feira, as primeiras tendências da mais louca corrida do Mundo. Afinal de contas, «it’s all about politics».

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Os perfis
dos candidatos


DEMOCRATAS

Hillary Clinton, 60 anos, senadora por Nova Iorque e ex-Primeira Dama
Pontos fortes: a herança positiva dos «anos Clinton» na área económica e nas relações externas; o rótulo de «front-runner» que mantém desde o início; transmite credibilidade em temas-chave como Saúde e Segurança Social
Pontos fracos: a perda de fôlego nos estados de arranque; a polarização democratas «vs» republicanos durante os mandatos de Bill Clinton ainda lhe custa uma taxa de rejeição próxima dos 50 por cento; aprovou no Senado a intervenção no Iraque

— Barack Obama, 46 anos, senador pelo Illinois
Pontos fortes: a imagem de «mudança geracional» e de «reconciliação» que corporiza; o carisma e o magnetismo que transmite; as «super-estrelas» da TV e de Hollywood que o apoiam; opôs-se à guerra do Iraque desde o início
Pontos fracos: aparece muito atrás de Hillary nos estados que elegem mais delegados; não está a atingir em pleno o eleitorado negro; a sua proposta para a Segurança Social não é tão abrangente como a de Hillary; tem pouca experiência de cargos nacionais

— John Edwards, 54 anos, ex-senador pela Carolina do Norte, candidato a vice-presidente em 2004 e segundo classificado nas primárias de 2004
Pontos fortes: taxa de rejeição muito baixa; é o democrata que melhor penetra no eleitorado republicano; vem do Sul, onde, tradicionalmente, os democratas têm muitas dificuldades nas eleições presidenciais
Pontos fracos: não está a ser tão popular como foi na corrida de 2004; perante o duelo Hillary/Obama, e a ausência de Al Gore, não tem conseguido atrair o eleitorado mais preocupado com o ambiente e as alterações climáticas

e ainda...
— Joe Biden
— Bill Richardson
-- Dennis Kucinich
-- Chris Dodd
-- Mike Gravel

(sem hipóteses de nomeação)

REPUBLICANOS
— Rudy Giuliani, 63 anos, ex-mayor de Nova Iorque
Pontos fortes:
a imagem de «Super Mayor» que passou a 11 de Setembro de 2001; os créditos em matéria de segurança e luta contra o crime que obteve na governação de Nova Iorque
Pontos fracos: não é um conservador típico e está casado pela terceira vez, o que faz com que a maioria dos eleitores do seu partido o olhem com desconfiança; a sua campanha tem sido um somar de trapalhadas e escândalos

— Mike Huckabee, 52 anos, ex-governador do Arkansas, pastor baptista
Pontos fortes:
está muito bem colocado nos estados de arranque; passa uma imagem de moderação, apesar do discurso moralista; tem um humor inteligente e bem-disposto
Pontos fracos: nos maiores estados, é pouco conhecido; apesar do seu discurso passar nos republicanos, mostra números desanimadores em possíveis duelos com Hillary ou Obama

— Mitt Romney, 60 anos, ex-governador do Massachussets
Pontos fortes:
é o republicano com mais dinheiro angariado; tem uma boa imagem; governou, com alta taxa de aprovação, um estado esmagadoramente democrata; está bem colocado no Iowa e no New Hampshire
Pontos fracos: é mórmon; mudou várias vezes de posição em temas como o aborto e o direito dos homossexuais

— John McCain, 71 anos, senador pelo Arizona, segundo classificado nas primárias de 2000
Pontos fortes:
será o republicano mais sólido e bem preparado; tem uma carreira política longa e respeitada, o que o faz entrar bem nos eleitores independentes e democratas
Pontos fracos: está muito mal classificado nos estados de arranque; a sua campanha não tem conseguido angariar muito dinheiro; está refém do apoio à estratégia do Presidente Bush para o Iraque

-- Fred Thompson, 65 anos, ex-senador pelo Tennessee
Pontos fortes:
tem uma voz bem colocada e, tal como Ronald Reagan, quer passar do grande ecrã para a Casa Branca com um discurso conservador
Pontos fracos: está mal preparado; tem-se revelado um «flop» nos debates; desde que declarou a candidatura, caiu a pique nas sondagens

e ainda...
— Ron Paul
— Tom Tancredo
— Duncan Hunter
-- Alan Keyes

(sem hipóteses de nomeação)

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ELEITORES DEMOCRATAS OSCILAM ENTRE O SEGURO E O OUSADO

Hillary tem a experiência
Obama oferece o sonho


Deverá ser esta a chave para resolver o enigma da corrida dos democratas. Hillary Clinton oferece a experiência de oito anos na Casa Branca -- quando foi a Primeira Dama mais interveniente da história americana -- e sete anos no Capitólio, como senadora eleita por Nova Iorque. A front-runner das primárias aposta na capitalização de simpatias angariadas pelos dois mandatos de Bill, um Presidente que terminou funções com uma taxa de aprovação de mais de 60 por cento (o dobro dos 30 e picos com que George W. Bush deverá abandonar o cargo...)

A outra face da moeda que os democratas têm para oferecer é o espírito de mudança corporizado em Barack Obama. Jovem, bem-parecido, inteligente, o senador do Illinois fará História se conseguir vencer esta dura batalha.

Além de poder vir a ser o primeiro presidente negro, será o quarto Presidente dos EUA mais novo à data da eleição -- terá 47 anos em Novembro de 2008, só mais velho que Theodore Roosevelt, 42, John Kennedy, 43, e Bill Clinton, 46.
Obama fala na «reconciliação» da América, depois de anos grande polarização entre os que apoiavam a estratégia do Presidente Bush e aqueles que, mês após mês, foram percebendo que a intervenção no Iraque foi um desastre para o prestígio dos Estados Unidos no exterior.

Quando ficou claro que a corrida pela nomeação democrata seria um duelo entre uma mulher e um negro, Hillary e Obama subiram o tom das críticas. A ex-Primeira Dama acena com o perigo da inexperiência de Obama, alegando que Barack só tem dois anos no Senado.

O primeiro candidato negro com hipóteses de ser eleito retalia, considerando que uma vitória de Hillary seria um regresso ao passado. «Os americanos não gostam de dinastias. Seria negativo que duas famílias, Bush e Clinton, dominassem a Casa Branca por 28 anos seguidos», acusou Obama, num comício em Des Moines, Iowa.

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SERÁ O EMPURRÃO PARA A VITÓRIA DE OBAMA?

O «efeito Oprah» está
a baralhar as contas


Até ao princípio de Dezembro, quase ninguém acreditava que a vantagem de Hillary poderia vir a ficar ameaçada. A senadora liderava todas as sondagens no plano nacional e aparecia à frente em todos os estados. Obama destacava-se como o segundo classificado da corrida democrata, mas com um atraso que, na maior parte das pesquisas, ultrapassava os 20 pontos.

Só que numa corrida tão longa como esta podem sempre surgir imprevistos que, em pouco tempo, alterem os dados do jogo. E Obama avançou com um trunfo muito forte: Oprah Winfrey, a figura mais popular da televisão norte-americana, é uma acérrima apoiante do senador negro e aceitou dar a cara pela candidatura de Barack. Já o tinha feito meses antes, num jantar onde angariou mais de um milhão de dólares para a campanha de Obama, mas passou também a aparecer em comícios.

As consequências foram imediatas: em poucos dias, Obama encurtou distâncias nas sondagens nacionais e passou para a frente no Iowa, apresentando números muito próximos dos de Hillary no New Hampshire e na Carolina do Sul, os dois estados que se seguem.

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SETE MULHERES E… UM EX-PRESIDENTE

Bill ou Michele,
Judith ou Janet?


A política americana é um dos maiores espectáculos do Mundo e para se ter sucesso há que recorrer à imagem das mulheres. Elas estão no terreno e têm uma agenda própria. Quer dizer, nesta original corrida há sete elas e… um ele. Bill Clinton, é claro, que poderá entrar para a história como o primeiro Primeiro Marido dos Estados Unidos. Hillary hesitou nos primeiros meses, mas não resistiu em chamar Bill para a primeira linha.

Obama tem em Michelle um dos seus trunfos. Esta advogada de 43 anos, bonita e com opinião própria, tem-se preocupado em mostrar o lado humano de Barack e até já gracejou com o facto de o senador negro ressonar de forma particularmente sonora. Elisabeth Anania foi tema da campanha do marido, John Edwards, ao anunciar que o cancro da mama que lhe foi detectado em 2004 reincidiu.

Do lado republicano, Judith, 53 anos, é a terceira mulher de Giuliani. Janet, 52, é a dedicada esposa de Mike Huckabee. Ann, mulher de Romney, sofre de esclerose múltipla e deu cinco filhos ao ex-governador do Massachussets, um trunfo para quem, como Mitt, quer cativar o eleitorado conservador.


Jeri Kahn, vistosa e fotogénica, é a mulher de Fred Thompson e o facto de ser 24 anos mais nova que o marido tem alimentado a fama que Fred tem de ser mulherengo.
John McCain é casado, em segundas núpcias, com Cindy Hansley, uma executiva de 53 anos.

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A SUA CORRIDA COMEÇA MAIS TARDE

As sete vidas
de John McCain


Nesta atípica corrida republicana, convém não pôr já de lado as fichas de John McCain. O mais velho dos candidatos com hipóteses de nomeação é um corredor de fundo, daqueles que não se importam de perder terreno nos primeiros quilómetros, desde que estejam em boas condições na fase decisiva.

Com números decepcionantes no Iowa e no New Hampshire, McCain já sabe que os primeiros estados são para perder. Mas o velho leão, que serviu no Vietname e ocupa um lugar no Senado há 20 anos, não desistirá do combate e surge com números bem mais animadores em vários estados que irão a votos na Super Terça-feira.

Coerente com os seus princípios, McCain está a pagar a factura de ter apoiado a estratégia de reforço de tropas no Iraque. «Prefiro perder uma eleição em nome de uma guerra em que o meu país está envolvido», explicou o senador, em entrevista à CNN.

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QUAL DOS TRÊS É O MAIS CONSERVADOR?

Romney e Thompson,
os dois «anti-Huckabee»



A volatilidade do eleitorado conservador tem a ver com esta contradição: até a maioria dos republicanos critica o segundo mandato de Bush, mas o código genético dos votantes que deram oito anos ao texano na Casa Branca mantém-se bem vincado em palavras mágicas como «família», «religião» e o conceito de «a América primeiro».

A junção destes valores continua a garantir milhões de votos e os candidatos sabem isso de cor. Há uma franja importante dos eleitores do GOP (Grand Old Party, o Partido Republicano) que confessa a sua desilusão com a deriva neocon de W. Bush e pretende um back to basics à cartilha que fez de Reagan a referência de uma certa visão da América.

E qual será o candidato mais próximo do Reaganismo? Numa primeira fase, parecia que iria ser Mitt Romney. O ex-governador do Massachussets nunca conseguiu a liderança nacional, mas teve grandes vantagens no Iowa e no New Hampshire.

Depois do Verão, Fred Thompson, que participou como actor na série Law & Order, conseguiu reunir o núcleo duro dos herdeiros de Bush, lançando a imagem de um cowboy durão sem contemplações para com os terroristas.

Só que a entrada em campanha foi um choque demasiado pesado para o ex-senador do Tennessee. E foi então que emergiu Mike Huckabee. Nos debates já realizados, Romney e Thompson muito mostraram-se menos preparados do que o ex-governador do Arkansas na arte de falar ao coração dos conservadores americanos.

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VÁRIOS SISTEMAS NA MESMA ELEIÇÃO

Estranha democracia


A democracia mais poderosa do Mundo está longe de ter um sistema claro de votação para as presidenciais.

Basta ver a regra que define o vencedor: o Presidente dos EUA não é eleito pela maioria do voto popular, mas pelo somatório dos Grandes Eleitores, representantes eleitos por cada estado. Quem somar pelo menos 268 vence a corrida, mesmo que não tenha tido mais votos.

Pode não parecer provável, mas aconteceu mesmo, em 2000: Al Gore venceu a contagem popular, com 500 mil votos mais do que Bush, mas o texano arrecadou mais Grandes Eleitores.

Há quatro anos, quase sucedeu o contrário: Bush venceu claramente o voto popular, com mais três milhões do que Kerry, mas o democrata esteve a meros 120 mil votos de ser eleito: bastava que tivesse ganho no Ohio.

Toda esta confusão resulta de uma das premissas ditadas pelos «Founding Fathers». Na altura, tais conceitos faziam sentido: não se vivia num mundo comunicacional, onde a mensagem pode chegar a todos.

Mesmo o processo de nomeação dos dois partidos é variável: como não há uma lei federal, cada estado escolhe entre duas fórmulas: os caucus ou as primárias.

O Iowa mantém o caucus, modelo que remonta a 1796: reúnem-se assembleias de apoiantes de cada candidato. Democratas, republicanos e independentes juntam-se à decisão, ouvindo os argumentos dos apoiantes declarados e optam pelos preferidos dos dois partidos. Cada grupo de discussão chega a uma decisão e os vencedores decorrem dos resultados em cada assembleia.

É um exemplo de democracia de proximidade que, no Iowa, se mantém vivo: só os democratas já juntaram, para estas eleições, quase duas mil assembleias de decisão.
A partir de 1901, surgiu na Florida o modelo de votação secreta e unipessoal. A esta fórmula, mais moderna, designa-se o termo «primárias», à qual aderiram a maioria dos estados. O New Hampshire é o primeiro, em cada eleição presidencial, a receber esse modelo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Michelle Obama leva o 'urban chic' para Washington


«Michelle Obama turned the campaign trail into a runway this year, sporting eye-catching colors and feminine cuts that sent fashion bloggers buzzing.

As she coupled chic designer splurges with off-the-rack goodies from J. Crew, H&M, White House/Black Market and Target, fashion spectators say her ability to make a strong statement on a budget sends an important message during tough economic times.
"Michelle Obama can't be too over the top; she has to be recession chic all the way," style expert Mary Alice Stephenson said. In a soured economy, the choices she made throughout the campaign show that "she gets it," Stephenson said.

And it's inspiring American women to emulate her style. "What she has worn in the last year has really caused a seismic reaction in the fashion community, and also retailers are depending on her," Stephenson said. "The choices she has made have set fire to slumps in retail that we've seen because of the recession."

There is such a demand for information on Obama's style and outfits that there is a Web site dedicated to that theme: MrsO.org. It promises a regular look at who and what she's wearing.

Obama's urban chic wardrobe is a style turn from the sometimes matronly choices made by other first ladies.

It's also elevated the status of designers whose clothes she wears, especially Chicago's own Maria Pinto, the woman behind some of Obama's most notable looks.

The prices of Pinto's outfits may not fit all recession-squeezed budgets. Her collections are sold at Saks Fifth Avenue, Barneys New York and Takashimaya. Her signature scarves sell for $300, and gowns may be priced at $1,200 to $5,000.
But her designs have served the future first lady well during historic moments of her husband's campaign. The coat Obama wore in Springfield, Illinois, when her husband announced his candidacy, the purple sheath she donned the night she fist-bumped her husband when he clinched the nomination, the teal number she sported at the Democratic convention in August: all Pinto creations.

"Sometimes I have no idea what she'll be wearing until I see it on television," said Pinto, whose 92-year-old mother had to call her to ask, "is that your dress Michelle is wearing?" when Obama, wearing a red dress, accompanied the president-elect to the White House to meet President Bush and first lady Laura Bush just days after the election.

"I am very attracted to colors, because I think it really lifts our spirit. It flatters a woman. Even if you're wearing a dark suit, it's important to have color to lift up mood. I try to take into consideration women's needs, and it has to be low-maintenance and still fulfill an element of beauty and longevity. I think wardrobe is an investment, and the pieces that I create have that quality and workmanship that is timeless."»

in CNN.com/politics

Depois da ABC, Joe Biden falou a Larry King, na CNN

... e prometeu ser «um vice-presidente diferente». Biden acredita que o programa de reanimação da economia, que passa pela construção de obras públicas, vai dar bons resultados.

Que tipo de Vice pretende ser Joe Biden?

Joe Biden foi uma escolha certeira de Barack Obama para vice-presidente.

Desde a eleição, o ex-senador pelo Delaware tem estado muito discreto, deixando as luzes da ribalta para o Presidente eleito.

Mas, afinal, que tipo de VP pretende ser Biden? Joe dá umas pistas, em entrevista a George Stephanopoulos (antigo conselheiro de Bill Clinton), na qual se demarcou claramente do estilo do seu antecessor (o ainda vice-presidente Dick Cheney, para muitos o maior culpado do desastre das Administrações Bush, sobretudo da primeira) e em que revelou que Barack, ao convidá-lo para número 2 da Administração, lhe prometeu «um papel importante nas decisões chave do próximo mandato».

sábado, 20 de dezembro de 2008

Jane Lubchenco e John Holdren serão conselheiros científicos


Jane Lubchenco, 61 anos, bióloga marinha e investigadora ligada às causas ambientais, foi escolhida por Barack Obama para liderar a National Oceanic and Atmospheric Administration.

John Holdren, 63 anos, físico da Kennedy School of Government e formado em Harvard, será o principal conselheiro científico.

São mais duas escolhas que apontam para um enfoque no combate às alterações climáticas.

Discursos Inspiradores (III): a vitória no Iowa

Foi um dos melhores discursos da longa caminhada de Obama na campanha eleitoral e aconteceu após o triunfo no Iowa, no arranque das primárias. A partir dessa noite, todos ficaram a saber que era mesmo possível lá chegar:

Arne Duncan na Educação


Arne Duncan, 44 anos, será o secretário da Educação da Administração Obama.

O actual director-executivo da Chicago Public Schools tem vasta experiência no sector da Educação e partilha das ideias transmitidas por Obama durante a campanha de premiar as escolas com melhor desempenho e financiar as que se encontram em realidades sociais mais complicadas, de modo a diminuir desigualdades.

Arne é formado em Sociologia, em Harvard, e trabalhou com Michelle Obama, na equipa do mayor de Chicago, Richard Daley.

Obama defende escolha de Rick Warren para a tomada de posse

Está a causar enorme polémica a escolha do reverendo Rick Warren, pastor evangélico da Califórnia, para fazer o sermão na tomada de posse de Barack Obama, como 44.º Presidente dos Estados Unidos, a 20 de Janeiro.

Warren não é um evangélico «normal»: não fez parte da forte corrente evangélica que apoiou George W. Bush e os republicanos. É próximo de Obama e representa, de algum modo, a capacidade que Barack teve de agarrar grande parte do eleitorado religioso, que nos últimos oito anos se afastara dos democratas.

Até aí, tudo bem. O problema é que o reverendo Warren é um forte opositor dos casamentos gay (chegou a apoiar a proposta aprovada em referendo no estado da Califórnia, no passado dia 4, que ilegaliza os casamentos entre homossexuais).

Obama explica, no link abaixo, que esta é mais uma prova da «diversidade americana», que se propôs abraçar durante a campanha. Mas os movimentos pelos direitos do gay já dizem que se sentem traídos pelo Presidente eleito...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Hilda Sollis no Trabalho


Hilda Sollis, 51 anos, congressista eleita pelo estado da Califórnia, será a secretária do Trabalho da futura Administração Obama.

A nomeação deverá ser confirmada amanhã pelo Presidente eleito dos EUA. Hilda cumpre o quarto mandato na Câmara dos Representantes, para onde entrou pela primeira vez em 2001, após ter sido eleita pelos votantes do 32.º distrito congressional do estado mais populos dos EUA.

Especialista em Administração Pública, Sollis tem fortes ligações ao mundo sindical e é apontada como uma escolha que visa agradar à ala esquerda do Partido Democrata, que ficou de fora dos lugares mais visíveis da futura Administração.

No Congresso, tem trabalhos nos comités de Energia, Comércio e Aquecimento Global.

Hilda serviu na Administração Carter e é mais uma hispânica no núcleo duro de Obama.

Discursos Inspiradores (II): a nomeação em Denver

A nova série começou com o discurso da revelação, em 2004. Na Convenção seguinte, em 2008, Denver, no Colorado, acolheu um momento histórico: o da nomeação de Barack Obama como candidato do Partido Democrata às eleições gerais.

Ken Salazar será secretário do Interior


Ken Salazar, 53 anos, senador pelo Colorado, será o secretário do Interior da futura Administração Obama.

Foi uma ajuda importante para que Barack obtivesse uma dupla vitória no Colorado (primeiro nas primárias, depois na eleição geral) e é mais uma confirmação na futura equipa governamental.

Salazar é um dos dois hispânicos no Senado, a par do republicano Mel Martinez. E será o segundo hispânico num posto relevante da futura Administração, depois de Bill Richardson, governador do Novo México, que será secretário do Comércio.

Foi também confirmada a escolha de Tom Vilsack para a Agricultura, nomeação de que falámos ontem.

Mary Schapiro na Agência de Segurança Industrial


Mary Schapiro, 53 anos, CEO da Financial Industry Regulatory Authority, vai liderar a Agência Americana de Segurança Industrial, posto de nomeação directa do Presidente dos EUA.

É mais uma mulher numa função importante da futura Administração e mais um regresso de um dos nomes fortes dos anos Clinton.

Ray LaHood provável secretário dos Transportes


Ray LaHood, 63 anos, será nomeado secretário dos Transportes da Administração Obama, apontam fontes da equipa de transição para o poder do Presidente eleito.

Este é o segundo republicano escolhido por Obama, depois da confirmação de Robert Gates na Defesa. LaHood é um membro do Congresso e representa o estado do Illinois na Câmara dos Representantes, tendo sido eleito pelo 18.º distrito congressional do Illinois, em 1995 (e sucessivamente reeleito desde aí).

No Congresso, LaHood tem sido visto como um republicano moderado, capaz de trabalhar com os dois partidos, muito ao estilo da visão federadora de Barack. Há, ainda, uma outra leitura nesta escolha: tendo sido um forte crítico a Rod Blagojevich, seu rival na política estadual do Illinois, LaHood é uma nomeação que prova que Obama não olha para a cor partidária, mas para aquilo que considera ser melhor para a América.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Era inevitável: Barack Obama é «Person of The Year» para a TIME

Tom Vilsack provável secretário da Agricultura


Tom Vilsack, 58 anos, ex-governador do Iowa, candidato nas primárias do Partido Democrata em 2008, deverá ser o secretário da Agricultura da Administração Obama.

Fontes da equipa de transição para o poder lançaram, esta terça-feira, a indicação aos jornais e sites de referência da política americana, pelo que o Presidente eleito deverá confirmar esta escolha nos próximos dias.

É mais uma prova de «reconciliação» interna de Obama, que depois de já ter escolhido Joe Biden para vice-presidente, Hillary Clinton para secretária de Estado, Bill Richardson para secretário do Comércio, além de vários nomes ligados aos anos Clinton em postos importantes da Administração (Larry Summers, Susan Rice, Eric Holder, Rahm Emanuel, John Podesta, entre outros), acaba de escolher mais um antigo rival nas primárias democratas.

Vilsack foi o primeiro democrata a declarar a sua candidatura presidencial, ainda corria o mês de Novembro de 2006 (dois anos antes das eleições!). Acabou por ser, também, o primeiro a desistir, fê-lo em Fevereiro de 2007 (11 meses antes de começarem as votações das primárias, portanto).

Governou o estado do Iowa entre 1999 e 2007, ajudando os democratas a «recuperar» um estado que, ideologicamente, estava a pender para o lado conservador nos últimos 15/20 anos.

Ao chamar Vilsack para o seu núcleo duro, Obama reforça o pendor «Midwest, average America» que o ajudou a obter a ampla maioria de 53% dos votos.

Caroline Kennedy quer mesmo o lugar de Hillary no Senado


«Caroline Kennedy, the 51-year-old daughter of President John F. Kennedy, has indicated her interest in filling the New York Senate seat being vacated by secretary of state designee Hillary Clinton.

Caroline Kennedy has her eyes on the New York Senate seat. "I've talked to Caroline Kennedy and she's clearly interested," New York Sen. Chuck Schumer said at a news conference Monday afternoon.

He indicated that 12 people were interested in the position. "She's interested in the position," New York Gov. David Paterson confirmed. But at the same time "she realizes it's not a campaign." Paterson, who will name Clinton's successor, noted that Kennedy had indicated a desire to "sit down and tell me what her qualifications are."

The Rev. Al Sharpton also released a statement Monday indicating that he had received a call from Kennedy "who expressed to me her interest in [Clinton's] Senate seat."

Kennedy's interest in the seat could mean the continuation of a family legacy in the Senate that began 56 years ago with the election of her father as the then-junior senator from Massachusetts».

in CNN.com/politics

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Discursos Inspiradores (I): o momento da revelação

O Casa Branca começa hoje uma série especial que recorda os discursos mais relevantes que Barack Obama produziu na sua ainda curta, mas brilhante, carreira política, que já o levou à Presidência dos Estados Unidos.

E não podíamos começar melhor do que com este momento mágico, ocorrido em Julho de 2004, há apenas quatro anos e cinco meses, na Convenção Democrata de Boston, que confirmou a nomeação de John Kerry como candidato às eleições de 2004.

Momentos antes deste discurso, muito pouca gente conhecia aquele jovem senador estadual do Illinois, que concorria a um lugar no Senado dos EUA. Dezoito minutos depois, milhões de pessoas na América e no Mundo pensaram: «Provavelmente, ele será o primeiro negro a chegar à Presidência». E não tiveram que esperar muito para perceberam que acertaram mesmo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Shaun Donovan no Desenvolvimento Urbano


Shaun Donovan, 42 anos, será o secretário para a Habitação e o Desenvolvimento Urbano da Administração Obama.

Donovan ocupa, actualmente, a mesma função na Câmara de Nova Iorque. A nomeação foi anunciada ontem por Barack Obama na sua intervenção semanal, pela rádio.

Aos 42 anos, Shaun será, pelo menos por agora, o mais jovem ministro da Administração Obama. Estudou Administração Pública em Harvard e na Kennedy School of Government e tirou Arquitectura em Graduate School of Design.

Bob Gates, actual e futuro secretário da Defesa, confirma: EUA estão de saída do Iraque

Estrela de Obama resiste a sombras do 'Blagojevichgate'


O Presidente eleito mantém níveis de aceitação muito elevados, apesar das possíveis ondas de choque do caso Blagojevich. Até agora, nenhuma prova aponta para qualquer ligação de Obama ao escândalo da tentativa de venda do seu lugar no Senado, cuja decisão é da exclusiva responsabilidade do governador do Illinois, Rod Blagojevich, que esse sim está em maus lençóis. O que este caso volta a provar, para quem ainda teria dúvidas, é que a política em Chicago se faz com regras muito, muito próprias... E até a isso, 'Saint Barack' tem saído imune

Naquilo que verdadeiramente interessa para o trabalho de transição para o poder, os americanos continuam a apoiar fortemente as escolhas de Obama.

De acordo com uma sondagem Fox News/Opinion Dynamics Poll...

-- 72% dos americanos acreditam que Hillary Clinton foi a escolha certa para chefiar a diplomacia

-- 56% acreditam que as escolhas para a Administração, em geral, apontam para uma «verdadeira mudança» (e apenas 35% falam em mais do mesmo)

-- 65% dos americanos classificam a qualidade da futura Administração como «boa ou excelente» (contra apenas 28% que falam em «razoável ou medíocre»)

-- 19% dos americanos acreditam que Obama será «um dos melhores Presidentes da História»; 43% acreditam que será «um bom Presidente»; 23% acreditam que «estará na média»; 5% «abaixo da média»; 6% «um dos piores»

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Coisas do Sexta (VII): o caso Valerie Plame dava um filme... e vai dar mesmo


Trabalho publicado no jornal Sexta de 14 de Março de 2008:

ESCÂNDALO O «caso» Valerie Plame, que abalou a Casa Branca, vai passar para o grande ecrã. Nicole Kidman fará o papel de esposa do embaixador Wilson, que era afinal agente secreta da CIA. Uma história como nos filmes

Quando a realidade
se antecipa à ficção


Se o governo do país mais poderoso do Mundo patrocinasse a revelação pública de um agente secreto que estava ao seu próprio serviço, o caro leitor ficaria preocupado?
E se esse agente encoberto fosse uma loura vistosa, mulher de um embaixador num pequeno país africano, acharia a história ainda mais interessante?
Pois bem, a protagonista, no cinema, deste enredo digno de James Bond será Nicole Kidman.

Mas isso vai ser no grande ecrã, pois o lado mais fascinante só vem agora: é que esta história aconteceu mesmo e tem Valerie Plame como peça central de um novelo no qual se enredaram o então chefe de gabinete do vice-presidente dos Estados Unidos, Lewis Scooter Libby; o ex-número dois da diplomacia americana, Richard Armitage; Karl Rove, arquitecto das vitórias eleitorais que levaram Bush a dois mandatos na Casa Branca; o vice-presidente Dick Cheney e, por arrasto, o próprio George W. Bush.
Um enredo deste estilo (que reúne espiões, poder, mulheres bonitas, diplomacia e mentiras refinadas) costuma servir os realizadores que gostam de fazer filmes conspirativos, daqueles que exploram a ideia de que «isto está tudo ligado». Mas no Plamegate… estava mesmo.

O Presidente
teve que saber

O contexto do escândalo leva-nos a 2003, o ano em que a Administração Bush planeou, negociou e acabou por concretizar a invasão do Iraque.

Perante as dificuldades em convencer a comunidade internacional, havia que obter um argumento que levasse os principais aliados a apoiarem a decisão de avançar para a guerra.

Levado pelos neocons a pôr em prática a Doutrina Bush, que advogava a «guerra preventiva» para combater o terrorismo, o Presidente dos Estados Unidos necessitava de obter provas de que Saddam Hussein tinha mesmo «armas de destruição maciça» que poderiam ameaçar o resto do Mundo.

A CIA pôs-se em campo e num dos relatórios desenvolvidos terá referido negociações entre o Iraque e o Níger. Semanas antes do início da guerra, Colin Powell, que era chefe da diplomacia norte-americana, usou essa informação na exposição apresentada no Conselho de Segurança das Nações Unidas, acusando o Iraque de ter comprado urânio enriquecido, tipo yellowcake, ao Níger. Mas Joseph Wilson, que fora embaixador naquele país africano, garantiu meses depois, em artigo no New York Times, que a acusação era falsa e havia sido deturpada pelo próprio governo americano, para legitimar a intervenção militar.

Dias depois, um artigo no mesmo jornal, assinado por Robert Novak, revelou que a mulher de Wilson, Valerie Plame, era uma agente encoberta da CIA – e que havia sido nessas funções que ajudara a colocar o marido no Níger.

A carreira de Valerie ficou destruída, mas este era só o início de uma dura investigação judicial.

Judith Miller, ex-jornalista do New York Times, esteve presa durante três meses por se recusar a revelar em tribunal qual era a fonte que lhe concedera documentação relevante sobre o Plamegate, apesar de Miller nunca ter escrito sobre o caso.
A fonte, soube-se mais tarde, era Lewis Libby. O então chefe de gabinete de Dick Cheney foi condenado a 30 meses de prisão, por obstrução à justiça e perjúrio, mas acabou por beneficiar de um perdão de George W. Bush.

A credibilidade do Presidente saiu muito chamuscada com toda esta história. Terá sido, aliás, o início da queda de Bush, que se prepara para abandonar a Casa Branca com uma das taxas de aprovação mais baixas de um Presidente em fim de mandato.

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VALERIE PLAME, BELA E MISTERIOSA

A mulher do embaixador
que afinal era agente da CIA


No centro deste caso digno de um enredo de filme policial está uma mulher bonita, de aspecto vistoso, com os seus cabelos louros impecavelmente penteados e um sorriso profissional.

Nascida em Anchorage, Alaska, há 44 anos, Valerie Elise Plame Wilson foi conhecida, até ao Verão de 2003, como esposa do embaixador norte-americano Joseph Wilson, na altura em funções no Níger.

Quem reparasse naquela mulher elegante e assertiva, casada com um diplomata, não imaginaria que estava na presença de uma agente encoberta da CIA.

A verdade veio à tona a 14 de Julho de 2003, por via de um artigo de Robert Novak no New York Times: Valerie trabalhava, há quase duas décadas, para a agência federal que recolhe informações de relevo para o estado norte-americano.

A revelação de Novak (colunista que assina, há quatro décadas, o Inside Report), surgiu dias depois de um artigo escrito pelo marido de Plame, também no New York Times, sob o título ‘What I didn’t find in Africa’ (O que não encontrei em África).
No texto, Joe Wilson acusou a Administração Bush de ter deturpado intencionalmente informação da CIA, de modo a deixar entender que o Iraque comprara urânio enriquecido ao Níger.

Foi o início do fim da carreira secreta da bela Valerie Plame: «Destruíram a minha vida profissional. Quando a identidade de um agente secreto é tornada pública, não há caminho para trás. O que andei a construir, à custa de trabalho árduo e muita dedicação, foi por água abaixo por causa desse artigo», desabafou Valerie, em entrevista concedida ao 60 Minutes da CBS. A sua colaboração para a CIA cessou oficialmente em Dezembro de 2005.

Novak garantiu que as suas duas fontes eram «dois altos funcionários da Administação americana». Soube-se, depois, terem sido Richard Armitage e Karl Rove, numa confirmação de que a «vingança» contra o casal Wilson partira da própria Casa Branca.

Como é hábito acontecer nos Estados Unidos, Valerie Plame publicou um livro a contar a sua história. Fair Game: My Life as a Spy, My Betrayal by the White House (Jogo Limpo: A Minha Vida como espia, a Traição da Casa Branca).

Obviamente, tornou-se um best-seller.

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O URÂNIO QUE O IRAQUE TERIA COMPRADO AO NÍGER

A mentira em que até
Colin Powell acreditou


Fevereiro de 2003. Numa longa exposição feita no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o então secretário de Estado Colin Powell apresenta a argumentação da Administração norte-americana para se avançar para uma intervenção no Iraque.
Os tambores da guerra rufam com uma intensidade que não deixa ilusões: a América já decidiu que iria haver uma segunda guerra no Golfo.

Para legitimar a decisão do Presidente Bush e dos seus amigos Dick Cheney, Donald Rumsfeld e Paul Wolfowitz – os mentores da Doutrina Bush --, havia que convencer os aliados tradicionais dos Estados Unidos da «necessidade imperiosa» de depor Saddam.
Colin Powell — estratega militar da vitória na primeira guerra do Golfo, conotado com a ala moderada da primeira Administração de Bush filho — toma como válida a informação que lhe fora disponibilizada pelos serviços de inteligência e afirma ao Mundo que o Iraque comprara «urânio enriquecido ao Níger».

Até o culto e experiente Powell caíra na esparrela, apesar das dúvidas levantadas por Hans Blix, chefe dos inspectores de desarmamento nomeado pelas Nações Unidas ao Iraque, que nas sucessivas visitas ao terreno nada conseguira detectar.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Obama reage ao escândalo Blagojevich e volta a falar sobre a economia

Em comunicação feita hoje, o Presidente eleito condena a atitude do governador do Illinois, Rod Blagojevich, que alegadamente pôs o lugar deixado vago por Obama no Senado à venda e está preso, volta a falar sobre o plano de recuperação económica e confirma a nomeação de Tom Daschle para a Saúde, que já abordámos aqui no Casa Branca:

1.

2.

3.

Steven Chu provável secretário da Energia


Steven Chu, 60 anos, professor de Física na Universidade de Berkeley e director do Lawrence Berkeley National Laboratory, Prémio Nobel da Física em 1997, deverá assumir o cargo de secretário da Energia na Administração Obama.

Será o segundo asiático-americano da equipa do Presidente eleito: depois da escolha do nipo-americano Eric Shinseki para os Veteranos de Guerra, é a vez de um sino-americano.

O professor Chu é um especialista em questões energéticas. Não tem qualquer experiência política, mas é um respeitado académico, nas áreas da física, biofísica, física de partículas e atómica.

A confirmar-se esta indicação será mais uma escolha de elevadíssima qualidade académica e intelectual para o futuro governo norte-americano. Obama tem-se preocupado em escolher os melhores em cada área, independentemente da sua área ideológica, racial ou política («bring the country together», «we are the united states of america», lembram-se?).

Pelo menos até agora, as ideias fortes da campanha estão a ser levadas à prática. Apesar de certas desilusões precipitadas da ala liberal do Partido Democrata e de uma esquerda obsoleta que vai definhando na Europa... (falaremos sobre o tema com mais profundidade, em breve)

Michelle, la belle


A primeira Primeira Dama negra da história da América, Michelle LaVaughn Robinson Obama, parte para funções com um índice de popularidade muito elevado. De acordo com uma sondagem LA Times/Bloomberg...

-- 53% dos americanos têm uma opinião positiva de Michelle

-- apenas 13% não gostam dela

-- 34% não sabem ou ainda não formaram opinião sobre o tema

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Coisas do Sexta (VI): Joe Biden «vs» Sarah Palin


Trabalho publicado no jornal SEXTA de 17 de Outubro de 2008:

O velho amigo Joe
e a mamã do Alasca


Era difícil encontrar candidatos a «vice» tão diferentes. Biden, senador há 35 anos, confere experiência a Obama. Palin é a incógnita desta campanha – até para McCain

Historicamente, os candidatos a vice-presidentes não têm sido cruciais na corrida à Casa Branca. Há, até, exemplos de nomeados que venceram eleições muito disputadas, apesar de terem um running mate pouco apto para as funções presidenciais.

Um deles foi Bush pai, que venceu a eleição de 1988, tendo ao seu lado Dan Quayle (tão famoso pelas suas gaffes que ainda hoje é alvo de piadas em talk shows).
O ticket democrata, liderado por Mike Dukakis, tinha Lloyd Bentsen como número dois. Bentsen mostrou-se muito mais seguro do que o desastrado Quayle – mas, mesmo assim, Bush derrotou Dukakis por larga margem.

Nas últimas duas décadas, a função de vice-presidente ganhou relevância: Al Gore assumiu pastas importantes nos mandatos de Clinton e Dick Cheney teve inegável influência na conversão de George W. Bush aos falcões do Partido Republicano.
Nesta corrida de 2008, marcada por factores inesperados, é provável que os vices tenham influência. As escolhas de Obama e McCain respeitaram a lei das compensações: o jovem Barack escolheu Joe Biden, senador há 35 anos; o velho John preferiu a inexperiente governadora do Alasca, Sarah Palin.

JOE, A ROCHA DE OBAMA
Joe Biden, 65 anos, representa o Delaware no Capitólio desde 1973. Passou mais de metade da sua vida nos corredores do poder, depois de ser eleito, aos 29 anos, para um primeiro mandato que o tornou o quinto senador mais jovem da História americana.
Nestas primárias, desistiu a seguir ao Iowa, assistindo à disputa entre Obama e Hillary sem declarar preferência, apesar das excelentes relações que mantém com o casal Clinton.

Durante a Convenção Democrata, Bill Clinton dedicou uma boa parte do seu discurso a elogiar a escolha de Obama: «Meu Deus, eu adoro Joe Biden!», lançou o ex-Presidente, com aquele seu ar de quem está a dizer a coisa mais séria do Mundo.
A história pessoal de Joe ainda hoje comove os americanos. Em Dezembro de 1972, a poucos dias de iniciar funções no Senado, Biden estava no seu escritório quando recebeu a pior notícia da sua vida: um acidente de automóvel acabava de matar a sua mulher, Neilia, e a sua filha, Naomi. Os filhos Beau e Bob ficaram feridos. «Fiquei desfeito. Pensei que não conseguia continuar.»

A recuperação dos filhos passou a ser a sua única preocupação. Biden nem queria assumir o lugar no Senado e prestou juramento no quarto de hospital onde Beau e Bob recuperavam. Começou aí um percurso que o coloca como um dos políticos americanos mais habilitados em temas internacionais -- credencial decisiva na escolha de Barack.

SARAH, PONTE PARA OS CONSERVADORES
Sarah Palin, 44 anos, vai a meio do primeiro mandato como governadora do Alasca. Nunca o Partido Republicano havia escolhido uma mulher para um ticket presidencial, mas John McCain percebeu a dimensão histórica dos 18 milhões de votos em Hillary Clinton -- e lançou uma carta que apanhou toda a gente de surpresa.
Só que as semelhanças entre Sarah e Hillary ficam-se apenas pelo género: Palin é quase tudo o que Clinton... não é.

Mãe de cinco filhos, é contra o aborto (mesmo em casos de violação), a favor do porte de armas, coloca reservas em relação às alterações climáticas e ensinou o criacionismo, teoria que renega Darwin e está muito em voga na Direita evangélica americana.

Estas credenciais colocam a governadora do Alasca, que em 2000 até apoiou o radical Pat Buchanan, nas boas graças da ala dura do Partido Republicano. E têm-se revelado decisivas para McCain agarrar a base conservadora.

Olhando para os respectivos percursos políticos, as diferenças entre John e Sarah são enormes – afinal de contas, eles só se tinham visto uma vez, antes da surpreendente escolha de McCain. Mas, em política, a força das circunstâncias é capaz de formar as alianças mais improváveis.

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O QUE JOE OFERECE A BARACK
-- a experiência de 35 anos no Senado, que contrasta com a juventude de Obama

-- as credenciais em política internacional são importantes para um Obama acusado de ainda não ter sido posto à prova num cenário de crise mundial

-- o discurso 'terra a terra' ajuda Barack, visto por muitos como «elitista», a aproximar-se do americano comum

DOIS PROBLEMAS DE BIDEN
-- tal como Barack, é senador, conjugação que não tem sido famosa nos tickets democratas

-- durante as primárias, disse que Obama «ainda não está preparado para ser Presidente»


O QUE SARAH OFERECE A JOHN
-- É anti-aborto (mesmo em casos de violação), pró-armas e agrada à Direita evangélica, características que ajudam McCain a reconciliar-se com a ala dura

-- Os cortes orçamentais que promoveu no Alasca reforçam a mensagem reformista de John

-- pode ajudar a captar eleitoras de Hillary, que não perdoam a Obama o facto de não ter escolhido a senadora para vice-presidente

DOIS PROBLEMAS DE PALIN
-- só tem 44 anos e vai a meio do primeiro mandato no Alasca: estará preparada para ser Presidente, se algo acontecer a McCain?

-- as posições ultraconservadoras assustam o eleitorado independente, segmento onde McCain sempre foi muito forte

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Joe Biden «vs» Sarah Palin

JOSEPH (JOE) ROBINETTE BIDEN
-- 65 anos; nasceu em Scranton, Pensilvânia
-- casado com Jill Jacobs, uma filha (Ashley, 27 anos); tem dois filhos (Beau, 38, e Bob, 37), do casamento com Neilia
-- formado em História e Ciências Políticas, pela Universidade de Delaware, e em Direito, pela Syracuse University College of Law
-- senador pelo Delaware há 35 anos
-- é o quinto senador mais jovem de sempre
-- preside ao Comité de Relações Externas do Senado; já liderou o Comité de Justiça
-- tentou a Presidência por duas vezes; em 1988, perdeu as primárias para Mike Dukakis; em 2008, desistiu após o caucus do Iowa

SARAH LOUISE HEATH PALIN
-- 44 anos; nasceu em Sandpoint, Idaho
-- casada com Todd Palin, cinco filhos (Track, 19 anos; Bristol, 18; Willow, 13; Piper, 7 e Trig, cinco meses)
-- formou-se em Jornalismo e Ciências Políticas, pela Universidade de Idaho
-- em 1984, foi terceira no concurso de Miss Alasca
-- pertence à National Rifle Association, organização que promove o porte de armas
-- entre 1996 e 2002, foi mayor de Wasilla
-- em 2006, tornou-se a primeira mulher a liderar o Alasca
-- é a segunda mulher a entrar num ticket presidencial de um grande partido, 24 anos depois da democrata Geraldine Ferraro ter sido a «vice» de Walter Mondale

Esmagador


De acordo com uma sondagem Newsweek...

-- 61% dos americanos consideram que a presidência de George W. Bush foi abaixo da média

-- 27% consideram que esteve na média dos outros Presidentes

-- e apenas 10% acha que esteve acima da média

Esta é uma das mais fracas taxas de aprovação alguma vez tidas por um Presidente americano em fim de mandato.

Agora é tarde, Condi

Obama dá mais umas pistas sobre o que vai fazer em relação à crise dos «Big Three» (GM, Ford, Chrysler)

domingo, 7 de dezembro de 2008

Eric Shinseki será secretário dos Veteranos de Guerra


Eric Shinseki, 66 anos, antigo chefe de gabinete do Exército Americano, será o secretário dos Veteranos de Guerra da Administração Obama.

Foi o primeiro asiático a chegar a general de quatro estrelas nas forças armadas norte-americanas, tendo servido nas guerras do Vietname e da Bósnia.

General na reserva desde 2003, assumiu publicamente as suas divergência com a estratégia de Donald Rumsfeld para o Iraque. Shinseki nasceu no Hawai, no seio de uma família americano-japonesa.

Caroline Kennedy próxima do Senado

sábado, 6 de dezembro de 2008

Obama avança com mais pormenores sobre o seu plano económico

Viagem a 2012


Mike Huckabee tem condições para voltar a tentar uma corrida presidencial em 2012

E agora um post para «political junkies». Obama ainda nem tomou posse, mas política americana é assim: nunca se pára de olhar para o futuro, mesmo que este seja longínquo.

Já há sondagens para a corrida de 2012. A nomeação democrata, se tudo correr normalmente, estará entregue a Barack Obama. Do lado republicano, aqui vão as primeiras respostas espontâneas:

-- Mike Huckabee 34% de apoios prováveis; 31% de apoios possíveis; 34% de rejeições

-- Sarah Palin 32% de apoios prováveis; 35% de apoios possíveis; 33% de rejeições

-- Mitt Romney 28% de apoios prováveis; 33% de apoios possíveis; 36% de rejeições

-- Newt Gingrich 27% de apoios prováveis; 25% de apoios possíveis; 37% de rejeições

-- Rudy Giuliani 23% de apoios prováveis; 34% de apoios possíveis; 42% de rejeições

-- Bobby Jindal 19% de apoios prováveis; 25% de apoios possíveis; 49% de rejeições

-- Charlie Crist 7% de apoios prováveis; 25% de apoios possíveis; 60% de rejeições
(fonte: CNN/Opinion Research Corporation, recolha a 1 e 2 de Dezembro)


É óbvio que são tendências ainda muito incipientes, mas que podem indicar um cenário a ganhar força nos próximos dois anos: do lado mais conservador do Partido Republicano, há três pré-candidatos que vão disputar o mesmo espaço. São eles a governadora do Alaska, Sarah Palin, o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, e o ex-governador do Massachussets, Mitt Romney.

Na ala moderada do GOP, há outros três nomes que devem disputar segmentos idênticos: o ex-mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani; o governador da Luisiana, Bobby Jindal, e o governador da Florida, Charlie Crist.

Não aparece neste estudo, mas colocaria também na primeira lista de possíveis competidores republicanos para daqui a quatro anos actual governador do Minnesota, Tim Pawlenty, que em 2012 terá 51 anos e exibe bons níveis de aceitação no seu estado e mesmo a nível nacional. Tem a vantagem de estar um pouco a meio da ponte em relação aos dois grupos acima identificados: não é tão conservador como os primeiros, mas identifica-se mais com o eleitorado tradicional do Partido Republicano do que os últimos três.

Caroline Kennedy pode suceder a Hillary Clinton no Senado


Com a nomeação de Hillary Clinton para secretária de Estado, fica um lugar vago no Senado norte-americano: um representante por Nova Iorque, eleito pelos democratas até 2012, dado que Hillary foi reeleita em 2006 para um mandato para mais seis anos.

Indicações que circularam ontem apontam para que Caroline Kennedy será a hipótese mais forte. A única filha viva do casal John e Jackie Kennedy esteve anos afastada da política, mas participou activamente nesta campanha presidencial, apoiando Barack Obama numa fase ainda muito prematura das primárias.

Em artigo publicado no New York Times, sob o título «A President Like My Father», Caroline escreveu:
«Sometimes it takes a while to recognize that someone has a special ability to get us to believe in ourselves, to tie that belief to our highest ideals and imagine that together we can do great things. In those rare moments, when such a person comes along, we need to put aside our plans and reach for what we know is possible. We have that kind of opportunity with Senator Obama. It isn’t that the other candidates are not experienced or knowledgeable. But this year, that may not be enough. We need a change in the leadership of this country — just as we did in 1960.»

Caroline fez parte da equipa que preparou a escolha de Barack para a vice-presidência (e acabou por se decidir por Joe Biden) e esteve na shortlist para o cargo de embaixadora das Nações Unidas. Mesmo sem ter entrado para a Administração Obama, o regresso de Caroline à política parece inevitável -- ou não carregasse ele a herança da dinastia dos Kennedy.

Com o seu tio Ted Kennedy, senador pelo Massachussets há 45 anos, de volta ao Capitólio, mas gravemente doente (com um tumor cerebral), Caroline poderá assegurar a continuidade da dinastia ocupando um lugar que já foi do seu tio Bobby Kennedy, nos anos 60 -- o de representante de Nova Iorque no Senado.

O governador de Nova Iorque, David Paterson, já falou com Caroline e ter-lhe-á transmitido ser esse o desejo do Partido Democrata no estado. Mas há outros nomes possíveis. Aguardemos pelo próximos capítulos...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Conservadores já atacam Hillary


Foi nomeada secretária de Estado há poucos dias, mas já há uma ala dos conservadores que ataca Hillary Clinton.

O Judicial Watch, grupo de juristas conservadores, garante que a indicação de Hillary para chefe da diplomacia é ilegal, dado que a secção 6 do artigo 1 da Constituição americana impede que um legislador no activo seja nomeado para um cargo cujos rendimentos tenham sido aumentados durante o mandato daquele legislador.

Trocado por miúdos, como Hillary ainda é senadora, e como o salário de secretário de Estado foi aumentado desde 2001 em 4700 dólares, ela poderia estar constitucionalmente impedida de ocupar o cargo.

Torna-se difícil imaginar que a extensa equipa de transição que prepara a Administração Obama não se tenha lembrado deste pormenor. E a verdade é que grande parte dos juristas que aconselham o futuro Presidente garantem que não haverá problema: a solução deverá passar pela reposição ao valor anterior, de modo a que Clinton não possa ser acusada de ter contribuído para melhorar o seu próprio salário.

Houve, de resto, já casos em que a questão se pôs, como em 1993, quando o então senador pelo Texas Lloyd Bentsen (que havia sido o candidato a vice-presidente no ticket de Mike Dukakis em 1988) aceitou a nomeação de Bill Clinton para secretário do Tesouro, cargo que havia sido aumentado no respectivo salário enquanto Bentsen exercia funções no Senado.

Certo, certo é que, de acordo com uma sondagem CNN/Opinion Research Corporation, 71 por cento dos americanos aprova a escolha de Obama para o Departamento de Estado. Mas o ódio a Hillary é já um clássico em certos sectores conservadores...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Obama confirma Bill Richardson para o Comércio



Foi um importante apoio durante as primárias (depois de ter desistido da sua própria candidatura, tudo indicava que Richardson iria estar ao lado de Hillary Clinton, mas acabou por preferir Barack) e isso foi decisivo na forma como Obama conseguiu chegar ao eleitorado latino.

Aos 61 anos, Richardson volta ao governo americano, depois de ter servido como secretário da Energia no primeiro mandato de Clinton e como embaixador nas Nações Unidas, entre 1996 e 2000. Como governador do Novo México, esteve à frente na luta pela criação de novos postos de trabalho, ligados à aposta nas energias renováveis. E é um especialista em relações internacionais, facto que o chegou a colocar na shorlist para o cargo de secretário de Estado.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Coisas do Sexta (V): os 40 anos do assassinato de Bobby Kennedy


Trabalho publicado no jornal SEXTA de 30 de Maio de 2008:

Sonhos desfeitos

EFEMÉRIDE Há 40 anos, o caminho de Bobby Kennedy para a Casa Branca foi brutalmente travado num hotel em Los Angeles. O destino da América voltava a ser manchado com sangue, cinco anos depois da morte de JFK

«O que precisamos no Estados Unidos não é de divisão; o que precisamos nos Estados Unidos não é de ódio; o que precisamos nos Estados Unidos não é de violência; mas de amor e sabedoria, de compaixão e compreensão mútua, e de um sentimento de justiça, sobretudo para com aqueles que ainda sofrem no nosso país, sejam eles negros ou brancos»
(discurso de Robert Kennedy, num comício em Indiana, a 4 de Abril de 1968, anunciando à multidão que Martin Luther King acabara de ser assassinado)

Quase tudo o que aconteceu na política americana nas últimas quatro décadas foi influenciado por três assassinatos a tiro, ocorridos em menos de cinco anos: o do Presidente John Kennedy, a 22 de Novembro de 1963; o do activista pelos direitos cívicos Martin Luther King, a 4 de Abril de 1968; e o do senador (e eventual nomeado do Partido Democrata às presidenciais de 68), Robert Kennedy, a 5 de Junho desse ano.

Na próxima quinta-feira completam-se, assim, 40 anos de um atentado que voltou a manchar de sangue a história da América.
Mais relevante do que a proximidade temporal entre os três acontecimentos, o facto de se tratarem de figuras que tinham em comum um perfil de ruptura, aliado a uma forte carga inspiradora, marcou decisivamente o que se passou a seguir.

Herdeiro do apelo sedutor do irmão, Bobby Kennedy esteve perto de chegar à Casa Branca, em 1968. A sua morte gerou uma crise profunda no Partido Democrata. Com a eleição de Richard Nixon, abriu-se, nesse ano, uma era de domínio republicano na Casa Branca que, de algum modo, ainda vigora.

Desde aí, só dois democratas se sentaram na Sala Oval — e sempre em condições muito específicas: Jimmy Carter só conseguiu um mandato, aproveitando a fragilidade do antecessor, Gerald Ford, que nem sequer foi eleito; e Bill Clinton só terá conseguido arrebatar a Casa Branca a Bush pai, em 1992, graças aos 19 por cento conseguidos pelo milionário Ross Perot, candidatura que retirou milhões de votos aos republicanos.

Aura mobilizadora
O sétimo dos nove filhos de Joe Kennedy e Rose Fitzgerald estava prestes a obter a nomeação democrata às presidenciais de 1968, após uma vitória folgada na Califórnia (onde derrotara Eugene McCarthy por 50-38).

Com um discurso anti-guerra do Vietname, Bobby apontava um caminho para uma nova fase da América: menos bélica, mais aberta a soluções de compromisso, defendendo uma plataforma de paz e justiça.

Jovem, ousado, portador de uma aura mobilizadora só comparável à do irmão John, Robert Kennedy é apontado como o mais influente procurador-geral da história americana (não por acaso, dá o nome ao edifício federal onde se situa a sede do Ministério da Justiça).

Aposta forte da administração de JFK — que elogiava o irmão dizendo que era «especialista em fazer avançar as coisas» — Bobby conduziu uma caça aos tentáculos da máfia, que o levou a receber o aviso para ter cuidado com «os rapazes de Chicago».

São lendárias as suas fricções com J. Edgar Hoover, o poderoso director do FBI, figura polémica que liderou o departamento de investigações do Estado americano durante 48 anos.

Causas ousadas
Senador por Nova Iorque entre 1965 e 68, Robert foi uma voz activa do Movimento dos Direitos Cívicos, que tinha Martin Luther King como rosto carismático.

Na sua caminhada para a Casa Branca, falava em temas avançados para o seu tempo, como as preocupações ambientais, propondo-se a devolver «a ética e a generosidade à América».

Sirhan Sirhan, um jordano de 24 anos, acabou com o sonho de voltar a eleger um Kennedy para a Casa Branca, alvejando a cabeça do senador, na cozinha do Hotel Ambassador, em Los Angeles, minutos após o discurso de vitória feito por Bobby.

A América voltava a sofrer um trauma profundo. E, mais uma vez, ficou sem saber as verdadeiras motivações da tragédia. Será sina?

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OBAMA TEM PROTECÇÃO ESPECIAL DOS SERVIÇOS SECRETOS
O perfil de risco do «Renegade»

Apesar das quatro décadas de distância, as semelhanças são preocupantes: tal como Robert Kennedy, Barack Obama é um candidato de alto risco.

Tal como Bobby, Barack fala em «acabar com as divisões». E em devolver a esperança aos americanos. E em pôr fim a uma guerra absurda (há 40 anos, era o Vietname, agora é o Iraque).

Tal como Bobby, Barack começou a corrida à nomeação contra o aparelho do Partido Democrata. E tal como RFK, Obama partiu atrás, mas chega à recta final com a nomeação quase garantida.

Mas há mais: Barack é um jovem senador, tal como era Bobby; tem o apoio maciço do eleitorado negro, como tinha Kennedy.

Ambos simbolizam o retomar do «sonho americano», em tempos pouco propícios à poesia. Bobby relançou sementes da esperança num eleitorado traumatizado pelas baixas da guerra e a cumprir o luto pelo assassinato de Martin Luther King.

Obama fala ao coração dos jovens, critica os milhões gastos no Iraque e atrai aqueles que se fartaram do business as usual de Washington.

Os Serviços Secretos têm o perfil tipificado e concederam, desde Maio de 2007, segurança especial a Obama. Na altura, Barack estava a 20 pontos de Hillary. Passado um ano, é praticamente certo que o Renegade (o nome de código atribuído ao senador do Illinois) será o escolhido dos democratas.

Vidro protector
após a nomeação

Logo que Obama obtenha oficialmente a nomeação, passará a ser o candidato mais protegido da história: além dos oito guarda-costas que o acompanham 24 horas por dia, será escudado por um vidro especial, à prova de bala, colocado à frente dos locais onde vier a discursar.

Serão estes cuidados exagerados? Bennie Thompson, líder do Comité de Segurança Interna do Congresso, acha que não. «O perfil do senador Obama suscita desafios únicos que merecem preocupação especial. Como negro e testemunha de alguns dos mais vergonhosos dias da nossa História, estou ciente de que o ódio de alguns dos nossos concidadãos pode resultar em infames actos de violência».

A escritora britânica Doris Lessing, Prémio Nobel da Literatura em 2007, foi mais longe nos receios: «Seria óptimo que Obama fosse Presidente, mas eles matam-no antes de lá chegar».

OS NOMES DE CÓDIGO
DOS PROTEGIDOS
DOS SERVIÇOS SECRETOS

Barack Obama — «Renegade»
Michelle Obama — «Renaissance»
Hillary Clinton — «Evergreen»
Bill Clinton — «Eagle» e «Elvis»
Chelsea Clinton -- «Energy»
George W. Bush -- «Tumbler» e «Trailblazer»
John Kennedy -- «Lancer» e «Dazzle»
Jacqueline Kennedy -- «Lace»
Ronald Reagan -- «Rawhide»

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Quem
O «OUTRO» KENNEDY
Robert Francis Kennedy nasceu a 20 de Novembro de 1925, em Brookline, Massachussets.
Herdeiro de uma das dinastias políticas mais fortes da América, era filho de um antigo embaixador norte-americano em Londres (Joe) e irmão de um delegado da Convenção Democrata em 1940, que morreu na II Guerra Mundial (Joseph Patrick Jr.), e do último Presidente assassinado (John Fitzgerald Kennedy).

Na verdade, a linhagem política dos Kennedy começara na geração anterior à do pai de Joseph, John e Bobby. O avô, Patrick Joseph Kennedy, foi uma importante figura da política de Boston, no início do século XX.

Depois de se ter formado em Direito pela Universidade da Virgínia (entrou em Harvard, mas interrompeu os estudos devido à II Guerra Mundial), Robert foi conselheiro no Senado norte-americano, em diferentes comités, durante os anos 50.
Quando o seu irmão chegou à Casa Branca, a escolha de Bobby para procurador-geral foi uma das apostas mais fortes. Eleito para o Senado em Novembro de 1964, a sua aura inspiradora de Robert quase o levou à Presidência dos Estados Unidos, na corrida de 1968 — mas um atentado no Hotel Ambassador acabou com o sonho.